Saúde Integral 3
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Saúde Integral 3 - Sara Michele Lambert
PREFÁCIO
Querido leitor, é com muita alegria que apresento o volume 3 da coleção Saúde Integral! Em 2020, era apenas um sonho reunir amigos especialistas em saúde integrativa com um propósito único: expandir a consciência dos leitores em relação à própria saúde, e como poderiam através do conhecimento, mudar o estilo de vida, focar na saúde, e não na doença.
O termo integrativa
vem do latim integrare que significa tornar inteiro, fazer um só
. Integrare deriva de integer, inteiro, completo, correto
, de in, não
, mais a raiz de tangere, tocar
, algo como intocado
. Assim, medicina integrativa
busca resgatar o foco no ser humano uno, indivisível, em sua original integralidade.
A medicina integrativa propõe uma parceria do profissional e seu paciente para a manutenção da saúde. Começa, assim, por colocar o paciente como ator principal no processo, como seu próprio agente de saúde. O paciente deixa de receber passivamente o tratamento para uma doença e passa a participar ativamente da própria saúde. A saúde é também uma responsabilidade individual.
Nesta parceria, a medicina integrativa reúne profissionais de diversas áreas e formações, defendendo que a interdisciplinaridade é essencial para cuidar da pessoa. Associada ao tratamento da medicina convencional, faz uso dos conhecimentos das medicinas tradicionais, como práticas meditativas, técnicas de respiração, relaxamento, atenção plena, uso de fitoterápicos, sempre baseados em evidências em relação à segurança e eficácia.
A medicina integrativa foi sistematizada a partir da união de premissas como entender o ser humano como um todo. Ela encara o processo saúde-doença sem deixar de levar em consideração os sistemas médicos tradicionais, porém, sempre buscando ligá-los aos avanços e contribuições do paradigma biomédico. Baseia-se na pesquisa cientifica sobre técnicas milenares e alternativas de tratamentos e cuidados com a saúde.
A partir de 1960, por conta do aumento das doenças crônicas e degenerativas e muitos outros fatores envolvendo o modelo vigente de medicina, intensifica-se no Brasil e também em alguns outros países uma busca por práticas complementares de saúde que dessem conta de questões não contempladas pela medicina convencional. Essas práticas passaram a se chamar Medicina Alternativa.
No primeiro momento, elas foram marginalizadas pelo universo acadêmico e as escolas de medicina, os quais as consideravam não científicas.
Anos 1970: Nos Estados Unidos, por volta de 1970, em função da procura popular, o quadro começa a mudar e inicia-se um movimento que dissemina práticas alternativas em saúde. Esse novo comportamento dos pacientes sensibiliza pesquisadores de várias universidades norte-americanas. A ideia principal foi mudar o paradigma de enfoque exclusivo na doença para o entender melhor o indivíduo e tratá-lo em toda sua complexidade, utilizando para isso práticas de outros sistemas terapêuticos sem, no entanto, excluir os avanços da medicina biomédica.
Declaração Alma-Ata: Em 1978, a Organização Mundial da Saúde (OMS), durante uma conferência realizada no Cazaquistão, então parte da antiga União Soviética, produziu a Declaração Alma-Ata, a qual acabaria se tornando uma base para todo o tipo de serviço voltado para a área dos Cuidados Primários de Saúde.
Assinado por 134 países, inclusive o Brasil, esse texto afirma que os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país possam manter em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e autodeterminação. Fazem parte integrante tanto do sistema de saúde do país, do qual constitui a função central e o foco principal, quanto do desenvolvimento social e econômico global da comunidade. Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, pelo qual os cuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e trabalham, e constituem o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde
.
Esse novo conceito, de certa forma, congrega ideias muito presentes na medicina integrativa. A Declaração de Alma-Ata também defendia a inclusão de práticas integrativas, baseando-se em uma visão mais tolerante e respeitosa com a diversidade de racionalidades médicas existentes. De certa forma, Alma-Ata serviu para indicar que a inclusão de práticas integrativas nos serviços públicos de saúde poderia ajudar a ampliar significativamente o atendimento em todo mundo.
Anos 1990: O primeiro centro de medicina integrativa norte-americano foi criado em 1991, pelo médico Brian Bennan. Após esse período, um estudo de 1993, feito nos EUA, revelou que um em cada três norte-americanos utilizava tais práticas para cuidar da saúde. A partir desse momento, o número de hospitais e universidades que tinham projetos envolvendo o uso dessas práticas alternativas aumenta muito.
Foram fundados nessa década diversos centros de pesquisa sobre o assunto. A então chamada medicina integrativa passa a se disseminar para outros países. No Brasil, o conceito é incorporado por diversos hospitais de referência, universidades e centros de pesquisa sobre o assunto.
Inspirado em cursos superiores existentes em outros países como Alemanha, EUA e Canadá, surge no Brasil, em 1998, a graduação em naturologia, cuja proposta é próxima dos ideais da medicina integrativa utilizando práticas integrativas no cuidado à saúde do indivíduo. Em 1999, é criado o Consortium of Academic Health Centers for Integrative Medicine, que reuniu várias instituições que trabalhavam com práticas integrativas.
O conceito de medicina integrativa ganha cada vez mais espaço dentro das universidades, hospitais e serviços de saúde de todo o mundo. Nos EUA, mais de 40 universidades possuem cursos e/ou centros de pesquisa sobre medicina integrativa.
O Consortium of Academic Health Centers for Integrative Medicine possui atualmente 56 instituições filiadas. Entre elas estão centros mundialmente famosos como John Hopkins University School of Medicine, Duke University School of Medicine e Georgetown University School of Medicine.
A última pesquisa, feita em 2008, indicava que quatro em cada dez norte-americanos recorriam às práticas terapêuticas integrativas. No Brasil, há cursos de graduação de várias profissões tradicionais da saúde como a medicina, fisioterapia, enfermagem, entre outros, que incorporam na grade curricular abordagens alinhadas com a medicina integrativa.
Em 2006, foi criado o Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), que versa sobre a disseminação dessas práticas no Sistema Único de Saúde (SUS). Também há cursos de pós-graduação e centenas de pesquisas de mestrado e doutorado sobre o assunto. Há também diversos eventos científicos, seminários e congressos a respeito desse tema ocorrendo periodicamente no país. Seguindo os moldes norte-americanos, grandes hospitais brasileiros atualmente possuem centros de pesquisa e programas de medicina integrativa.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2008, 285 cidades ofereciam algum tipo de assistência em homeopatia, 350 ofereciam fitoterapia, 203 acupuntura, além de 184 ações relativas à medicina chinesa. As estimativas de gastos públicos mostram que só em 2009, o governo investiu R$ 2,9 milhões no custeio de consultas alinhadas com o modelo de assistência integrativa, R$ 326,3 mil em homeopatia e R$ 221,8 mil com a prática de acupuntura. Em 2011, foram realizadas mais de 600 mil sessões de acupuntura em mais de 100 municípios.
Hoje a gama de práticas utilizadas na medicina integrativa é muito variada. O National Center for Complementary and Alternative Medicine (NCCAM), dos EUA, classifica práticas integrativas como Medicina Tradicional Chinesa, Medicina Ayurvédica, Meditação, terapias que usam a criatividade (como arteterapia), técnicas de relaxamento, práticas naturalistas como uso de ervas, alimentos, vitaminas, dietas suplementares e produtos fitoterápicos. Práticas manipulativas corporais trabalham muito a postura e a consciência corporal. Incluem, por exemplo, a quiropraxia, osteopatia e a massoterapia.
Princípios da Medicina Integrativa:
• A saúde é vista como um estado vital de bem-estar físico, mental, emocional, social e espiritual, que capacita a pessoa a estar engajada em sua vida.
• O médico atua como parceiro no processo de cura e na saúde.
• O paciente informado é parte do processo de decisão do plano de tratamento.
• As intervenções são dirigidas para tratar a doença, bem como para assistir a pessoa como um todo: abordando todos os aspectos que influenciam o processo da doença e da cura.
• Os pacientes são orientados a reconhecer, administrar e diminuir os fatores estressantes.
• Os pacientes recebem orientações nutricionais: os alimentos são considerados agentes fundamentais na promoção de doença e saúde.
• O impacto das influências sociais no processo de adoecimento e na saúde é considerado e incluído no plano de tratamento.
• As influências ambientais no processo de cura e na saúde são abordadas, investigadas e consideradas no plano de tratamento.
• O plano de tratamento é compartilhado e integrado entre todos os profissionais de saúde envolvidos.
• A cada paciente é desenvolvido um plano de tratamento individualizado, baseado em suas demandas e necessidades.
• A promoção de saúde e a prevenção são enfatizadas no plano de tratamento.
• Todas as abordagens terapêuticas, profissionais de saúde e disciplinas são consideradas.
Hoje, com mais de 30 capítulos em nossa coletânea, reunindo médicos, nutricionistas e vários terapeutas, trazendo suas experiências clínicas e sua visão arrojada, desejamos fazer a diferença na vida de cada leitor por meio do conhecimento. Que possamos sempre falar em SAÚDE, e não só na doença.
Sara Michele Lambert
(organizadora)
01 - O SEGREDO: MUDE SUA VIDA, MUDANDO SUA VIBRAÇÃO
TERAPIA VIBRACIONAL
Bia De Luca, advogada, é terapeuta vibracional