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O cemitério dos anões - Livro 2
O cemitério dos anões - Livro 2
O cemitério dos anões - Livro 2
E-book195 páginas4 horas

O cemitério dos anões - Livro 2

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Sobre este e-book

Cada povo do Reino de Enigma criou um dos sete Objetos de Poder. Os anões alados tinham o Pergaminho do Mar Morto, mas ele desapareceu há centenas de anos. Agora, o solitário Le Goff, o anão alado albino de asas atrofiadas, acredita saber onde se encontra, mas para alcançá-lo, terá que atravessar a Terra dos Gigantes, inimigos de seu povo. Durante essa jornada, Le Goff perceberá que seu conhecimento e memória são mais poderosos do que sua habilidade de mentir. Afinal, quando confrontado com algumas verdades, ele poderá descobrir que nada é o que parece neste mundo repleto de surpresas.
IdiomaPortuguês
EditoraPrincipis
Data de lançamento12 de set. de 2023
ISBN9786550970901
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    O cemitério dos anões - Livro 2 - Marcos Mota

    capa-livro2.jpg

    Esta é uma publicação Principis, selo exclusivo da Ciranda Cultural

    © 2023 Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda.

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

    Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410

    Índice para catálogo sistemático:

    1. Literatura brasileira 869.8992

    2. Literatura brasileira 821.134.3(81)

    Versão digital publicada em 2023

    www.cirandacultural.com.br

    Todos os direitos reservados.

    Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada em sistema de busca ou transmitida por qualquer meio, seja ele eletrônico, fotocópia, gravação ou outros, sem prévia autorização do detentor dos direitos, e não pode circular encadernada ou encapada de maneira distinta daquela em que foi publicada, ou sem que as mesmas condições sejam impostas aos compradores subsequentes.

    Para Geovana Eler e Talles Henrique, sobrinhos queridos.

    Ao Edson Toledo, Vinícius Bicalho e Kerley Jerônimo, três mosqueteiros.

    "Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem ao seu amigo." – Provérbios 27:17

    Sumário

    Prefácio

    Uma grande inimizade

    Oportunismo

    Na cidade de Darin

    A floresta transparente

    Os braceletes de poder

    Em apuros

    O Lictor

    O segredo revelado

    Estátuas e mausoléus

    O assombrador das trevas

    A história do rei gigante

    Artimanhas no escuro

    O valor de uma amizade

    Confronto

    Prefácio

    Os diversos mundos foram criados por meio do conhecimento e da sabedoria.

    A paz, a harmonia e o bem reinavam entre as raças não humanas, até que uma força cósmica, posteriormente denominada Hastur, o Destruidor da Forma, o maior dos Deuses Exteriores, violou as leis das dimensões superiores e iniciou uma guerra.

    Para evitar a destruição de todo o Universo, Moudrost, o Projetista, a própria Sabedoria, dividiu o conhecimento primevo e o entregou, através de sete artefatos, às seis raças de Enigma.

    Aos homens, a última raça criada, foram entregues as inteligências matemática e lógica. Às fadas, habitantes das longínquas e gélidas terras de Norm, a ciência natural. Aos aqueônios, a linguística. Aos anões alados, habitantes selvagens dos topos das montanhas, a história e geografia condensadas em um único tipo de conhecimento. Aos gigantes, os maiores dos Grandes Homens, a ciência do desporto. E aos anjos, primeira das raças não humanas, o conhecimento das artes.

    A guerra estelar cessou, resultando no aprisionamento dos Deuses Exteriores.

    Hastur, porém, conseguiu violar outra vez as dimensões da realidade e se livrar do confinamento, também conhecido como Repouso Maldito dos Deuses. Dessa forma, ele desapareceu na obscuridade, sendo obrigado a vagar pelo primeiro mundo das raças humanas à procura dos objetos que lhe trariam o poder desejado e a libertação.

    O Destruidor da Forma intentava reuni-los como única maneira capaz de destruir Moudrost e implantar o caos e a loucura no Universo. Sua perturbadora fuga ao aprisionamento só foi percebida quando, um a um, os possuidores dos Objetos de Poder começaram a morrer misteriosamente, todos em datas próximas.

    Contudo, para a desgraça de Hastur, os Objetos de Poder nunca mais foram vistos. Envolvidos sob um manto negro de enigmas, os sete artefatos mágicos desapareceram com a morte de seus possuidores.

    A seguir você compreenderá o que aconteceu com os Objetos dados aos gigantes e aos anões alados.

    Uma grande inimizade

    Grandes inimizades surgem por causa de disputas de poder. Há, ainda, aquelas que surgem do rompimento de profundos laços de amizade provocado por uma traição ou um mal-entendido. Esse segundo motivo foi a causa da quebra de relações entre os anões alados e os gigantes.

    Enquanto terminava de subir o íngreme e juncoso penhasco incrustado por liquens, Le Goff pensava nas consequências do distanciamento ocorrido entre dois dos povos do mundo de Enigma. Com muito esforço, ele acabara de entrar na Terra dos Gigantes e precisava tomar cuidado a partir daqueles limites. Afinal, mesmo albino e com as asas atrofiadas, ele não deixava de ser um anão alado.

    Le Goff nasceu branco como a neve, e a maior mudança que sua pele já alcançou foi um tom rosado, após ficar horas sob o sol. Isso, aliás, rendeu-lhe uma febre prolongada e dias de convalescença.

    Seus olhos eram de um azul-celeste atraente e seu cabelo de um amarelo fulgente como o do sol típico da estação presente: o verão.

    Os anões alados podiam caracterizar-se por duas qualidades invejáveis: possuir uma supermemória, o que fazia deles excelentes historiadores, e também asas, que lhes permitiam voar como as aves.

    Além de albino, havia outra característica que diferenciava Le Goff de todo o restante de sua tribo: ele nascera com as asas pequenas e desiguais, diminutas a ponto de não permitirem ao anão o prazer do voo. Por outro lado, ele adquirira o status de anão alado com a memória mais surpreendente já vista. Diziam que era uma forma de compensar a incapacidade do voo e uma distinção, devido à cor de sua pele.

    O certo é que ele era diferente, fosse por suas aparentes desqualificações como anão alado, fosse devido à sua maior qualificação para tal. E agora ele estava em uma missão, adentrando as terras de seus maiores inimigos, sozinho, por sua conta, risco e propósito.

    O anão alcançou o platô sobre a primeira montanha da Terra dos Gigantes. O dia acabara de raiar. As nuvens estavam esparsas e, mesmo ao meio-dia, a temperatura naquela altitude não correspondia ao calor escaldante que seria experimentado no vale após as horas seguintes. Isso era bom para o albino.

    Le Goff precisava redobrar seus cuidados a partir daquele momento. Ele quebrara o código de honra dos anões alados. Precisou mentir para seu pai, a fim de conseguir deixar a tribo sem ser visto e seguir seu coração rumo à terra de seus inimigos. Ele decidiu procurar sozinho o Pergaminho do Mar Morto, um Objeto de Poder forjado por sua raça há, aproximadamente, quinhentos anos. Pistas levavam-no àquele lugar proibido e cheio de ameaças.

    Provavelmente, por causa da desobediência – pois os anões alados zelavam pela confiança entre os irmãos –, ele não teria ninguém que reivindicasse sua vida, caso fosse preso por algum colosso. Ninguém iria em seu socorro, caso se encontrasse em perigo, até porque ninguém ­saberia seu paradeiro.

    Após uma exaustiva caminhada de dois quilômetros, o anão começou a ouvir vozes vindas detrás do arvoredo, que escondia de seus olhos, como um fantástico muro vivo, o horizonte à frente. Ele não teve dúvidas: não eram vozes de homens grandes, eram vozes de gigantes.

    – Peça para o abestado do Arnie – sugeriu uma potente voz feminina.

    – Ele é um completo idiota. Coitado, quando chegar com os baldes não haverá mais mangas maduras no pé para ele colher e chupar – respondeu uma outra voz, aguda, mas claramente masculina.

    O casal de gigantes riu com entusiasmo.

    Então, escondido pela vegetação rasteira que contornava a clareira onde eles se encontravam, Le Goff ouviu o som de línguas mal-educadas lambendo as frutas e os próprios beiços com a mesma satisfação com que zombavam do terceiro gigante, de nome Arnie.

    – Mas é verdade, Fany, estou realmente com muita sede. Por que será que Arnie está demorando tanto a chegar com a água?

    – Nosso amigo é lerdo, Boong. Você se esqueceu? Não enxerga direito – respondeu a voz feminina, com malícia.

    – Vamos passar um sermão nele. Não deveria estar demorando tanto com nossa água. Vamos mandá-lo buscar mais, assim que chegar.

    Novamente a explosão de risos ecoou na copa das árvores.

    Le Goff percebeu o que acontecia e não gostou nada daquilo. Os dois gigantes, Fany e Boong, estavam tirando sarro de um terceiro. Enquanto eles se deliciavam com as frutas da estação, aproveitavam-se da boa vontade de um colega que buscava água para eles no rio mais próximo – se é que o tal Arnie o fizesse por boa vontade, pois parecia ser bem o completo idiota de quem falavam.

    O código de honra dos anões alados jamais permitiria uma coisa daquelas entre os irmãos. E ainda que permitisse, Le Goff jamais aceitaria zombarias como aquelas de qualquer outra criatura, mesmo que não fosse um irmão da tribo.

    Inconformado, ele se afastou da clareira onde os estúpidos colossos se encontravam chupando manga e continuou, se dirigindo cautelosamente para o norte. Ele precisava chegar ao Cemitério Esquecido dos Anões Alados. Esse era seu secreto objetivo. Essa era sua missão.

    O cemitério estava abandonado havia mais de quinhentos anos, desde que ocorrera a quebra de confiança entre os dois povos e a consequente inimizade entre eles. Os anões alados haviam sido expulsos daquelas terras desde então.

    Para Le Goff, obter o Pergaminho do Mar Morto era uma questão de honra. Ele nunca tinha sido rejeitado por seus irmãos, ainda assim lutava contra um sentimento de inferioridade que o fazia desejar ser superior a todos ao seu redor. Por isso, desejava que o pergaminho fosse seu. Apesar daquela cor azeda de pele, como ele mesmo reconhecia, e das asas que para nada serviam, ele seria o possuidor do Objeto de Poder dos anões de sua espécie.

    A vegetação tornou-se menos densa e alguns galhos se moveram na porção superior da floresta que ocultava o anão. Ele se abaixou e parou, silenciando todo e qualquer ruído que pudesse ser causado por seus movimentos.

    Le Goff era muito pequeno, mas não o suficiente para se esconder de um gigante de três metros de altura, sob a moita onde ele se encontrava imóvel. Arrastava-se com a precisão digna de um anão e movia-se tão veloz como a ligeira serpente, mas precisava manter a cautela. Por isso, precisara parar.

    O silêncio anunciou segurança. Gigantes eram ruidosos, isso ele sabia. Além disso, eram tidos como seres imbecis. O que os colossos dominavam era o conhecimento esportivo. Qualquer outra forma de inteligência que necessitasse do raciocínio, e não de seus portes físicos avantajados e brutos, ficava fora de cogitação para eles. Dependiam da matemática e da lógica desenvolvida pelos homens grandes para construírem seus edifícios, além do mais desprezavam a história e a geografia, conhecimentos dominados pelos anões alados, seus inimigos mortais.

    Os gigantes apreciavam o barulho das torcidas nas competições esportivas que promoviam, o movimento de seus corpos durante o lançamento de discos, a disputa pelo salto mais alto e as corridas a distância. Portanto, silêncio em uma floresta de gigantes significava caminho livre para qualquer anão.

    Pensando dessa maneira, Le Goff avançou. Abriu caminho no meio do emaranhado de galhos e folhas com suas pequenas mãos, e respirou um ar mais fresco quando se moveu. Acabara de atravessar a muralha de árvores que cercava a entrada da terra de seus inimigos. Uma campina enorme estendia-se à frente até um rio que mal podia ser visto no horizonte.

    Le Goff puxou para lados opostos as últimas folhagens, abrindo visão para o descampado. De maneira terrível, então, avistou o que temia desde que chegara àquele platô: um enorme olho esverdeado observando-o.

    O anão tentou retroceder para se esconder novamente na vegetação baixa, mas sentiu as pernas serem agarradas por uma mão forte e robusta. Seu corpo recebeu um solavanco e revolucionou cento e oitenta graus, ficando de ponta cabeça.

    Outra mão enorme segurou a sacola que pendia ao redor de seu corpo, quase caindo no chão, e a arrancou com impetuosidade. Os cabelos dourados do anão exibiram as tranças que, com a força da gravidade, moveram-se em sentido oposto àquele para o qual suas pernas foram puxadas. Ele fora descoberto por um gigante – pior: fora capturado.

    Apavorado e de cabeça para baixo, o anão ficou cara a cara com seu algoz. Para seu terror, constatou uma cabeça oval e careca com uma boca de grossos lábios, um nariz proeminente e um único olho apavorante encarando-o com curiosidade. Jamais, em toda a sua

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