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Minhas Memórias - 1ª Parte
Minhas Memórias - 1ª Parte
Minhas Memórias - 1ª Parte
E-book398 páginas4 horas

Minhas Memórias - 1ª Parte

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Sobre este e-book

Escrevendo para sua filha Beatriz, o autor discorre sobre a singela jornada de sua vida. Nesta PRIMEIRA PARTE, ele apresenta alguns lances curiosos de sua infância, adolescência e juventude. Ele descreve o seu relacionamento familiar, fala das ilusões e desilusões que acompanharam sua infância e adolescência. Finalmente encerra mostrando como entrou no caminho da ciência. O autor espera de coração que esta obra autobiográfica possa agradar a todos os gostos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de nov. de 2013
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    Pré-visualização do livro

    Minhas Memórias - 1ª Parte - Leandro Bertoldo

    Sumário

    Prefácio

    1. Meu Nascimento

    2. Carreira Paterna

    3. Fuga Cinematográfica

    4. Tempos Difíceis

    5. Morando Em Ibiá

    6. Algumas Curiosidades

    7. Mogi das Cruzes

    8. Aventuras e Desventuras

    9. Minhas Distrações

    10. Decepções e Adversidades

    11. Uma Nova Residência

    12. Sempre Crescendo

    13. Os Meus Papagaios

    14. Estórias de Minha Mãe

    15. Primeiro Ano Escolar

    16. Contratempos

    17. Primeira e Segunda Série

    18. Terceira e Quarta Série

    19. Maria Antonieta

    20. Anos do Ginásio

    21. Terceiro e Quarto Ano

    22. Relacionamento Paternal

    23. Minhas Cadernetas

    24. Meu Emprego

    25. Colégio e Universidade

    26. A Universidade

    27. Meus Cadernos

    28. Cartas do Meu Pai

    Prefácio

    Minha querida... minha queridíssima filha Beatriz, quando alguns homens de bem chegam a certa idade, eles procuram olhar e inventariar o seu passado com a finalidade de encontrar algo digno de louvor que, porventura, tenham realizado no decorrer de sua breve existência.

    Esse tipo especial de homem busca por algum fruto que possa mostrar-lhe que sua vida não foi vã ou sem propósito. Ele procura a satisfação de ter realizado algo grandioso em benefício de outros. Busca por algum feito virtuoso que poderá ficar registrado como um memorial para sua família e pelas gerações vindouras.

    Confesso que comigo acontece o mesmo fenômeno. Desde a minha mais tenra infância sempre desejei que a minha vida fosse especial, que tivesse algum significado importante para as pessoas ao meu redor e para o mundo. Já faz algum tempo que estou vasculhando o meu passado, buscando um sentido para minha temporada neste mundo. Estou procurando recordar-me dos fatos mais dignos e marcantes que tenham ocorridos em minha jornada pela vida.

    Tendo refletido bastante sobre as minhas principais realizações, reconheço que as coisas que vejo são do meu inteiro agrado. Apesar disso, sinto-me frustrado porque, como todos os seres humanos, tinha grandes sonhos e altas expectativas para a minha vida. Sempre acreditei que pudesse fazer uma grande diferença no mundo, tornando-o mais esclarecido e melhor. Houve um tempo em que olhei para a ciência e sonhei com as suas honras e glórias eternas. Durante décadas dediquei a minha juventude e os meus melhores esforços na tentativa de alcançar o sucesso. Hoje, parece-me que esses sonhos de superação e grandeza estão sendo destruídos e massacrados pela implacável desilusão do tempo.

    Desde o início de minha adolescência tenho sido um verdadeiro megalomaníaco. Sempre desejei ardentemente subir aos picos dos mais altos montes e ser semelhante aos grandes homens da Terra. Durante décadas, desde a minha adolescência, o meu maior ídolo foi Isaac Newton (1642-1727). Porém, a grande verdade é que ambicionei muito, e alcancei apenas um pouco do que almejava. Bem, creio que esse tipo de reminiscência é aquilo que os estudiosos costumam chamar de crise da meia idade. Apesar disso, vou procurar descrever alguns acontecimentos curiosos sobre o meu passado e os pontos altos das minhas principais realizações no campo emotivo, intelectual e profissional.

    Evidentemente, nesta obra, serão apresentadas as minhas impressões pessoais. Penso que talvez alguns juízos de valores aqui forjados possam fazer injustiça a algumas pessoas com quem convivi durante anos. Digo isto porque é próprio da natureza humana lembrar-se mais vividamente do mal que sofreram do que do bem que receberam. Ser equilibrado em tais questões é atributo extremamente raro entre os seres humanos, especialmente porque estão envolvidos vários fatores emocionais conscientes e inconscientes. Por essa razão peço encarecidamente indulgência por tais falhas de julgamento. Mas, como única justificativa de tais juízos de valores, tenho a dizer que era assim que me sentia quando ocorreram os fatos naquela época; e são essas impressões que formaram a minha personalidade e perspectiva de mundo.

    Como é do teu conhecimento sempre fui um homem muito dedicado e interessado no mundo das letras, da ciência, da fé e do conhecimento em geral. Porém, o que você não sabe é que de longa data sempre tive grande curiosidade em conhecer a história dos meus antepassados. Por essa razão julguei que também seria muito prazeroso para você apreciar algumas das circunstâncias que vivenciei no decorrer dos anos de minha humilde existência. A verdade é que muitas coisas lhe são totalmente desconhecidas, sobretudo aquelas que envolvem meus ancestrais, minha infância e adolescência, razão pela qual procurarei pormenorizá-las nestas poucas páginas.

    Outra razão que me leva dar o meu modesto testemunho é que, tendo nascido e criado à margem da pobreza e em circunstâncias muito adversas, consegui, com o passar dos anos, galgar alguns degraus em minha singela posição social, bem como lograr certo grau de prestígio em minha comunidade. Além disso, durante boa parte da minha existência, passei por muitas tribulações, tristezas e perdas irreparáveis, mas todas elas serviram para transformar-me no homem que hoje sou. Realmente, durante a minha existência sofri vários reveses, porém reconheço que muitos foram os meus triunfos. Também conjecturo que os meus pósteros possam agradar-se de conhecer as mais variadas nuances que envolveram a vida pessoal de um de seus antepassados.

    Para produzir o presente testemunho, realizei exaustivamente uma série de pesquisas junto aos meus manuscritos pessoais mais antigos, que tive o privilégio de registrar metodicamente a partir de 1974, quando era apenas um adolescente, e contava somente quinze anos de idade.

    Confesso que a releitura desses antigos manuscritos deixou-me profundamente impressionado, especialmente pelo fato de que, decorridos apenas trinta e nove anos de sua produção, eu havia me esquecido completamente de alguns importantes detalhes da minha própria infância e adolescência. Destarte, tais escritos foram muitos valiosos e úteis na produção desta obra que você tem em mãos.

    Percebo que o ato de refletir sobre o meu passado, especialmente depois de decorrido tantos anos, tem servido como uma verdadeira terapia. Esse elixir tem curando muitas das minhas feridas emocionais esquecidas na poeira do tempo. Reconheço que reviver as minhas velhas e antigas emoções tem sido algo muito prazeroso e agradável.

    As narrativas apontadas nesta memória mostram um garoto inseguro, tímido e medroso procurando superar as suas frustrações, limitações financeiras, sociais e intelectuais, apesar das grandes adversidades. Há o relato de um adolescente sonhador entrando pelos caminhos da ciência, um estudante aplicado, um pesquisador visionário e a história de um homem que encontrou o seu caminho.

    Como você sabe, sou um escritor independente e vanguardista. Minha formação em ciências exatas leva-me a escrever sem rodeios, de maneira que todos os meus escritos são claro, objetivo e direto. Prezo demais pela didática porque desejo comunicar-me claramente com todos meus leitores. Por essa razão o presente livro foi dividido em capítulos, que por sua vez foram divididos em subtítulos, que compreendem os principais episódios históricos da minha vida, relatados na primeira pessoa do singular, por meio de textos curtos e específicos.

    Na elaboração destas memórias procurei ser o mais fiel possível aos fatos que marcaram profundamente a minha existência, e isto tanto quanto possa permitir a minha memória e minha capacidade de raciocínio, que já não possuem mais aquela vigorosa vitalidade da minha juventude. Nesta memória não há muita densidade psicológica ou confrontos verbais. Penso que esta obra seria mais interessante para você se ela apresentasse um enfoque crítico mais intenso e com muito mais nuances.

    Portanto, não espere encontrar grandes emoções, ou elaboradas dramatizações nesta narrativa, mesmo porque não se trata de uma obra de ficção – produto da liberdade de expressão da imaginação – mas trata-se de uma singela coleção de fatos atados aos grilhões da realidade, de onde foram extraídas algumas curiosidades verídicas sobre a minha singular vida pessoal. Tais fatos foram reunidos nesta obra por assunto, numa certa ordem cronológica, com o simples objetivo de registrar os principais eventos históricos de minha vida e obra. Boa leitura e muito sucesso!

    Mogi das Cruzes, em 20 de outubro de 2013.

    leandrobertoldo@ig.com.br

    1. Meu Nascimento

    O Cartório do Registro Civil do 10º Subdistrito, em Belenzinho, Distrito de São Paulo, Comarca da Capital, Brasil, expediu uma certidão de nascimento extraída do livro 153 às folhas 33 vº sob o número 123.326, com o seguinte teor:

    Certifico que, no livro nº 153, de registro de nascimento, está registrado José Leandro Bertoldo, do sexo masculino, nascido no dia três de Março de mil novecentos e cinquenta e nove às 23 horas e 15 minutos, em este Subdistrito. Filho de José Bertoldo Sobrinho e de dona Anita Leandro Bezerra. São avôs paternos Francisco Bertoldo do Amorim e dona Aguida Augusta do Amorim e maternos Olavo Leandro Bezerra e dona Rita Augusta Bezerra. Observações: Registro feito hoje foi declarante o pai. O referido é verdade e dou fé. São Paulo, 05 de Março de 1959.

    2. O Recém-Nascido

    Sou o primeiro filho do casal José Bertoldo Sobrinho e de Anita Leandro Bezerra. Nasci pesando 3 quilos e 600 gramas numa terça-feira do dia 03 de março de 1959, na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, região Sudeste do Brasil.

    Meus pais contam que desejavam e esperavam a chegada de uma menina para fazer companhia para minha mãe. Tinham tanta certeza disso que compraram umas poucas peças do enxoval do bebê cor-de-rosa.

    Por ocasião do meu nascimento o Brasil era governado desde 1956 por Juscelino Kubitschek, enquanto que o Estado de São Paulo era governado por Carvalho Pinto (1959-1963).

    No dia do meu nascimento, a minha mãe contava dezoito anos de idade e o meu pai tinha trinta e dois anos. Foi nesse dia que os Estados Unidos lançaram o primeiro satélite artificial que conseguiu escapar da força da gravidade terrestre, o Pioneer 4, que passou a 60.000 km da Lua.

    3. A Nossa Residência

    Por ocasião do meu nascimento, os meus pais residiam num pequeno e tosco casebre de dois cômodos, com telhado baixo e piso de terra batida, localizado no bairro do Belenzinho em São Paulo – SP.

    Quando estava com dois anos de idade, numa fresca manhã, levantei-me da cama. Meu pai havia saído de madrugada para o trabalho e eu havia sido colocado na cama de casal ao lado de minha mãe. Ao levantar-me caminhei por aquele cômodo. Logo notei que havia no piso do quarto um grande número de formigas construindo um formigueiro bem no meio daquele cômodo de terra batida. Inadvertidamente resolvi urinar em cima do formigueiro. Mas ao fazer tal arte, muitas das formigas grudaram em minhas pernas e começaram a me picar. Então gritei, e, imediatamente, a minha mãe acordou, e agarrando, levou-me para cima da cama tirando as formigas que haviam ficado grudadas nas minhas pernas.

    4. Situação Financeira

    Por ocasião do meu nascimento, a situação financeira de meus pais era bastante precária. Meu pai recebia mensalmente menos de um salário mínimo e meio. Eles não tinham recursos financeiros nem mesmo para comprar um berço. Eu era colocado para dormir sobre a tampa de uma velha mala de couro, que trouxeram do Ceará.

    Com o passar dos meses formou-se um pequeno buraco de três por cinco centímetros na tampa de couro daquela mala, como resultado da corrosão provocada pelo meu xixi. Aquela mala nos acompanhou até a minha adolescência, quando então ela se deteriorou pelas intempéries da natureza.

    A minha mãe amamentou-me no peito até os meus dois anos e meio de idade. Em geral, os meus pais eram de pouco assunto e conversa. Durante boa parte da minha infância fui criado sem nenhum contato social, o que me tornou uma criança extremamente introvertida, inexperiente e pouco comunicativa, mas em compensação, muito sonhadora, pensativa e reflexiva.

    5. As Duas Fotografias

    As duas únicas fotografias de minha tenra infância foram produzidas no dia 24 de setembro de 1961, exatamente um mês antes do nascimento do meu irmão.

    Naquela ocasião eu estava com dois anos e meio de idade. Fui fotografado no dia do meu batismo infantil, realizado na cidade de Guarulhos pelo padre Geraldo Penteado de Queiroz.

    As fotos mostram uma criança robusta, aparentemente distraída, com um olhar perdido na distância, como se estivesse refletindo no significado de tudo aquilo.

    Na primeira fotografia estou usando um par de sapatos pretos e meias. Estou vestido com um simples macacão largo e escuro. Os meus cabelos castanho-escuros eram compridos e caiam em cachos sobre os meus ombros, emoldurando um rosto rechonchudo. A minha fisionomia apresenta uma severidade incomum para uma criança de minha idade e os meus grandes olhos firmam uma expressão de seriedade.

    A segunda fotografia foi produzida poucas horas depois da primeira. Nela estou sem a minha farta cabeleireira encaracolada. Estou usando uma linda gravata borboleta e vestido com um macacão bem justo acompanhado por uma camisa branca de manga comprida. Estou usando sapatos pretos e meias. Todo este belo conjunto está acompanhado por um elegante boné branco. Foi a família Macedo, minha madrinha e padrinho de batismo, quem me presentearam com este lindo conjunto, com o qual fui batizado. Mais uma vez observa-se o meu olhar perdido na distância.

    6. O Nascimento do Meu Irmão

    Algum tempo depois do meu nascimento, os meus pais mudaram-se para a cidade de Guarulhos – SP. Muitos parentes do meu pai residiam nessa localidade, que também foi o local onde fui batizado.

    Estávamos na estação do ano conhecida como Primavera. Na segunda-feira do dia 23 de outubro de 1961, o meu irmão Francisco Leandro Bertoldo nasceu.

    Ele veio ao mundo na Casa Maternal e da Infância Leonor Mendes de Barros, da então Legião Brasileira de Assistência. Ele nasceu exatamente às 12h25, pesando 3 quilos e medindo 0,48 centímetros de comprimento.

    Meu irmão nasceu de parto Fórceps, apresentação cefálica. A médica pediatra que estava presente na sala de parto e que examinou o recém-nascido era a Doutora Cruz.

    7. O Meu Pai

    No bairro do Mogilar, na cidade de Mogi das Cruzes - SP, onde passei a maior parte da minha infância e adolescência, não tínhamos energia elétrica, iluminação pública ou água encanada, a casa onde morávamos era muito afastada das demais e a mata nos cercava por quarteirões.

    Durante toda a minha infância, até ao início da minha adolescência, o meu pai foi o meu herói. Eu gostava muito quando ele chegava do trabalho antes do pôr-do-sol porque me sentia mais seguro e sem medo da escuridão da noite.

    Quando se aproximava a hora da chegava do meu pai, eu ficava aguardando-o no portão de casa. Quando ele despontava na esquina o nosso cachorro Titiu, o meu irmão e eu saíamos numa desabalada carreira para encontrá-lo. Era uma alegria. Ele nos abraçada, beijava e perguntava como foi o nosso dia.

    Durante toda sua vida, minha mãe sempre foi apaixonada pelo meu pai. Ele foi o único homem de sua vida. Para ela o meu pai era o seu Senhor e o seu Deus.

    Ela se iluminava quando meu pai estava em casa. Sua fisionomia se transformava quando estava com ele. Ela irradiava alegria e contentamento, parecia ser outra pessoa. Sua atitude contagiava a todos ao seu redor. Na minha infância observei várias vezes que os meus pais se tratavam pelo apelido carinhoso de filho e filha.

    Quando meu pai estava em casa tínhamos carne como mistura. Aos domingos pela manhã ele dava dinheiro para minha mãe comprar coxinhas de batatas fabricadas pela japonesa da esquina, atrás do nosso quarteirão. Também era aos domingos que tínhamos macarronada e frango cozido ao molho de tomate. Quando eu e meu irmão estávamos com mais idade, o meu pai nos levava numa pastelaria, localizada em frente da estação de trem de Mogi das Cruzes, para comermos salgadinhos com guaraná.

    8. Perfil Paterno

    Meu pai era perspicaz, inteligente e muito viajado. Conhecia várias regiões do Brasil. Todo seu comportamento cultural e moral eram típicos dos cearenses de sua classe social.

    Ele fazia amigos com grande facilidade. Tinha um exército de admiradores. Alguns de seus amigos eram-lhe mais próximos, como o caminhoneiro Manoel Antônio de Castro, o senhorio Antônio Batista Gomes, o alfaiate Lázaro, o oficial do 3º Tabelião Edgard Gomes de Oliveira e muitos outros.

    Meu pai nunca tomou café da manhã, nunca bebeu refrigerante e não gostava de doces. Durante a maior parte de sua vida jamais jantou. Ele apenas almoçava entre o horário do meio-dia às treze horas.

    Meu pai gostava de comer farinha de mandioca, arroz, feijão, salada de verduras e carnes gordurosas. Aos domingos comia macarronada e frango cozido ao molho. Três coisas não faltavam sua refeição: farinha de mandioca, verduras e carnes.

    Ele apreciava músicas de sanfona, especialmente o forró. Gostava de relógios dourados e na maior parte de sua vida, adorava vestir-se elegantemente. Nunca torceu por nenhum time de futebol, mas era apaixonado por mulheres e chegado numa bebida alcoólica. Quando moramos no Estado de Minas Gerais, ele adquiriu duas sanfonas, mas nunca soube como tocá-las. Alguns poucos amigos, quando o visitava, tocava as sanfonas para ele.

    9. Os Apelidos

    Meu pai era conhecido por todos com os apelidos de Ceará e braço torto. Era chamado de braço torto porque quanto jovem caiu de uma árvore e quebrou o braço. Como não foi medicado o braço calcificou-se e ficou torto. Esse braço torto tornou-se a marca registrada do meu pai.

    Depois de aposentado ele sofreu uma queda e quebrou o braço. Levei-o ao Hospital Santana, em Mogi das Cruzes. O ortopedista colocou o braço no lugar e mandou engessar. Disse-lhe que agora o braço ficaria em sua posição correta. No dia seguinte o meu pai arrancou o gesso e o braço tornou a calcificar-se em sua antiga posição.

    Paralelamente, ao seu contrato empregatício com empreiteiras, o meu pai exercia algumas atividades autônomas, com a ajuda de sócios. Por exemplo, em Minas Gerais ele dedicou-se à venda de joias de segunda linha. Depois, adquiriu um caminhão e passou a transportar cargas com o seu sócio Manoel de Castro. Em Mogi das Cruzes, abriu uma empresa de instalações elétricas em zonas rurais, depois adquiriu um bar. Porém, a bebida, as mulheres e a falta de dedicação integral aos seus projetos levaram-se à falência.

    10. Ascendência Paterna

    Meu pai nasceu numa quinta-feira do dia 16 de setembro de 1926 em São Vicente – Icó, no Estado do Ceará.

    Após uma longa vida produtiva e cheia de atividades veio a falecer num domingo do dia 05 de junho de 2004, em Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo.

    Ele era filho do primeiro casamento de um agricultor chamado Francisco Bertoldo de Amorim com Águida Augusta de Amorim, que tiveram mais dois filhos do sexo feminino: Maria Graciola Bertoldo e Odete Bertoldo.

    Com o falecimento de minha avó paterna Águida Augusta de Amorim, o meu avô Francisco Bertoldo de Amorim casou segunda vez com Francisca das Chagas, com quem teve mais quatro filhos: Geraldo Bertoldo (Isidorio), Áurea Bertoldo, Águida Bertoldo e Antônio Bertoldo.

    À procura de melhores oportunidades financeiras, no fim da década de quarenta, o meu pai migrou para o Estado de São Paulo, onde fixou residência na cidade de Guarulhos, onde a princípio começou trabalhando como ajudante de pedreiro. Logo em seguida passou a trabalhar como pedreiro autônomo.

    11. A Minha Mãe

    Em geral, a minha mãe foi a melhor mãe do mundo. Não há outra igual a ela. Ela era exageradamente exigente e cuidadosa com os seus dois filhos. Sua principal preocupação com os seus filhos era a sua formação moral.

    Minha mãe era muito bonita. Ela tinha estatura baixa, media um metro e meio de altura, e calçava sapatos número vinte e sete. Quando jovem, era extremamente esbelta. Porém, com o avançar da idade ficou mais fofinha. Também era muito inteligente, esperta e perspicaz, embora se achasse boba.

    Na minha infância percebi que a minha mãe era uma mulher de oração. Muitas vezes a observei rezando. Foi ela quem me colocou no caminho da fé, ensinando-me a rezar.

    Quando eu tinha apenas seis anos de idade, o meu pai, que era dado ao vício da bebida alcoólica e muito mulherengo, ameaçou abandonar-nos e voltar para o Estado do Ceará. Foi então que a minha mãe pediu-me para orar pelo nosso lar. Segundo ela, Deus ouve as orações das crianças e até onde sei meu pai nunca nos abandonou.

    Curiosamente, a partir deste momento em diante passei a ter um interesse sempre crescente pelas coisas divinas. Desde então, nunca mais deixei de orar e jamais abandonei o meu temor e a minha convicção na existência de Deus. Muitas vezes a minha fé confortou-me na minha infância, diante de situações fora do meu controle.

    12. Alfabetização

    Embora não possuísse nenhuma instrução ou educação formal, a minha mãe era muito inteligente e talentosa. Em minha adolescência pude perceber que ela tinha uma enorme vontade de aprender a ler e

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