Gravidez: a mãe, o casal e a família grávida
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Gravidez - Ana Cristina Barros da Cunha
Coleção Temas em Psicologia Perinatal
e da Parentalidade
Organizadoras:
Ana Cristina Barros da Cunha
Luciana Morais Ferreira
Cassia Patricia Barroso Perry
Gravidez
A mãe, o casal e a família grávida
Todos os direitos reservados: proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo eletrônico, especialmente por sistemas gráficos. A violação dos Direitos do Autor é crime, mediante a Lei dos Direitos Autorais 9.610/98.
Abaixo, ficha catalográfica elaborada com todas as informações necessárias para que esta obra seja localizada em qualquer biblioteca.
Sumário
Apresentação
PARTE 1 - Quando ser mãe ultrapassa a condição biológica: o mito do amor materno e o tornar-se mãe
1. Introdução
2. O Mito do Amor Materno: mitos sociais como elementos organizadores das sociedades
2.1. A maternidade até o século XVIII: a indiferença das mães e a rejeição materna
2.2. O projeto de construção do Mito do Amor Materno: os discursos social, médico, religioso e político
2.3. Influências da Psicanálise nos mitos em torno da maternidade: Freud e a incompletude da mulher
3. O tornar-se mãe para além do gestar: a psicodinâmica da maternidade
3.1. A reorganização do psiquismo para a construção da função materna: dos postulados de Winnicott aos pressupostos teóricos de Stern
3.2. Maternagem x maternidade: da construção biológica à formação psíquica do exercício da função e tarefa maternas
4. O sofrimento psíquico no tornar-se mãe: a pressão para ser a mãe perfeita e o sistema patriarcal
5. Conclusão
6. Referências
PARTE 2 - Para além da conjugalidade: construções em torno do vínculo afetivo da tríade mãe-bebê-pai
1. Introdução
2. Da individualidade à conjugalidade: uma breve passagem histórico-social sobre a origem do casamento
2.1 Passeando pelos conceitos de conjugalidade: da identidade do casal às alianças inconscientes
2.2. Construções sobre o casamento: a visão de homens e mulheres sobre a conjugalidade
3. A transição da individualidade para a conjugalidade
3.1. A escolha do cônjuge
3.2 A construção dos vínculos afetivos no casamento
4. Do conjugal ao parental: o que muda na conjugalidade com a chegada de um filho?
4.1 Diferenças na transição da conjugalidade para a parentalidade entre homens e mulheres
4.2 A construção da parentalidade: o início da tríade mãe-bebê-pai
4.3 Tornar-se pai e mãe, seus papéis e funções parentais
4.4 Dinâmica e transformações psíquicas no casal grávido
5. A construção do vínculo afetivo da tríade mãe-bebê-pai na gestação
5.1 Vínculos afetivos entre o bebê, sua mãe e seu pai
5.2. A construção do vínculo afetivo da tríade mãe-bebê-pai e fatores relacionados
5.3 Fatores que influenciam na consolidação da tríade mãe-bebê-pai
6. Conclusão
7. Referências
PARTE 3 - Família grávida, grã-parentalidade e os papéis das avós: das transmissões geracionais aos slogans familiares
1. Introdução
2. Psicologia Sistêmica: uma visão holística de família
2.1 Reconfigurações familiares e a ritualização das transições
3. Grã-parentalidade: avós assumindo novos papéis
3.1. Avós cuidadoras dos netos e a saída do lugar idealizado
4. Transmissões Geracionais: moldes de identidade materna
4.1 Slogans familiares e a voz sutil das lealdades invisíveis
5. Considerações Finais
6. Referências
Sobre a Editora Maternarte
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Apresentação
Este livro, Gravidez: a mãe, o casal e a família grávida faz parte da Coleção Temas em Psicologia Perinatal e da Parentalidade, organizada pelas autoras Ana Cristina Barros da Cunha e Luciana Morais Ferreira, ambas docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com larga experiência nos campos do ensino, pesquisa, formação clínica e orientação de alunos dos cursos de Graduação e Pós-graduação em Psicologia, do Instituto de Psicologia, bem como de psicólogos residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Perinatal da Maternidade Escola da UFRJ. Juntas, elas criaram e coordenam, desde 2011, o LEPIDS, Laboratório de Estudos, Pesquisa e Intervenção em Desenvolvimento e Saúde, onde realizam estudos nos campos da Psicologia Perinatal e da Parentalidade, temática principal desta coleção. Na organização da Coleção se inclui também a psicóloga Cassia Patricia Barroso Perry, que é formada pela UFRJ com especialização em andamento (2023-2025) no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Perinatal da Maternidade Escola da UFRJ.
Neste livro, assim como nos demais volumes da Coleção Temas em Psicologia Perinatal e da Parentalidade, as organizadoras buscaram reunir textos que proponham reflexões sobre temas do universo da clínica da perinatalidade e da parentalidade. Nesta direção, os livros da coleção buscam provocar seus leitores a refletirem sobre os processos e aspectos sócio-histórico-culturais que constituem a dinâmica psíquica, pessoal e familiar do tornar-se pais e do nascimento do humano. Trata-se de uma coletânea de textos baseados em trabalhos de conclusão de curso de Graduação de egressos da UFRJ, todos orientados por ambas as organizadoras e por outros convidados especialistas nos temas abordados. Destaca-se que alguns autores, inclusive, são, atualmente, psicólogos com experiência na área perinatal egressos do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Perinatal da Maternidade Escola da UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRJ.
Este livro, Gravidez: a mãe, o casal e a família grávida, subdivide-se em três partes. A primeira parte do livro, intitulada Quando ser mãe ultrapassa a condição biológica: o mito do amor materno e o tornar-se mãe, faz um percurso sobre a construção da maternidade e o lugar social que foi dado à mulher a partir do momento em que se torna mãe. As autoras discorrem sobre a gravidez como uma primeira etapa do ciclo gravídico-puerperal na direção de um projeto de família, onde ainda prevalece a construção social de um lugar e função específicos para a mulher relacionados à maternidade. Destacam o processo de tornar-se mãe como um período de intensas transformações para a mulher, não só do ponto de vista biológico, mas também psíquico e social. Problematizam a condição biológica de estar grávida como um marco do tornar-se mãe, ou seja, de um processo simbólico que pode ter início mesmo antes de engravidar. Para isso, elas indicam haver, durante a gravidez, a construção de um lugar psíquico para se tornar mãe, tanto porque, aos poucos, a mulher se reconhece como mãe, quanto pelo reconhecimento do bebê como um filho, processo que não está garantido pela gestação biológica. Mostram ainda como a maternidade é cercada por mitos, sendo o mito do amor materno o mais conhecido, naturalizados e adotados como parâmetros para se tornar uma boa mãe
, mas que devem ser problematizados sócio culturalmente. Com isso, elas defendem uma visão crítica sobre o ser mãe e os atravessamentos sociais e subjetivos que podem incidir sobre a mulher nesse período. Para este trabalho, as autoras percorrem referências importantes do campo perinatal e parental, trazendo contribuições relevantes para os interessados em Psicologia Perinatal e da Parentalidade.
Na parte 2, Para além da conjugalidade: construções em torno do vínculo afetivo da tríade mãe-bebê-pai, a conjugalidade e as transformações na relação do casal, ainda antes do nascimento de um filho, são abordadas, com foco nas dinâmicas interacionais que ocorrem baseadas na construção de vínculos afetivos entre a mãe, o pai e o bebê. Para tal, as autoras percorrerem brevemente um caminho histórico para definir o conceito de conjugalidade desde o século V até a pós-modernidade, passando pela origem do casamento e pelas transformações nas relações conjugais ao longo do tempo, que passaram a incluir a escolha do parceiro a partir de um laço amoroso, fato incomum ao longo de boa parte da história da humanidade. Destacam que, com a entrada de um filho na cena conjugal, há uma transformação na dinâmica do casal a fim de incluir este terceiro, o filho. E, também, que, desde a gestação, laços afetivos se desenvolvem entre a mãe, o pai e o filho, baseados nas relações parentais da mulher e do homem com seus próprios pais e com as figuras de cuidado da sua infância. Aspectos da relação e da dinâmica conjugal, bem como aspectos sociais que definem lugares subjetivos para a mulher ser mãe e para o homem ser pai constituídos pelas diferenças entre os gêneros, masculino e feminino, assim como pelo lugar que o bebê ocupa para cada um dos pais e na dinâmica entre eles, também fazem parte desta transformação. Com isso, as autoras assinalam que o desenvolvimento da parentalidade, do tornar-se pai e mãe e dos seus papéis e funções tem como base a conjugalidade. E ainda destacam as políticas públicas como importantes para o exercício de uma parentalidade que favoreça os vínculos afetivos iniciais entre os pais e seu filho. O percurso feito pelas autoras demarca uma abordagem interessante sobre a conjugalidade como marco de transição para a parentalidade não apenas do ponto de vista histórico e social, mas também clínico, abrindo espaço para se compreender as dinâmicas relacionais da tríade mãe-pai-bebê.
A última parte do livro, cujo título é Família grávida, grã-parentalidade e os papéis das avós: das transmissões geracionais aos slogans familiares, traz contribuições importantes para o estudo de um tema ainda pouco abordado pela literatura: a grã-parentalidade ou parentalidade dos avós. Com as famílias reduzidas contando com redes de apoio insuficientes e o aumento da longevidade, a participação dos avós no cuidado e na criação dos netos tem sido cada vez mais comum em diversos países do mundo, o que confere relevância no estudo sobre a grã-parentalidade. Desde a gravidez, como um evento familiar e não apenas do casal, ocorrem mudanças nos lugares familiares e nas relações estabelecidas no seio familiar, quando os avós podem passar a ter importante função. Para esta discussão, as autoras lançam mão da Psicologia Sistêmica para pensar na família como um sistema complexo, com uma dinâmica que se estabelece por slogans familiares e transmissões (geracionais e transgeracionais) que definem o modo de ser e o funcionamento dos membros familiares, que nem sempre estão conscientes disso. Todavia, o que as autoras defendem é que isso será a base para a constituição das identidades familiares e do exercício da parentalidade e da grã-parentalidade. Destacam ainda como esses slogans se traduzem em modelos de performances familiares, sustentando padrões de se comportar, pensar, sentir, enfim, de existir, transmitidos de geração para geração como modos de subjetivação. Trata-se de uma discussão importante para a compreensão e o trabalho com famílias no ciclo gravídico-puerperal.
Aponta-se que, nas três partes do livro, as discussões são fundamentadas numa ampla pesquisa que traz referências clássicas e fundamentais do campo da Psicologia Perinatal e da Parentalidade, bem como produções acadêmico-científicas atuais que instrumentalizam o trabalho neste campo não só com teorias e pesquisa, mas também com a experiência prática dos seus autores. É uma obra fundamental e essencial para o aprofundamento teórico, clínico e crítico de estudantes e profissionais interessados nos campos da Psicologia Perinatal e da Parentalidade.
As organizadoras
A Dra. Ana Cristina Barros da Cunha é psicóloga formada pelo Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde é professora titular tanto da Graduação em Psicologia, como do Programa de Pós-graduação em Psicologia, orientando alunos de Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado. Possui Mestrado em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Doutorado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Phd pela University of Miami, EUA. Além disso, é coordenadora acadêmica da área de Psicologia do Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Perinatal da Maternidade Escola da UFRJ (ME-UFRJ), onde também coordena o Laboratório de Estudos, Pesquisa e Intervenção em Desenvolvimento e Saúde (LEPIDS), realizando atividades de pesquisa e extensão, além de preceptoria de estágio em Psicologia Clínica-Hospitalar e orientação de trabalhos de conclusão de Residência. Em seus mais de 20 anos como docente e pesquisadora, possui inúmeras apresentações em congressos no Brasil e no exterior, além de publicações nacionais e internacionais, inclusive em revistas CAPES Qualis A1, além de livros e capítulos de livros. Desde seu ingresso como pesquisadora da ME-UFRJ, em 2009, suas obras têm focado em temas fundamentais do campo da Psicologia Perinatal e da Parentalidade, com ênfase na saúde mental materna e paterna, na parentalidade, nas interações precoces e no desenvolvimento na Primeiríssima Infância, que é o período da gestação até os três primeiros anos de vida, considerado como uma janela de oportunidades para o investimento no capital humano, conforme as políticas públicas brasileiras para a infância, como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) e o Marco Legal da Primeira Infância.
Luciana Morais Ferreira é psicóloga formada pela Universidade Santa Úrsula (USU/RJ), com formação e experiência profissional nas áreas clínica e hospitalar em perinatalidade e interações precoces. Em conclusão de Doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica da UFRJ, possui ainda Mestrado em Atención Temprana pelo Instituto Superior de Estudios Psicológicos (ISEP-Madrid) e em Mujeres y Salud pela Universidade Complutense de Madrid, na Espanha, além de especialização em Teoria e Clínica Psicanalítica (CEPCOP), Psicologia Médica (UERJ) e Psicologia Oncológica (INCA). Desde 2003, atua como psicóloga concursada na Maternidade Escola da UFRJ (ME-UFRJ), coordenando o LEPIDS, Laboratório de Estudos, Pesquisa e Intervenção em desenvolvimento e Saúde, além da disciplina Interações Precoces na Pós-graduação em Atenção Integral à Saúde Materno-infantil (AISMI), tendo participado da elaboração e coordenação do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Perinatal da ME/UFRJ, onde continua como professora e preceptora. Coordena, desde 2021, o Instituto Maternarte, voltado para a formação e capacitação de profissionais de Psicologia e áreas afins nos campos da Saúde, Clínica, Clínica-hospitalar, Perinatal, da Parentalidade e Interações Precoces. É ainda editora-chefe da Editora Maternarte, que publica esta importante coleção.
Cassia Patricia Barroso Perry é psicóloga formada pelo Instituto de Psicologia da UFRJ e residente em formação (2023-2025) pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Perinatal da Maternidade Escola da UFRJ. Tem experiência em Psicologia Clínica pela Divisão de Psicologia Aplicada do Instituto de Psicologia da UFRJ. Possui também experiência em Psicologia Hospitalar e Infanto Juvenil pelo