O Professor Brincante e a Cultura Popular – Saberes e Sabores na arte de ensinar!: A Cultura e o Teatro Popular como mapas para experiências criadoras em Arte e Educação
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O Professor Brincante e a Cultura Popular – Saberes e Sabores na arte de ensinar! - Marcelo Benigno
À todos (as) (es) que não esqueceram de sua criança interior e continuam brincando seja no areião da casa do avô, em casa e principalmente na escola.
Na imagem Márcia Betânia, (minha irmã), Fabio Spedo, (meu primo), Lucy Amorim, (minha tia) e de casaquinho vermelho brincando com o palhaçinho de bicicleta o menino brincante. Fazenda Manga Velha, Bahia, década de 80. Acervo Pessoal.
AGRADECER
"Esta história que foi contada pela Manhã ao Tempo
Para ganhar a rosa azul encantada no momento. Ela ouvira do Vento, sussurrada com enigmática expressão e alguns muitos suspiros."
Esse trecho é do Gato Malhado e Andorinha Sinha, texto de Jorge Amado, que foi adaptado para o Caçuá de Teatro em 2007, meu grupo catingueiro do coração. Desde lá ou desde sempre que o Vento e o Tempo não me escapam. Ele, danado, capadócio, alvoraçado insiste em jogar o menino e o Professor Brincante no seu devir brincar vento e eu, maroto que sou, não resisto e simplesmente vou, avou!
Este livro, fruto do Mestrado Profissional em Artes pela UFU-Universidade Federal de Uberlândia, solfeja e traz ventos novos e antigos, brincantes e maluvidos, com a mesma vontade de plainar e voar. Nele voaram muitas pessoas que brincaram comigo, seja nas rodas de músicas de versos populares, em oficinas, aulas, encontros e experiências do Professor Brincante, com as brincadeiras, a cultura popular, o teatro, o cordel... O Vento pediu ao Tempo para congelar esse momento, para não esquecermos. Esta é uma tentativa!
Gostaria de agradecer a todos que brincaram comigo nesse registro e se permitiram afetar pela brincadeira e pela Cultura Popular.
Primeiro ao Orientador Flor Narciso Telles que com sua afetuosa sabedoria conduziu como um Guardador de Rebanhos, (lembra do poema de Fernando Pessoa), e entendeu as monções desse Professor Brincante e o conduziu leve e flutuante nesse registro de muitas histórias, escritas, experiências, idas e voltas, rodopios e assovios. Tinha que ser você, Orientador Flor! Professor Narciso, Mestre Narciso, meu eterno agradecimento, admiração e a sua benção!
Nesse barco de navegação/iniciação também entram a professora Angela Reis nesse reencontro, a qual agradeço pela singeleza, generosidade e precisão de perceber a intenção desse manifesto brincante;
A professora Rose Gonçalves, professora e Coordenadora Nacional do Mestrado Profissional – PROFARTES, pelos apontamentos e amostragens;
A professora Eliene Benicio por participar desse momento também e de outros comigo pela Escola de Teatro da UFBA em Salvador, que nos lembra tanto o cumpadi Armindo Bião e sua paixão contagiante pelo popular que encontramos tanto eco e inspiração;
Aos alunos do Colégio Manoel Novaes em São Salvador, aos licenciandos em Teatro e BI Artes pela UFBA, em nossas estripulias e tantas aparições do Professor Brincante Personagem em terras soteropolitanas;
A Nubia Nadja Pereira, a primeira que abraçou esse Professor Brincante, lá em 1999, nas loucuras de ser um Professor Brincante Personagem na escola;
Aos colegas e professores do PROF-ARTES pelas trocas e candeeiros: Ana Wuo, Elsieni Coelho, Flávia Janiaski, Gustavo Cunha, Rosimeire Gonçalves, Wellington Menegaz;
A gestão, direção e coordenação da EMEF Jardim Damasceno I, na Brasilândia, em São Paulo, por acolher a bagunça
do Professor Brincante, em especial, a parceria da Professora Brincante Contadora de Histórias Michele Freitas; as fotos tiradas por Walquíria Brito e Sandra Fontana; a ajuda e prontidão dos alunos e toda a equipe por acreditar nessa Pedagogia Brincante no ambiente escolar;
A gestão do CEU Paz onde os erês reinam, que com empatia acolheu o Professor Brincante nesse momento de passagem e fechamento de ciclo. Muito obrigado, Noeli, Fabiana e Daniel;
Aos amigos e queridos do coração pela paciência, acudimento ou compartilhamento de um café, chocolate, vinho ou cerveja numa prosa ou cafuné: Victor, Ronaldo, Fabiana, Marcia, Aroldo, Igor, Warley, Dani, Bicalho, o Pajubês;
Ao amigo artista Jonhy Karlo pela arte da capa e tantas parcerias e trabalhos artísticos juntos;
A Editora Dialética pelo berço e a produção e diagramação de Julia Noffs, Larissa Brito e Isac Araujo;
A Mario Santana (in memoriam) pelo tempo no Artes da Cena na Unicamp;
A minha família, em especial, as músicas da sanfona e pandeiro tocados na casa de padrim Dezinho e seu marcante: Viva São Joãaaaao
ao soltar rojões para o santo junino; as cantigas, causos e dinheiro passado escondido na mão de madrinha Adelina; a prosódia brincante e grapiúna de meu pai Israel Pedral, que completa esse trio nordestino que deve estar aprontando muito por ai ainda.
A irmã quase mabaça Márcia Betania;
E a minha mãe, Lucinalva Amorim, que sempre acreditou nas minhas e aventuras e penúrias pelo teatro e brincadeira, seja na rua, na igreja, nos palcos e ou na escola;
Ao Grupo Caçuá de Teatro, minha escola brincante, que no ano dessa publicação comemora suas Bodas de Prata com muitas labutas, fuzarcas, alegria e festa pelo Teatro Popular do interior da Bahia;
Aos Mestres e Brincantes da Cultura Popular que brincam sem se preocupar com conceitos e divagações teóricas de qualquer outra espécie, A SUA BENÇÃO! A SUA LICENÇA!
A todos os santos, aos meus orixás protetores, anjos e guardiões,
Obrigado! Lampejos e brisas de agradecimento.
Cheiro de incenso, alfazema, alegria e doce
Doce, doce e brincante
Como uma brincadeira!
Obrigado, muito obrigado (ele tira e acena o chapéu)
O Professor Brincante vai se espalhar por esse mundão a fora!
Bora vadiar com nós?!
"Ô de casa, ô de fora
Maria vai ver quem é
São os cantadô de Reis
(E o Professor Brincante)
Quem mandou foi São José."
Perdão pelo linguajar, mas o Brincante é mais forte que o professor pesquisador, então, ele toma a fala e fala mais que a boca e quer porque quer sambar e vadear com todos. Ainda bem!
São Paulo, gererê da moléstia, 2023.
mb
"Vamos deixar de lado a revolução francesa e a soviética
para descobrir a feijoada,
o frevo,
os reisados
e o carnaval.
Nossa cultura é a macumba,
não a ópera."
Glauber Rocha
APRESENTAÇÃO
As relações entre A Escola [instituição] e O Teatro [fenômeno artístico] são paradoxais: de um lado, a escola utiliza o teatro como a ‘menina boazinha’ que ‘passa uma mensagem’ sobre algo, em grande parte, de cunho moralista ou moralizante. De outro, o teatro não é entendido como uma área de conhecimento. Desse modo, o professor de história faz teatro, o professor de matemática faz teatro, o professor de ciências faz teatro, e assim vai. O teatro é, nesse caso, utilizado para que os conteúdos sejam apreendidos de forma lúdica, nada mais. Todas essas práticas justificam a ausência de professores e professoras de teatro nas escolas públicas de educação básica, proclamadas pelos governos municipais e estaduais não fazendo concursos públicos para essa área. Esse é um problema em todo o Brasil.
A Escola, também, em muitos casos, tornou-se espaço de controle e cerceamento dos alunos, excluindo o desejo como prática formativa dos estudantes. Também, preocupados com a tecnização do ensino para um suposto mercado de trabalho, as prefeituras e governos estaduais não têm aberto concurso para professores dessa área e nas especificidades das Artes (Música, Teatro, Artes Visuais e Dança), conforme a legislação. Diante disso, temos um quadro, no mínimo, preocupante, porém diversos professores e artistocentes pelo Brasil afora têm