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Superstições & Crendices
Superstições & Crendices
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E-book759 páginas5 horas

Superstições & Crendices

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Sobre este e-book

As superstições e crendices são vestígios de um passado remoto, em que o ser humano tinha uma visão mágica do mundo, acreditando que diversos fatores sobrenaturais podiam interferir diretamente no seu cotidiano. Esse modo de pensar, transmitido de geração a geração, acaba por ser incorporado no dia a dia, traduzindo-se em hábitos e gestos, em especial entre as camadas populares da sociedade. Segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo: “As superstições participam da própria essência intelectual humana e não há momento na história do mundo sem a sua inevitável presença. A elevação dos padrões de vida, o domínio da máquina, a cidade industrial ou tumultuosa em sua grandeza assombrosa, são outros tantos viveiros de superstições velhas, renovadas e readaptadas às necessidades modernas e técnicas!” Para vivermos melhor, precisamos superar as inclinações negativas, as circunstâncias e a influência das massas! Façamos tudo o que tem de ser feito com esmero e o Universo responderá a nosso esforço regiamente. Obviamente, existe a nossa parte, que só pode ser feita por nós, mas existe “Outra” que está além do nosso controle. Podemos preparar a terra, adubar, plantar e regar. Tudo isto cabe a nós, mas quanto a fazer a semente germinar e crescer, só há um Poder Criador no Universo capaz de fazer isso! Meu mestre, Prof. Molinero, enfatizava: “Ao orar não peça nada, apenas agradeça! Liberte-se desse servilismo acomodatício! Hão de ser os nossos atos, e não as nossas palavras, os que nos elevarão diante dos olhos de Deus!”
IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de dez. de 2022
Superstições & Crendices

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    Superstições & Crendices - Geraldo Spacassassi

    Introdução

    Quem não acredita em magia nunca irá encontrá-la!

    Roald Dahl (1916-1990)

    Desde tempos imemoriais, o ser humano sempre acreditou na magia, e o que hoje se denomina de Pensamento Mágico é uma manifestação ou decorrência dessa crença.

    Movemo-nos no mundo aplicando a lógica de causa e efeito. Assim, frente a um acontecimento ou fenômeno cuja causa não é racionalmente conhecida e ainda não tem explicação científica, é comum que surjam para ele explicações mágicas.

    Muito provavelmente, esse foi um dos principais motivos pelos quais as religiões combateram em diversos momentos a ciência: porque esta, em seu desenvolvimento incansável, chegava ao entendimento da causa de um fenômeno e contestava ou desmentia um dogma religioso.

    Tanto a antropologia como a psicologia e a ciência cognitiva usam o termo pensamento mágico para descrever um raciocínio causal que procura correlações entre ações ou elocuções e determinados eventos. Em outras palavras, ele constitui uma tentativa de racionalizar o desconhecido, estabelecendo uma ligação de causalidade entre dois eventos independentes.

    Esse fenômeno recebe especial relevância quando o indivíduo considera que seu pensamento pode ter consequências no mundo externo. Isso pode levar tanto a uma sensação de controle e segurança, pela crença no poder do pensamento, como pode levar a uma condição em que o indivíduo experimenta medo irracional de realizar certos atos ou ter certos pensamentos, porque ele assume uma relação entre suas ações e calamidades ameaçadoras.

    Ao observar as sociedades ao redor do mundo, descobrimos que praticamente em todas as culturas existe o Pensamento Mágico. É um processo natural que tem uma base biológica. Nós, humanos, estabelecemos relações causais com base em associações circunstanciais e dificilmente demonstráveis sistematicamente. No caso da religião, das crenças populares e da superstição, a correlação proposta é entre a observância a certos rituais e a obtenção de alguma recompensa. Esses rituais incluem, por exemplo, oração, sacrifício, observância a tabus e a repetição voluntária de comportamentos considerados auspiciosos ou agourentos.

    Consequentemente, o Pensamento Mágico engloba todos os sistemas de magia, pois inclui a ideia de causalidade mental; a possibilidade de a mente ter um efeito direto sobre o mundo físico.

    Antes de analisarmos o Pensamento Mágico em profundidade, devemos enfocar dois conceitos importantes, a saber:

    *1*Crença

    Crença é o estado mental em que um indivíduo adota e se atém a uma proposição ou premissa para a verdade; ou ainda, é uma opinião formada ou convicção.

    Na Filosofia, os termos Crença e Conhecimento são usados de formas diferentes. A relação entre Crença e Conhecimento é algo muito específico! Uma Crença só é Conhecimento, se essa Crença é verdadeira; se o crente tem uma justificativa – provas/orientações razoáveis e necessariamente plausíveis – para acreditar que é verdade. Consequentemente, a falsa crença não é considerada Conhecimento, mesmo que seja sincera.

    Por último, cabe-nos ressaltar a Crença Religiosa. Ela se refere a atitudes em relação aos aspectos mitológicos, sobrenaturais ou espirituais de uma religião. Crença religiosa é distinta de ritual religioso e de comportamento religioso – sendo que há crentes que não praticam a religião e alguns praticantes que não acreditam nos dogmas da religião.

    As Crenças Religiosas geralmente se relacionam à crença na existência de uma ou mais deidades e na ideia de intervenção divina no universo e na vida humana; incluem ainda a aceitação das explicações normativas, dos valores e práticas centrados nos ensinamentos de um líder ou grupo espiritual. Assim, em contraste com outros sistemas de crenças, as crenças religiosas são geralmente codificadas.

    Uma visão popular sustenta que diferentes religiões têm conjuntos de crenças ou credos identificáveis e exclusivos, mas pesquisas sobre crenças religiosas frequentemente descobriram que a doutrina oficial e as descrições das crenças oferecidas pelas autoridades religiosas nem sempre concordam com as crenças daqueles que se identificam como membros de uma religião específica.

    *2*Superstições e Crendices

    Segundo o Dicionário Houaiss, Superstição é Crendice; crença sem fundamento racional e lógico que, normalmente, se baseia em situações recorrentes ou coincidências eventuais. Crença que faz com que alguém crie certas regras ilógicas, tenha medo de coisas inofensivas ou acredite em coisas sem fundamento.

    Ou seja, é a crença em fatos ou relações sobrenaturais, fantásticas ou extraordinárias e que também não encontram apoio nas religiões ou no pensamento religioso.

    Na verdade, as crendices e superstições são vestígios de um passado remoto, em que o ser humano tinha uma visão mágica do mundo, acreditando que diversos fatores sobrenaturais podiam interferir diretamente no seu dia a dia.

    Esse modo de pensar se transmitiu de geração a geração, em especial entre as camadas populares, que foram mantidas à margem da evolução do conhecimento científico, e está incorporado no cotidiano de milhões de pessoas, traduzindo-se em hábitos e gestos.

    Segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), "as superstições participam da própria essência intelectual humana e não há momento na história do mundo sem a sua inevitável presença. A elevação dos padrões de vida, o domínio da máquina, a cidade industrial ou tumultuosa em sua grandeza assombrosa, são outros tantos viveiros de superstições velhas, renovadas e readaptadas às necessidades modernas e técnicas".

    O popular ditado "não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem! indica que, por via das dúvidas", mesmo as pessoas mais cultas podem apresentar certos comportamentos supersticiosos. O cientista dinamarquês Niels Bohr (1885-1962), que ganhou o Prêmio Nobel de Física, mantinha uma ferradura pregada acima da porta de sua casa.

    Por falar nisso, ainda podemos mencionar as simpatias, procedimentos ou práticas que supostamente podem surtir efeitos extraordinários.

    Há quem ache que pode conquistar o coração de outra pessoa colocando o seu nome num pires com açúcar e acendendo uma vela.

    Também se pode colocar uma vassoura atrás da porta de casa quando um visitante indesejado vai embora, de modo que ele nunca mais volte.

    Finalmente, na categoria das crendices e superstições também se enquadram os talismãs e amuletos, que protegem ou trazem boa sorte. É o caso das ferraduras, do olho grego, dos pés de coelho, dos ramos de arruda, dos trevos de quatro folhas e tantos outros...

    A superstição geralmente está associada à suposição de que alguma força sobrenatural, que pode inclusive ser de origem religiosa, agiu para promover a suposta causalidade. Por definição, as superstições não se fundamentam em verificação de qualquer espécie. Elas podem estar baseadas em tradições populares, normalmente relacionadas com o Pensamento Mágico.

    Para os céticos, as superstições podem ser quaisquer crenças no fato de que certas situações, voluntárias ou não, ou ações tais como rezas, conjuros, feitiços, maldições ou outros rituais, possam influenciar de maneira eficaz a vida de uma pessoa.

    Por outro lado, a superstição também pode ser definida como um desvio do sentimento religioso que consiste em atribuir a certas práticas um poder mágico, ou pelo menos uma eficácia sem razão. Assim, a superstição seria uma opinião de cunho religioso, mas que, mesmo dentro da visão cosmológica daquela religião, seria fundada em preconceitos, de modo a atribuir relações de causalidade a eventos meramente fortuitos.

    Desenho de um cachorro Descrição gerada automaticamente com confiança baixa

    Parte 1: Pensamento Associativo e Pensamento Mágico

    Segundo a visão dos teóricos ingleses da Era Vitoriana, a noção de causalidade compartilhada por praticantes de magia era uma forma de irracionalidade. Assim como em todas as formas de Pensamento Mágico, noções de causalidade baseadas em associação e em similaridade não precisam necessariamente envolver supostas práticas de magia por parte de magos.

    Baseado nessa premissa, Sir Edward Burnett Tylor (1832-1917) cunhou o termo Pensamento Associativo, caracterizando-o como pré-lógico, no sentido de que confunde a conexão ideal entre eventos e a sua conexão real. O mago acredita que itens ligados tematicamente podem influenciar um ao outro por virtude de sua similaridade. Por exemplo, segundo o relato do antropólogo inglês Edward Evan Evans-Pritchard (1902-1973), entre o povo Azande da República Democrática do Congo se esfregam dentes de crocodilo em bananeiras para fazê-las frutificarem, porque o dente do crocodilo é curvo tal como as bananas e porque ele cresce novamente após cair da boca do réptil. Assim, com base nessa similaridade, os Azande pretendem impingir essa capacidade de regeneração às bananas. Para eles, a fricção entre o dente e a planta constitui um mecanismo de transferência.

    Lucien Lévy-Bruhl (1857-1939) foi um filósofo e sociólogo francês que, sob influência da teoria sociológica de David Émile Durkheim (1858-1917), procurou elaborar uma ciência dos costumes. Acreditava que a moral era determinada pelas épocas históricas e pelos grupos sociais. Assim, afirmava que ela era relativa, passível de ser aceita ou não pelos seres humanos, constituindo um meio – variável de acordo com as diferentes culturas – que os indivíduos utilizam para relacionar-se com o mundo. Para comprovar suas teses, dedicou-se principalmente ao estudo das sociedades chamadas primitivas. Segundo Lévy-Bruhl, os homens das sociedades chamadas pouco diferenciadas teriam uma mentalidade pré-lógica, que não estaria submetida aos princípios de contradição e causalidade, mas seria baseada em representações míticas.

    De acordo com Dr. Phillips Stevens Jr., Antropólogo e professor da University at Buffalo, o Pensamento Mágico envolve vários elementos, incluindo a crença na interconectividade de todas as coisas através de forças e poderes que transcendem as conexões físicas e espirituais. O Pensamento Mágico envolve poderes e forças especiais em muitas coisas que são vistas como símbolos. Assim, a maioria dos povos no mundo acredita na existência de conexões reais entre o símbolo e seu referente, e que algum poder real e potencialmente mensurável flui entre eles – embora seja preciso ressaltar que o conteúdo específico de qualquer símbolo é culturalmente determinado.

    São dois os princípios fundamentais do Pensamento Mágico:

    Lei da Similaridade: é a noção de que as coisas que se assemelham estão causalmente conectadas de alguma maneira que desafia os testes científicos.

    Lei do Contágio: é a crença de que coisas que estiveram em contato físico ou em associação espacial ou temporal com outras coisas mantêm uma conexão mesmo depois de separadas.

    Leonard Zusne (1924–2003) e Warren H. Jones (x-2016), psicólogos norte-americanos, definem o Pensamento Mágico como a crença de que: (a) a transferência de energia ou informação entre sistemas físicos pode ocorrer graças simplesmente à sua semelhança ou contiguidade no tempo e no espaço; (b) os pensamentos, palavras ou ações de uma pessoa podem alcançar efeitos físicos específicos de uma maneira não governada pelos princípios da transmissão comum de energia ou informação.

    Dois dos exemplos mais óbvios de Pensamento Mágico são:

    Homeopatia do médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755-1843).

    A Homeopatia, do grego:

    hómoios+páthos=semelhante+doença é uma forma de terapia alternativa pseudocientífica, que se baseia no princípio: similia similibus curantur/semelhante pelo semelhante se cura.

    O tratamento de uma doença é feito com a administração de uma substância, diluída e dinamizada que produza sintomas daquela doença em um indivíduo saudável. A Homeopatia considera os sintomas uma reação contra a doença; a doença seria uma perturbação da energia vital, e a Homeopatia buscaria o restabelecimento do equilíbrio. Há consenso na comunidade médica e científica internacional de que a Homeopatia é uma pseudociência. Em 1980 a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu:

    A Homeopatia é uma medicina alternativa e complementar na prevenção de agravos, promoção e recuperação da saúde.

    No Brasil, em 1980, foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Mas, para ser Homeopata, é necessário ser Clínico Geral e sua prática obrigatoriamente fundamentada pelos exames complementares e dos pareceres de outras especialidades, sempre que necessário.

    Sincronicidade do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl G. Jung (1875-1961). A Sincronicidade do grego: "syn/junto e chronos/tempo"

    é um princípio que deveria explicar a relação significativa não causal entre acontecimentos, a coincidência significativa de dois ou mais fatos.

    Jung distingue três categorias de Sincronicidade:

    coincidência de um estado psíquico do observador com um acontecimento objetivo e simultâneo, que corresponde ao estado psíquico, sem que se possa pensar em uma relação causal;

    coincidência de um estado psíquico com um acontecimento exterior correspondente, de que o sujeito não tem conhecimento;

    coincidência de um estado psíquico com um acontecimento futuro.

    Quer se trate de teorias mundialmente famosas ou de crendices locais, o mais fascinante dessas crenças populares é que, por mais que saibamos que são irracionais, ainda assim preferimos não dar chance para o azar e continuar acreditando nelas. Por que será?

    A resposta é simples: a velha necessidade humana de controlar todos os aspectos da vida, até mesmo os que não dependem de nós.

    O psicólogo comportamental Stuart Vyse (1950- ), especialista em crenças e superstições e autor do livro "Believing in Magic: The Psychology of Superstition, explica: Superstições são úteis quando não temos controle sobre algo que desejamos muito que aconteça! Queremos muito que aquilo dê certo, mas não temos como garantir que vai acontecer do jeito que queremos!"

    Segundo ele, esse processo acontece em situações associadas a algo importante, como o nascimento dos filhos, um casamento ou uma entrevista de emprego. Os rituais e amuletos, então, criam uma falsa sensação de que algo foi feito para garantir que o desfecho positivo vai acontecer. E isso nos dá uma sensação de alívio e conforto.

    O lado positivo das Superstições e Crendices

    Portanto, por mais incrível que possa parecer, as superstições podem ajudar você a ter um desempenho melhor. Mas não do jeito que você talvez imagine – não se trata de invocar nenhum poder mágico ou de outro mundo. Mais uma vez, Stuart Vyse explica: "Nossas expectativas e nossa ansiedade influenciam na forma como agimos, muitas vezes de forma negativa! Por isso, seguir um ritual que consideramos que trará sorte nos dá confiança de que tudo vai correr bem!"

    Em outras palavras, as superstições e crendices têm um efeito semelhante ao que conhecemos como efeito placebo. É parecido com o que acontece quando o personagem Harry Potter usa a poção "Felix Felicis/Sorte Líquida. A mistura teria o poder de ajudar a sorte" de quem a ingere, possibilitando que ele ou ela concretize tudo aquilo que desejar. É com esse incentivo que Harry consegue roubar um bruxo importante e ainda enfrentar os comensais da morte, seres horripilantes que sugam sua energia vital. Mas a poção pode causar um excesso de confiança perigoso e levar a pessoa à loucura – indicando que seu efeito, na verdade, não é mágico, e sim psicológico, fortalecendo a confiança de quem a ingere. Exatamente como acontece com as superstições.

    Assim, mesmo quem não acata os princípios do Pensamento Mágico pode admitir que ele tem funções importantes que podem ser muito úteis em certas situações bastante específicas:

    Redução da ansiedade: em situações estressantes de difícil resolução, associar um poder de proteção ou outra ajuda a determinados elementos ou ações aumenta a sensação de controle e reduz a ansiedade. Por exemplo, usar amuletos para lutar contra certos medos.

    Efeito placebo: pensar que determinado ritual pode curar uma doença por vezes resulta em uma melhora na sintomatologia.

    A ciência ainda tem evidências escassas sobre isso. Em um estudo, cientistas da Universidade de Colônia, na Alemanha, concluíram que ativar amuletos por meio de frases relativas à boa sorte. Como dizer "quebre a perna ou merda", uma tradição entre atores de teatro antes de uma apresentação, melhora o desempenho.

    O problema surge quando esse excesso de ritualização da vida foge ao controle, com comportamentos repetitivos que podem estar associados ao Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Aqui, no entanto, há uma diferença importante: enquanto a superstição é uma forma de garantir que algo aconteça como queremos, trazendo conforto, o ritual do TOC é feito para impedir que algo ruim aconteça, e não provoca alívio, criando mais tensão.

    Uma imagem contendo Padrão do plano de fundo Descrição gerada automaticamente

    Parte 2: Superstições & Crendices de A a Z

    Água

    A água simboliza a origem da vida, a fecundidade, a fertilidade, a transformação, a purificação, a força, a limpeza. Elemento primordial, ela é considerada a origem e o veículo da vida.

    Entre os antigos gregos, um popular método divinatório consistia em usar uma tigela com água para refletir a imagem da pessoa que queria saber algo sobre seu destino. Se, durante a consulta, o recipiente caísse e quebrasse, era sinal de que a pessoa morreria ou teria dias nebulosos pela frente. Os romanos adaptaram o oráculo grego e acrescentaram que o infortúnio se prolongaria por 7 anos, tempo que dura cada ciclo da vida.

    Se a pessoa enunciar um desejo e jogar uma moeda na água de uma fonte, rio ou lago, ele se realizará.

    Na Itália, esta prática é muito popular e famosa: lançar uma moeda na magnífica Fontana di Trevi, em Roma, além de dar sorte, propicia o encontro com aquele que será o amor de sua vida.

    Foto em preto e branco de pessoas na frente de um prédio Descrição gerada automaticamente

    Alface

    Pertencente do grupo das hortaliças, ou verduras, a alface possui lactupirina e lactucina, moléculas presentes no caule e nas folhas, consideradas calmantes naturais, ideal para quem sofre de insônia. Além de ação calmante, possui ação laxativa e diurética, sendo rica em água e potássio.

    No Egito, durante o Período Pré-Dinástico (4500-2920 a.C.), a alface era considerada um afrodisíaco utilizado como oferenda ao supremo Deus Min da Procriação. Seu aspecto mais significativo foi o de ter se tornado a divindade mais intimamente associada a Amon de Tebas durante a XVIII Dinastia, passando a ser, em essência, a manifestação de Amon como Deus Criador Primordial. Durante os ritos de coroação do novo soberano, Min, Deus da Potência Sexual Masculina, era homenageado e reverenciado. Como primeiro ato após a coroação, competia ao Faraó consagrado semear suas sementes – geralmente, sementes de alface ou seu próprio sêmen ejaculado publicamente – visando atestar sua potência e garantir com essas oferendas a inundação anual do Nilo. Eis um aspecto deveras curioso: um tipo de alface (lactuca sativa) tornou-se um emblema de Min. Segundo relatos, no Antigo Egito os vegetais folhosos não eram ingeridos como uma refeição leve ou uma entrada, mas sim tomados como um tônico afrodisíaco. Apesar do papel de Min, como divindade, ter mudado diversas vezes ao longo de 3 mil anos, curiosamente a sua associação com a alface permaneceu estável.

    Uma das razões pelas quais os egípcios associaram a alface ao Deus Min resulta de que essa hortaliça cresce para fora da terra de forma ereta, e consequentemente é vista como um óbvio símbolo fálico; isto sem mencionar que, no primeiro corte, esse vegetal secreta um líquido leitoso que alegoricamente foi associado à energia criadora do sêmen e do leite materno.

    Uma imagem contendo Texto Descrição gerada automaticamente

    Iconograficamente, Min era geralmente retratado como um homem mumificado, com pênis ereto, em pé, portando uma coroa com duas grandes plumas, como as de Amon. Enquanto sua mão esquerda segurava seu pênis, o braço direito, erguido, empunhava um mangual, instrumento utilizado para debulhar cereais e remover suas cascas, símbolo do poder e da fertilidade. Sua pele era negra, simbolizando sua ligação com o solo negro fértil do Egito. 

    Na Grécia Antiga, Hipócrates falava muito sobre os efeitos calmantes da alface, e em Roma esse aspecto se consolidou, sendo usada com o objetivo de induzir ao sono.

    A associação de alface com impotência se originou de um texto pseudocientífico do médico grego Nicandro de Cólofon (250 a.C.-170 a.C.), onde ele disse que a alface faz um homem impotente, não importando o quanto ele deseje uma mulher.

    Na Inglaterra,no início do século XIX, os homens evitavam comer alface, pois acreditava-se que ela provocava esterilidade.

    Alho

    Na Grécia, o alho é considerado um poderoso amuleto, que confere proteção.

    Ele anula energias negativas e protege contra pessoas maléficas. Como amuleto de proteção, basta carregar alguns dentes em seu bolso ou bolsa.

    Pode ser utilizado para fazer exorcismos e limpeza espiritual de casas e locais de trabalho etc.

    Alguns dentes de alho colocados atrás das portas e janelas evitam que a inveja alheia traga maus fluídos para seu lar. Troque-os sempre que estiverem ressecados, sinal de que já absorveram muita energia negativa.

    Foto em preto e branco de cebola Descrição gerada automaticamente com confiança média

    Aliança

    Seu uso começou no Egito, há mais de cinco mil anos. Os egípcios já viam o círculo como a forma geométrica mais perfeita e, como o círculo não tem começo nem fim, associavam a ele a imortalidade do amor e a vida eterna. 

    Após invadir o território egípcio, Alexandre, o Grande, importou o hábito para a Grécia. Como os gregos acreditavam haver uma veia fazendo ligação direta entre o coração e o dedo anelar da mão esquerda, juntaram a concepção da veia do amor com a simbologia egípcia do anel. A tradição foi adotada também pelos romanos e, posteriormente, pelo próprio Vaticano.

    No século IX o Cristianismo romano estabeleceu a troca de alianças no dedo anelar esquerdo como forma de simbolizar o casamento diante de Deus, de acordo com o decreto promulgado pelo Papa Nicolau I. A aliança para os romanos foi muito além da ideia do amor, para se tornar símbolo de posse, já que a mulher que aceitava o anel de um homem passaria a pertencer a ele.

    No mundo árabe e asiático, os anéis puzzle passaram a ser usados como alianças, para que os maridos pudessem ter um maior controle sobre suas esposas. Esse tipo de anel é composto por vários círculos, geralmente de metais diferentes, que se conectam entre si e podem ser separados. Caso a esposa retirasse o anel para enganar o marido enquanto ele estivesse fora, ela não conseguiria montá-lo novamente no dedo, o que demonstraria a sua traição.

    Dentre as superstições e crenças, acredita-se:

    Derrubar a aliança durante a cerimônia de casamento pode ser sinal de boa sorte que espanta os males. Contudo, alguns dizem que quem derruba a aliança será o primeiro a morrer. É melhor nenhum dos dois derrubar!

    O cônjuge que vier a perder a aliança do casamento ficará viúvo.

    Diagrama Descrição gerada automaticamente com confiança baixa

    Amarelo

    O amarelo é uma cor que desperta, que expressa leveza, descontração, otimismo. Simboliza criatividade, jovialidade e alegria. Transmite calor, ilumina e descontrai. Como é a cor base do dourado, simboliza opulência e prosperidade.

    É também uma cor que carrega grande energia. A parte mais quente do fogo é o segmento amarelado da chama. O amarelo transmite otimismo e está associado ao verão e ao calor.

    Ele desperta novas esperanças para quem está em busca da cura.

    Atrai pessoas alegres para a sua vida, rejuvenesce e traz charme; constrói confiança, dá poder de persuasão, energia e inteligência.

    Traz luz para a solução de problemas. O amarelo simboliza criatividade, ideias, conhecimento, alegria, juventude.

    É a cor do sol, trazendo luz para as situações difíceis, ativando o intelecto, a comunicação, a harmonia do todo. Pode ser utilizado em áreas de acesso para salões sociais. Entretanto, é preciso tomar cuidado com os excessos, porque o amarelo pode excitar a ansiedade e aguçar as preocupações. Usado em excesso, torna a pessoa irresponsável e volúvel.

    Para atrair dinheiro, usar uma peça qualquer do vestuário na cor amarela! Cor poderosa que representa o poder do ouro.

    AMULETOS

    Amuleto vem do latim Amuletum, palavra empregada já por Plínio, o Velho, no primeiro século na nossa era, e que nomeia um objeto com virtudes mágicas que tira uma pessoa do perigo e pode ser usado como proteção contrafeitiços, doenças e desgraças.

    Segundo o dicionário Michaelis, Amuleto: Objeto (figa, pedra, ferradura etc.), fórmula escrita ou figura (santinhos, medalhas etc.) a que os supersticiosos atribuem o poder sobrenatural de desviar ou evitar malefícios, desgraças, doenças e feitiços.

    Uma imagem contendo moto, corrente, mesa, par Descrição gerada automaticamente

    Suas características variam entre os povos e as culturas. Joias, medalhas e adornos em formato de coruja, ferradura, figa, Estrela de Davi, chaves, elefante, trevo de 4 folhas, coração, cruz, âncora, 13, olho grego, quartos de Lua etc., além da representação de Santos ou Budas, e ainda algumas pedras, patas e cornos de animais, são alguns exemplos de amuletos. Vemos, portanto, que os materiais e os tipos de simbologia são bastante variados, mas o ponto comum é que um amuleto costuma ser um objeto pequeno, levado junto ao corpo, que simboliza ou representa algo que tem poder de proteção.

    Coruja

    Símbolo do conhecimento e sabedoria, as corujas são muito representadas em pingentes, brincos, chaveiros etc., e utilizadas como amuletos da sorte e proteção.

    Diagrama Descrição gerada automaticamente com confiança média

    Ferradura

    Em verdade, como veremos oportunamente, a ferradura em si é um poderoso talismã – e sua representação, quando usada como joia, torna-se um poderoso amuleto.

    Pingente de metal Descrição gerada automaticamente com confiança média

    Figa

    A origem de um dos mais antigos e tradicionais amuletos conhecidos remonta às velhas crenças pagãs da Ásia e da África, onde era praticado o culto ao falo.

    Uma imagem contendo par, diferente, foto, itens Descrição gerada automaticamente

    Por possuir ligação direta com o sexo e a

    reprodução, o pênis era símbolo de fertilidade e prosperidade para diversos povos antigos, como os gregos, romanos e fenícios. Ao órgão masculino era atribuído poder e força protetora, e exibi-lo afastava a maldade e as más influências!

    Por essa razão, era comum as mulheres usarem um pingente fálico em colares e correntes.

    Como a cultura cristã aboliu essa prática por razões morais, o pênis foi substituído pelo símbolo que conhecemos como Figa. Esse amuleto ganhou esse nome em alusão à figueira, árvore de madeira macia na qual era esculpido, e simboliza o órgão masculino penetrando o feminino, algo que passa completamente desapercebido para muitos.

    Em 2014 foi lançado o Pingente Vibrador, uma peça sofisticada que muitas mulheres ostentam em decotes para ir a festas de gala, inclusive. Trata-se de um vibrador potente, com três velocidades e bateria com 40 minutos de duração. Por causa do design e das sensações provocadas, revistas femininas do mundo o apontam como um "sex toy icônico". Além de afastar as más influências, proporciona prazer imediato quando e onde ela assim desejar!

    Hamsá

    Hamsá é uma palavra de origem árabe e significa literalmente cinco, em referência aos cinco dedos da mão humana. É o desenho de uma mão simétrica, cujo polegar e mínimo são idênticos e apontam para os lados, e o dedo médio é o eixo de simetria. A direção do posicionamento do símbolo é importante:

    Dedos voltados para Cima: Masculino – está ligado a sentimentos e desejos mais espirituais, tais como a proteção do espírito e da busca do Eu superior.

    Dedos voltados para Baixo: Feminino – está relacionada ao chão e à proteção das coisas físicas e materiais da vida.

    Existem evidências arqueológicas de que a Hamsá seria um símbolo fenício, associado a Tanit, Deusa de Cartago cuja mão ou vulva afastava o mal.

    .

    Posteriormente, o símbolo foi adotado pela cultura judaica, que o passou para os árabes. Atualmente, defensores da paz no Oriente Médio têm usado a Hamsá, como símbolo de Esperança e Paz nessa conturbada região. Quer queiram ou não, judeus e árabes têm raízes comuns.

    Joias e acessórios com suas representações são usados popularmente como um amuleto contra o mau olhado e para afastar as energias negativas e trazer felicidade, sorte e fortuna! Vejamos alguns exemplos, de acordo com cada corrente religiosa:

    Hamsá Judaica

    Denominado Mão de Miriam, em alusão à irmã de Moisés e Aarão, esse símbolo também é associado à Torá, que é composta pelos cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

    O que caracteriza uma Hamsá Judaica é o que aparece no centro da mão: mais frequentemente a Estrela de Davi, mas também pombo, flores, peixe ou textos em hebraico. Um desses textos é o Shemá Israel, a profissão de fé encontrada no Deuteronômio Capítulo 6: 4. Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. 5. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças. 6. Os mandamentos que hoje te dou serão gravados no teu coração. 7. Tu os inculcarás a teus filhos, e deles falarás, seja sentado em tua casa, seja andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares. 8. Atá-los-ás à tua mão como sinal, e os levarás como uma faixa frontal diante dos teus olhos. 9.Tu os escreverás nos umbrais e nas portas de tua casa.

    Hamsá Muçulmana

    Denominada Mão de Fátima, em alusão à filha mais nova do profeta Maomé com sua esposa Candija. Fátima nasceu em Meca e foi a única filha a dar herdeiros para seus pais. Além disso, ela cuidou do pai até sua morte. Em seus últimos momentos, Maomé disse à sua filha que tivera um breve encontro com o Anjo Gabriel e que Fátima iria se encontrar com ele após a sua morte, no Reino Celestial. Para os seguidores de Maomé, os dedos representam os cinco pilares do islamismo:

    Shahada/Fé; Salat/Oração; Zakat/Caridade; Sawm/Jejum; Haji/Peregrinação.

    O que caracteriza a Hamsá Muçulmana é o que aparece no centro da mão: o símbolo mais frequente é o Olho ou Olho Grego.

    Uma imagem contendo pingente, colar, relógio Descrição gerada automaticamente

    Olho Grego ou Olho Turco

    Olho Grego ou Olho Turco é um amuleto conhecido mundialmente e muito difundido no Brasil. Sua função é proteger do mau-olhado e da inveja. Acredita-se que, principalmente na cor azul, a mais utilizada, ele tem o poder de afastar o olho-gordo. Por essa razão, é usado em colares, brincos e pulseiras. Acredita-se que algumas pessoas, têm a capacidade inata de fazer mal a alguém apenas submetendo-a ao seu olhar.

    Pingente de metal Descrição gerada automaticamente com confiança média

    Patuá

    É um amuleto muito utilizado por pessoas ligadas ao Candomblé. Consiste em um saquinho ou envelope feito de um pequeno pedaço de

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