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Vínculos De Sangue
Vínculos De Sangue
Vínculos De Sangue
E-book384 páginas5 horas

Vínculos De Sangue

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Sobre este e-book

Vínculos de Sangue é a reunião de cinco histórias que irão retratar a convivência dramática de várias famílias divididas entre sí por uma insolúvel inimizade que perdura por várias décadas onde parece que por conscidência do destino suas regras e exigências essenciais de convivência serão desfeitas mediante a rebeldia de cinco casais de jovens que, indo contra os principais preceitos familiares que condenam a união íntima entre parentes decidem ultrapassar todos os limites impostos pelos pais e viver um grande amor, mesmo que para isso tenham que superar todos os obstáculos e preconceitos a respeito de suas escolhas pessoais e até da própria sexualidade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de set. de 2023
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    Vínculos De Sangue - Abdenal Santos

    Vínculos de Sangue

    Quando o amor é a porta para a liberdade

    Beda Santos

    Publicação Independente

    Direitos autorais © 2023 Beda Santos

    Todos os direitos reservados

    Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é coincidência e não é intencional por parte do autor.

    Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperação, ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão expressa por escrito da editora.

    ISBN-9798210932259

    ISBN-10 1477123456

    Design da capa por: Abdenal Santos

    Número de controle da Biblioteca do Congresso: 2018675309

    Impresso nos Estados Unidos da América

    Quero dedicar esta obra a todos os meus leitores. Sinto-me enormemente honrado e agradecido a todos quanto prestigiem meus esforços ao criar esta obra, adquirindo-a e lendo esta emocionante história de ficção que retrata determinadas peculiaridades da vida e dos inúmeros desafios que enfrentamos para superá-las em nosso dia a dia existencial neste mundo. A todos quanto lerem Vínculos de Sangue meu muito obrigado

    Às vezes, precisamos ser encorajados e estar determinados a pagar o preço que a vida e o destino nos cobra para sermos livres e, assim, ser possível alcançarmos a plena felicidade

                                                                               O Autor

    Índice

    Página do título

    Direitos autorais

    Dedicatória

    Epígrafe

    Prólogo

    Capítulo 01 – Às Férias

    Capítulo 02 – Tempo Presente

    Capítulo 03 – A Denúncia

    Capítulo 04 – Agressões

    Capítulo 05 – Consequências

    Capítulo 06 – Perda De Status

    Capítulo 07 – Preconceitos

    Capítulo 08 – O Aniversário

    Capítulo 09 – O Flagrante

    Capítulo 10 – Punição

    Capítulo 11 – O Acordo

    Capítulo 12 – Escolhas

    Capítulo Final

    Epílogo

    Sobre o autor

    Prólogo

    Nesta emocionante história, onde o amor que irá surgir em vários corações é proibido, resultará numa árdua luta pela liberdade que lhes levará a desafiar o próprio destino, regras e costumes que lhes são impostas, vivendo a todo custo este sonho condenado por todos, limitado pelas tradições que seus familiares lhes forçam a aceitar. No entanto, nesta trama cheia de inevitáveis desfechos, cinco casais irão se destacar entre os demais por escolherem viver suas histórias de maneira mais intensas e desafiadoras.

    O caminhar árduo e cheio de altos e baixos desses corações apaixonados mostrará ao leitor como o amor verdadeiro se cultivado com persistência, quando é colocado nas nossas vidas como o mais importante valor a ser conquistado não apenas sobrevive as mais duras provações como também torna-se forte o suficiente para jamais ceder diante das tempestades que surgirem pelo caminho, pois ele tudo aceita, tudo suporta, tudo supera, nunca retrocede, jamais desanima, não desiste de cumprir seu eventual destino.

    Contudo, como ocorre na realidade, "Vínculos de Sangue" permitirá ao leitor acompanhar as diferentes fases vividas pelos personagens onde eles irão experimentar fortes contrastes em suas emoções e sentimento, como: alegria e tristeza; paz e sofrimentos; amor e ódio; fidelidade e traições; a luta contra o preconceito ao tentar revelar livremente sua identidade ou escolhas pessoais, como o direito a ser diferente dos demais, de viver um tipo de amor considerado impuro, de pertencer a um grupo excluído pela culpa de se sentir atraído por pessoas do mesmo sexo

    PRELÚDIO

    Os Carvalhos são um número bem amplo de pessoas que se dividem em duas gerações da mesma família, porém, com uma terrível inimizade entre si devido a uma antiga rixa deixada para a atual geração por parte dos seus precursores. José de Carvalho foi um homem bastante aventureiro no amor e nas suas muitas andanças pelo mundo, casando-se primeiramente com Amanda, uma mulher cuja moralidade era acima de toda suspeita e que, além desta admirável qualidade, ainda era sua prima legítima.

    Imensamente respeitada por toda a comunidade da qual pertencia, essa mulher entregou seu coração àquele homem sem saber que estaria a cometer um enorme erro e que tal escolha fosse afetar negativamente toda a sua vida e a de seus descentes no futuro. Após vários anos de matrimônio e de ter gerado vários filhos, José conheceu outra mulher por quem se sentiu loucamente atraído. Raimunda, a amante, era muito bem-casada com Paulo Alencar, um rico comerciante cuja situação financeira era amplamente destacada entre os demais empresários de porte médio na pequena cidade onde residia.

    Mãe de uma criança que havia nascido com problemas de saúde e, por isso, demonstrando não ter vida longa, em seu papel de esposa a mulher não se imaginava desposada com aquele homem, por quem não tinha mais qualquer afeto e respeito, durante muito tempo.  Assim, ao conhecer José logo sentiu-se igualmente atraída por ele que, por sua vez, não perdeu tempo em também a cortejar. Pouco depois de já terem se envolvido intimamente por várias vezes às escondidas os dois infiéis decidiram abandonar seus parceiros e aventuraram-se numa fuga inconsequente.

    Com isso, após ficar ciente da infidelidade da esposa e desiludido pela traição, Paulo caiu na dependência constante do álcool, o que acabou levando-o a mais completa desgraça financeira, principalmente depois de também perder o único filho para uma doença incurável apesar de seus esforços para salvá-lo.  E, como resultado disso, seu final foi na sarjeta com uma vida infeliz e em extrema pobreza.

    Quanto a Amanda, igualmente abandonada pelo esposo, valeu-se de amigos, parentes e de seus próprios esforços para manter o sustento dos cinco filhos pequenos. Por ser uma mulher digna e de extrema moralidade decidiu se manter fiel ao antigo marido que a abandonou, esperando que algum dia ele caísse em si e retornasse para casa, reconhecendo seu erro em tê-la relegado ao esquecimento.

    Contudo, anos e mais anos se passaram sem que isso ocorresse até que devido não se alimentar corretamente, vivido na mais completa amargura. Presa no desânimo da imensa tristeza que a consumia por dentro dia após dia a pobre esposa traída foi acometida de um terrível câncer que a matou lenta e dolorosamente. Ester, sua filha mais velha, indignada com o que presenciou acontecer com sua amada mãe revoltou-se amargamente contra o pai e sua atual companheira, jurando vingança, assumindo em seguida o total controle da casa e da criação dos quatro irmãos mais novos que igualmente a ela estavam órfãos.

    Entretanto, sem estudo e uma profissão adequada se viu obrigada a trabalhar como doméstica na casa dos mais abastados, sofrendo extremas humilhações.  João, o segundo filho mais velho, certo dia decidiu sair a procura do pai, localizando-o noutro Estado. Vivendo tranquilamente com sua nova família e demonstrando pouca preocupação com os outros filhos que havia abandonado anos antes.

    Ao retornar e revelar a irmã o que viu isso a fez partir ao encontro de José e de sua concubina. Chegando ali onde os dois se encontravam a desfrutar de uma vida cheia de conforto não se conteve ao ver que Raimunda, a mulher que roubara seu pai de sua mãe, levava uma vida de rainha enquanto Amanda morrera na dor e no sofrimento.

    Constatou que ao mesmo tempo em que ela e seus irmãos enfrentavam muitas dificuldades para sobreviver a maior culpada pelo infortúnio de sua família vivia em delícias.  A indignação subiu-lhe à cabeça e descontrolada tentou matar a madrasta que por sorte saiu ilesa do atentado com a chegada inesperada de José que rapidamente agiu em defesa da companheira, impedindo a filha de cometer o crime brutal.

    Expulsa dali sob forte violência por parte deste, Ester retorna para junto dos irmãos e jura que enquanto vivesse se dedicaria a infernizar a vida daquele casal que destruiu a vida de sua falecida mãe e todos os que dele viessem a nascer. E que se esforçaria para evitar que que nas gerações futuras parentes se relacionassem e formassem famílias.

    Desde então, deu-se início a uma interminável peleja entre a primeira e a segunda geração de José Carvalho, onde seus primeiros filhos, nascidos de Amanda, odiavam os irmãos da segunda geração, oriundos de Raimunda. Agora, após décadas desde o início desta guerra familiar a peleja prossegue de forma interminável apesar dos responsáveis por tal injustiça já não mais existirem. E, entre esse fogo cruzado, há um número considerável de jovens e adolescentes, lutando pelo sonho impossível de conquistar a liberdade de viverem suas próprias histórias e experiências. Isso, fará com que no desenrolar desta trama muitas coisas aconteçam.

    E, no final acabem levando os Carvalhos a serem impactados com uma grande mudança na maneira de pensar, agir e existir no mundo moderno que lhes cerca. Tudo de inovador que de agora em diante vier a acontecer ocorrerá por causa desta nova geração que decidida a modernizar sua atual existência não mais se deixará ser impedida de encontrar a verdadeira felicidade.

    Mesmo que ao lado de alguém cujo sangue seja o mesmo que corre em suas veias, tendo que pagar um alto preço por isso. Por mais que essa decisão quebre as regras impostas pelos que ainda sobrevivem debaixo da antiga tradição familiar, por si mesma inútil e que não faz o menor sentido continuar existindo.

    Capítulo 01 – Às Férias

    Tempo passado

    C

    omo de costume, todos os anos no mês de julho os alunos do colégio educacional Christus se reuniam em viagem de férias para alguma região praiana onde durante o período de trinta dias permaneciam alojados em um local seguro que poderia ser um hotel ou mesmo numa casa de praia, sempre a beira mar, na companhia de uma pessoa adulta, responsável e de preferência cristão. O propósito destas viagens, comumente chamadas de Retiros Espirituais, era no objetivo de criar maior afinidade entre a parentela, visto que todos ali eram filhos das famílias provenientes da segunda geração dos Carvalhos.

    Porém, neste ano em particular e bem diferente dos demais retiros dos quais participaram antes, um grupo de meninos e meninas já estavam passando da adolescência para a fase adulta e isso com certeza faria com que 2021 fosse um período em tudo diferente dos anteriores. Os jovens estavam sedentos de viverem suas primeiras experiências no campo do amor e da paixão, porém sem muitas opções, uma vez que eles eram geralmente privados de manterem contato com moças e rapazes da mesma idade que pertencesse a outras famílias que não as suas.

    Assim, concluíram que já era chegada a hora de ultrapassar estes limites impostos pelos pais na busca por viver suas primeiras aventuras no campo sentimental, do desejo e até do sexo. Manter aqueles garotos e garotas que se encontravam numa fase tão delicada como aquela onde as fantasias sexuais lhes afloravam a mente e sentiam a necessidade de um relacionamento mais profundo com o sexo oposto, mesmo que durante uma paquera ou namoro, mas se viam reprimidos quanto a isso pelos pais que não lhes permitiam vir a misturarem-se com outros do mundo exterior àquele do qual pertenciam, não era uma tarefa fácil. Assim, não se sabe ao certo se pelo acaso ou destino, mas eles dali em diante passariam a ser olharem com outros olhos e o pior poderia vir a acontecer devido isso.

    — Atenção, aqueles que já estiveram conosco em viagens semelhantes a esta já estão por dentro de como funcionam as coisas, contudo, os que estão na condição de marinheiros de primeira viagem façam o favor de seguirem as pegadas dos mais experientes. Nós não nos reunimos nestes retiros espirituais apenas para nos divertir, nem tão pouco para namorar, visto que aqui todo mundo é parente e esse tipo de coisa é considerado uma afronta a Deus e as suas famílias, mas, viemos também para orar, louvar ao nosso Criador e fazer diariamente a leitura das Escrituras, pois somos cristãos e este é nosso costume e tradição.

    Depois disso, aí sim, estarão liberados para andarem pela praia, tomarem banho e gostarem do verão, sempre com muito cuidado e responsabilidade. E não esqueçam, os mais velhos devem cuidar dos mais moços, orientando e ensinando como se portar corretamente. Ao se afastarem da pousada por favor retornem antes do anoitecer e não se distanciem demais. Tomem bastante cuidado e evitem acidentes desnecessários. Não percam o café da manhã às sete. O almoço e o jantar ocorrem sempre ao meio-dia e as dezoito horas, merenda sempre as quinze horas. Combinado? Ok, então divirtam-se!

    Depois de ouvirem as instruções dada pelo guia da pequena expedição todos saíram para conhecer a expansão marítima e a belíssima praia do Atalaia, localizada na cidade paraense de Salinas a pelo menos quatro horas distante da capital Belém. Ali, durante trinta dias eles estariam completamente livres das correntes sufocantes nas quais seus pais os prendiam. Assim, alguns deles ousariam abrir um pouco mais suas visões para perceber coisas antes desapercebidas. Os meninos se maravilharam com os belos corpos das meninas e vice-versa. E, devido toda essa admiração repentina, muitos dos corações mais amadurecidos passaram a palpitar.

    — Caracas, meu, mas que gata!

    — Estais falando de quem, seu folgado?

    — Cara, me desculpa, mas tua irmã está ficando um pedaço de mulher!

    — Saí para lá, Diogo, eu hem?

    — Que foi, primo, só fiz um elogio

    — Mas ela é tua prima, esqueceu disso?!

    — Sei, mas e daí? Por acaso há algum mal em achar ela gostosa!

    — Acho melhor pegar leve nesse teu papo, entendeu? Mais respeito com a menina. Que diabos de tanta liberdade é essa, por acaso ela já te deu alguma bola para estar agindo assim?

    — Calma, Antônio, fica de boa. Sabes que a Allegra não é do tipo de mulher que vive dando espaço para qualquer um

    — É bom mesmo que pense assim e ver se pare de ficar se assanhando para o lado dela, valeu? Respeito é bom e conserva os dentes!

    — Pô cara, vai querer esquentar só por causa de um comentário bobo que fiz sobre a gata? Qual é a tua, por acaso quer ela para ti?

    — Ei, vê se te manca comigo, valeu?

    Os dois adolescentes se encontravam assentados na areia à beira da praia, quando por uma expressão inocente de um deles deu-se início àquela confusão e sem que ninguém pudesse prever os meninos passaram a trocar violentos socos, causando espanto no restante do grupo. Devido o lugar estar repleto de banhistas, vindos de várias partes logo se formou uma grande multidão no local onde os dois desafetos mediam forças.

    Allegra, irmã de Antônio, bem como Paulo e Estela, igualmente irmãos de Diogo, cuidaram em tentar separá-los da repentina agressão na qual os garotos estavam envolvidos. No final, ambos saíram da briga com hematomas por todo o corpo e os olhos roxeados. Allegra, como mais velha, decidiu repreender o irmão publicamente e ainda saiu dando-lhe uns empurrões à vista se todos completamente chateada por saber que ele começou a confusão por quase nada

    — Me admiro de vocês dois decidirem estragar nosso passeio por causa de bobagens!

    — Como bobagens, mana, não vê que esse otário aí ficou te secando como se fosse carne de sol, querendo te comer com os olhos!

    — E daí, seu pirralho, ele arrancou algum pedaço do meu corpo por ficar me olhando?

    — Ei, não vou aceitar essa falta de respeito com irmã minha, ouviu? Se abusar meto-lhe a pancada mesmo!

    — Moleque abusado! E você, hem seu Diogo, bonito essa sua, né?

    — Nada demais, prima, eu só te elogiei e esse babaca se mordeu!

    — Elogio que nada! Papo esse de ficar chamando minha irmã de gostosa, seu merda?

    — Acho que tu estais é a fim de pegar ela para ti!

    — Parem já os dois com essa discussão! Já chega! Olhem aqui, seus dois trouxas, não vai ser por causa de vocês que nossa temporada de férias vai ser um completo desastre. Se não procurarem se comportar vou pedir o nosso líder que mande vocês de volta para casa, entenderam?

    A ameaça da autoritária garota foi o bastante para acalmar os ânimos dos dois brigões e fazer com que voltasse a reinar a paz entre todos os presentes ali. Todo o pessoal eram filhos de tios e tias residentes no condomínio Água Cristal onde moravam e, portanto, primos legítimos. Assim, sob a orientação de Allegra retornaram às atividades que antes faziam, como: jogar vôlei, nadar nas águas frias e salgadas do mar que banhava a frequentada praia do Atalaia, sempre lotada naquela época do ano. No restante do dia tudo se fez bonança e no final da tarde, quando o sol parecia repousar, todos retornaram para a pousada onde estavam instalados.

    No entanto, Diogo não conseguia mais tirar a imagem de sua prima da cabeça, usando aquelas duas peças minúsculas durante o banho na praia horas atrás. Assim, ele decidiu insistir um pouco mais numa nova investida em busca de chamar a atenção da linda garota que começava a enfeitiçar seu coração, mesmo sabendo que isso poderia resultar numa nova onda de choques entre ele o propenso cunhado. Sem falar no risco de causar futuros escândalos familiares.

    A tarde findara e após o jantar, ainda na penumbra da noite, ela se colocou a observar a beleza do lugar, visto que as festividades na pracinha ali próximo dariam início em poucas horas. Tratava-se de uma banda local que iria realizar um grande show ao ar livre e todos estavam convidados a participar. Porém, como eram cristãos ortodoxos claro que o líder do grupo, sendo propositalmente um dos professores do colégio onde estudavam, jamais permitiria que fossem participar do evento. Entretanto, nada lhes impediria de observar o movimento a distância.

    E, quanto a isso, não foi apenas Allegra quem decidiu tomar aquela iniciativa, pois, na verdade, em pouco tempo todo o grupo de moças e rapazes se colocaram no amplo pátio da pousada para assistir a banda tocar. E foi aí que Diogo aproveitou para dar início a sua estratégia de conquista. Joanna, melhor amiga de Allegra, curiosa como sempre a interrogava sobre as explicações dadas por Antônio:

    — Sério mesmo que a briga entre teu irmão e o Diogo foi por tua causa?

    — Sei lá, acho que foi sim

    — Olhem só a dona Allegra, causando o maior reboliço entre a garotada!

    — Ah, pare disso, Joana. Só foi o idiota do meu irmão, dando uma de imbecil como sempre

    — Falando nisso, olha quem está vindo aí, é ele! Estou saindo fora, depois me conta o que rolou, está?

    — Oi...

    — Olá.

    — Que bela vista se tem daqui, não é?

    — Muito lindo mesmo. Tudo isso assim tão bem iluminado...

    — Olha, desculpa por hoje mais cedo lá na praia, não era minha intenção te desrespeitar

    — Que é isso, primo, dizer que admira a beleza de alguém nunca foi um desrespeito. Meu irmão que é um babaca dos mais chatos

    — Ciumento, meu primo

    — Claro, como não poderia ser tendo uma irmã gata que nem eu?

    — Olha só como ela se acha...

    — Não me acho nada, sou de fato. Não foi você que ficou todo se babando ao me ver de duas peças lá na praia?

    — Agora pronto, com esse meu vacilo ela vai querer brilhar igual a Estrela Dalva

    — Qual é essa estrela? Nunca ouvir falar dela

    — Aquela ali, olhe, lá no céu. Ela fica sempre ao lado da lua. Foram os astrônomos que lhe deram este nome, mas na verdade, trata-se mesmo é do planeta Vênus, o mais próximo da terra

    — Nossa, você é mesmo bem por dentro dessas informações sobre planetas

    — Não me diga que perdeu as aulas de astronomia no colégio?

    — Claro que não, é que não me ligo muito nas outras matérias que estudamos. Minha paixão está voltada apenas para a língua portuguesa

    — É, já percebi que as melhores notas na sala de aula em gramática e redação são mesmo as suas. Mas olha, mudando um pouco o papo, vamos ali para o outro lado? Eu quero te falar uma coisa, mas não é para todos os que estão aqui ouvirem

    — Está bom...

    A primeira parte da estratégia usada por Diogo funcionou. Se aproximou da garota, apresentou-se a ela com um papo atraente e conseguiu tirá-la dali para um local mais reservado. Agora, era partir para a parte mais complicada e torcer para que ela não causasse um escândalo e acontecesse o pior entre ele e o seu ciumento irmão que a nada percebeu estar acontecendo com a irmã por se encontrar distraído com outros garotos.

    — Para onde vamos? Não quero me distanciar muito porque o líder vai pegar no nosso pé

    — Calma, aqui está ótimo...

    — Caramba, aqui é muito escuro! Ainda ficamos logo debaixo desta mangueira. E se de repente cair um fruto maduro na nossa cabeça?

    — Hahaha... Só você mesmo para imaginar isso

    — Hum, tudo é possível nessa vida meu querido

    — Fica fria que não vai cair nada sobre nós, está?

    — Ok, então fala logo que segredo tão grande é esse que quer me dizer e que os outros não podiam ouvir?

    Ela nem ao menos pronunciou a última palavra de sua indagação e ele a agarrou, puxando seu corpo esbelto para si, segurando sua cintura de violão presa àquele bumbum volumoso, colando-se ao seu belo porte físico, ligando seus lábios ao dela, roubando-lhe um beijo que era o primeiro de muitos outros que viriam depois. Como eram ambos inexperientes na arte de beijar se arranjaram como puderam e nenhum achou o outro desapropriado durante o ato.

    — Mas que diabos!... Caramba, pare já com isso seu doido!

    Diogo era um rapaz musculoso e seus braços fortes a prendiam fortemente ao seu peitoral bem definido. Enquanto suas mãos acariciavam suas costas por baixo da blusa e mal dava tempo para ela balbuciar meias palavras, sendo beijada com grande ímpeto e assustada por ter sido surpreendida daquela maneira.

    — Pelo amor de Deus, Diogo, me largue! Poxa, já chega!

    Apesar dos esforços para se libertar do apertado abraço dado pelo apaixonado rapaz ela não conseguiu soltar-se até que ele lhe permitiu isso.

    — Aí..., mas que diabos significa isso, seu maluco!?

    — Sei que você é inteligente e entendeu o recado. Estou louco por ti, prima, quero te namorar!

    — Santo Deus, por acaso você endoidou por completo, foi? Não sabe que existe uma forte proibição nas nossas famílias para esse tipo de envolvimento entre parentes?

    — Pouco me importo com isso. Para ser franco, a única coisa que levo em conta neste momento é saber se também se sente atraída por mim e topa namorar comigo

    —Você é um doido varrido, sabia?

    — Sou mesmo!

    — Misericórdia!

    — Responde à pergunta que fiz, aceita namorar comigo?

    — Aí... Eu não sei o que te responder assim de repente...

    — Bem, como eu te roubei esse beijo e não levei um tapa no rosto, não te vi sair correndo desesperada e gritando feito uma louca, nem está vermelha de raiva... Significa que gostou do amasso e tenho chances de te ganhar

    — Olha aqui, nem vai me achando uma garota fácil demais, viu?

    — Jamais, meu bem, mas se estais assim tranquila depois do que aconteceu é porque também sente algo de especial por mim

    — Vamos fazer o seguinte, deixemos rolar e veremos no que vai dar. Só toma cuidado com o meu irmão, porque se ele vier a se tocar disso já sabe que vai ser aquele inferno

    — Não se preocupe, saberei guardar esse nosso segredo a sete chaves. Além disso, se ele ou mais alguém saber disso vão contar para o líder e essa conversa vai chegar aos ouvidos de toda a nossa família

    — Isso mesmo, e seremos crucificados vivos!

    — Fica fria, ninguém mais vai saber

    Ele a puxa novamente para si e dessa vez ela já não resiste ao beijo que mesmo sem saber como fazer, pois era a sua primeira vez, tentou corresponder o melhor possível sem mais nenhuma timidez. E ele nem percebeu qualquer diferença na sua atuação, visto que também era um principiante na arte de beijar por nunca ter namorado. E foi exatamente essa inocência coletiva que fez daquele primeiro encontro algo único em suas vidas, pois um era o princípio do outro em tudo referente ao amor. Em seguida, ambos retornam para a pousada e se misturam entre os demais. Percebendo o retorno da amiga, Joana se reaproxima e começa com as rotineiras perguntas

    — E aí, me conta como foi lá no escondidinho?

    — Poxa Joana, você marca em cima mesmo, hem?

    — Vai, me conta logo, não sabes como sou curiosa? Percebi que ele te arrastou lá para fora, rolou uns amassos?

    — Mas que mulherzinha de mente mais poluída! Você só pensa nestas coisas?

    — Ah, nem vêm com essa, acha que sou boba? Se é verdade que ele ficou a fim de ti não iria chamar à parte só para falar bobeiras. Com certeza a intenção dele era outra. Pare de enrolar e me conta logo essa história direito, anda!

    — Está bem, sua xereta, vou te contar, mas ver se não sai falando para todo mundo porque se isso vazar para as nossas famílias estaremos ferrados!

    — Está legal, fala logo!

    — Ele declarou estar mesmo apaixonado por mim

    — E aí, o que respondeu a ele? Disse que também está a fim?

    — Mas que ideia mais louca, menina! Não sabe que na nossa família somos proibidos de namorar com parentes!

    — Qual é, Allegra, abre logo o jogo de uma vez e pare de ficar tentando me enrolar com essas desculpas esfarrapadas!

    — Mas que insistente você é, hem?

    — Anda logo, droga!

    — Bom, aí comentei sobre as regras de proibição da família sobre os parentes se curtirem e, antes que eu terminasse de falar ele foi logo me lascando um beijo na boca!

    — Caramba, e foi gostoso?

    — Misericórdia, Joana, eu nem estava esperando aquilo daquele doido!

    — Só me fala se gostou, ele sabe beijar legal?

    — Mulher, nem ele e muito menos eu já tinha namorado antes. Então, é claro que nenhum dos dois sabem beijar corretamente

    — Sim, é verdade, vocês vivem presos naquela gaiola que chamam de condomínio iguais a uns condenados sem conseguir ter qualquer contato com o mundo exterior. Mas isto não importa, vocês grudaram as bocas uma na outra e rolou o primeiro beijo. Então dá para saber se gostou ou não!

    — Está, sua curiosa, eu adorei!"

    — E o que achou, será que ele também gostou?

    — O que você acha, sua tonta, o homem tinha acabado de se declarar estar louco de amor por mim

    — Puxa, como você tem sorte! Eu sonho com esse dia o tempo todo e não aparece um macho de coragem para fazer isso comigo. Sou muito feia!

    — Calma, tudo tem seu tempo certo

    — Pelo visto, comigo vai ser só noutra encarnação!

    — Sua perturbada!

    — É sério, vou ter que nascer de novo e com outro corpo melhor que esse!

    — Deixa de lamúria, garota!

    — Ah, deixa para lá! Mas me fala, já sentia algum tipo de atração por ele antes ou tudo passou a acontecer agora, depois do beijo?

    — Para ser sincera eu já admirava o Diogo desde muito tempo. Sempre achei ele atraente, um homem educado e atencioso, sem falar no belo porte físico que ele tem

    — Devo concordar contigo que o rapaz é um verdadeiro filho dos deuses! Se caio nos braços musculosos dele me entrego todinha, da cabeça aos pés!

    — Lá vem a exagerada!

    — Do jeito que para mim a maré nunca está pra peixe o jeito é aproveitar e fazer logo tudo de uma vez!

    — Também não é assim, né, Joana? Uma mulher não pode ir logo facilitando tudo para o homem logo nos primeiros encontros!

    — Fale isso para si mesma, porque no meu caso não posso me dar ao luxo de ficar

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