Aprender projetando: Professores designers de práticas de ensino-aprendizagem
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Sobre este e-book
Os estudos apresentados são fruto de pesquisas da autora e de sua atuação como articuladora do Grupo Design & Escola da Esdi/UERJ, que integra designers, educadoras e educadores da Educação Infantil e dos Ensino Fundamental e Médio, na realização de experimentos visando proporcionar práticas mais prazerosas e instigantes ao contexto escolar.
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Pré-visualização do livro
Aprender projetando - Bianca Martins
Professores designers de práticas
de ensino-aprendizagem
Bianca Martins
Copyright 2022 by Bianca Martins
Todos os direitos reservados ao autor. Proibida a reprodução de partes ou do todo
sem autorização expressa.
Capa, ilustrações, projeto gráfico e editoração eletrônica:
Raquel Leal C. C. Pereira
Coordenação editorial:
Bianca Martins
Produção editorial e gráfica:
Denise Corrêa
Maristela Carneiro
Revisão:
Algo Mais Soluções
Edição:
FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa
do Estado do Rio de Janeiro
Sumário
Agradecimentos
Apresentacao
Prefacio
Capítulo 1
Design na Escola: Pressupostos e enfoques conceituais
Ciência do Design
O lugar das práticas de Aprender Projetando na educação contemporânea
As aprendizagens ativas: Aprender fazendo
O propósito de desenvolver projetos de Design na escola
Capítulo 2
Estudos de Caso:
Design como Pratica Educativa
O Design como um componente curricular na educação básica
O Design como catalisador da aprendizagem
Comparativo das propostas evidenciando diretrizes para a formação de professores
Delimitação do conceito Aprender Projetando
Capítulo 3
Usos do Design em Praticas Educativas
Uma escola com Design:a aprendizagem do Design no CAp-UERJ
Imersão em uma disciplina da Pedagogia
O discurso dos protagonistas: entrevistas com professores e com estudantes de Design e de Pedagogia
Capítulo 4
Discursos relevantes para as Praticas de Aprender Projetando
Multirreferencialidade e fenômenos relacionados à educação
Enfoques críticos nas práticas de Aprender Projetando
Professores como designers de práticas de ensino-aprendizagem
Aproximações a uma possível epistemologia das práticas de Aprender Projetando
Posfacio:
Referencias
Agradecimentos
Recolhi e continuo recolhendo pérolas nessa jornada sem fronteiras entre pesquisa-vida-trabalho-militância pela Educação Pública de qualidade. Difícil nomear a todas e todos que favoreceram a construção dessas ideias. Seguem alguns agradecimentos já com receio de deixar de lado tantos outros.
Agradeço à minha parceira de jornada Rita Maria de Souza Couto por me mostrar o caminho das pedrinhas miudinhas, as mais preciosas. Meu afeto ao amigo Celso Braga Wilmer, pelos almoços filosóficos, incentivo, entusiasmo e disposição para a troca de ideias que fizeram diferença nesta pesquisa. Minha gratidão à Washington Dias Lessa, parceiro de pesquisa e docência.
Um abraço demorado da mamãe para a Luna Liberdade, que com sua chegada me transformou em eterna aprendiz. Sem palavras que traduzam a gratidão à Lena Rêgo Martins, minha mãe e professora, que me ensinou as belezuras da vida docente, e à Alexandre Martins, meu pai, que me instigou a ter coragem e força nesta caminhada. Gratidão ao meu companheiro de vida Francisco Valle, pela construção partilhada de ideais e condutas e pelo acolhimento afetivo durante este percurso.
Agradeço especialmente à Barbara Emanuel, que hoje partilha comigo a luta pela Educação Pública de qualidade e a coordenação do Grupo Design & Escola da Esdi/UERJ. Gratidão aos amigos Barbara Necyk e Ricardo Artur, tecelões de esperanças na articulação entre Design e Educação a partir de nossa gestão compartilhada do DesEduca Lab - Laboratório de Design e Educação da Esdi/UERJ.
Meu especial agradecimento à Raquel Leal, designer, ilustradora e entusiasta de design e educação, que deixou este livro muito mais instigante com suas ilustrações e projeto gráfico.
Agradeço ao amigo Professor-Designer Leonardo Nolasco pelo exemplo de docência e esperanças compartilhadas e pela oportunidade de desenvolver em parceria o mergulho no campo desta pesquisa. Registro também meu carinho aos companheiros de ideias e exemplos de docência Almir Mirabeau e Leonardo Caldi (que virou estrela recentemente mas continua me iluminando): a vocês devo muito do que aprendi aqui.
Agradeço especialmente à Barbara Emanuel, que hoje partilha comigo a luta pela Educação Pública de qualidade e a coordenação do Grupo Design & Escola da Esdi/UERJ. Gratidão aos amigos Barbara Necyk e Ricardo Artur, tecelões de esperanças na articulação entre Design e Educação a partir de nossa gestão compartilhada do DesEduca Lab - Laboratório de Design e Educação da Esdi/UERJ.
Meu especial agradecimento à Raquel Leal, designer, ilustradora e entusiasta de design e educação, que deixou este livro muito mais instigante com suas ilustrações e projeto gráfico.
Agradeço ao amigo Professor-Designer Leonardo Nolasco pelo exemplo de docência e esperanças compartilhadas e pela oportunidade de desenvolver em parceria o mergulho no campo desta pesquisa. Registro também meu carinho aos companheiros de ideias e exemplos de docência Almir Mirabeau e Leonardo Caldi (que virou estrela recentemente mas continua me iluminando): a vocês devo muito do que aprendi aqui.
Minha gratidão à professora Lula Rufino, minha primeira Mestra de Design, que tanto contribuiu com essa pesquisa.
Agradeço aqueles que realizam a partilha de minha dodiscência, aqui representados pela Carol Valle, Lucas Ribeiro e Jamile Vianna, alunas e alunos fonte de inspiração para ser uma docente melhor a cada dia.
Meu agradecimento pelo intenso aprendizado caminhando junto às minhas orientandas, orientandos e bolsistas aqui representados pela Raquel Leal, Justine Hack, Victor Silba, André Coutinho, Rafaela Nóbrega, Erick Araújo, Marcos Machado, Melissa Oliveira, Ana Marcia Vieira, Marcos Machado, Paula Rocha, Luana Batista, Vitoria Souza e tantas outras e outros ao longo desses 15 anos.
Aos alunos da Pedagogia UERJ de Metodologias na produção de meios e recursos educativos turma 2015.2 que me ajudaram a colocar em prática diversas proposições desta pesquisa. Meu carinho especial às alunas Manoela e Thais.
Gratidão às queridas primas exemplos de docência na Educação Básica, Taiany Braga Marfetan e Daniela Couto: toda minha admiração e respeito pela forma engajada e afetiva na qual vocês conduzem a docência.
Gratidão ao meu grão-mestre e tio Arthur Cavalcanti (que já virou estrela): seus ensinamentos e sua gentileza me acompanham por toda a vida, e à querida tia Neyde Couto Martins (que virou estrela faz pouco) pelo exemplo de mulher forte, leitora voraz e de ideias afiadas sem jamais perder o carisma.
Minha gratidão a todas as mestras guerreiras da Educação Básica, aqui representadas pelas professoras da minha filha: Simone Oliveira, Ivanuzia França, Camila Melani, Marié Rayanne e Camila Batista: minha admiração pelo trabalho sério e diferenciado que vocês realizam.
Ao Departamento de Artes e Design da PUC-Rio, onde me formei pesquisadora e à Esdi/UERJ que hoje possibilita minha docência, pesquisa e ações extensionistas.
As professoras e professores que tive no CAp-UERJ, minha escola por onze anos, em especial à Alice Romeiro. Devo muito do que sou à essa Escola Pública excepcional!
Meu agradecimento também à Faperj que possibilitou a publicação deste trabalho.
Para meu amigo, conselheiro, confidente,
parceiro de militância e de sonhos possíveis,
Léo Caldi (que virou estrela recentemente):
tudo aqui está polinizado por nossas conversas.
Para aquela professora e aquele professor que,
mesmo com todas as adversidades, encontram
meios de lutar construindo formas de aprendizagem
que fazem mais sentido para suas alunas e seus alunos.
Apresentação
Lugar de design é na escola? Estudando no Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, da Uerj, cresci achando que sim. De alguma forma, ele estava ali, já que tínhamos uma matéria chamada Design
, o que quer que isso significasse. Entre a aula de Matemática e a de Geografia, estava ela, a de Design. O pensamento visual tinha lugar no currículo escolar, assim como outros tipos de pensamento.
Depois, na graduação em Design, fui descobrindo como o pensamento projetual vai além do visual, entrando em nossas vidas por produtos, serviços e experiências que envolvem etapas estruturadas de criação. De cadeiras e livros ao modo como compramos um lanche ou reservamos uma noite de hotel, o design está lá, guiando e estruturando. Está no olhar atento que usamos para descobrir como as coisas acontecem, como as pessoas se comportam. Está na análise e na síntese das descobertas, na transformação de pesquisas em parâmetros que orientam as elaborações. Está na criação, na imaginação produtiva, na geração de ideias, na prototipação. No erro que ensina, no teste que aponta melhoras, no processo iterativo que aprende e retorna, refina, refaz.
Quando eu, designer, virei professora, foi com alunos que eram, eles mesmos, professores. Trabalhando com formação docente, aprendi que eu não estava ali para ensiná-los sobre comunicação visual, mas sim para descobrir, com eles, como já faziam comunicação visual e acompanhá-los na jornada de reconhecer e aprimorar essa atuação.
Com a Bianca Martins, compreendi melhor esse papel, que se desenhava para mim desde então, mas que se mostrou mais explícito no trabalho compartilhado neste livro: o professor-designer. Mas, o professor pode mesmo fazer design? Não é só o designer, com sua formação específica, que pode fazer design? O design é um método de criação? Um modo de pensar? Um jeito de organizar? Como isto acontece em uma sala de aula? O que design tem a ver com educação? Para pensar, discutir e descobrir mais sobre estas perguntas — e se aproximar das respostas—, convido você a mergulhar neste livro e acompanhar uma jornada através de diferentes possibilidades, experiências e olhares nos encontros entre o design e a educação. Aqui, podemos ver como o pensamento projetual está presente na criação de práticas de ensino-aprendizagem, na gestão escolar e nas criações dos estudantes.
Com um levantamento atento e precioso, este livro mostra também como o design aparece, de diferentes maneiras, em currículos escolares, incluindo a experiência pioneira do Instituto de Aplicação/Uerj, onde eu e Bianca estudamos. O panorama desta e de outras iniciativas nos ajuda a pensar sobre possibilidades de integração da disciplina no currículo escolar, servindo como alimento e inspiração para políticas públicas.
O trabalho da Bianca — e de tantos que, como eu, a acompanham nessa jornada pelos encontros entre o design e a educação — tem significativa relevância para pensarmos em políticas públicas. A própria escolha do tema é, em si, política, com a valorização e o fortalecimento de professores, gestores e estudantes. Olhar para a escola é olhar para a sociedade em seu espaço mais importante e, ao mesmo tempo, mais esquecido. É olhar para o presente para que possamos ter um futuro. E a educação pública, tão atacada e desamparada no Brasil, é o coração e a motivação deste livro. Vemos que a autora, cria da escola pública, traz aqui, entremeados em cada capítulo e em cada experiência, o amor, o respeito e a gratidão a todos que trabalham e lutam por uma educação pública de qualidade.
É política também a abordagem nesta união de designers e educadores. Há uma tradição, na área do design, de pesquisar e trabalhar para outras áreas. O deusigner
, do alto de seu Olimpo especializado, cria soluções e vai à escola abençoá-la com sua expertise e testar seus artefatos didáticos, finalmente incluindo então professores e alunos. A comunidade escolar é, nestas situações, tratada como cliente e usuária, ou seja, é fonte de informação e público-alvo. Neste livro, vemos uma abordagem que não trabalha para a escola, e sim com a escola e a partir dela. O design é parte da escola, e não uma entidade que pousa ocasionalmente com soluções externas. A perspectiva é a da cooperação horizontal, onde todos podem projetar. O designer especialista está ali compartilhando e colaborando; entendendo que ninguém conhece mais o chão da escola do que aqueles que estão ali diariamente.
Este livro vem da observação, da escuta atenta e de trocas com docentes e discentes, porque, assim como se projeta com, também é possível pesquisar com e a partir de. Temos aqui o que autora chama de o discurso dos protagonistas
, com as perspectivas de professores e estudantes de Design e de Pedagogia. É a partir de suas vozes e da interpretação de seus relatos que podemos nos aproximar e construir, junto com eles, esta história.
Experiências e relatos são entrelaçados com teorias importantes tanto para a área do design, quanto para a educação, em um diálogo com gigantes que inspiraram a autora e a ajudaram nesse caminho. Podemos conhecer estes autores e ver — não só no texto, como também em mapas conceituais e outras visualizações — as relações entre seus conceitos e, também, como eles se relacionam com práticas de ensino-aprendizagem. Os fios dos conceitos teóricos e das experiências escolares se encontram, se cruzam e se atravessam para criar um outro tecido, propondo novas maneiras de entender e praticar o design na escola, com uma possível epistemologia de Aprender Projetando.
O design é, essencialmente, feito por e para pessoas. Produtos são criados para serem usados, peças gráficas para serem vistas, experiência para serem vividas. E, para isso, é preciso, antes de qualquer outra coisa, olhar atentamente para as pessoas. É a partir da observação atenta, da escuta e da colaboração que podemos projetar soluções que realmente façam sentido. A educação, da mesma forma, envolve profissionais e estudantes em constante construção e reconstrução, com diferentes contextos, necessidades, personalidades e emoções. Designers e professores se encontram nesta atuação voltada para seres humanos, baseada em observação, colaboração e construção. É com alma de designer e de professora que a Bianca construiu este livro, assim como realiza seu trabalho cotidiano: com uma visão generosa e genuinamente interessada pelas pessoas, suas realidades, suas dores e seus sonhos.
Convido você — sendo designer, professor, gestor, aluno, pesquisador ou apenas curioso — a mergulhar neste livro e acompanhar histórias e propostas de quem observa, trabalha, pensa, luta e ama a educação e o design. Que, através destas costuras, você possa também tecer seus questionamentos, suas ideias e suas propostas para que novos encontros floresçam e se polinizem.
Bárbara Emanuel é professora da Universidade Federal Fluminense, doutora em Design pela Esdi/UERJ e Master of Arts in Integrated Design pela Hochschule Anhalt. Integra o Deseduca Lab e o grupo Design & Escola. Pesquisa design, educação, comunicação e as relações entre eles.
Prefácio
Esta investigação é fruto de um interesse antigo em minha vida. Sou designer. Digo isso, pois fui aquela criança que construía diversos objetos em casa; dos que eu me lembre: caixas registradoras feitas de papelão, telefones modelados em isopor, cadernos encapados com colagens, caixinhas feitas com palitos de sorvete, blusas com modelagem original, dentre outras artimanhas. Tive o privilégio de cursar o Ensino Fundamental, Médio e Universitário em instituições públicas do Rio de Janeiro e segui o pulsar dos meus anseios mais sinceros me graduando e atuando como designer.
Com o mesmo interesse, ouvia as histórias que minha mãe, professora, contava sobre seus alunos: os mais difíceis de lidar, os mais divertidos e o desafio de preparar situações para motivar cada um deles sem perder a visão da turma como um todo. O universo da escola sempre foi algo que me despertou interesse e satisfação. Tive a sorte de estudar em uma escola que instigava minha curiosidade sobre o conhecimento. Lembro-me de aprender aconchegada entre almofadas ouvindo histórias no clube de leitura, entender frações provando diferentes pedaços de biscoito. Entreguei-me maravilhada ao universo das imagens nas aulas de fotografia e, na escola, tive até mesmo uma matéria muito curiosa: Design.
Após me graduar em Design, esses interesses latentes me levaram a concluir uma especialização em Ensino das Artes Visuais na Universidad de Sevilla, na Espanha, um mestrado e um doutorado em Design na PUC-Rio. Depois desse percurso, em 2007, comecei minha carreira docente no Design no Instituto Infnet. O curso também havia sido instaurado naquele mesmo ano. Comecei a lecionar e em menos de um ano tive a oportunidade de também assumir o papel de assistente de coordenação do curso. No ano seguinte, passei à coordenadora do curso. Como fiz minha graduação ainda jovem, tive a oportunidade de colocar em prática minha paixão pelas duas áreas, Design e Educação, em forma de metodologias que propiciassem às alunas e alunos uma aprendizagem mais instigante e significativa. Junto a uma equipe de coordenação e com professoras/es tão motivados quanto eu, colocamos em prática um plano ousado: implementar um currículo baseado em projetos integradores. Tivemos uma rica experiência durante