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OS MELHORES CONTOS ÁRABES
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OS MELHORES CONTOS ÁRABES
E-book217 páginas3 horas

OS MELHORES CONTOS ÁRABES

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Sobre este e-book

OS MELHORES CONTOS ÁRABES é um volume da Coleção Melhores Contos, uma seleção de contos escritos em épocas distintas, por autores de diversas nacionalidades e com temáticas das mais variadas, mas que tem em comum uma enorme e talvez a mais importante qualidade literária: a de dar prazer ao leitor. Neste ebook apresentamos Os Melhores Contos Árabes, uma seleção de 21 contos memoráveis escritos por grandes contistas árabes, bem como belos contos oriundos da riquíssima cultura árabe.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de out. de 2020
ISBN9786586079845
OS MELHORES CONTOS ÁRABES

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    OS MELHORES CONTOS ÁRABES - Diversos

    cover.jpg

    Edições LeBooks

    OS MELHORES

    CONTOS ÁRABES

    1a edição

    img1.jpg

    Isbn: 9786586079845

    LeBooks.com.br

    A LeBooks Editora publica obras clássicas que estejam em domínio público. Não obstante, todos os esforços são feitos para creditar devidamente eventuais detentores de direitos morais sobre tais obras.  Eventuais omissões de crédito e copyright não são intencionais e serão devidamente solucionadas, bastando que seus titulares entrem em contato conosco.

    Prefácio

    Prezado leitor

    Seja bem-vindo a mais um volume da Coleção Melhores Contos, uma seleção de contos escritos em épocas distintas por autores de diversas nacionalidades e com temáticas das mais variadas, mas que tem em comum uma enorme e talvez a mais importante qualidade literária: a de dar prazer ao leitor.

    Neste ebook apresentamos os Melhores Contos Árabes, uma seleção de 21 contos memoráveis escritos por grandes contistas árabes, bem como belos contos oriundos da riquíssima cultura árabe.

    Tenha uma excelente leitura

    LeBooks Editora

    SUMÁRIO

    OS MELHORES CONTOS ÁRABES

    A VIOLETA AMBICIOSA

    SATANÁS

    O MORTO RESSUSCITADO

    NO TREM

    O FANTASMA DA TIA KHALIL

    O BARCO

    A PORTA ILUMINADA

    HISTÓRIA DE EL-GHALIYA BENT MANSUR

    LUDAA

    HISTÓRIA DA JOVEM QUE NASCEU DE UMA MAÇÃ...

    A ASTÚCIA DA VELHA

    SEM GAFANHOTO O PÁSSARO NÃO SERIA PRESO

    O CANDIL DO SULTÃO DE GNAOUA

    HISTÓRIA DAS CEM CABEÇAS CORTADAS E DA FILHA DO SULTÃO

    A FILHA DO LEÃO

    A FILHA DO SULTÃO DOS BALSAMOS

    A HISTÓRIA DE DRIMA

    ALI BABÁ E OS QUARENTA LADRÕES

    A HISTÓRIA DE GANEM, O ESCRAVO DO AMOR

    JOSÉ E A MULHER DE PUTIFAR

    PROPRIETÁRIOS E LOCATÁRIOS

    Notas e Referências

    OS MELHORES CONTOS ÁRABES

    A VIOLETA AMBICIOSA

    Gibran Khalil Gibran{1}

    Era uma vez fragrante e formosa violeta que vivia placidamente em meio às amigas, e balouçava-se feliz entre outras flores em um jardim solitário. Uma manhã, quando a sua coroa era adornada pelas contas de orvalho, ergueu a cabeça, e olhando para o alto viu uma rosa, alta e linda que, cheia de orgulho, procurava o espaço como uma tocha ardente sobre lanterna de esmeralda.

    A violeta abriu os lábios azuis e disse: Como eu sou infeliz em meio a estas flores e como é humilde a posição que ocupo diante delas! Fez-me a natureza para ser curta e pobre... Eu vivo muito próxima da terra e não posso erguer minha cabeça até o céu azul ou voltar minha face ao sol como as rosas fazem!...

    E a rosa ouviu as palavras de sua vizinha; ela riu e comentou: Como é estranha a tua fala! Tu és feliz, embora não possas compreender tua fortuna. A natureza dotou-te de fragrância e beleza, o que não fez com nenhuma outra flor... Aparta de ti estes pensamentos, sê contente e lembra-te de que aquele que se humilha será exaltado e aquele que se exalta será esmagado."

    A violeta respondeu: Consolas-me porque tens o que eu almejo... Procuras amargurar-me cada vez mais com a ideia de que és grande... Como é dolorosa a pregação dos felizes para o coração do miserável! E como o forte é severo quando quer ser o conselheiro dos fracos!

    E a natureza ouviu o diálogo da violeta e da rosa; aproximou-se e disse: O que te aconteceu, irmã violeta? Foste sempre humilde e doce em todas as tuas ações e palavras. Será que a ambição invadiu teu coração, embotando teus sentidos? Numa voz suplicativa, a violeta respondeu, dizendo: Ó mãe grande e misericordiosa, cheia de amor e simpatia, imploro-te com todo o meu coração e minha alma, que atendas às minhas súplicas e permitas que eu seja rosa por um dia apenas.

    E a natureza respondeu: Não sabes o que estás ambicionando; ignoras a tristeza que se oculta atrás desta ambição cega. Se chegasses à rosa serias triste, e logo te encherias de arrependimento. A violeta insistiu: Muda-me em uma rosa alta, porque eu quero soerguer a cabeça com orgulho; e, seja qual for o meu destino, eu quero ser rosa. A natureza concordou, dizendo: Ó violeta ignorante e revoltada, acederei aos teus desejos, mas se a desgraça cair sobre ti, deverás queixar-te apenas de ti.

    E a natureza estendeu os dedos misteriosos e mágicos, e tocou as raízes da violeta que imediatamente se transformou em uma alta rosa, pompeando sobre todas as outras no jardim.

    À tarde, o sol tornou-se espesso de nuvens negras; os elementos raivosos perturbaram o silêncio da existência com raios, e começaram a atacar o jardim, enviando à terra enorme chuva com fortes ventos. A tempestade lacerou os ramos e desenraizou as árvores e quebrou as hastes das flores altas, poupando apenas as pequeninas que cresciam bem junto ao coração da terra. Aquele jardim solitário sofreu muito ao impacto dos céus adversos, e, quando a tempestade acalmou e o céu clareou, todas as flores estavam deitadas pelo chão e nenhuma escapara à fúria da natureza, exceção do clã de pequenas violetas nascido bem junto ao muro do jardim.

    Tendo erguido a cabeça e contemplado a tragédia das flores e árvores, uma das violetas jovens sorriu feliz e chamou por suas companheiras, dizendo: Olha o que a tempestade fez às flores orgulhosas! Outra violeta disse: Somos pequenas, vivemos próximas à terra, mas estamos a salvo da ira dos céus. E uma terceira acrescentou: Por sermos pobres em altura a tempestade é incapaz de subjugar-nos.

    Naquele momento a rainha das violetas viu a seu lado a violeta metamorfoseada, derrubada para a terra pela tempestade e contorcendo-se sobre a úmida alfombra como um soldado ferido em um campo de batalha. A rainha das violetas ergueu a cabeça e convocou sua família, dizendo: Olhai, minhas filhas, e meditai sobre o que a ambição fez à violeta que se transformou em uma rosa orgulhosa por uma hora. Seja a memória desta cena uma lembrança eterna da vossa boa sorte."

    E a rosa moribunda moveu-se e reuniu o que ainda sobrava de suas forças e tranquilamente disse: Vós sois contentes e joviais. Nunca temi a tempestade. Ontem eu, também, estava satisfeita com a vida, mas o contentamento agiu como uma barreira entre minha existência e a tempestade da vida, confinando-me em uma doentia e vigorosa tranquilidade de espírito. Eu poderia continuar levando a mesma vida que levais agora, inclinando-vos assustadas para a terra... Eu poderia ter esperado pelo inverno, para com a neve branca amortalhar-me e entregar-me à morte que certamente é o abrigo final de todas as violetas... Eu estou feliz agora porque fora do meu pequeno mundo estou mergulhada no mistério do universo... coisa que vós ainda não fizestes. Eu devo ter encarado a ambição, cuja natureza é mais alta do que eu, mas, enquanto eu estava atenta ao silêncio da noite, ouvia o mundo celeste falando a este mundo terreno: A ambição além da existência é o propósito essencial do nosso ser. Nesse momento meu espírito revoltou-se, e meu coração sonhou por uma posição mais alta do que a minha limitada existência. Imaginei que o abismo não pode ouvir o canto das estrelas, e naquele momento comecei a lutar contra a minha pequenez e ambicionar por aquilo que não me pertence, até que a minha revolta se transformou em um grande poder, e o meu desejo em uma vontade criadora... A natureza, que é o grande objeto de nossos sonhos mais profundos, atendeu a minha súplica e transformou-me em uma rosa com seus mágicos dedos.

     A rosa silenciou por um momento, e de voz frouxa, ainda cheia do seu orgulho, disse: Vivi por uma hora apenas como uma rosa orgulhosa; existi por algum tempo feito uma rainha; contemplei o universo através dos olhos da rosa; ouvi o sussurro do firmamento pelos ouvidos da rosa e toquei as dobras do manto da luz com as pétalas de rosa. Alguma de vos poderá proclamar semelhante honra? Tendo assim falado, baixou a cabeça, e com voz sufocada, murmurou: Agora eu posso morrer, pois minha alma alcançou o seu objetivo. Estendi, finalmente, o meu conhecimento para o mundo que fica além da estreita caverna do meu nascimento. Este é o desígnio da vida... Este é o segredo da existência." Então a rosa estremeceu, dobrou lentamente as suas pálpebras e respirou pela última vez com um sorriso celestial nos seus lábios... um sorriso pleno de esperança e de propósito de vida... Um sorriso de vitória... Um sorriso de Deus.

    SATANÁS

    Gibran Khalil Gibran

    O povo olhava para Simão como um guia no campo das questões espirituais e teológicas, porque ele era uma autoridade e uma fonte de informações profundas em pecados veniais e mortais, muito versado nos segredos de Paraíso, Inferno e Purgatório.

    A missão de Simão no norte do Líbano era a de viajar de aldeia em aldeia, pregando, curando o povo da doença espiritual do pecado, e salvando-o das armadilhas terríveis de Satanás O reverendo irmão mantinha-se em guerra constante contra o demônio. Os felain honravam e respeitavam esse padre e viviam sempre ansiosos de comprar seus conselhos ou suas preces com moedas de ouro e prata; e em cada colheita, iam presenteá-lo com as frutas mais belas dos seus campos.

    Numa tarde de outono, enquanto Simão fazia o seu caminho para a aldeia solitária, cruzando aqueles vales e montes, ouviu um choro doloroso, emergindo de um fosso ao lado da estrada. Parou e olhou em direção da voz e viu um homem nu, deitado no chão, correntes de sangue fluindo de feridas profundas abertas na cabeça e no peito. Ele implorava, desesperado, por auxílio, dizendo: Salva-me, ajuda-me. Tem pena de mim. Estou morrendo. Simão olhou perplexo para o sofredor, e disse para si mesmo: Este homem deve ser um ladrão... Provavelmente procurava roubar os transeuntes e malogrou. Algum deles o feriu; temo que ele morra e que eu seja acusado de assassínio.

    Tendo assim ponderado a situação, retomou sua jornada, quando o moribundo o deteve, chamando: Não me deixes. Estou morrendo! Então Simão meditou de novo e sua face tornou-se pálida ao imaginar que estava recusando o seu auxílio. Seus lábios tremiam, mas ele falou para si mesmo, dizendo: Deve ser um louco errando na floresta. A visão de suas feridas levou o susto ao meu coração; o que devo fazer? Certamente um médico espiritual não é capaz de tratar dos corpos feridos. Simão andou mais alguns passos, quando o quase cadáver soltou um lastimoso choro que dissolveu o coração da rocha, e sussurrou: Aproxima-te de mim! Aproxima-te de mim, porque fomos amigos há muito tempo... Tu és Simão, o bom pastor, e eu não sou ladrão, nem louco. Aproxima-te, e não me deixes morrer neste lugar deserto. Aproxima-te, e eu te direi quem sou.

    Simão aproximou-se do homem, ajoelhou-se e contemplou e viu um rosto estranho, de feições contrastantes; viu inteligência com astúcia; fealdade com beleza, e perversidade com doçura. Ergueu-se e perguntou: Quem és tu?

    Com voz trêmula, o moribundo disse: Não tenhas medo, irmão, pois fomos amigos durante muito tempo. Ajuda-me a levantar-me e leva-me ao arroio próximo e limpa minhas feridas com as tuas roupas. E o irmão perguntou: Dize-me quem és, porque não te conheço, nem me recordo de haver-te visto.

    E o homem respondeu com voz agonizante: Sabes minha identidade, viste-me mil vezes e falaste-me cada dia. Sou-te mais caro do que a tua própria vida. E o irmão censurou: Es um impostor e mentiroso! Um moribundo deve dizer a verdade... Eu nunca vi a tua face maligna em toda a minha vida. Dize-me quem és, ou eu deixarei que morras, naufragado em tua própria vida que se exaure. E o homem fendo moveu-se lentamente, contemplou os olhos do padre e nos seus lábios apareceu um sorriso místico; e em uma voz quieta, profunda e doce, disse: Eu sou Satanás"

    Ouvindo a voz medonha, o Irmão Simão soltou um terrível grito que abalou os mais distantes esconderijos do vale; então fixou os olhos e imaginou que o corpo agonizante do homem com suas grotescas distorções, coincidia com a imagem de Satanás em uma pintura religiosa que havia na parede da igreja da aldeia. Tremeu, dizendo: Deus mostrou-me tua imagem infernal, o que justamente me ensinou a odiar-te; sê maldito para sempre. O cordeiro mutilado deve ser destruído pelo pastor antes que infete os outros cordeiros!

    Satanás respondeu: Não te apresses, irmão e não percas o tempo em uma conversa vazia... Vem e fecha as minhas feridas rapidamente antes que a vida abandone o meu corpo. E o padre respondeu: As mãos que oferecem um sacrifício diário a Deus, não devem tocar em corpo feito da secreção do inferno... Deves morrer amaldiçoado pelas línguas das idades e os lábios da Humanidade, porque és o inimigo da Humanidade, e é teu propósito confessado o de destruir toda virtude."

    Satanás moveu-se angustiado e, apoiando-se em um dos cotovelos, respondeu: Não sabes o que estás dizendo, nem compreendes o crime que estás cometendo para consigo mesmo. Presta atenção, porque eu contarei a minha história. Hoje eu estava caminhando sozinho por este vale solitário; quando alcancei este lugar um grupo de anjos desceu para atacar-me e feriu-me severamente; não fosse um deles, que levava uma espada chamejante com dois fios agudos, eu poderia tê-los afugentado, mas não tive poder nenhum contra a espada brilhante. E Satanás parou de falar por um momento, enquanto comprimia a mão sobre uma profunda ferida no seu flanco. Então continuou: O anjo armado — creio que era Miguel — era um gladiador esperto. Se eu não tivesse me atirado ao chão generoso, e se não tivesse fingido estar ferido, ele ter-me-ia matado brutalmente.

    Com uma voz de triunfo e erguendo os olhos para o céu, o irmão disse: Bendito seja o nome de Miguel que salvou a Humanidade deste inimigo vicioso.

    E Satã protestou: "Meu desdém pela Humanidade não é maior do que o teu Ódio por ti próprio... Abençoas Miguel que nunca veio para a tua salvação... Amaldiçoas-me em uma hora de minha derrota, embora eu sempre tivesse sido e ainda continuo sendo, a fonte da tua tranquilidade e felicidade... Negas-me a tua bênção e não me proteges com a tua bondade, mas vives e prosperas à sombra do meu ser... Fizeste da minha existência uma escusa e uma arma para a tua carreira, e empregas meu nome para a justificação dos teus atos. Não foi o meu passado que te tornou uma necessidade o meu presente e o meu futuro? Já atingiste o teu objetivo de juntar o ouro ambicionado? Já achaste impossível extrair mais ouro e prata de teus seguidores, usando o meu reino como uma ameaça?

    Não sabes que morrerás de fome se eu morrer? O que farás amanhã se permitires que eu morra hoje? Que profissão seguirás se o meu nome desaparecer? Por décadas percorreste estas aldeias, advertindo o povo do perigo que havia em cair em minhas mãos. Eles compraram os seus conselhos com os seus pobres dinares e com os produtos de suas terras. O que eles comprarão de ti, amanhã, se descobrirem que o teu perverso inimigo não existe mais? Tua ocupação morrerá comigo, pois que o povo estará livre de perigo. Como padre, não imaginas que a existência de Satanás, sozinho, criou o seu inimigo, a Igreja? Aquele conflito antigo e a mão secreta que transporta o ouro e a prata da bolsa dos fiéis para a bolsa do pregador e do missionário. Como pode permitir que eu morra aqui, quando sabes, seguramente, que com isto perderas o teu prestígio, tua Igreja, teu lar, teu ganha-pão?

    Satanás silenciou por um momento e sua humildade convertia-se agora em uma independência confiante, e continuou: Irmão, és orgulhoso, porém ignorante. Eu te revelarei a história da fé, e nela encontrarás a verdade que une os nossos dois seres, e que alia a minha existência com a tua verdadeira consciência.

    Na primeira hora do começo dos tempos, o homem parou diante da face do sol e estendeu os braços e chorou pela primeira vez, dizendo: Atrás do céu há um deus grande, amoroso e benévolo. Então o homem voltou as suas costas ao grande círculo de luz, viu a sua sombra sobre a terra, e gritou: Na profundeza da terra deve haver um demônio negro que ama a perversidade.

    "E o homem caminhou

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