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História da psicologia Ibero-americana em autobiografias
História da psicologia Ibero-americana em autobiografias
História da psicologia Ibero-americana em autobiografias
E-book471 páginas6 horas

História da psicologia Ibero-americana em autobiografias

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Sobre este e-book

História da psicologia ibero-americana em autobiografias oferece um detalhado panorama, em primeira pessoa, da evolução da psicologia como ciência e profissão na Ibero-América por meio das lembranças de dez de suas personalidades mais destacadas.


Especialistas da Argentina (Nuria Cortada de Kohan e Horacio J. A. Rimoldi), do Brasil (Arrigo Leonardo Angelini e Antonio Gomes Penna), do Chile (Julio F. Villegas), da Colômbia (Rubén Ardila), da Espanha (Ramón Bayes, Helio Carpintero e Miguel Siguan) e do Peru (Reynaldo Alarcón), que tiveram um papel preponderante no desenvolvimento da psicologia em seus respectivos países, abordam aspectos centrais de sua vida e do essencial de seu trabalho e suas contribuições, apresentando, ainda, seus principais enfoques conceituais.


A obra será de grande interesse para historiadores da psicologia, psicólogos, estudantes de psicologia e o público interessado em aprender sobre o desenvolvimento da ciência e da profissão no mundo hispânico e latino-americano. Psicologia Geral História da psicologia Hugo Klappenbach e Ramón León (editores)História da psicologiaIbero-americano.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de out. de 2023
ISBN9786553740815
História da psicologia Ibero-americana em autobiografias

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    História da psicologia Ibero-americana em autobiografias - Hugo Klappenbach

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    História da psicologia ibero-americana em

    autobiografia / Hugo Klappenbach e Ramón León

    (editores) ; [tradução Mônica de Deus

    Martins]. -- 1. ed. -- São Paulo : Vetor, 2014.

    Título original: Historia de la psicología

    ibero-americana en autobiografías.

    Bibliografia.

    1. Psicologia - História I. Klappenbach, Hugo.

    II. León, Ramón.

    14-09971 CDD – 150.9

    Indices para catálogo sistemático:

    1. Psicologia : História 150.9

    ISBN: 978-65-5374-081-5

    Original: Historia de la Psicología iberoamericana en autobiografias

    1ª. Edição 2012

    © 2014 – Vetor Editora Psico-Pedagógica Ltda.

    É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer meio existente

    e para qualquer finalidade, sem autorização por escrito dos editores.

    Sumário

    Prólogo

    Apresentação

    Introdução

    Referências

    1. Psicologia e testemunho pessoal

    1.1 Lembranças da infância e adolescência

    1.2 A psicologia na Universidade Nacional de San Marcos em meados dos anos 1940

    1.3 Meu mestre, Walter Blumenfeld

    1.4 San Marcos: universidade contestadora

    1.5 Os primeiros trabalhos

    1.6. O Instituto Pedagógico Nacional

    1.7 A seção de Psicologia da Universidade de San Marcos

    1.8 A década de 1970

    1.9 Entre a academia e a burocracia

    1.10 Visão atual da psicologia latino-americana

    1.11 Reconhecimentos e vida institucional

    Referências

    Publicações

    2. Minha vivência do desenvolvimento da psicologia no Brasil

    Referências

    3. Uma época e um caminho

    Apresentação

    O que o vento levou

    Meu tempo e minha época

    A psicologia

    O trabalho

    Ao que pertencemos?

    Quem sou eu?

    Ser diferente

    O contexto familiar

    A etapa seguinte

    Referências

    Principais publicações

    4. Autobiografia

    Resumindo a quem possa interessar…

    Editorial Fontanella y Galton, centro de pesquisas psicológicas

    Minha problemática pessoal nos anos 1970

    Análise experimental do comportamento e primeiros contatos com a América

    Minha tese de doutorado

    A psicologia jurídica

    A psicologia da saúde

    Condicionamento de plantas e bactérias

    Simpósio de estudantes da Universidade Autônoma de Barcelona

    O efeito do placebo e psiconeuroimunologia

    A psico-oncologia

    A Aids

    Os cuidados paliativos

    O fator temporal

    O futuro

    Bibliografia seleta do autor

    5. História pessoal de um historiador da psicologia

    Anos de formação

    A história do pensamento

    Minha entrada na psicologia

    Reconstruindo uma tradição

    Convertido em psicólogo aplicado

    O grupo de trabalho

    A criação da revista

    A esfera internacional

    Trabalhos de organização universitária

    De Valência a Madri

    Institucionalização da psicologia na Espanha

    Outras vozes, outros domínios

    De volta ao caminho

    Outras referências do autor

    6. Autobiografia

    7. Minha trajetória na psicologia

    Livros do autor (seleção)

    8. Testemunho autobiográfico5

    9. Autobiografia (1918-2010)

    9.1. Anos de aprendizagem

    9.2. Departamento de Psicologia Experimental do CSIC

    9.3. Psicologia do trabalho e das organizações

    9.4. Professor universitário: a licenciatura em Psicologia

    9.5. Gênese e desenvolvimento da linguagem: de Piaget a Vygotsky

    9.6. O bilinguismo no indivíduo e na sociedade

    9.7. Psicologia e sociologia das línguas

    9.8. Psicologia e história

    9.9. O devir da psicologia

    9.10. Um olhar no conjunto

    10. Autobiografia

    A história

    A proposição

    Referências

    Prólogo

    Um dos setores acadêmicos que fornece permanentemente publicações é a psicologia. Em especial, o professor Ramón León é um dos pesquisadores mais ativos e autor de livros.

    Agora, em coautoria com Hugo Klappenbach, foi entregue à nossa editora o presente trabalho, que nossa universidade inclui em seu catálogo como uma contribuição para o conhecimento da psicologia a partir de uma perspectiva histórica e cobrindo o amplo âmbito geográfico e cultural ibero-americano.

    Se as informações apresentadas na Introdução estabelecem que já existe uma longa tradição desse tipo de abordagem, não se pode desmerecer nem enfraquecer seu valor como uma fonte para a história da psicologia.

    Em seus domínios, pode-se acessar por diferentes formas: a) a história como tal, com o seu caráter seletivo e a aplicação de suas técnicas e seus critérios de sistematização e classificação dos materiais por assunto e no tempo; e b) as autobiografias de psicólogos notáveis, que falando de sua própria atividade, por meio de referências de seus estudos, as funções do exercício profissional, suas amizades, pesquisas e publicações vão construindo eras, movimentos, ideias a partir de sua própria ótica. Por mais subjetividade que haja, não se renuncia aos dados objetivos, reais e verificáveis. Não se trata de uma relação de ficções e fantasias, mas fatos submetidos ao veredicto da comunidade e, consequentemente, apreciáveis em suas dimensões de aceitação, retificação ou controvérsia.

    Celebro a iniciativa e a promovo por significar outra forma de comunicação e aprendizagem. A autobiografia é uma técnica de divulgação e de ensino, talvez mais viva, articulada pelo fluxo do testemunho mais próxima do natural que o elaborado com armazenamentos forçados, dirigidos a uma exposição de trama intelectual em vez de vivencial. Trata-se da forma e não do que é dito.

    Por essas qualidades e vantagens, saúdo a publicação deste livro, felicito os autores e desejo que o leitor estabeleça contato com um mundo que abre suas janelas ao conhecimento por meio de histórias com um aroma acadêmico e humano.

    Ivan Rodriguez Chávez - Reitor

    Apresentação

    Em seus 60 anos de vida, a Sociedade Interamericana de Psicologia facilitou a criação e o desenvolvimento de projetos da maior relevância para a psicologia nas Américas. Este livro, editado por Hugo Klappenbach (Argentina) e Ramón León (Peru), é a materialização de um desses projetos.

    Nele o leitor encontrará as autobiografias de dez dos psicólogos que ajudaram a construir a ciência psicológica em nossos países ibero-americanos. Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha e Peru estão representados nesta obra.

    As contribuições são autobiografias redigidas pelos mesmos participantes em resposta a um convite recebido dos editores, a fim de expor sua importante contribuição à história do saber psicológico no mundo que fala o espanhol e o português.

    Esses dez psicólogos escreveram e publicaram seus trabalhos em espanhol e português, ajudando, dessa maneira, a divulgar a psicologia e a formação de nossos jovens futuros psicólogos.

    Os editores lhes solicitaram a enfocar sua vida e carreira do modo que quisessem, incluindo dados pessoais bem como informações gerais que considerassem relevantes. Desse modo, os leitores encontrarão estilos diferentes e diversos sotaques, todos eles reveladores de vidas dedicadas ao trabalho intenso, à formação de estudantes e à construção de uma psicologia sempre voltada às necessidades de seu povo.

    Sem dúvida, é para nós, psicólogos ibero-americanos, um valioso aporte os relatos realizados pelos distintos colegas sobre seu trabalho, suas preocupações, seus êxitos e as tarefas que empreenderam, muitas vezes, em condições pouco favoráveis. O conhecimento de suas vidas e obras faz parte de nossa história e é um passo indispensável ao amplo trajeto que ainda espera a psicologia ibero-americana, a fim de contribuir para uma maior qualidade de vida e um maior conhecimento a respeito das pessoas que habitam o mundo em que o espanhol e o português são as línguas que nos unem e nos permitem expressar nossos desejos, nossas inquietudes e nossas esperanças.

    Agradeço a Hugo Kappenbach e a Ramón León por me convidarem para escrever estas breves linhas de apresentação e desejo sucesso a esta valiosa obra.

    Introdução

    Hugo Klappenbach e Ramón León

    Essa justificativa, hoje, pode parecer controversa. Argumentou-se que a autobiografia pode favorecer as clássicas histórias legitimadoras, comemorativas e apologéticas (Smith & Watson, 2001). Ainda que a identidade presente uma autobiografia só seja possível de acordo com o que Boudieu denominou a ilusão autobiográfica (Bourdieu, 1986). Nessa direção, um estudo sobre a primeira das três autobiografias publicadas por Jean Piaget destaca que as autobiografias incluídas em History of psychology in autobiographies perseguiam um objetivo educativo e moral para as gerações mais jovens (Vonèche, 2001).

    No entanto, com base em uma perspectiva diferente, constatou-se que, no caso da autobiografia militar e política, não se perseguia apenas um valor apologético (Durán-Lopez, 2004) enquanto o texto autobiográfico resulta em uma forma de história não convencional, mas histórica no final das contas (Aurell, 2006). Há mais de 30 anos, em um texto que lamentava a falta de reflexões teóricas com relação à autobiografia do ponto de vista historiográfico, também se reparava no caráter histórico da autobiografia: a autobiografia é uma forma de história e como tal se defronta com muitos dos problemas conhecidos da historiografia (Forguson, 1979, p. 139, tradução nossa).

    Ao mesmo tempo, de uma perspectiva antropológica e psicológica, a autobiografia como discurso sobre a identidade estrutura nossa vida (Eakin, 2004). Nessa direção, Paul Eakin retoma pesquisas da psicologia do desenvolvimento para sustentar que o discurso autobiográfico, desde os memory talks da infância, é essencial no processo de construção social da identidade (Eakin, 2005).

    Finalmente, não se pode ignorar que o gênero autobiográfico tem suas raízes na Antiguidade clássica e a partir do século XX passa a se diversificar em uma grande variedade de modelos diferentes, que alguns autores oferecem a mais de 50 anos, desde a apologia, as confissões e o autorretrato até a narrativa de sobreviventes, as séries autobiográficas e a oughtabiography de personalidades públicas nas quais as trajetórias privadas e públicas se interligam.

    No entanto, que valor adquire o testemunho autobiográfico de personalidades públicas da psicologia em uma história que não pretende ser complacente tampouco acrítica?

    Em estudo clássico sobre as fontes históricas, Marc Bloch, um dos grandes historiadores da Escola dos Annales, fuzilado pelos nazistas, destacava duas limitações ao mesmo tempo psicológicas epistemológicas, implícitas na história. Bloch relatava que em um de seus experimentos, Claparède pedia a seus alunos que observassem o pátio de sua universidade em Genebra (Bloch, 2001). |A primeira coisa que se evidenciou nesse estudo foi que a maioria dos estudantes nunca havia reparado adequadamente o lugar pelo qual passavam diariamente. Ou seja, os seres humanos podem conviver com determinados fenômenos ou experiências, muitos deles bem manifestos, e não percebê-los de modo adequado. No entanto, além das limitações na percepção dos fenômenos, um segundo problema é que, mesmo quando conseguimos perceber determinados fenômenos, muitos deles não serão registrados adequadamente em nossa memória. Isto é, nossa memória é seletiva e limitada: recordamos alguns aspectos porque ao mesmo tempo desejamos lembrar ou nos esquecemos dos outros.

    Poderíamos evocar neste ponto um relato formidável do escritor argentino Jorge Luis Borges, Funes, o memorioso. É o relato de umas férias passadas em uma fazenda no Uruguai, onde havia um peão, de sobrenome Funes, que se destacava por andar muito bem a cavalo. Ao longo do tempo, Borges relata que Funes, montando um cavalo mal domado, sofre uma queda e fica paraplégico. Tempos depois, Borges volta a passar férias naquele lugar. Funes, ao saber que Borges está se hospedando ali, lhe pede emprestado um dicionário de latim e algum texto em latim porque estava interessado em aprender essa língua. Borges sorriu compassivamente diante da ideia de que fosse possível aprender latim com um simples texto e um dicionário, mas o fez. Em um dado momento Borges se vê obrigado a interromper suas férias porque seu pai se adoentou, mas antes de partir foi buscar seus livros com Funes. O relato gira em torno dessa noite em que Borges passou conversando com Funes; não somente o autor comprovou que Funes havia aprendido latim perfeitamente, como também sabia de memória, com riqueza de detalhes, cada uma das páginas do livro e sua respectiva tradução para o castelhano. Borges explica que a maneira de memorizar de Funes se baseava nos detalhes mais insignificantes e que era impossível generalizar. A memória de Funes era assombrosa ao ponto de assim como aprendeu o latim em poucos dias, também o fez com muitas outras línguas: Na realidade, Funes tinha uma memória prodigiosa, mas não pensava, porque pensar é esquecer. Realmente, uma das funções da memória é que ela permite lembrar, à medida que certas representações são esquecidas. Se lembrássemos de tudo, como Funes, com o tempo nos tornaríamos quase idiotas, pessoas sem capacidade de pensar. De fato, um dos problemas do personagem borgiano era que como a recordação de algo que havia percebido era tão detalhada e completa, lembrar-se de uma hora vivida anteriormente lhe consumia outra hora e lembrar-se de um dia de sua vida consumia outro dia de sua vida.

    Portanto, a memória do relato autobiográfico não pretende ser a de Funes. Nenhum dos proeminentes autores que gentilmente tornam públicas suas recordações autobiográficas poderiam se lembrar de tudo o que já experienciaram. As pesquisas psicológicas sobre distorções da memória são eloquentes ao respeito, desde os estudos clássicos de Bartlett (1932/1995) até os deste século (Hannigan & Reinitz, 2001; Nourkova, Bernstein & Loftus, 2004).

    Não obstante, como assinalou acertadamente uma autoridade no assunto, ainda com todas as limitações psicológicas que possam existir, a autobiografia se distingue de um romance uma vez que o autor pretende relatar feitos e não construir ficções (Todorov, 1983, p. 37). Nessa direção, o testemunho autobiográfico de personalidades públicas destacadas, neste caso psicólogos e psicólogas, traz algo fundamental ao conhecimento histórico da psicologia. No recurso das fontes orais clássicas, o historiador interroga a testemunha e, em certo sentido, conduz a entrevista pelos caminhos que o historiador vai traçando. No caso da autobiografia, a testemunhada mesma traça o caminho e o faz precisamente pelo domínio e conhecimento que possui da disciplina sobre a qual deixa seu testemunho. Embora, como em qualquer testemunho, a percepção e a memória reconheçam limitações, o relato autobiográfico se constitui a partir do fato que, por assim dizer, compensa amplamente aquelas limitações: o autor de um relato autobiográfico não é um testemunho passivo dos fatos que narra; ao contrário, o valor do relato autobiográfico reside fundamentalmente no fato de que o autor foi o protagonista central dos fatos que está narrando e nesse sentido contribui de maneira decisiva para o desenvolvimento da psicologia com a qual se encontra comprometido. Portanto, não se trata de um testemunho ocasional. As personalidades públicas que aqui nos brindam com suas autobiografias são, ao mesmo tempo, protagonistas e testemunhas de fenômenos e situações fundamentais para a psicologia ibero-americana.

    No caso da história da psicologia, o esforço inicial de Carl Murchison se prolongou ao longo de nove volumes. De sua parte, no período de mudança de século, geralmente propício a balanços gerais, conheceram-se diferentes histórias de campos mais detalhados dentro da disciplina desde as perspectivas autobiográficas. Assim, em 1996, foi publicado o livro History of developmental psychology in autobiography (A História da psicologia do desenvolvimento em autobiografia) (Thomson & Hogan, 1996) e A History of Geropsychology in autobography (História da Gerontopsicologia em autobiografias), pela American Psychological Association (Birren & Schroots, 2000).

    Não houve interesse pelas autobiografias somente nos Estados Unidos. No mundo de língua francesa e germânica também se pode observar o mesmo. Ludwig J. Pongratz, conhecido historiador alemão da psicologia e professor da Universidade de Würzburg, dedicou boa parte de sua vida a editar autobiografias de psicólogos (Pongratz, 1972, Pongratz et al., 1973), psicoterapeutas (Pongratz, 1973), psiquiatras alemães (Pongratz, 1977), cuja leitura se torna quase obrigatória àquele que deseja conhecer os desenvolvimentos, retrocessos e vicissitudes vivenciados pela psicologia e psiquiatria na agitada Alemanha do século XX. Não contente com isso, Pongratz realizou uma tarefa semelhante, orientando a autobiografia de filósofos e pedagogos alemãs (Pongratz, 1975-1981, 1975-1977).

    No mundo de língua francesa, devemos mencionar o livro editado por Parot e Richelle (1992).

    Em áreas próximas, também merecem destaque os quatro volumes de Psychoanalyse in selbstdarstellungen (História da psicanálise em autobiografia) (Hermanns, 1992-1997) e The history of neuroscience in autobiography (História da neurociência em autobiografia) (Squire, 1998).

    Iniciar uma história da psicologia ibero-americana em autobiografias também implica ampliar as bases da construção histórica da psicologia, frequentemente limitada à psicologia europeia e norte-americana. Embora não seja necessário compartilhar todos os pressupostos filosóficos e ideológicos que sustentam a obra de David Huddart, pelo menos pode-se concordar que a autobiografia constitui uma via de exploração que coloca em primeiro lugar o conhecimento situado e personalizado e, assim, possibilita uma alternativa ao etnocentrismo (Huddart, 2008).

    No entanto, é necessário esclarecer algumas coisas sobre limitações importantes na seleção de psicólogos incluídos neste primeiro volume da História da psicologia ibero-americana em autobiografia.

    A primeira é que, lamentavelmente, deparamos-nos com omissões de singular relevância. Algumas delas não são de responsabilidade dos editores. Pelo contrário, a demora de um livro dessa natureza já nos privou do testemunho autobiográfico dos pioneiros nos estudos psicológicos do final do século XIX e início do XX, como Chávez no México, Ingenieros, Piñero ou Mercante, na Argentina, Helena Antipoff ou Lorenço Filho, no Brasil, Walter Blumenfeld, no Peru, para citar alguns (Ardila, 1986) ou de Simarro, Rodriguez Lafora ou Viqueira, na Espanha (Carpintero, 1994).

    Pela mesma razão, também não pudemos recorrer aos testemunhos de muitos dos responsáveis do início da profissionalização da psicologia na região, começando pelos exilados Mercedes Rodrigo e Mira y Lopez até figuras centrais na institucionalização de uma rede ibero-americana e latino-americana da psicologia como Rogelio Díaz-Guerrero, no México, e José Miguel Salazar, na Venezuela.

    No entanto, nós, editores, somos responsáveis por resgatar esta primeira seleção. Pode-se perceber que a maioria dos autores é da Espanha, do Brasil e da Argentina. Depois da Colômbia, do Chile e do Peru. Qualquer análise do desenvolvimento da psicologia ibero-americana na segunda metade do século XX certamente mostraria a injustiça dessa seleção. Com efeito, pelo menos na segunda metade do século XX, a contribuição de países como México, Venezuela, Porto Rico e Cuba, para citar apenas quatro, tem sido fundamental.

    Podemos justificar esse viés pela necessidade de publicar este primeiro volume. Mas, ao mesmo tempo, temos a esperança de que este volume coletivo seja apenas o primeiro de uma série destinada a corrigir o viés que antes mencionávamos e a incorporar outros nomes de destaque da psicologia ibero-americana.

    Referências

    Ardila, R. (1986). La psicología em América Latina: pasado, presente y futuro. México: Siglo XXI.

    Aurell, J. (2006). Autobiography as unconventional history: constructing the author. Rethinking History, 10(3), 433-449.

    Bartlett, F. C. (1995). Remembering: A study in experimental and social psychology. Cambridge, England: Cambridge University Press. [1932].

    Birren, J. E. & Schroots, J. J. F. (Eds.) (2000). A history of Geropsychology in Autobiography. Washington DC: American Psychological Association.

    Bloch, M. (2001). Apologia para la historia o el oficio de historiador (2a ed.). México: Fondo de Cultura Económica.

    Bourdieu, P. (1986). L’illusion biographique. Actes de la recherche en Sciences Sociales, 62/63, 69-72.

    Carpintero, H. (1994). Historia de la psicologia en Espana. Madrid: Eudema.

    Durán-López, F. (2004). Nuevas adiciones al catálogo de la autobiografia española en los siglos XVIII y XIX (segunda serie). Signa. Revista de la Asociación Espanola de Semiótica, 13, 395-495.

    Eakin, P. J. (2004). What are we reading when we read autobiography? Narrative, 12(2), 121-132.

    Eakin, P. J. (2005). Living autobiographically. Biography. An Interdisciplinary Quarterly, 28 (1), 1-14.

    Forguson, L. (1980). Autobiography as History. University of Toronto Quarterly, 49(2), 139-155.

    Hannigan, S. L., & Reinitz, M. T. (2001). A demonstration and comparison of two types of inference-based memory errors. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cognition, 27, 931-940.

    Hermanns, L. M. (Ed.) (1992-1997). Psychoanalyse in Selbstdarstellungen. 4 vol. Tubinga: Edition Diskord.

    Huddart, (2008). Postcolonial theory and autobiography. London-New York: Routledge.

    Murchison, C. (Ed.) (1930). A history of Psychology in Autobiography (Volume 1). Worcester: Clark University Press.

    Nourkova, V, Bernstein, D. M. & Loftus, E. F., (2004). Biography becomes autobiography: distorting the subjective past. American Journal of Psychology, 117(1), 65-80.

    Parot, F. & Richelle, M., eds. (1992). Psychologues de langue française. Paris: Presses Universitaires de France.

    Pongratz, L. J., ed. (1972). Psychologie in Selbstdarstellungen. Berna: Huber, vol. 1. Pongratz, L. J., ed. (1975-1977). Philosophie in Selbstdarstellungen. Hamburgo: Meiner, 3 vols.

    Pongratz, L. J., ed. (1975-1981). Pãdagogik in Selbstdarstellungen. Hamburgo: Meiner, 4 vols.

    Pongratz, L. J., ed. (1977). Psychiatrie in Selbstdarstellungen. Berna: Huber. Pongratz, L. J., Traxel, W. & Wehner, E.., eds. (1973). Psychologie in Selbstdarstellungen. Berna: Huber, vol. 2.

    Smith, S. &Watson, J. (2001). Readingautobiography: aguidefor interpretinglife narratives. Minneapolis: Minnesota University Press.

    Thompson, D. & Hogan, J. D. (Eds.) (1996). A History of Developmental Psychology in Autobiography. Boulder: Westview Press.

    Todorov, T. (1988). El origen de los géneros. En M. A. Garrido (Ed.), Teoria de los géneros literários (pp. 31-48). Madrid: Arco Libros.

    Vonèche, (2001). Identity and narrative in Piagets autobiographies. In J. Brockmeier & D. Carbaugh (Eds.), Narrative and identity: studies in autobiography, self and culture (pp. 219-245). Amsterdam-Philadelfia: John Benjamins.

    1. Psicologia e testemunho pessoal

    Reynaldo Alarcón

    Refletir sobre acontecimentos passados requer situar-nos temporalmente no contexto histórico-sociocultural em que vivemos e na própria estrutura psicológica interna; ambas as forças moldam nossa conduta e nos comportamos de acordo com elas. De fato, a direção que assumem nossas ações é consequência da complexidade da estrutura do meio ambiente e das motivações intelectuais momentâneas ou permanentes em uma determinada época histórica. Não há dúvidas de que as ideias e teorias que consideramos ou rejeitamos em um dado momento refletem nossas orientações intelectuais no tempo; que os problemas que abordamos prevaleciam no meio ambiente como urgências sem repostas; ou quantas vezes agimos na contramão impondo a vontade ao meio, a suas crenças e a seus preconceitos.

    As ideias e os feitos não podem ser julgados senão como partes integrantes de um processo em constante mutação de acordo com o avanço científico de uma disciplina em um espaço e tempo determinados. O chamado sinal dos tempos (Zeitgeist) tem um enorme valor para julgar, a distância, se uma comunidade acadêmica teve maturidade intelectual suficiente para aceitar positivamente ou rejeitar os avanços científicos de uma época; especificamente os relacionados à psicologia neste caso têm bastante relevância. Esses apontamentos sobre minhas experiências passadas, que confirmam meus dados bibliográficos, tomaram como marco de referência esta breve reflexão.

    1.1 Lembranças da infância e adolescência

    A 185 km ao norte de Lima encontra-se o povoado de Supe. Nasci ali em 16 de julho de 1924. Filho de dona Elisa Nuñez e do Sr. Emeterio Alarcón Díaz, que faleceu poucos meses antes de meu nascimento. Minha mãe o descrevia como um homem bom e caridoso, dedicado aos negócios, que possuía um cinema, uma mercearia e uma fazenda chamada Verdun, situada na serra do vale de Barranca. Deu este nome, talvez, em homenagem à cidade onde ocorreu a batalha que selou a vitória dos exércitos aliados na Primeira Guerra Mundial. Minha mãe permaneceu viúva desde muito jovem até vir a falecer aos 100 anos de idade.

    Como todos os vilarejos do Peru, lembro-me de minha terra natal com sua ampla praça de armas, com quatro pinheiros altos em cada esquina, cheia de grama, arbustos e flores; com sua igreja de Santa Maria Madalena e a prefeitura. Na praça de armas havia um busto de bronze erguido em homenagem ao general Francisco Vidal y Lagos, filho de Supe e herói da independência nacional, que organizou e custeou um grupo de jovens insurgentes, como ele, para se unirem ao exército libertador do general José de San Martín, que havia desembarcado na baía de Paracas em um gesto heroico pela independência dos povos súditos da coroa espanhola. San Martín, militar argentino, proclamou a independência do Peru em 28 de julho de 1821. Com o passar dos anos, o general Vidal foi presidente do Peru.

    Vivi poucos anos em minha cidade. Nela estudei até o terceiro ano primário; os dois últimos, terminei em Lima. Iniciei a educação secundária no Colégio Hipólito Unanue, uma escola particular que já não existe mais. Lembro que, obrigatoriamente, deveríamos ir à missa todos os domingos, confessar e comungar na igreja de La Recoleta. Nos três anos que estudei nesse colégio, frequentei um curso de latim que, posteriormente, foi muito útil. Terminei o ensino médio na escola nacional Afonso Ugarte; Fiz um curso de Psicologia. Foi meu primeiro contato com essa disciplina por meio do livro Psicología, de Honorio Delgado e Mariano Iberico, adaptado para esse grau escolar. Segundo esses autores, o primeiro, psiquiatra e filósofo de orientação fenomenológica, e o segundo, filósofo de orientação bergsoniana, a Psicologia é um ramo da Filosofia sem base teórica unitária, que trata da vida mental, e seu método por excelência é a introspecção. O curso de Psicologia me despertou certo interesse por estudar a disciplina. Procurei informações sobre qual faculdade oferecia o curso. A resposta foi que nenhuma universidade ensinava Psicologia como profissão; no entanto, ofereciam-se cursos de psicologia na faculdade de Letras e na Faculdade de Medicina. Ao terminar o quinto ano do ensino médio optei pela Faculdade de Letras da Universidade Nacional de San Marcos.

    1.2 A psicologia na Universidade Nacional de San Marcos em meados dos anos 1940

    Em 1945, ingressei na Faculdade Letras da Universidade Nacional de San Marcos, em Lima. O curso de Psicologia não era oferecido como carreira profissional. O departamento de Filosofia considerava em seu currículo de estudos as disciplinas de Filosofia e Psicologia, embora prevalecessem os cursos de Filosofia. As disciplinas de Psicologia oferecidas eram: Psicologia Geral, História da Psicologia, Sistemas Contemporâneos, Introdução à Psicologia Experimental e Psicologia Experimental (avançado). Algumas outras matérias de Psicologia eram ministradas na Faculdade de Educação, tais como Psicologia da Criança e do Adolescente, Medições Mentais e Educacionais, Psicologia da Aprendizagem, Orientação Vocacional e Profissional e Estatística Aplicada à Educação. Também frequentei essas disciplinas. Posteriormente aumentou-se a quantidade disciplinas.

    A orientação psicológica seguida em San Marcos correspondia àquela que se conceituava como um setor da Filosofia, cujo objeto era o estudo da vida psíquica ou da realidade e essência do psiquismo humano. Segundo W. Dilthey, era uma ciência do espírito e sua função era compreender a atividade anímica antes de explicá-la, uma vez que a explicação corresponde às ciências naturais. Desse ponto partiu o questionamento ao behaviorismo, de J. B. Watson, à reflexologia de I. P. Pavlov e, em geral, ao método experimental, à medição e quantificação em psicologia. O livro Psicología, de Delgado e Iberico, dois renomados representantes da corrente espiritualista no Peru, foi meu manual de cabeceira; nele se encontram os argumentos contrários à psicologia objetiva e experimental. Este livro e os de Dilthey, Spranger, Messer e Stern foram lidos à exaustão pelos estudantes de Filosofia da Faculdade de Letras.

    Foi uma etapa em que a filosofia, particularmente a alemã, exercia uma forte influência, situação explicável considerando-se que nos meios acadêmicos a filosofia tinha arraigada tradição, enquanto a aceitação da psicologia como disciplina científica ainda estava longe de ser efetuada. Augusto Salazar Bondy (1965) observa que, a partir da década de 1930, a filosofia peruana se caracterizava pelo crescente domínio da fenomenologia, entendida como dimensão filosófica que compreendia tanto a doutrina husserliana quanto os desenvolvimentos e aportes de outros pesquisadores, entre eles Max Scheler, Nicolai Hartmann e Martin Heiddegger. Observa-se, nesses anos e nos seguintes, uma intensa e persistente difusão desses autores; a partir de suas perspectivas teóricas explicavam-se os fatos psicológicos.

    A Psicologia no âmbito universitário discorria, portanto, sob predomínio da Filosofia. Os professores eram filósofos e psicólogos ao mesmo tempo, ou melhor, mais filósofos que psicólogos. Suas posições teóricas baseadas na tese espiritualista os enquadravam, involuntariamente, como núcleos de resistência ao avanço da psicologia científica. Os artigos que escreviam sobre psicologia partiam da análise introspectiva de vivências pessoais ou, com mais frequência, eram exegeses de doutrinas de autores conceituados.

    Parece-me pertinente assinalar o aspecto filosófico de minha formação universitária: estudei história da Filosofia Antiga, Filosofia Medial, História da Filosofia Moderna, Filosofia Contemporânea, Estética Geral, Lógica Superior, Seminário de Metafísica (Descartes), Seminário de Pesquisa (Kant). Era indiscutível a alta qualidade acadêmica dos professores dessas disciplinas; foi certamente uma época de grandes mestres os da minha geração, como Mariano Iberico Rodríguez, Julio A. Chiriboga, Luis Felipe Alarco, Francisco Miró Quesada, Carlos Cueto Fernandini, todos autores de livros e artigos especializados.

    1.3 Meu mestre, Walter Blumenfeld

    Nessa atmosfera intelectual de expressa rejeição a conceber a psicologia como ciência natural em vez de espiritual, subjetiva e não objetiva, compreensiva em vez de explicativa, baseada em vivências individuais e não na observação de grupos, sem experiência nem quantificação, sem hipóteses nem constatações empíricas. Este foi o ambiente acadêmico em que o Prof. Dr. Walter Blumenfeld difundiu sua tese científico-natural sobre a psicologia.

    Procedente da Alemanha, o professor Blumenfeld chegou à Lima em agosto de 1935, contratado pela Universidad Nacional Mayor de San Marcos para inaugurar e dirigir o futuro Instituto de Psicologia e Psicotécnica e ministrar em cursos de Psicologia Experimental nas Faculdades de Letras e Ciências. Quando o conheci já morava há onze anos no Peru, tinha 64 anos de idade. Graduado pela Universidade de Berlim, foi professor da Technische Hochschule de Dresden, onde ministrou cursos de Psicologia Pura e Aplicada, Experimental, do Pensamento e do Desenvolvimento. Foi também chefe do Instituto Psicotécnico do Laboratório de Psicologia Aplicada na Escola de Engenheiros da Reichsbahn Direktion, em Dresden. Adepto da Gestalt, manteve estreito contato com o grupo de Berlim, divulgando essa teoria por meio de artigos, livros e da disciplina de Psicologia Experimental da Universidade de San Marcos (Alarcón, 194).

    A posição teórica de Blumenfeld era muito clara; definia a psicologia como uma ciência empírica da natureza que investiga, descreve, explica e compara sistematicamente e de todas as formas os comportamentos dos seres vivos. Ocupa-se do mundo psíquico dos seres e de seu comportamento com relação a esse mundo (Blumenfeld, 1954a). Considerava como objetos da psicologia tanto os eventos públicos como de conduta manifesta e também os processos internos ou vivências. Essa postura é a que se sustenta atualmente; na verdade, depois de uma forte atitude de rejeição ao mundo subjetivo, houve uma revalorização do mundo interno, que considera como objetos da psicologia os acontecimentos públicos e os privados. Fatos que se prestam à observação externa e aos processos internos vividos pelo indivíduo não são eventos irreconciliáveis. Formam uma unidade artificialmente destruída sob pretexto de objetividade científica, deixando de lado que o mundo privado o conhece por meio da inferência que é uma forma de conhecimento científico.

    As aulas de Psicologia do professor Blumenfeld, na Faculdade de Letras, me cativaram de início, especialmente as demonstrações experimentais realizadas no laboratório que funcionava em um amplo casarão localizado na rua Belaochaga, no centro de Lima. O Laboratório de Psicologia Experimental era equipado com instrumentos para o ensino e a pesquisa e foram adquiridos na Alemanha e nos Estados Unidos. As aulas Blumenfeld, não obstante seu acentuado sotaque alemão que nunca perdeu, eram novidade para mim; era possível medir a memória, os tempos de reação, os limiares de sensações, a visão de profundidade, a atenção, o juízo, a inteligência, a aprendizagem. Expôs a sua jovem plateia a teoria da Gestalt e repetiu muitas das experiências realizadas pelos psicólogos da Forma. Nomes como Wertheimer, Köhler, Koffka e Lewin eram familiares. Suas aulas eram ativas, os estudantes participavam como sujeitos dos experimentos que se realizavam em sala de aula. Os dados obtidos eram elaborados com estatística básica, enquanto para a interpretação dos resultados solicitava a intervenção dos alunos. Depois de cada experiência, os alunos deviam apresentam um relatório por escrito, segundo a pauta do professor. Essa forma pedagógica de ensino era muito diferente da tradicional aula expositiva. Minha atração pela Psicologia Experimental consolidou minha vocação pela psicologia; fiquei fascinado com o fato de que os fenômenos psicológicos podiam ser medidos e representados por gráficos. Tudo contrastava da visão que tinha sobre a psicologia, que provinha do ponto de vista que a considerava como uma área da Filosofia.

    Fiz amizade muito rapidamente com o doutor Blumenfeld, tornando-me, ao terminar as disciplinas de Introdução à Psicologia Experimental e de Psicologia Experimental Avançada, seu assistente na condição de ad honorem. Depois de muita conversa, ocorreu um longo interrogatório sobre por que eu queria trabalhar no laboratório. No ano seguinte, o Dr. Blumenfeld me ofereceu a chefia de práticas da Disciplina de Psicologia Experimental (avançado) na Faculdade Letras. Já não era mais um estudante.

    Parece banal mencionar que com o Dr. Blumenfeld aprendi a executar diversas experiências, todas as que eram oferecidas na disciplina de Introdução à Psicologia Experimental e no curso avançado, e ampliei meus conhecimentos com leituras de livros de psicologia experimental daqueles anos: J. Fröbes, Tratado de psicología experimental; J. Linworsky, Psicología experimental; E. B. Titchener, Experimental psychology; R. S. Woodworth, Experimental psychology. Estas e outras obras faziam parte da biblioteca do Laboratório de Psicologia Experimental. O manual de leitura obrigatório era Introdución a la psicología experimental, que Blumenfeld acabara de publicar em 1946, ano fiz o mencionado curso.

    Em 1º de julho de 1941, o Ministério da Educação criou

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