Vivemos mais! Vivemos bem?: Por uma vida plena - 2ª Ed. revista e ampliada
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Sobre este e-book
Para além de todas essas questões, há, contudo, uma experiência pessoal, única. A seu modo, cada um de nós pode fazer do próprio envelhecimento um processo de crescimento contínuo: não biológico, mas de aprendizado e convívio, de autoconhecimento e compreensão.
Esta edição revista e ampliada conta ainda com um capítulo inédito, que traz para debate um tema urgente: o etarismo, a discriminação em relação à idade, que dificulta relações mais diversas e justas.
Como defendem os autores, precisamos enfrentar a vida com coragem, partilhando as experiências, sendo vitais no dia a dia, para que, talvez, além de longa, nossa vida possa ser larga, ampla.
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Vivemos mais! Vivemos bem? - Mario Sergio Cortella
VIVEMOS MAIS!
VIVEMOS BEM?
Por uma vida plena
Mario Sergio Cortella
Terezinha Azerêdo Rios
Papirus 7 Mares>>
Terezinha Azerêdo Rios por Mario Sergio Cortella
Gente da melhor qualidade! Olha que ótima expressão: se qualidade pode também nos lembrar do que apreciamos, imagine se for da melhor qualidade
. Pois a Tê, como nós a chamamos, é conhecida por usar esse elogio para gentes e não gentes, embora todo mundo que com ela encontra saiba que ela, sim, é sempre da melhor qualidade
.
Filósofa, dos povos de Minas Gerais que vieram engrandecer São Paulo nos começos dos anos 1970, guarda sabedoria e ternura mineiras. Inteligente para muito além de um bocadinho
, é professora, palestrante, consultora e escritora, com quem convivo na amorosidade e no trabalho há tempo que já está encostando no meio século. As famílias que começamos (ambas da melhor qualidade
), agora já com a netaiada
, partilham Vida, Amizade e Esperança Ativa e foram se entranhando nas histórias e perplexidades que o vasto mundo nos permite.
Claro que ela tem mestrado e doutorado, foi docente em universidades importantes, com muitos livros publicados e imensidão de palestras feitas (embora seja meio estranho chamá-la por Dra. Tê); o que nela vale, contudo, e vale muito, é a força poética que vai tecendo junto com a Ciência e a Filosofia.
A Tê encanta, e é daqueles encantamentos que, com ela, fazem mesmo a Vida ser bem vivida...
Mario Sergio Cortella por Terezinha Azerêdo Rios
Para seus alunos, ouvintes e participantes de programas na mídia e frequentadores de suas palestras, seus interlocutores nos debates, leitores de seus numerosos livros e artigos, Cortella é o homem brilhante, com inteligência aguda e irônica, versatilidade no trato com múltiplos temas, navegando como poucos na filosofia.
Para os amigos, é a disponibilidade generosa da partilha em momentos alegres e dolorosos.
Para mim, que em muitos desses papéis tenho convivido com Cortella, ele é pessoa genuinamente humana: contraditório, surpreendente, mutante. Que se dispõe a investir sempre em ações nas quais todos se beneficiam. E devo dizer, usando uma expressão que é muito própria dele, que não sou suspeita para apresentá-lo assim. Não pode ser suspeita quem esteve presente há tanto tempo (no que me diz respeito, mais da metade da vida) em sua companhia nas aventuras nesse espaço bonito e desafiador da educação. Na verdade, talvez a forma mais simples de dizer quem é Mario Sergio Cortella, para quem ainda não sabe, é buscar o substantivo que o revela e anuncia: educador. E que, em forma de adjetivo, o qualifica em todas as outras faces que ele nos apresenta. Vida longa – e boa – a esse parceiro!
SUMÁRIO
A vida como desafio
Viver mais e viver bem
Tempo amigo, tempo inimigo
Olhando para trás e adiante
A ditadura do relógio e o valor do tempo
A ampliação do horizonte de vida
A vida só vale porque é finita
Quais são seus planos para o futuro?
Aposentadoria não é desocupação!
Idade e preconceito
Vida boa = Presença do desejo
Glossário
Sobre os autores
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Créditos
N.B. Na edição do texto foram incluídas notas explicativas no rodapé das páginas. Além disso, as palavras em negrito integram um glossário ao final do livro, com dados complementares sobre as pessoas citadas.
A vida como desafio
Mario Sergio Cortella – Para dar início a nossa partilha de ideias sobre o tema da longevidade, gostaria de retomar aqui um termo muito comum em filosofia, que é vivência. Sei que você, Terezinha, costumava pontuar uma diferença entre vivência e experiência. Você ainda pensa dessa maneira?
Terezinha Rios – Sim, embora no senso comum os dois termos sejam utilizados como sinônimos, tenho procurado tornar mais preciso a que nos referimos quando os utilizamos. Falo em vivência como algo que nos ocorre quando nos encontramos nas diversas situações de nossa vida individual ou em relação com os outros, mesmo que disso não tenhamos consciência. Quando você falou em vivência, fiquei pensando em con-vivência, algo que vai sendo construído culturalmente e que, então, se aproxima da experiência. Acho importante pensar na experiência porque ela marca a ideia de transcorrência de um tempo no qual o indivíduo interfere, constrói algo, recebe influências, num contexto em que vai sendo configurada uma determinada história. Trata-se daquilo que vai se acrescentando, que vai se somando para que as pessoas digam: Um indivíduo com sete anos tem menos experiência do que o que tem 17
. Aí eu me pergunto: Será mesmo?
. Porque, na experiência, trabalha-se com a ideia de intensidade. É por essa razão que se pode dizer: Olhe, essa situação durou só uma semana, mas o que se experimentou ali teve um significado muito marcante, como se tivesse durado mais tempo
.
A relação entre vivência e experiência tem sido apresentada de formas diferentes por vários pensadores. Jorge Larrosa tem explorado a ideia de experiência de um modo que me parece muito rico. Recorrendo à história do significado que se tem dado à experiência, desde a filosofia clássica, em que a experiência foi entendida como um modo de conhecimento inferior ao conhecimento racional, intelectual, passando por outras épocas, até nossos dias, Larrosa afirma que a experiência é o que se passa comigo e que, assim, me forma ou me transforma, me constitui, me faz como sou, marca minha maneira de ser, configura minha pessoa e minha personalidade
. A experiência está ligada ao sentido que se dá às vivências.
Cortella – É interessante porque a palavra experiência, como nos revela a etimologia, tem dentro de si a palavra perigo. Experire é acercar-se do perigo e saber enfrentá-lo também. Ou seja, a noção do perigo como aquilo que cada um de nós tem de encarar. Como disse João Guimarães Rosa: Viver é muito perigoso
.
Rios – É isso mesmo. É um desafio. E recorrendo outra vez à etimologia, vamos verificar que na palavra desafio está contida a ideia de desconfiança. Fiar é confiar. Por isso é bem usual a expressão: Não me fio muito em tal coisa
. Pelo mesmo motivo, o padeiro coloca em seu estabelecimento uma tabuleta com os dizeres: Fiado só amanhã
. Ele des-confia. Confiar é fiar, desconfiar é desafiar. Em todo desafio há uma desconfiança
, coloca-se em dúvida a possibilidade de realização de uma ação – e, portanto, acena-se para o perigo. Quando digo para alguém: Eu o desafio a ir, em cinco minutos, do lugar em que estamos a determinado outro lugar
(que está longe), é porque duvido que consiga, desconfio. Isso requer, de sua parte, coragem para enfrentar o desafio.
Cortella – Pois bem, quando mergulhamos na ideia de Guimarães Rosa, descobrimos que viver é perigoso porque viver é desafio de fato. É o desafio da criação do inédito. Afinal de contas, embora a vida seja dádiva na origem, como princípio, ela não é dádiva como ponto de chegada. Embora se diga Deus é que sabe
, ainda assim essa percepção metafísica, teológica, que me leva a reconhecer a vida como dádiva no ponto de partida – isto é, eu recebi a vida, mas o que farei com ela? – está ligada também à minha condição de vivê-la de uma maneira intensa e, portanto, acolhendo o perigo e enfrentando-o, em vez de me esconder dele, fugindo do desafio. É claro que há desafios dos quais não temos como escapar. Mas há desafios que nós escolhemos, que vamos buscar.
Vale lembrar aqui a noção da jornada do herói
, analisada por Joseph Campbell. A ideia é de jornada, derivada de jour (dia
) mesmo, do cotidiano. Quer dizer, a vida no passo a passo como aquilo que me leva a algum lugar ao qual não tenho certeza se chegarei, mas não quero, se aceito o desafio, deixar de tentar ir até lá. Retomando a frase de Guimarães Rosa, vez ou outra penso que o perigo não está na vida em si, mas em recusar o desafio.
Rios – É verdade. Diante do perigo, é preciso coragem. E resulta curioso que as pessoas às vezes digam que o contrário de coragem é medo. Acho que não é assim; o contrário de coragem é covardia. Medo é algo que existe frequentemente na vivência das situações em que nos encontramos. Se não tivéssemos medo diante das provocações, dos desafios que a vida vai nos apresentando a cada etapa, poderíamos até agir precipitadamente, sem refletir, irresponsavelmente. Crescemos sempre que, embora tenhamos medo, ou até mesmo porque o temos, avaliamos criticamente as situações, consideramos nossos limites e possibilidades e buscamos superar os obstáculos, explorando os elementos positivos que estão à nossa disposição. Acho interessante quando, nas palestras, nos encontros, alguém diz: Não enfrento tal coisa porque tenho medo
. Pergunto então: Medo de quê?
. A resposta geralmente é: Medo do desconhecido
. Mas como é que se pode temer uma coisa que não conhecemos? Não faz sentido temer o desconhecido. O grande problema é que aquilo que chamamos de desconhecido é povoado, por nós mesmos, com coisas conhecidas que, às vezes, são terríveis e não nos sentimos fortes para enfrentar.
Cortella – Clarice Lispector dizia: Aquilo que não sei é minha melhor parte
, ou seja, aquilo que, por ser uma incógnita, é um desafio que me faz crescer. Isso nos faz sair da mera redundância.
Rios – E estimula a pergunta. Muitas perguntas requerem mesmo coragem para ser formuladas, uma vez que as respostas podem ser perigosas, podem revelar coisas que preferiríamos manter ocultas, desconhecidas.
Cortella