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Complexo - Daniel Vieira Maciel
A Pena
Um breve desconforto dos sentidos que nos leva à carícia noturna do sexo inconformado com a brevidade do gozo e guia o espírito pela densa atmosfera, forçando a inspiração. A pele lilás, que busca o romântico, o fundo do poço do trágico, o eterno retorno que aguarda o comediante otimista.
O que deve esperar da vida aquilo que é humano? Tudo, deixando de lado as expectativas. Mas, sempre o mesmo. A espera – a rotina -, por sua falta de força de vontade característica, chancela a impossibilidade de mudança, do progresso e causa o regresso, inevitavelmente. O pensamento, essa coisa a qual não nos habituamos, se habitua com facilidade tremendamente maior ao costume por um preço inestimável. Porém, o que isso quer dizer?
Esse Processo
Antes de decidir escrever duvido de meu pensamento e me pergunto: – Será que está raso? Sigo a despejar palavras sobre o papel tentando conectar as linhas de maneira intuitiva; quero preenchê-las com o que lhes falta. Por debaixo das rasuras descansam almas julgadas e condenadas: desconexas. A cada nova palavra, uma nova razão para largar a caneta e abandonar os papéis. Estou a procurar e toda procura tem um fim, por seu sucesso ou por cansaço. Mas o sucesso e o cansaço, expostos como diferentes, por consequência da especificidade da técnica, são indisposição travestida. Se o sucesso é dispensável, tenho minha resposta. Raso ou profundo não conseguem definir o que é certo ou errado, no máximo conseguem definir o que é aceitável para a estética. Se o sucesso é indispensável, me canso.
Procuro beleza na vida. Quero o não existente e por isso invento. Crio para impor ao universo o não existente. O que existe se mostra, a busca pelo que existe se resume a calar-se.
Uma ideia! E caminho, como que atordoado, desbravando-a num ato de fé. Sinto que ali deve existir algo que há de me completar. E, sem dúvida, há.
Desejo a satisfação, que só se encontra na beleza, na organização utópica do que é maleável, concreto ou abstrato. Formulo a