A Enxada Com Cabo De Veludo
De Juarez Tomé
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A Enxada Com Cabo De Veludo - Juarez Tomé
Prólogo
Esse livro conta a história de experiências pouco usuais - pode-se até dizer estranhas - que me foram relatadas por meu amigo João Carlos Chiuratto. Mas são estranhas só até que sejam devidamente contextualizadas nos conhecimentos hoje existentes, como o leitor poderá ver mais adiante, conhecimentos esses que mostram que elas são até comuns.
A ideia de escrevê-las em um livro foi minha, quando eu percebi que as palavras dele, ao contar suas histórias, carregavam muita sabedoria, o suficiente para que inspirassem a ideia de que essa sabedoria tinha que ser compartilhada com outras pessoas.
O João Chiuratto já fez muitas coisas na vida, mas, atualmente, é um artesão de Goiânia-GO, que fabrica, além de botas e bolsas, belos e charmosos chapéus de couro, em um estilo que vai além do já muito conhecido no Brasil como cowboy
ou vaqueiro. Posso dizer que vai além porque é um estilo diferenciado do vaqueiro usual, tanto que eu poderia até me arriscar a adivinhar que um chapéu foi feito por ele, se visse um fora de contexto. Quem conhece o famoso filme Crocodile Dundee
, uma comédia de ação australiana e americana de 1986, ambientado no Outback australiano e na cidade de Nova York, estrelado por Paul Hogan como o aventureiro Mick Dundee, vai entender o que estou falando, porque aquele estilo foi incorporado por João Chiuratto em seus chapéus. Na primeira vez que vi um álbum de fotos com os chapéus do João, por exemplo, fiquei surpreso ao ver um modelo que tinha como ornamento, no encontro da aba com o corpo do chapéu, em vez da usual fita ou fivela, uma fileira de enormes e pontiagudos dentes. Seriam de crocodilo?
A aparência e estilo pessoal do João Chiuratto é bem parecido com o do personagem Mick Dundee, ambos sempre usando seu chapéu de couro marcado pelo tempo de uso e dando um ar de estarem sempre prontos para a ação, porém de forma relaxada. Ambos também são magros e altos, e com um olhar de águia, porém bondoso, não desconfiado nem agressivo. A diferença fica por conta da barba, que o personagem não usa, mas que o João Chiuratto usa de forma bem cultivada, mas não excessivamente longa, formando um bom equilíbrio com o conjunto de seu rosto. Enfim, uma figura masculina enérgica, mas, ao mesmo tempo, bondosa e amigável, como se fosse um amigo sempre pronto para felicitar sua chegada com um caloroso abraço.
Foto em preto e branco de pessoas em pé Descrição gerada automaticamenteSegundo o João Chiurattto, ao usar um de seus chapéus, você ficará realmente muito arrumado
, no sentido de bem-vestido, estiloso e bonito. Afinal, esse é o objetivo dele ao idealizar os modelos. Como os brasileiros gostam de demonstrar liberdade e irreverência reformando a grafia das palavras e ignorando a gramática, o adjetivo arrumado
, muito usado pelo João, virou rumado
e o apelido dele, fácil de imaginar, ficou como João Rumado
. Mas tenho a forte impressão de que o João gostou do apelido, porque se apresentou a mim com esse apelido e ao criar uma página na rede social Instagram, para divulgar seus chapéus, ainda acrescentou o advérbio mesmo
, para reafirmar sua convicção no charme de seus chapéus, e, assim, sua página, nessa rede social, que foi nosso ponto de encontro, tem o título de Chapéu Rumado
, e o endereço @chapeurumadomesmo.
Então, foi com esse apelido que eu conheci o João Rumado
, como me refiro ao João Carlos Chiuratto em alguns pontos deste livro. Se você gosta de puxar assunto
criticando as redes sociais, falando de como são fúteis e até prejudiciais para a cultura e para o equilíbrio emocional das pessoas, não encontrará em mim um bom interlocutor, porque tenho inúmeros exemplos de como as redes sociais me trouxeram benefícios. Para mim, são como qualquer outro recurso ou instrumento: o erro não acontece com o uso, mas com o mal uso (ou abuso). O encontro com o João Rumado
pode ser citado por mim como um desses benefícios. Eu criei uma página na rede social Instagram para divulgar um livro que publiquei para compartilhar meus estudos sobre o fenômeno conhecido como experiência de quase morte
(EQM), do que falarei mais nos próximos capítulos. E foi por meio dessa página no Instagram que primeiro nos conhecemos.
O primeiro contato foi por meio de um comentário que ele fez em uma das publicações que fiz nessa página, informando que ele tinha passado por três EQM. As pessoas passarem por essa experiência uma vez na vida não é raro, porque os estudos revelam que cerca de 5% da população mundial relata ter passado por algum grau dessa experiência, tendo ou não contado para outras pessoas. Também por esses estudos, posso dizer que passar por uma EQM mais de uma vez não é tão raro, mas é menos comum, embora eu não conheça estudos que