O Mundo De Dubbye
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O Mundo De Dubbye - Mikhael A P F
O Mundo de Dubbye
Mikhael A. P. F.
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O Mundo de Dubbye
Mikhael A. P. F.
Volume I
1ª Edição
2010
ISBN: 978-85-63373-00-7
Capa e Diagramação: F. A. Paula
São Paulo - 2010
Fauze3
Copyright © Fauze3
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo deste livro em qualquer forma, meio eletrônico, mecânico, fotocópias, gravações ou sistema de armazenamento, sem a permissão expressa por escrito do autor.
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O átomo ................................................................................. 9
A Águia ................................................................................ 41
Desligare x Religare ........................................................ 86
O Centro ............................................................................ 106
X ............................................................................................ 117
O Peixe............................................................................... 133
As Hierarquias da Luz ................................................... 148
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O Mundo de Dubbye – Mikhael A. P. F.
Minha gratidão
aos irmãos das estrelas,
e a todos que vêm se superando a cada dia...
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O Mundo de Dubbye – Mikhael A. P. F.
O átomo
Este rostinho meigo, redondo e inocente ganhou o gracioso nome de Dubbye, porém a pergunta que não quer calar é: - Onde está o olhinho dele, onde?
As maiores autoridades acadêmicas no assunto estão em busca de uma prova científica a cerca do enigmático olhinho de Dubbye, acreditando, por meio de avançadas técnicas de laboratório, estar escondido atrás do seu bigode cujo nome científico foi cunhado de Bulaschus Funnyhitus Bigodys Cãomynnen (este termo é fictício).
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O Mundo de Dubbye – Mikhael A. P. F.
Mas um outro mistério intriga a ciência quanto à matéria que compõe a fonte de sua cósmica energia e desenvolvimento. Ou o termo correto seria bateria? Após extensas análises em aparelhos de alta definição e precisão os cientistas tiveram um insight revelador, suspeitando de que a origem dessa energia possa ser explicada através de um elemento ainda desconhecido da comunidade denominado Partícula Adamantina.
Dubbye nasceu esférico e semelhante a um novelo de lã no dia 08.08.08 na cidade de Ieruz, no Egito, num parto rápido, fácil e sem complicações. Sua natureza divergia nitidamente dos demais de sua raça, pois tão logo nasceu já abriu os seus potentes olhinhos ultra-detectores-homicidas de chinelos e sapatos dos seus donos, ou melhor, pais como gostam de ser chamados. Provavelmente a sua inocente intenção era de que caminhassem descalços em contato direto com a natureza. Garoto esperto...
Com gostos peculiares, desde pequeno rejeitava algumas rações sintéticas que, segundo os relatos de sua mãe, tinham um gosto duvidoso para ele. No entanto, uma comida natural com frutas, grãos, legumes frescos, biscoitos e ossinhos eram facilmente negociáveis.
Sua família recém mudou-se para uma cidade onde os bosques, as árvores, riachos e cachoeiras têm sido respeitados e preservados pelos munícipes, de modo que a atmosfera e a energia local tornava o ambiente propício à expansão mágica dos sentidos físicos. Melhor dizendo, dos "extras físicos".
Num belo e majestoso dia, decidido a explorar as imediações, Dubbye encontra uma trilha que lhe chama a atenção, pois nunca tinha visto plantas, insetos e seres tão exóticos, mas que, curiosamente, lhe soavam familiares. Sua estranheza se deve ao fato de que sua residência anterior situava-se num centro urbano em que uma árvore ou vaso de planta era objeto de luxo. Quase tudo era concreto, quadrado, frio, duro e diria até sem vida, o que tornava os habitantes inconscientemente deprimidos. A maioria das casas era igual ou semelhante segundo o padrão arquitetônico em voga, seja exteriormente ou interiormente.
Ahhh, os modismos humanos... Ao menos havia milhares de postes.
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O Mundo de Dubbye – Mikhael A. P. F.
Em todos os cômodos havia um objeto retangular que reproduzia, na tela, o mesmo cotidiano fora dela, vulgarmente chamado de Tv. Se não absortas e hipnotizadas por essas Tvs, faziam-no em sua versão miniaturizada denominado de celular durante as silenciosas
reuniões e encontros familiares ou de amigos.
Por vezes, Dubbye via sua mãe na cozinha se comunicar via mensagens com a sua filha, bípede, no quarto; ou com o marido também bípede na sala. Gente estranha - pensou.
Imbuídos de seus veículos automáticos e controles remotos para todos os utilitários domésticos, esse espécime despertava a enorme curiosidade de nosso protagonista, pois passou a imaginar que, num futuro distante, tais raças teriam a sua boca e os seus membros superiores e inferiores atrofiados pelo desuso. E se assemelhariam a um personagem que ele já vira em alguns livros. Uma figura que lhe lembraria de algo como... com... humm... ahnnn... um Extraterrestre??
Por não gostar de Tvs e nem de assisti-las, Dubbye tinha os seus sentidos milhares de vezes mais aguçados e refinados que os humanoides, de modo que ele notou um fato curioso nestes seres. Os bebês nasciam com uma flor rosada e etérea no centro do peito e, no alto da cabeça, uma flor etérea branca com feixes brilhantes, mas que as pétalas destas flores não só murchavam nos adultos como também muitas vezes desapareciam no avançar da idade. Embora não fossem visíveis e nem perceptíveis aos humanos ainda, alguns idosos as ressuscitavam a ponto de Dubbye conseguir vê-las tão grandes quanto nos recém-nascidos.
Como podemos constatar, o nosso amiguinho de quatro patinhas era tão observador quanto curioso, sempre tentando entender o porquê das coisas. Dentre tantas indagações, intrigava-lhe o fato de o fantasiarem após o banho com gravatinha e perfume a fim de ficar mais bonito, elegante, cheiroso e sexy que os cãezinhos dos vizinhos, os quais trajavam a mesma gravatinha e perfume. A propósito, com o olfato mais apurado, os perfumes geralmente lhe davam dor de cabeça, talvez por serem sintéticos e artificiais.
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O Mundo de Dubbye – Mikhael A. P. F.
Bem, voltando à encantadora trilha pela qual Dubbye percorria, esta o conduzia por entre as folhagens para um formoso lago rodeado por árvores frondosas, vasta e variada vegetação virgem, plantas ricamente adornadas por flores naturalmente perfumadas, de vivas cores, e diversos espécimes que coabitavam este bucólico paraíso em simbiótica harmonia. Um cenário contagiante bem diferente do que ele conhecia e estava habituado, o que o deixou extasiado.
Ao se aproximar do lago, cheirou a água, as flores, plantas, solo e tudo o mais que o seu implacável focinho pudesse detectar e
narigrafar
. Ao longe, pousados em alguns galhos, vislumbrou alguns pássaros de cor azul royal e bicos alaranjados, belíssimos. Estavam reunidos para ajudar um filhote de seu clã a voar, permitindo, contudo, que o infante caísse e se levantasse sozinho por seu próprio esforço.
Quão sábios!
Um pouco mais à esquerda de onde a sua vista alcançava, notou uma pequena queda d’água a banhar um grupo de bugios que ora brincavam, ora brigavam. Essa turma adora causar
. Dubbye resolveu então se dirigir a eles para cumprimentá-los quando, de repente, pareceu ouvir ruídos estranhos atrás dele... Voltando a sua antena, digo, a sua orelha para a direção do som que lhe chamou a atenção, vira-se rapidamente deparando-se com um enorme lobo a exibir, sedento, a sua completa arcada dentária, numa clara demonstração de que Dubbye poderia ser o seu próximo almoço. O bafo não era dos melhores, mas neste momento era o que menos importava. Diante do rosnado ameaçador do lobo, Dubbye, petrificado, tenta pensar numa saída: fugir, pular no lago, rezar, convidar para um café com biscoitos Super Premium, enfim... Nestas ocasiões algumas frações de segundos podem nos parecer intermináveis e sufocantes horas, onde Dubbye temia por sua vida já que não explorou e nem marcou território em todos os postes da cidade, isto é, não teria cumprido a sua missão de vida. Seu breve devaneio é interrompido por um bater de asas seguidas de uma voz suave, agradável e melodiosa...
- Seja bem vindo, Dubbye, estávamos esperando por você.
- Estávamos??? – Exclama o lobo que instantaneamente desinfla o peito e desfaz a sua aterrorizante cara feia.
Ainda com o suor gelado escorrendo por sobre o seu redondo rosto, Dubbye vislumbra por trás do lobo uma sublime pomba branquíssima
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O Mundo de Dubbye – Mikhael A. P. F.
envolta num luminoso halo branco mesclado com suaves e diáfanas mechas coloridas. Com uma réstia de voz perante o derradeiro susto, intrigado pergunta:
- Como assim e como sabe o meu nome?
- Prazer, eu sou Shekin e este nosso amigo se chama Arc.
Engolindo em seco, Dubbye pensa consigo: -Peraí! Nosso amigo??
Mesmo um pouco atordoado fica surpreso ao perceber que este belo pássaro também lhe soa familiar, assim como este cativante lago que os rodeia, mas não faz ideia de onde os conhece.
- Puxa! Mas, mas, mas você ainda não me disse de onde nos conhecemos. Isso é realmente muito surpreendente para mim! – exclama Dubbye.
Shekin apenas acena serenamente para Dubbye com um suave e terno sorriso, e o convida para juntar-se a eles.
- Ahnnn, só depois do horário de refeição do seu amigo... - responde Dubbye.
- Relaxe, eu vou esperar você engordar mais - brinca Arc . Além disso, eu estava me exercitando pra não perder a minha fama de mal. O que você achou, hein?
- Não temas, meu jovem - responde Shekin - Arc só está tentando nos preservar de estranhos que possam eventualmente contaminar este agradável recanto.
- Ok, obrigado, posso me sentar? Preciso me recompor...
Então, os três se sentam na relva como se fossem - pasmem! - amigos de longa, longa, longa data... o que não deixa de ser verdade...
Evidente que Dubbye continua intrigado com Shekin. Por que ele o conhecia e de onde? Será que já os viu na cidade onde morava? Talvez em sonho? Ou naqueles bizarros e retangulares objetos que os humanos adoram? Ou...
- Você está certo, Dubbye, eles adoram as tvs mais do que aos próprios cérebros -
diz Shekin interrompendo o devaneio de Dubbye.
Pronto! Não bastasse ser uma incógnita, ainda lê pensamentos. Essa eu preciso contar pra minha mãe, mas ela não vai acreditar! (raramente acreditam). Contudo, a tentativa de descobrir algo do insondável Shekin resultou infrutífera, pois este, impassível, apenas sorri mantendo ocultos os mistérios que o inquietaram.
- Quando estiver preparado começará a entender, Dubbye... - finaliza Shekin.
Ok. Embora um tanto insatisfeito, Dubbye admite que ficou ligeiramente contente em conhecer Shekin, pois sente de alguma forma
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O Mundo de Dubbye – Mikhael A. P. F.
que ele tem algo a lhe dizer ou ensinar, algo que ele busca sem ter consciência do que poderia ser.
Não seria exagero pensar que todo ser busca algo que o preencha ou que o faça feliz, mas nem sempre estamos cônscios do que seria ou, principalmente, cônscios do que dizem
que precisamos para sermos felizes. Se aceitarmos o que dizem, estaríamos renunciando a quem de fato somos. E quem nós somos?
Passadas algumas semanas, em seus passeios diários, Dubbye fez novos e bons amigos, mas ficou mais próximo de Shekin e do lobo cinza doido varrido de nome Arc. Agora o seu semblante está Zen... Zen as brincadeiras de mau gosto praticadas por Arc. Ainda assim, Dubbye aprecia a companhia deles, principalmente de Shekin com quem aprendeu a partilhar diálogos profundos e enriquecedores.
Certo dia, caminhando pela sua trilha favorita ao longo do farto bosque, Dubbye observa um trecho forrado de folhas bem como um broto a despontar num grande galho à sua frente:
- Por que as folhas caem?
- Mas, oras, Dub, que pergunta tola. Caem porque se tivessem asas voariam -
responde Arc.
- Já ouviram falar do místico e alquímico Isaac Newton? Este só descobriu a Lei da Gravidade a partir de uma pergunta tola
- diz Shekin .
- E qual foi essa mirabolante pergunta tola? - questiona Arc
- Por que as maçãs caem?
.
Quão simples e aparentemente insignificante uma questão possa ser e que ousadamente mudou a realidade de todo um planeta, não?
- E porque nascem assim encurvadas? Estariam doentes? - continua Dubbye entretido.
Shekin explica que essa forma de crescimento de determinadas formas vivas se chama Fractal e que corresponde a um objeto ou figura geométrica em que cópias do próprio objeto se repetem em escalas sucessivamente menores ou sucessivamente maiores. É um padrão presente nas galáxias, no sistema nervoso, num floco de neve, nas nuvens, no feto, no abacaxi etc. E por falar em galáxias, a nossa que se formou há 4,6 bilhões de anos se chama Via Láctea e abriga o sistema solar em que vivemos, o qual é constituído pelos planetas Saturno,
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O Mundo de Dubbye – Mikhael A. P. F.
Júpiter, Marte, Lua, Mercúrio, Urano, Netuno, Vênus, o Sol, a Terra e Plutão, que foi rebaixado a planeta anão. Os elementos de cada galáxia acompanham, em geral, o percurso e o ritmo dos demais, mas há exceções como, por ex, Vênus, que gira num sentido contrário aos demais planetas deste orbe celeste.
. - Aliás, recentemente foi descoberto em nosso sistema - continua Shekin - um novo planeta com uma massa cerca de 90 vezes maior que a massa da terra.
Denominada de Marduk (para os babilônios) ou Nibiru (para os sumérios), sua força gravitacional promoverá distúrbios nos demais planetas do sistema solar. Este é um planeta mais lento, primitivo e denso do que o nosso e atrairá magneticamente todas as formas de vida que estejam na mesma ressonância vibratória dele. Ele surge a cada 3600 anos entre Marte e Júpiter, no Cinturão de Asteróides, em uma órbita elíptica em torno do sol e ao redor dos demais planetas de nosso sistema.
- Uau! Nós também seremos atraídos?
- Provavelmente não, talvez o Arc... haha.
Evidentemente Arc não aprecia a brincadeira, muito menos as perguntas insistentes de Dubbye:
- Você pergunta demais. Tem comida, casa, brinquedo, o que mais você quer criança? Se não quer fazer papel de bobo, vamos comer biscoitos fresquinhos e saborosos na minha toca... Que tal? Já chamei a Branca de Neve, mas ela é muito orgulhosa e me esnobou.
Eis o Calcanhar de Aquiles
de Dubbye (Dub para os íntimos).
Biscoito é uma covardia de modo que tal proposta indecorosa deixou-o na dúvida, que já não são poucas.
- Ãhhnnn... Não! Fica pra próxima... - responde Dub A quantas tentações estamos sujeitos, não?
- Shekin, existe vida em outros planetas?
- Dub, somente a nossa galáxia tem entre 200 a 400 bilhões de estrelas e cerca de 17 bilhões de planetas semelhantes a Terra. Ocorre que existem mais de 100 bilhões de galáxias no nosso universo e, segundo a ciência, há ainda sete superuniversos.
Assim sendo, você acredita que só a terra é habitada? - pergunta Shekin
- Se outros planetas tivessem vida nós veríamos os seus habitantes, não é?
- Que diferença isso faz? - interrompe Arc - Vamos viver!!!
- Depende do que você entende por viver, Arc. A você, Dub, faço-lhe uma pergunta: - Consegues ver as bactérias em suas patas?
- Não mesmo!
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O Mundo de Dubbye – Mikhael A. P. F.
- No entanto, elas existem. Consegues ver o susto que sentiu quando Arc lhe surpreendeu na primeira vez que se encontraram?
- Também não, só sentir.
- E, no entanto, não se pode dizer que o susto não existiu. Assim como não se pode tocar ou segurar o vento pelas mãos, mas, embora invisível, ele existe e pode provocar efeitos no mundo visível como, por exemplo, derrubar uma árvore e até um imenso e pesado caminhão. Na verdade, a nossa realidade material é uma exceção e não a regra.
(Agora até Arc ficou pensativo por algumas frações de segundos.) Continuando a caminhada, os três amiguinhos se aproximam de uma magnífica cachoeira repleta de esquilos, libélulas, pássaros, arbustos etc., aquelas cenas paradisíacas de