A enciclopédia das teorias da conspiração
De Carol Peace, Carine Raposo, dai bugatti e
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A enciclopédia das teorias da conspiração - Carol Peace
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Editor-chefe: Mário Bentes
Assistente editorial: Clarissa Bacellar
Preparação e revisão: Rodrigo Ortiz Vinholo
Capa: Henrique Morais
Diagramação e conversão digital: Henrique Morais
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
E56
A enciclopédia das teorias da conspiração [livro eletrônico] / Organizadores dai bugatti, Mário Bentes, Rodrigo Ortiz Vinholo. – São Paulo, SP: Lendari® Entertainment, 2023.
Formato: ePUB
ISBN 978-65-88912-23-2
1. Ficção brasileiura. 2. Literatura brasileira - Contos. I. bugatti, dai. II. Bentes, Mário. III. Vinholo, Rodrigo Ortiz.
CDD-B869.3
Ficha catalográfica elaborada por Maurício Amormino Júnior (CRB6/2422)
Índices para catálogo sistemático:
1. Literatura em português 869.0
2. Brasil (81)
3. Gênero literário: contos - 34
SUMÁRIO
∀D1∀5 W35 - Carol Peace
A coisa - Renato Baroni
A culpa do homem na praça - Rodrigo Ortiz Vinholo
A fábrica de clones - Rodrigo Ortiz Vinholo
Correção de curso - Rodrigo Ortiz Vinholo
Disputa ecológica - Marcelo Luiz Dias
Havia um sino no escuro do espaço - Mário Bentes
Nada acima do céu ou abaixo de nós - Mário Bentes
O preço do sucesso - dai bugatti
O Projeto Montauk - Mário Bentes
Os objetivos dos homens de preto - Rodrigo Ortiz Vinholo
Preencha aqui o nome do seu grupo conspiratório - Marcelo Luiz Dias
∀D1∀5 W35
Carol Peace
Barcelar arrumou sua nova estação de trabalho posicionando a torre em simetria com o monitor. Quando se deu por satisfeito com sua pequena obra de arte, olhou por cima da divisória de seu cubículo para ver se tinha mais alguém na imensa sala com ele. Só havia uma mesa com uma folha de papel sulfite e uma caneta esferográfica azul em cima e uma cadeira vazia. Sentou-se e soltou um suspiro alto.
Ligou o computador e esperou o carregamento da tela inicial. A interface era composta apenas por uma tela preta com uma pequena barra verde piscando no canto esquerdo superior. Arqueou uma sobrancelha. Será que não instalaram o sistema operacional corretamente? Se ele conhecesse alguém dessa empresa poderia botar a culpa no pessoal da TI ou em algum sênior ávido por fazer piada com um novato.
Mas, não havia qualquer sinal de que isso era obra de qualquer um dos dois casos. A barrinha verde continuou piscando e resolveu digitar alguma coisa no teclado para ver se faria alguma diferença: Olá, mundo.
Ele digitou por pura piada, apenas para ver a tela piscar duas vezes e uma sequência de pontos, letras e números formar um desenho rudimentar do planeta terra. OK, isso sim era novo. Ele resolveu testar escrever uma pergunta: Olá, você trabalha aqui?
A resposta demorou bons vinte segundos até aparecer: Defina aqui
.
Pelo menos a pessoa que estava conversando com ele era engraçada, disso ele não podia reclamar. Ele digitou: Aqui na empresa.
A resposta veio mais rápido dessa vez: Claro.
Essa não era exatamente a resposta que ele esperava, mas afinal o que ele queria com isso? Coçou o queixo, porque não se lembrava qual era o nome da empresa em que estava trabalhando. Pensou mais um pouco e não se recordava nem de ter chegado ali. Talvez isso fosse um pouco estranho. Levantou-se da cadeira e olhou por cima da divisória apenas para ver que a folha ao seu lado não estava mais em branco. Agora estava escrito Claro
bem no meio da folha, com caneta de tinta azul. A caneta, inclusive, estava destampada. Isso devia ser uma pegadinha mesmo!
Barcelar saiu do cubículo e começou a andar pela imensa sala. Tudo ali era estranho e ao mesmo tempo familiar. A parede branca que circundava a imensa sala, a luz fria intensa que inundava cada um dos cantos de todo o espaço. Intermináveis fileiras de cubículos. Ele parou de andar e virou para o lado, apenas para ver sua estação de trabalho com seu computador milimetricamente arrumado para ficar no centro da bancada.
Isso não fazia o menor sentido. Deu mais alguns passos para frente para ver a mesma cena se repetir. Seu cubículo, sua mesa, seu computador. Ele colocou a mão na porta para tentar ver se isso faria com que o próximo cubículo fosse diferente do primeiro. Para surpresa de Barcelar, ele estava ainda na frente de seu cubículo com a diferença de que ele estava olhando para alguém que estava na frente dele. Engoliu em seco, porque era uma visão tão extraordinária quanto bizarra. Ele se mexeu para ver a visagem desaparecer na sua frente. Ele sentiu um tremor percorrer sua espinha, as pernas fraquejaram e ele teve que se apoiar na divisória para conseguir ficar em pé.
Perdeu o equilíbrio e bateu contra a divisória, derrubando-a no processo. O impacto fez com que o efeito dominó derrubasse todas as outras, revelando uma cena surreal de várias mesas iguais, com computadores dispostos da mesma forma, como uma falha de código no sistema. Ele soltou um grito esganiçado ao ver aquilo.
— Essa piada já perdeu a graça! — Gritou, apenas para ouvir o eco de sua voz reverberando pelas paredes brancas do prédio.
Finalmente percebeu que não havia nenhuma janela naquele lugar, nenhuma fresta de luz natural, nada, apenas as paredes brancas e as lâmpadas frias penduradas em algum lugar de um teto que ele sequer conseguia enxergar. Como ele tinha chegado até ali, afinal? Ele sentia como se já tivesse se perguntado isso mais de uma vez ao passo que também sentia que esse era seu lugar habitual, sua casa, sua vida… Qualquer coisa dessas que ele já duvidava se existiam de verdade.
Começou a gargalhar ao pensar em seu próprio descontrole. Tudo isso tinha uma explicação perfeitamente normal. Ele devia ter cochilado no primeiro dia de trabalho e o colocaram ali para fazer uma pegadinha. Ou, quem sabe, isso tudo fosse um sonho muito ruim depois do primeiro dia de trabalho. Pausou a miríade de pensamentos e todos eles sempre levavam à palavra trabalho
. Desde quando ele trabalhava? Levou as duas mãos à cabeça, confuso e atordoado.
Se fosse mesmo um sonho, ele iria acordar em breve. Abraçou as próprias pernas e começou a se balançar para frente e para trás, como se isso fosse um mecanismo de defesa aprendido em uma outra vida, muito, muito distante do momento que vivia agora. Soltou um grasnido agudo ao sentir algo cair sobre sua cabeça. A folha balançou até tocar o chão ao seu lado. Ele focou a visão para ler o que estava escrito na folha: ∀D1∀5 W35. Que coisa anormal para se escrever numa folha de papel. Isso nem era uma frase! Tentou rememorar se era algum código que já tivesse visto antes. A
ao contrário não parecia algo que ele deveria saber ler, se ele fosse bem sincero. O resto parecia ainda mais aleatório, letras e números colocados discricionariamente em um papel.
E se estivesse em um daqueles lugares que se falavam na internet? Espaços liminares? Algo com salas atrás de salas, ele nem se lembrava direito qual era o nome das tais histórias que todo mundo assistia e comentava… Sua cabeça estava doendo, ele conseguia sentir a agonia das pontadas na frente de sua testa.
Sentiu outra folha de papel tocar-lhe a testa e a