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História Da Dança Evolução Cultural
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E-book434 páginas3 horas

História Da Dança Evolução Cultural

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Sobre este e-book

Este trabalho surgiu da necessidade de oferecer aos estudantes de dança a possibilidade de ter acesso a textos, traduções e análises de grandes autores que, em sua maioria, não são encontrados ou reeditados no Brasil. A história da dança é narrada cronologicamente, numa linguagem simples e acessível. A obra foi publicada pela 1a vez em 1999 e esgotou-se completamente. Esta é a atualização da obra e foi escrita em quatro volumes. No Clube de Autores cada volume poderá ser adquirido isoladamente. O volume IV é sobre o ballet no Brasil e se conclui com o capítulo Painel, um registro dos nossos bailarinos no exterior. Acrescentei ainda uma homenagem a Tatiana Leskova.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de mar. de 2023
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    História Da Dança Evolução Cultural - Eliana Caminada

    Image 1

    VOLUME II

    Eliana Caminada

    HISTÓRIA

    DA

    DANÇA

    EVOLUÇÃO CULTURAL

    Obra em quatro volumes

    VOLUME IV

    DE O BALLET NO BRASIL A PAINÉIS

    Com a colaboração de Luis Florião

    Assinatura digital

    Eliana Caminada

    Eliana Caminada

    ISBN: 85-73320-098-2

    Copyright © 2022 Eliana Caminada A meu pai, a minha mãe, a Dadá (in memorian).

    A meu Eric, sempre (in memorian).

    A meu filho Roberto, a minha nora Raquel A meus netos amados Luiza e Lucas.

    A Angel Vianna, que me apontou um caminho.

    A Tatiana Leskova, cujos ensinamentos marcaram para sempre a minha vida de bailarina e professora.

    A Eugênia Feodorova, verdadeira enciclopédia contida dentro de uma excepcional figura da arte da dança, pelas horas que disponibilizou para ler esta obra (in memorian).

    A Fernando (in memorian) e Zeni Pamplona, inestimáveis amigos, grandes incentivadores deste ousado projeto de publicar um livro.

    A Luis Florião, amigo de tantos momentos, a quem agradeço a contribuição do capítulo Podemos dançar?

    Ao Dr. Luís Leão, cuja competência e humanidade me tornaram possível percorrer esse caminho (in memorian).

    Ao professor Paulo César Martinez y Alonso, um grande estimulador do meu trabalho como bailarina num curso superior de dança.

    A Valéria Moreyra pela confiança e empenho pessoal na primeira publicação desse livro.

    Aos amigos:

    Aldo Lotufo (in memorian)

    Armando Nesi (in memorian) Darling Quadros

    Henrique Morelembaum (in memorian) Maria Rosalina Zappatta

    Mestres da Dança

    Nilton Machado Barbosa (in memorian) Norma Pinna

    Renato Magalhães (in memorian) Rita de Castro Ferreira

    Suzana Braga (in memorian)

    Image 2

    Foto de Capa

    Desenho de Eric

    Valdo

    *Todos os nomes com asterisco ao lado são de pessoas falecidas.

    Foram feitos todos os esforços para dar crédito aos detentores dos direitos sobre as imagens utilizadas neste livro. Pedimos desculpas por qualquer omissão ou erro; nesse caso, nos comprometemos a inserir de pronto os créditos corretos a pessoas ou empresas.

    A maioria das fotos deste livro foi extraída dos vídeos inseridos no texto. Os links dos vídeos estão ao final de cada capítulo. Não podemos assegurar, entretanto, que todos os vídeos escolhidos permanecerão disponíveis para sempre no You Tube.

    Todos os direitos em língua portuguesa, no Brasil, reservados de acordo com a lei que protege as obras digitais. A obra está registrada. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, downloads, compartilhamento, gravação ou informação computadorizada, sem permissão por escrito da Autora.

    E-mail: elianacaminada@blogdacaminada.org Site: blogdacaminada.org

    PREFÁCIO

    ELIANA ME CONVIDOU. ACEITEI! ACEITEI, PRIMEIRO PORQUE acho que a maioria dos leitores não lê prefácios, introduções e/ou apresentações, afinal são sempre um prejulgamento favorável do livro ou de seu autor. Segundo porque no ecletismo de minha vida a maior parte foi dedicada ao Ballet.

    Ajudei a formar o Ballet da Juventude, a companhia de Dalal Achcar, a Companhia Brasileira de Ballet do Teatro Novo de Paulo Ferraz, o Ballet de Mercedes Batista, a Brasiliana e o próprio Corpo de Baile do Theatro Municipal. Trabalhei com o Bolshoi Ballet, o Stanislavski, os Georgianos, o Marquis de Cuevas, o de Jean Babilée, o de San Francisco, de José Limon, o Theatre de N. York, o do Senegal, o Merce Cunningham e vai por aí...

    Na minha convivência com os artistas concluí que eles, independente do reconhecimento e da popularidade que possam atingir, quando são artistas mesmo, são apaixonados pela sua expressão e obra, sejam pintores, escritores, arquitetos, escultores, teatrólogos, atores, cineastas, cantores, bailarinos ou músicos. Todos. Mas em matéria de paixão e dedicação creio que os músicos e bailarinos (incluindo coreógrafos) suplantaram os demais. Obviamente estou falando de uma forma genérica com ponto de vista absolutamente pessoal.

    Esses artistas não se limitam bitoladamente à sua expressão. Extrapolam, pesquisam, estendem o seu conhecimento e isso é importante porque o espetáculo é a síntese e todas as expressões do homem criadas a partir da ideia, para ele ser completo, total, cada elemento que o compõe deve entender os demais e com eles formar uma unidade.

    Estudar nunca é demais. Entre os bailarinos e baletômanos com os quais convivi, indiscutivelmente o mais erudito foi Maryla Gremo com quem muito aprendi.

    Eis que me deparo com o mais completo, erudito e culto escrito sobre a evolução da Dança em seu complexo sócio-político-cultural, justamente esse que você vai começar a ler e que representa um extraordinário esforço de pesquisa e entendimento realizado por Eliana Caminada. Não é um simples registro histórico, é uma verdadeira tese acadêmica com a qual o leitor, como aconteceu comigo, aprenderá muito, mesmo pensando que já sabe o suficiente.

    Vire a página e verá!

    Fernando Pamplona (in memoriam)

    PS: Foi um privilégio ter contado com o prefácio de um artista e de um homem da envergadura de Fernando Pamplona. Pamplona, de onde você estiver, muito obrigada!!!

    Image 3

    Sobre a autora

    Eliana Caminada nasceu, cresceu e viveu no Rio de Janeiro, cidade que sempre amou e que tem entre seus monumentos históricos o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

    Formou-se

    pela

    Escola

    de

    Danças

    Clássicas do Theatro Municipal, mas seus principais Mestres foram Tatiana Leskova e Eric Valdo, seu marido. Teve em seu pai, Augusto Boamorte, a sua maior referência c ultural.

    Foi admitida por concurso público, passando em 1º lugar, para o Corpo de Baile do Theatro Municipal, onde atuou como bailarina-solista, dançando de conjunto a primeiros papéis. Foi primeira-bailarina da Fundação Balé Guaíra, pertenceu à Companhia Brasileira de Ballet, criada por Paulo e Regina Ferraz. Atuou como artista convidada em várias companhias e galas pelo Brasil.

    Trabalhou com grandes Maîtres-de-Ballet e atuou sob a direção de grandes coreógrafos.

    Dançou com bailarinos do porte de Aldo Lotufo, Fernando Bujones, Eric Wenes, Marcelo Misailidis, entre outros. Assumiu as cadeiras de história da dança, repertório e técnica de ballet clássico no curso de Licenciatura Plena em Dança no Centro Universitário da Cidade e no Bacharelado em Dança na Universidade Castelo Branco.

    Escreveu o livro História da Dança - Evolução Cultural, esgotado; as biografias de quatro pioneiros do Theatro Municipal do Rio, no projeto Memória dos Artistas do Theatro Municipal; e o texto sobre Balanchine para o livro Terceiro Sinal - Ensaios Sobre a São Paulo Companhia de Dança. Foi co/autora do livro Programa de Ensino de Ballet – Uma proposição, entre outros, e escreve críticas e artigos para jornais especializados.

    Por mais de 20 anos, atuou como jurada, professora e palestrante no Festival de Dança de Joinville, de cujo Conselho Artístico foi integrante no biênio 2007/2009.

    Obteve o Parecer Favorável concedido, por unanimidade, pela Comissão de Pós-Graduação da UFF, de reconhecimento por Notório Saber em 01/10/98. Foi homenageada pela categoria, quando se despediu dos palcos em 1994, e pela UERJ, juntamente com Eric Valdo, em 2005; recebeu a Medalha da Unesco/CBDD por relevantes Serviços Prestados à Dança, entre outras.

    Teve sua vida documentada na série Figuras da Dança produzida pela São Paulo Companhia de Dança: (https://www.youtube.com/watch?v=j-jedDuyFzs)

    ABRINDO A CORTINA Este trabalho surgiu em 1997, da necessidade de oferecer aos estudantes de cursos superiores de dança uma possibilidade de ter acesso a textos, traduções e análises de grandes autores que, em sua maioria, não são encontrados ou reeditados no Brasil.

    Pretendia abordar a história da dança de maneira cronológica, simples e acessível.

    Um ano após assumir pela primeira vez, indicada pela querida amiga Angel Vianna, uma atividade teórica – ministrar aulas de História da Dança para o Centro Universitário da Cidade - os alunos comunicaram-me que haviam encadernado as apostilas oferecidas e que todo esse material se constituíra num livro cujo conteúdo, assim acreditavam eles, lhes serviria como base para consultas por toda a vida. Por que, questionaram-me, você não dá forma final ao texto e edita seu próprio livro?

    Assustei-me. A ideia me pareceu pretensiosa e acima das minhas possibilidades. Duas décadas depois, permaneço assustada. Afinal, não era, não sou e nunca serei uma cientista, uma historiadora ou uma teórica da dança na acepção da palavra. Sempre fui e sempre serei bailarina, até porque esta é uma condição irreversível. Mas, questionaram-me eles, é aí que o conteúdo do seu livro se diferencia dos demais. Suas apostilas, ainda que você tenha mantido muitos dos textos dos autores pesquisados, estão repletas de observações que revelam que sua visão da dança é produto do exercício da sua profissão. Nunca foi possível para você distanciar-se desta realidade, despojar-se deste encantamento pelas descobertas novas, desta emoção diante dos intérpretes e criadores.

    Minha titulação, ainda que tenha me formado pela Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, hoje Escola Estadual de Danças Maria Olenewa, paralelamente aos meus estudos particulares com Sandra Dieken, Dina Nova, Nina Verchinina, Tatiana Leskova, Renée Wells, Consuelo Rios e Eric Valdo, foi mesmo o Theatro Municipal do Rio de Janeiro e eu a considero insubstituível. Tenho, entretanto, que admitir que representaram um papel fundamental no interesse pela minha arte, a orientação literária e musical de meu pai, minha vida ao lado de Eric, meu companheiro, também ele bailarino, meus amigos, todos artistas, enfim, o ambiente que me cercou e no qual construí minha vida.

    Comecei então a considerar se, de fato, não me cabia tentar iniciar um trabalho, que contribuindo para a legitimação de nossa própria categoria, revertesse a ideia, não sei se apenas brasileira, de que bailarinos dançam e teóricos pensam; de que pessoas sensíveis, mas sem qualquer experiência prática da profissão são sempre muito inteligentes e nós, intérpretes, muito limitados intelectualmente.

    História sempre me fascinou; aos doze anos, competindo com mais de cem estudantes do Colégio Mallet Soares, fui laureada com o primeiro lugar no concurso O Brasil de 1500 a 1565. Nos momentos livres como bailarina procurava ler, estudar, fazer anotações, entender os papéis e períodos que interpretava e conversar, conversar muito, com personalidades de várias modalidades do mundo artístico, cujo alto nível de instrução diminuísse minhas deficiências em relação a uma formação acadêmica, ao menos como ela é entendida no nosso país.

    Nesta formação caseira, aprendi muito com Tatiana Leskova, minha mestra ao longo da vida, com sua extraordinária memória, bagagem, vivência e amor pela dança; com o laureado artista plástico Píndaro Castelo Branco; com Aldo Lotufo, com quem tive a honra de dividir a cena inúmeras vezes; com os alunos, sempre investigativos e encantados diante de um universo que não supunham tão grande.

    Aprendi com Fernando Pamplona, sua cultura e sua autenticidade humanística, com d.

    Eugênia Feodorova, uma das mais cultas personalidades com quem convivi, Clara Lisboa (in memoriam), professora de história da arte com verdadeiro temperamento artístico e Tadeu Moraes (in memoriam), profundo conhecedor de artes cênicas, a quem agradecerei sempre pelas várias observações, correções e a primeira leitura desta obra, pessoas queridas, muitas das quais não estão mais entre nós. Agradeço a todos os que com carinho e desprendimento confiaram-me fotos, revistas de época e material de pesquisa.

    Foi buscando permanentemente adquirir algum conhecimento teórico ao qual pudesse associar a parte prática, porque isso é possível em qualquer tempo e a recíproca não é verdadeira, que fui encontrando autores que se revelaram de fundamental importância no meu trabalho de pesquisa. O saber e a poesia de partes fundamentais de seus textos foram respeitados, porque inútil achar que é possível ultrapassá-los em erudição e em clareza de formulação de pensamento. Entre eles gostaria de citar, pelo seu caráter paradigmático: Curt Sachs (1881-1959), que com a abordagem antropológica da sua História Universal de la Danza, hoje somente editado em inglês, revelou-me um universo riquíssimo. Desta pesquisa resultaram vários capítulos, do introdutório à classificação das danças históricas de acordo com a época; História da Dança e do Ballet de Adolfo Salazar, que colocou-me diante de um dos mais lúcidos discursos sobre a importância do desenvolvimento da dança acadêmica, sua perenidade, o processo de elaboração de uma técnica tão genial que mostrou-se capaz de tornar eterna uma forma de dança: o ballet cortesão; o conjunto de analistas, organizados por Mario Pasi, de El Ballet, Enciclopedia del Arte Coreográfico, que, igualmente, me fez compreender com mais clareza a trajetória da dança cênica desde o nascimento do ballet até as manifestações mais vanguardistas do nosso tempo; Mário de Andrade, referência obrigatória para qualquer livro sobre dança e arte escrito por um brasileiro, não somente pelas celebradas Danças Dramáticas do Brasil, mas também pela sua Pequena História da Música, que ensejou o questionamento sobre se, em sua origem e considerando os conceitos os conceitos de arte na civilização cristã, o ballet foi uma arte ou não, diante da afirmação de Sachs de que na sua criação ele significou uma traição à dança entendida como uma manifestação extática, mítica e transcendental, e pela sua correspondência incalculavelmente rica e reveladora com Manuel Bandeira (1886-1968) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987); Dentro da Dança de Murray Louis, tradução perfeita e sensível de um universo que só pode ser compreendido pelos escolhidos pela dança para conhecerem-no por dentro, e cuja teoria é produto da prática, do suor, da vivência corporal.

    Do teatro revelou-se de fundamental importância para a compreensão do xamanismo e do desenvolvimento do drama a obra de John Gassner, Mestres do Teatro, assim como foram valiosas as informações sobre a Grécia contidas na enciclopédia sobre Mitologia da Editora Abril. E como deixar de mencionar a obra Noverre: Cartas Sobre a Dança de Marianna Monteiro.

    Os depoimentos de gênios do nosso século como Balanchine (1904-1983), Bausch (1940-2009), Béjart (1927-2007), Cunningham (1919-2009), Graham (1894-1991), Grigorovich, Kylian, Louis, MacMillan, Neumeier, Petit (1924-2011) , Robbins (1918-1998), entre muitos outros, foram enriquecedores e esclarecedores; foram tão fundamentais quanto suas obras. Importantíssimos, também, as impressões deixadas por Álvaro Moreyra (1888-1964) em seu clássico As amargas ... lembranças, não, presente, cujo valor é imensurável, de sua neta Valéria Moreyra, e onde o poeta registra, com rara sensibilidade, impressões sobre Isadora Duncan (1878-1927) e Anna Pavlova (1881-1931), impressões que transmitem mais do que tratados altamente intelectualizados de estudiosos que jamais assistiram, como ele, a essas duas grandes artistas; La Danza em Uruguai, coletânea de autores, que me foi presenteado pela saudosa Margareth Peggy Graham (?-2004), assim como A Companhia Nacional de Bailados e Grandes Momentos del ballet romântico en Cuba, de Francisco Rey Alfonso, preciosas obras que me foram carinhosamente oferecidas pelo querido amigo Darling Quadros; Danças Folclóricas Paraenses, de Ana Suely Silva Martins; e Ferdinand Reyná com Histoire du Ballet, complemento que permitiu fechar o conteúdo básico do livro ao lado do célebre O Livro do Ballet de Cyril Beaumont (1891-1976).

    Mas devo confessar que, chegando ao capítulo que trata da dança no Brasil, sobretudo no Rio de Janeiro, fui traída pelo coração. Todos os anos vividos no velho prédio do Theatro Municipal do Rio, meu afeto por companheiros cujas histórias pessoais se cruzam umas com as outras e com a minha, a admiração e respeito pelas gerações que me antecederam e por grande parte das que me sucederam fizeram com que se tornasse impossível escrever um capítulo curto. Aquele mundo eu conheci demais e esse conhecimento do que se passava na alma daqueles colegas ao longo da carreira, suas alegrias e frustrações, com toda certeza, tornaram esta parte do livro menos objetiva, mas, por outro lado, suponho, muito mais humana. Mais que sempre, minha condição de bailarina comum, ordinariamente dotada, nem mito, nem famosa, nem maravilhosa, mas que sabe com clareza que a vida nunca fez sentido sem a dança, dominou-me e sufocou minha tentativa de ser científica. E neste momento não houve

    como prescindir da pesquisa extraordinária de Eduardo Sucena (1920-1997) em seu livro A Dança Teatral no Brasil. Sem sua leitura e consulta qualquer abordagem sobre nossa própria história ficaria capenga, parcial e incompleta.

    Uma questão acadêmica se colocou assim que o livro foi para a revisão. Ballet, Balé ou Bailado (como no português de Portugal e dos nossos programas até, pelo menos, a década de cinquenta do século XX). Sempre optarei por ballet, considerando a universalidade de sua grafia e de seu sentido; e pela necessidade de conferir um visual estético ao livro. Num determinado momento tornou-se impossível traduzir nomes de obras e companhias que são marcas respeitadas no mundo todo. Em nome da coerência - e do respeito à dança chamada ballet - decidi pela tradição.

    Continuo trilhando um caminho que se tornou, para mim, uma missão: o de tentar transmitir meu amor pela dança através de palavras, sabendo que jamais deixarei de pensar e de sentir como uma bailarina. Preocupa-me a sensação de que, tentando encontrar um novo rumo, estamos confundindo falta de formação e de domínio técnico com criatividade, que estamos desconstruindo o que foi construído a duras penas e que isso pode ser fatal, não apenas num país de cultura recente como o nosso, mas no mundo inteiro; preocupa-me, também, que pelo desconhecimento da sua história, as novas gerações estejam reduzindo o ballet a fragmentos de obras do século XIX, ignorando não apenas sua maravilhosa trajetória e seus criadores, mas também sua formidável capacidade de se renovar e de se reinventar ao longo de todo o século XX, entrando pelo XXI como uma arte da criação plenamente viva.

    Gostaria de agradecer ao empenho de todos os envolvidos na concretização deste projeto: meu editor e idealizador da diagramação Roberto Cavalcante, Pati Nagao, amiga que muito se empenhou para que este livro fosse atualizado e relançado, Natalia Samarino, que me ajudou com sugestões e ideias para a construção deste livro em forma de e-book, e Carol Lancelotti, fotógrafa da minha foto biográfica.

    Finalizando, agradeço, mais uma vez, a meu pai, a minha mãe e a meu marido, onde quer que eles estejam, pelos ensinamentos de vida, fascínio pela vida e convicção de que através da Arte chegamos mais perto da Deus.

    SUMÁRIO

    Prefácio ...........................................................................................................................06

    Sobre a autora .................................................................................................................07

    Abrindo a cortina .............................................................................................................09

    CAPÍTULO 1....................................................................................................................13

    O Ballet no Brasil - Estado do Rio de Janeiro

    CAPÍTULO 2 ................................................................................................................ 81

    São Paulo

    CAPÍTULO 3....................................................................................................................94

    Paraná

    CAPÍTULO 4 ................................................................................................................. 99

    Minas Gerais

    CAPÍTULO 5 .................................................................................................................104

    Bahia

    CAPÍTULO 6 ................................................................................................................ 106

    Amazonas

    CAPÍTULO 7 ................................................................................................................ 108

    RGS, DF, AL, CE, ES, GO, MA, MT, MGS, PA, PB, PE, PI, SC

    CAPÍTULO 8 ............................................................................................................... 121

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