Romanos: comentário exegético
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Sobre este e-book
Com sua reflexão teológica exegeticamente muito hábil, o autor certamente informará e iluminará uma nova geração de leitores da Bíblia em uma compreensão mais ampla e profunda desta que é "a quintessência e perfeição da doutrina salvadora", o livro mais doutrinário e mais desafiador de todo o Novo Testamento.
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Romanos - Douglas J. Moo
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Moo, Douglas J.
Romanos: comentário exegético / Douglas J. Moo; tradução de Daniel Hubert Kroker. — São Paulo: Vida Nova, 2023.
ePub.
Bibliografia
ISBN 978-65-5967-088-8
Título original: The letter to the Romans
1. Bíblia. N.T. Romanos I. Título II. Kroker, Daniel Hubert
Índice para catálogo sistemático
1. Bíblia. N.T. Romanos
Romanos: Comentário exegético. Douglas J. Moo. Tradução de Daniel Hubert Kroker. Vida Nova.©2018, de Douglas J. Moo
Título do original: The letter to the Romans,
edição publicada por Wm. B. Eerdmans Publishing Co. (Grand Rapids, Michigan, EUA).
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por
Sociedade Religiosa Edições Vida Nova
Rua Antônio Carlos Tacconi, 63, São Paulo, SP, 04810-020
vidanova.com.br | vidanova@vidanova.com.br
1.ª edição: 2023
Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em citações breves, com indicação da fonte.
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
As citações bíblicas com indicação da versão in loco foram extraídas de versões em português ou traduzidas diretamente das versões inglesas utilizadas pelo autor. As siglas das versões são indicadas nas Abreviações
. Citações bíblicas com a sigla TA se referem a traduções feitas pelo autor do original grego/hebraico para o inglês e traduzidas para o português. O texto de Romanos usado como base deste comentário foi traduzido para o português da versão que o próprio autor fez do grego para a língua inglesa.
Direção executiva
Kenneth Lee Davis
Coordenação editorial
Jonas Madureira
Edição de texto
Valdemar Kroker
Preparação de texto
Sylmara Beletti
Revisão de provas
Josemar de Souza Pinto
Coordenação de produção
Sérgio Siqueira Moura
Diagramação
Luciana Di Iorio
Capa
Souto Marcas Vivas
Livro digital
Lucas Camargo
Sumário
Prefácio da série Comentário Exegético
Prefácio do editor à primeira edição
Prefácio do autor
Prefácio do autor à primeira edição
Reduções gráficas
Introdução
I. Circunstâncias gerais
A. Paulo
B. A comunidade cristã em Roma
II. Integridade, história literária e texto
III. Destinatários
IV. Natureza e gênero
V. Propósito
A. Concentrando o foco nas circunstâncias de Paulo
1. Espanha
2. Corinto/Galácia
3. Jerusalém
B. Concentrando o foco nos problemas em Roma
VI. Tema
A. O ponto de partida teológico
B. O arcabouço conceitual
C. O tema
VII. Texto e tradução
A. Os papiros
B. Os unciais
C. Os minúsculos
VIII. Estrutura
IX. Esboço de Romanos
Texto e comentário
I. A introdução da carta (1.1-17)
A. Prefácio (1.1-7)
Excurso: Evangelho
em Paulo e em seu ambiente
B. Ação de graças e ocasião: Paulo e os romanos (1.8-15)
C. O tema da carta (1.16,17)
Excurso: A linguagem de justiça
em Paulo
II. O cerne do evangelho: a justificação pela fé (1.18—4.25)
A. O reinado universal do pecado (1.18—3.20)
1. Todas as pessoas são responsáveis diante de Deus pelo pecado (1.18-32)
2. Os judeus são responsáveis diante de Deus pelo pecado (2.1—3.8)
a. Os judeus e o julgamento de Deus (2.1-16)
i. Crítica da presunção judaica (2.1-5)
ii. A imparcialidade do julgamento (2.6-11)
iii. O julgamento e a Lei (2.12-16)
b. As limitações da aliança (2.17-29)
i. A Lei (2.17-24)
ii. A circuncisão (2.25-29)
c. A fidelidade de Deus e o julgamento dos judeus (3.1-8)
3. A culpa de toda a humanidade (3.9-20)
Excurso: A nova perspectiva sobre o judaísmo
e a nova perspectiva sobre Paulo
B. A justificação pela fé (3.21—4.25)
1. A justificação e a justiça de Deus (3.21-26)
2. Pela fé somente
(3.27—4.25)
a. Pela fé somente
: afirmação inicial (3.27-31)
b. Pela fé somente
: elaboração com respeito a Abraão (4.1-25)
i. Fé e obras (4.1-8)
Excurso: Gênesis 15.6
ii. Fé e circuncisão (4.9-12)
iii. Fé, promessa e a Lei (4.13-22)
iv. A fé de Abraão e a fé do cristão (4.23-25)
III. A segurança fornecida pelo evangelho: a esperança da salvação (5.1—8.39)
A. A esperança da glória (5.1-21)
1. Da justificação à salvação (5.1-11)
2. O reinado da graça e da vida (5.12-21)
B. Libertos da escravidão ao pecado (6.1-23)
1. Mortos para o pecado
por meio da união com Cristo (6.1-14)
Excurso: com Cristo
e em Cristo
2. Libertos do poder do pecado para servir à justiça (6.15-23)
C. Libertos da escravidão à Lei (7.1-25)
1. Libertos da Lei, unidos a Cristo (7.1-6)
2. A história e a experiência de Israel debaixo da Lei (7.7-25)
a. A vinda da Lei (7.7-12)
b. A vida debaixo da Lei (7.13-25)
D. A segurança da vida eterna no Espírito (8.1-30)
1. O Espírito da vida (8.1-13)
2. O Espírito da adoção (8.14-17)
3. O Espírito da glória (8.18-30)
E. A celebração da segurança do cristão (8.31-39)
IV. A defesa do evangelho: o problema de Israel (9.1—11.36)
A. Introdução: a tensão entre as promessas de Deus e a situação de Israel (9.1-5)
B. Definindo a promessa (1): a eleição soberana de Deus (9.6-29)
1. O Israel dentro de Israel (9.6-13)
2. Objeções respondidas: a liberdade e o propósito de Deus (9.14-23)
3. O chamado de Deus de um novo povo: Israel e os gentios (9.24-29)
C. Entendendo a situação de Israel: Cristo como o clímax da história da salvação (9.30—10.21)
1. Israel, os gentios e a justiça de Deus (9.30—10.13)
a. A justiça de Deus e a lei da justiça
(9.30-33)
b. A justiça de Deus e a própria justiça deles
(10.1-4)
c. O evangelho e a Lei (10.5-13)
2. A responsabilidade de Israel (10.14-21)
D. Resumo transicional: Israel, os eleitos
e os endurecidos
(11.1-10)
E. Definindo a promessa (2): o futuro de Israel (11.11-32)
1. O propósito de Deus na rejeição de Israel (11.11-15)
2. A inter-relação de judeus e gentios: uma advertência a cristãos gentios (11.16-24)
3. A salvação de todo o Israel
(11.25-32)
Excurso: Avaliações recentes de Paulo e do judaísmo
F. Conclusão: louvor a Deus à luz de seu plano extraordinário (11.33-36)
V. O poder transformador do evangelho: a conduta cristã (12.1—15.13)
A. O cerne da questão: transformação total (12.1,2)
B. A humildade e o serviço mútuo (12.3-8)
C. O amor e as suas manifestações (12.9-21)
D. O cristão e as autoridades seculares (13.1-7)
E. O amor e a Lei (13.8-10)
F. Vivendo na luz do dia (13.11-14)
G. Um apelo por unidade (14.1—15.13)
1. Servindo ao mesmo Senhor (14.1-12)
2. Dando prioridade a valores do reino (14.13-23)
3. Seguindo o exemplo de Cristo na consideração do outro (15.1-6)
4. O plano divino de louvor unificado (15.7-13)
VI. A conclusão da carta (15.14—16.27)
A. O ministério e os planos de viagem de Paulo (15.14-33)
1. Olhando para trás: o ministério de Paulo no leste (15.14-21)
2. Olhando para a frente: Jerusalém, Roma e Espanha (15.22-29)
3. Um pedido de oração (15.30-33)
B. Saudações (16.1-23)
1. Recomendação de Febe (16.1,2)
2. Saudações aos cristãos de Roma (16.3-16)
3. Uma advertência, uma promessa e uma oração por graça (16.17-20)
4. Saudações dos companheiros de Paulo (16.21-23)
C. Doxologia final (16.25-27)
Bibliografia
Índice de autores
Índice de assuntos
Índice de Escrituras e outros textos antigos
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Prefácio da série Comentário Exegético
Conforme narrado no livro de Atos, o encontro entre Filipe e o eunuco etíope na estrada de Jerusalém a Gaza foi obra do Senhor (At 8.26-39). Esse etíope trazia consigo uma cópia de pelo menos parte das Escrituras e estava lendo o livro do profeta Isaías. Ao ouvi-lo ler, Filipe indagou: Entendes o que estás lendo?
(At 8.30).
Ao escrever um comentário, é difícil almejar propósito mais premente do que este: achegar-se ao leitor das Escrituras para conduzi-lo à compreensão do significado do que lê — e fazê-lo de modo não apenas informativo, mas também transformador. Esse é o objetivo da série Comentário Exegético, de Edições Vida Nova. Seu trabalho interpretativo não pode ter melhor razão para existir nem melhor objetivo. Serve ao propósito de conduzir o leitor à interpretação precisa do texto das Escrituras, além de proporcionar um meio de confirmação e validação das interpretações às quais seu estudante tenha chegado no processo hermenêutico e exegético, visando à aplicação pessoal ou à exposição da mensagem escrita. Isso porque vivemos em um mundo caído e aflito que precisa de direção. Precisa, portanto, da Palavra de Deus.
O caminho, porém, da leitura à prática nem sempre é direto e rápido. Para compreender o texto bíblico, são necessárias boas ferramentas e, entre as mais úteis, estão os comentários bíblicos. Existem vários tipos de comentários. Os que integram a série Comentário Exegético são daqueles que se aprofundam na compreensão do texto original da Bíblia por meio de uma exegese detalhada, justamente com o propósito de levar o leitor das Escrituras à prática da vontade de Deus.
Assim, os comentários desta série apresentam as seguintes características:
aliam profundidade acadêmica e facilidade de leitura;
atendem às necessidades de pastores e demais pregadores da Palavra inspirada;
são compreensíveis ao leigo interessado no conhecimento mais profundo das Escrituras;
são minuciosos no tratamento de cada texto, sem exagerar nos detalhes;
tratam a exegese não como um fim em si mesma, mas como recurso para a compreensão do todo;
apresentam os aspectos das línguas originais de forma acessível;
têm o objetivo de entender a perícope em seu contexto, associando cada passagem ao que vem antes e depois;
reúnem autores que pertencem a uma tradição teológica conservadora e são oriundos de diversas orientações dentro do universo evangélico;
buscam representar o texto original de modo apurado, claro e que faça sentido para o leitor de hoje.
Além dessas características, há aspectos que diferenciam os comentários que compõem esta série.
Primeiro, e acima de tudo, eles se ocupam do texto das Escrituras. Não significa que não deem atenção ao longo desenvolvimento das pesquisas escriturísticas e ao debate acadêmico. Significa, sim, que se esforçam em apresentar um comentário do texto, não do debate acadêmico. Portanto, o resultado central e principal desse trabalho é um guia de fácil leitura, reservando para as notas de rodapé (ou notas adicionais no final de cada seção) a interação com as questões críticas e a respectiva literatura técnica. Ocupar-se, porém, do texto das Escrituras não significa que a série tenha evitado certos métodos críticos ou tenha exigido que cada autor siga uma abordagem definida. Em vez disso, foram adotadas as abordagens e os métodos necessários, sempre norteados pelo propósito maior de ajudar cada autor na tarefa de deixar claro o significado desses textos.
Em segundo lugar, os autores da série identificam-se conscientemente como seguidores de Cristo que leem as Escrituras a serviço da igreja e de sua missão no mundo. Ler as Escrituras dessa forma não significa garantir algum tipo específico de interpretação. Significa entender que, na história da interpretação, há épocas em que as Escrituras trazem uma palavra necessária de confronto, chamando o povo de Deus de volta à sua vocação. Já em outras ocasiões, as Escrituras oferecem uma palavra de consolo, lembrando o povo de Deus de sua identidade, de que ele segue um Messias crucificado e serve a um Deus que vindicará os caminhos dele e de seu povo.
A terceira característica que distingue esta série é o fato de seus comentários reconhecerem que nossa leitura das Escrituras não pode estar descolada da realidade do mundo em favor do qual a igreja cumpre sua missão, pois, como C. S. Lewis assinalou, com razão, em seu conto O sobrinho do mago, o que você ouve e vê depende do lugar em que se coloca
.¹ Esse lugar é o mundo em que estamos, o qual nos pressiona com perguntas que não deixam de instruir nosso trabalho de interpretação. Assim, não basta expor aquilo que Deus disse outrora, pois precisamos ouvir vezes sem conta aquilo que o Espírito, por meio das Escrituras, está dizendo à igreja hoje. Por conseguinte, precisamos examinar o significado teológico daquilo que lemos e como essa mensagem pode fincar pé no coração das pessoas.
Por último, a série Comentário Exegético foi elaborada por meio da seleção de volumes oriundos de algumas das melhores e mais atualizadas séries de comentários produzidas em língua inglesa. São obras que se situam em um ponto intermediário entre comentários mais críticos e acadêmicos — que incluem citações não traduzidas do grego, do aramaico ou do latim, por exemplo — e comentários homiléticos — os quais tentam trocar em miúdos como um texto das Escrituras pode ser transmitido, em forma de ensino ou pregação, à igreja reunida.
Nossa esperança é que aqueles que estão se preparando para ensinar e pregar a Palavra de Deus encontrem nestas páginas a orientação de que precisam. E que aqueles que estão aprendendo a fazer exegese encontrem aqui um exemplo a ser seguido.
É com imensa satisfação, portanto, que disponibilizamos à igreja brasileira esta preciosa série de comentários bíblicos.
¹ As crônicas de Nárnia (São Paulo: Martins Fontes, 2009), livro 1: O sobrinho do mago.
Prefácio do editor à primeira edição
Este volume deu início a uma nova era para esta série de comentários.¹ Ele não é somente o primeiro volume (sem contar o meu próprio Filipenses) que apareceu na terceira versão da série, mas também é o primeiro entre vários volumes novos e/ou volumes substitutos que representam uma geração mais nova de estudiosos evangélicos, assim sinalizando em parte a chegada à maioridade
do estudo erudito evangélico no fim do presente milênio.
O doutor Moo, durante muitos anos professor na Trinity Evangelical Divinity School (Deerfield, Illinois) e editor do Trinity Journal, leva a este comentário os rigores de um exegeta de primeira classe que está igualmente interessado nas implicações teológicas e práticas do texto de Romanos. Em seu Prefácio do autor [à primeira edição]
, ele detalha as circunstâncias favoráveis que possibilitaram que o seu comentário (agora concluído) se tornasse parte da presente série.
Contudo, se este volume de certa maneira inaugura uma nova era para a série, ele também tem fortes ligações com o passado. Esta série começou em um contexto de teologia evangélica que também pertencia decididamente à tradição reformada. É apropriado, portanto, que particularmente o comentário de substituição de Romanos, originariamente escrito por John Murray (professor de Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary), seja escrito por alguém cujas simpatias teológicas apontam nessa direção. Embora venha a ficar claro para o leitor perspicaz que o dr. Moo tomou um rumo independente em muitos lugares significativos (o mais notável sendo a sua interpretação de 7.7-25), ele, no entanto, articulou aqui uma visão (mais tradicional) dessa carta que provavelmente não é popular entre os especialistas de Romanos da atualidade. Assim, fez que todos ficassem em dívida com ele em razão da sua articulação cuidadosa e clara dessa visão e da sua interação igualmente instruída e graciosa com aqueles que adotam visões diferentes. E seu trabalho atencioso com os detalhes do texto, que tornou a minha tarefa de edição um imenso prazer, também o torna um comentário imprescindível para aqueles que desejam entender o significado dessa carta paulina essencial.
Gordon D. Fee
¹ Referência à série em inglês The New International Commentary on the New Testament, da qual faz parte o comentário de Romanos de Douglas Moo e da qual Edições Vida Nova extraiu o presente volume, Romanos, para a sua série Comentário Exegético.
Prefácio do autor
Sou grato pela oportunidade de atualizar este comentário de Romanos. Gordon Fee, quando estava editando esta série, deu-me permissão para revisar a obra, e Joel Green, o editor atual, graciosamente seguiu o exemplo — ainda que isso signifique uma quantidade considerável de trabalho para ele.
Os leitores naturalmente estarão bastante curiosos para saber que tipos de mudança foram feitos. Tentei (em vão, eu sei) incluir os muitos estudos de Romanos e de Paulo que surgiram desde meados da década de 1990 e interagir com eles. Aqueles que estão familiarizados com esse campo de estudo saberão que essa não é uma quantidade insignificante de literatura — de fato, pensei mais de uma vez que estudiosos simplesmente precisam parar de escrever sobre Paulo por mais ou menos uma década (excetuando-se, é claro, este autor!). Na tentativa de compensar ao menos parcialmente esses acréscimos, também omiti algum material, relacionado tanto a conteúdo quanto a bibliografia, que havia na primeira edição. Meu objetivo quando comecei era compensar cada acréscimo com uma subtração comparável para que a extensão do volume não aumentasse. Infelizmente, falhei, e este volume é um pouco mais longo do que a edição inicial (também contribui para essa extensão maior a inclusão de uma bibliografia completa, que não constava da edição original). Retrabalhei cuidadosamente o texto inteiro, reorganizando o material e (assim espero!) aperfeiçoando o estilo do inglês. Embora muitas questões novas sejam examinadas aqui, minha opinião mudou em relação a relativamente poucos pontos de exegese ou teologia.
Preciso agradecer a muitas pessoas pela ajuda delas nesta nova edição. Diversos assistentes de pesquisa no Wheaton College contribuíram de muitos modos: Jared Brown, Ben Dally, Johnathan Harris, Joshua Maurer. Matthew Monkemeier cooperou de maneira especial sugerindo edições de lugares diferentes e me ajudando a elaborar cuidadosamente minha visão sobre a justiça de Deus
. Alunos do mundo inteiro, aos quais ensinei Romanos, moldaram minha compreensão por meio de suas perguntas, interações e trabalhos escritos.
Como sempre, sou especialmente grato à minha esposa, Jenny, com quem compartilho e multiplico o grande prazer da jornada por esta vida.
Prefácio do autor à primeira edição
A história das tradições
deste comentário é muito complexa. Em 1983, a Moody Press me procurou e pediu-me que eu contribuísse com um comentário de Romanos para sua nova série de comentários, Wycliffe Exegetical Commentary. Comecei o trabalho e escrevi o primeiro volume desse comentário em 1991 (Romans 1—8). Pouco tempo após a publicação desse volume, no entanto, a Moody Press decidiu cancelar a série. Portanto, comecei desesperadamente a procurar um editor que estivesse disposto a republicar Romans 1—8 junto com o segundo volume do comentário, em que já estava trabalhando. Na providência de Deus, a William B. Eerdmans Publishing Company estava naquele exato momento procurando um autor para escrever um comentário revisado sobre Romanos para sua série de comentários New International Commentary on the New Testament. Aceitei com prazer a sua oferta para contribuir com o meu comentário à sua série.
A natureza muito diferente das duas séries de comentários exigiu revisões bastante abrangentes do primeiro volume, o que foi tanto uma maldição quanto uma bênção. A maldição foi precisar transferir a argumentação muito detalhada do meu volume do comentário Wycliffe para as notas de rodapé na série New International Commentary — o que exigiu reescrever extensivamente boa parte do texto e das notas. Mas a bênção foi que essa reformulação permitiu que eu aperfeiçoasse meus argumentos e meu estilo em diversos pontos do texto. Leitores de meu Romans 1—8 da série Wycliffe devem saber, no entanto, que fiz poucas mudanças substantivas — uma nuança aqui, uma explicação ali e, obviamente, maior interação com a literatura acadêmica que havia aparecido desde Romans 1—8.
Escrevi no prefácio ao meu volume da série Wycliffe que não lamentava minha decisão de escrever um comentário da carta-trabalhada-à-exaustão de Paulo aos Romanos. Continuo não lamentando, pois o que torna o estudo de Romanos tão desafiador é exatamente o que o faz tão recompensador — ser obrigado a pensar sobre tantas questões básicas para a teologia e a prática cristã. Ao mesmo tempo, nunca estive tão convencido da necessidade de interação com a nova perspectiva sobre Paulo
a que dou destaque neste comentário. Oro para que o que eu escrevi seja útil para a igreja e que os leitores deste comentário cresçam naquela teologia prática
que conta diante de Deus: a doutrina de viver para Deus
, como o teólogo puritano William Ames o expressa.
Muitas pessoas contribuíram para este comentário. Vários assistentes de pesquisa na Trinity Evangelical Divinity School ajudaram a compilar a bibliografia e revisaram as provas de várias partes do manuscrito: Joe Anderson, Harrison Skeele, David Johnson, Jay Smith e George Goldman. Muitos alunos, numerosos demais para serem mencionados, afiaram meu pensamento sobre o texto por meio de seus trabalhos escritos e das interações nas aulas. Os editores do volume da série Wycliffe, Moisés Silva e Ken Barker, ajudaram-me a examinar cuidadosamente várias questões e polir a gramática; suas contribuições ainda podem ser identificadas neste comentário revisado. E quero agradecer especialmente a Milton Essenburg, na Eerdmans, e Gordon Fee, editor da série, por acolherem meu comentário e interagirem plenamente com o meu trabalho.
Acima de tudo, agradeço à minha família, que me apoiou e orou pelo meu trabalho: minha esposa, Jenny, e meus filhos, Jonathan, David, Lukas, Rebecca e Christy. Quando terminei o manuscrito, a minha filha mais nova (doze anos de idade), Christy, deixou perfeitamente claro para mim de quanto tempo foi o apoio deles ao comentar que o meu Romanos tinha a mesma idade dela.
Reduções gráficas
Introdução
A quintessência e perfeição da doutrina salvífica.
¹ Essa definição de Romanos oferecida por Thomas Draxe, puritano inglês do século 17, foi ecoada por teólogos, comentaristas e leigos ao longo dos séculos. Quando pensamos em Romanos, pensamos em doutrina. Além disso, essa resposta é tanto compreensível quanto apropriada. Como veremos, a Carta de Paulo aos Romanos é profunda e completamente doutrinal: o Evangelho mais puro
, como Lutero o expressou.² Mas, como todo livro no NT, Romanos está enraizado na história. Não é uma teologia sistemática, mas uma carta, escrita em circunstâncias específicas e com propósitos específicos. A mensagem de Romanos é, de fato, atemporal, mas, para entender sua mensagem corretamente, precisamos apreciar o contexto particular no qual Romanos foi escrito. Nas páginas a seguir, quero esboçar o quadro desse contexto como base para minha interpretação e aplicação da carta.
I. Circunstâncias gerais
A. Paulo
Romanos afirma ter sido escrito por Paulo (1.1), e até hoje não houve nenhum questionamento sério dessa afirmação. De acordo com o antigo costume comum, Paulo usou um amanuense, ou escriba, para escrever a carta, identificado em 16.22 como Tércio. Os autores antigos davam a seus amanuenses graus variados de responsabilidade na composição de suas obras — desde o registro palavra por palavra do que eles ditavam até uma ampla liberdade e responsabilidade por expressar ideias em palavras. Nesse espectro, o método de Paulo certamente se aproxima bastante do polo do ditado
, pois o estilo de Romanos é muito semelhante ao de Gálatas e 1Coríntios — e não há evidência alguma de que Tércio tenha se envolvido na redação dessas cartas (de fato, veja Gl 6.11).
Se não há dúvidas quanto à autoria de Romanos, também não há dúvida alguma quanto à situação geral em que a carta foi escrita. Paulo nos diz em 15.22-29 que três locais aparecem em seus planos imediatos: Jerusalém, Roma e Espanha. Jerusalém é seu próximo destino. Paulo completou a coleta de dinheiro em suas igrejas majoritariamente gentílicas e agora está a caminho de Jerusalém para entregar o dinheiro aos santos que lá se encontram. Essa coleta era um projeto importante para Paulo, como podemos avaliar com base no fato de que ele fala sobre isso em cada uma das cartas escritas em sua terceira viagem missionária (cf. também 1Co 16.1-4; 2Co 8—9). Sua importância vai além de suprir as necessidades materiais dos cristãos pobres da Judeia; Paulo considera isso um modo prático de cimentar a relação fraturada entre as igrejas gentílicas do campo missionário e as igrejas judaicas da terra natal
. No capítulo 15, Paulo demonstra sua preocupação com o modo em que essa coleta será recebida pelos santos
em Jerusalém. Eles aceitarão a doação e assim reconhecerão as ligações que unem os cristãos judeus e gentios como um só povo de Deus? Ou eles a rejeitarão por suspeitarem de Paulo e das igrejas livres da Lei
que ele plantou?
Roma é o segundo estágio no itinerário de Paulo (15.24,28). Mas, embora ele seja sincero em seu desejo de visitar os cristãos em Roma, Paulo considera Roma pouco mais do que uma parada em sua viagem planejada para a Espanha. Isso não deve minimizar a importância da comunidade em Roma, mas reflete o entendimento de Paulo a respeito de seu chamado: pregar o evangelho onde Cristo não foi citado [pregado] ainda
(15.20). Paulo concluiu essa tarefa de plantação de igreja inicial no leste do Mediterrâneo: de Jerusalém e em todo o caminho até o Ilírico, eu ‘cumpri’ [divulguei] o evangelho de Cristo
(15.19). Como resultado das três primeiras viagens missionárias, igrejas foram plantadas em centros metropolitanos importantes pelo sul e oeste da Ásia Menor (Tarso, Antioquia da Pisídia, Listra, Icônio, Derbe e Éfeso), Macedônia (Filipos e Tessalônica) e Grécia (Corinto). Essas igrejas agora podem ser responsáveis pelo evangelismo nas próprias áreas, enquanto Paulo fixa seus olhos em um território de evangelismo virgem no extremo oeste do Mediterrâneo.
Quando comparamos essas indicações com a narrativa do doutor Lucas em Atos, fica claro que Romanos deve ter sido escrito aproximadamente no fim da terceira viagem missionária, quando Paulo, acompanhado por representantes das igrejas que ele fundou, se preparava para voltar a Jerusalém (At 20.3-6). Uma vez que Lucas nos diz que Paulo passou três meses na Grécia antes de começar a viagem para casa, também podemos supor que, enquanto estava lá, com o estágio seguinte de sua carreira missionária prestes a ser inaugurado, Paulo escreveu sua Carta aos Romanos. Enquanto estava na Grécia, Paulo provavelmente ficou em Corinto (veja 2Co 13.1,10), onde possivelmente escreveu Romanos, o que é sugerido pelo fato de que Paulo recomenda aos romanos que recebam uma mulher, Febe, de Cencreia, cidade portuária adjacente a Corinto (Rm 16.1,2). Além disso, o Gaio que, ao que tudo indica, está hospedando Paulo (16.23) é provavelmente o mesmo Gaio que Paulo batizou em Corinto (1Co 1.14). (E será que o tesoureiro municipal Erasto, que envia suas saudações aos romanos [16.23], é o mesmo Erasto identificado em uma inscrição como um aedile [comissário municipal] em Corinto?)³ A data da composição de Romanos dependerá, consequentemente, da datação da estada de três meses de Paulo na Grécia, e essa datação, por sua vez, depende do processo arriscado de construir uma cronologia absoluta da vida de Paulo. A melhor alternativa é provavelmente 57 d.C.,⁴ mas se deve permitir uma margem de um ano ou dois, a mais ou a menos.⁵
O que surge como especificamente significativo desse esboço da própria situação de Paulo é que ele escreve sua Carta aos Romanos em um ponto de transição importante em sua carreira missionária. Durante quase vinte e cinco anos, Paulo plantou igrejas no leste do Mediterrâneo. Agora ele se prepara para levar a Jerusalém um fruto prático desse trabalho, e sua esperança é que ele curará a fratura socioteológica mais grave da igreja primitiva — o relacionamento entre judeus e gentios do povo de Deus. Depois de Jerusalém, a Espanha, com os seus campos prontos para a colheita
, acena. No caminho está Roma.
B. A comunidade cristã em Roma
Para reconstruir a situação de Paulo quando ele escreveu Romanos, podemos nos basear em suas afirmações em Romanos, bem como nas evidências de suas outras cartas e do livro de Atos. Entretanto, para reconstruir a situação da comunidade cristã em Roma na época da carta de Paulo, não encontramos esse tipo de evidência direta. A origem da comunidade é obscura, e sua composição e natureza na época de Paulo não são claras.
A tradição de que a igreja em Roma foi fundada por Pedro (ou Pedro e Paulo juntos) não pode estar certa.⁶ É nessa própria carta que Paulo enuncia o princípio de que ele não irá edificar sobre o fundamento de outra pessoa
(15.20). Isso torna impossível supor que ele teria escrito essa carta ou planejado o tipo de visita que ele descreve em 1.8-15 a uma igreja fundada por Pedro. Nem é provável que Pedro tenha estado em Roma suficientemente cedo para haver fundado a igreja ali. Uma vez que nossas tradições não associam nenhum outro apóstolo com a igreja em Roma, a avaliação de Ambrosiastro, pai da igreja do século 4, provavelmente está correta: os romanos abraçaram a fé em Cristo, ainda que, de acordo com o rito judaico, sem terem tido sinal algum dos feitos miraculosos nem terem visto nenhum dos apóstolos
.⁷ O cenário mais provável é que judeus romanos, que se converteram no dia de Pentecostes em Jerusalém (veja At 2.10), tenham levado com eles sua fé em Jesus como o Messias ao voltarem às sinagogas de sua terra natal. Assim, o movimento cristão em Roma foi iniciado dessa forma.
Então, é provável que Ambrosiastro também esteja certo quando identifica a sinagoga como o ponto de partida do cristianismo em Roma. Judeus em número suficiente para constituírem uma porção significativa da população romana haviam emigrado para a cidade até o fim do primeiro século a.C.⁸ Eles não estavam ligados entre si em uma estrutura organizacional. Suas muitas sinagogas aparentemente eram independentes umas das outras.⁹ Um acontecimento importante na história dos judeus em Roma é mencionado pelo historiador romano Suetônio. Em A vida de Cláudio, ele afirma que Cláudio expulsou os judeus de Roma porque eles estavam constantemente causando tumulto instigados por Chrestus
(25.2). O consenso da maioria dos estudiosos é que Chrestus
é uma corruptela do grego Christos e que a referência provavelmente seja a disputas na comunidade judaica relacionadas às afirmações de Jesus ser Christos, o Messias. Mas o escopo da expulsão de judeus não é claro (todos os judeus? Somente os agitadores ou líderes? A maioria dos judeus?) nem há certeza quanto à data da expulsão (41 d.C.? 49 d.C.? Ambos?).¹⁰ No entanto, nós achamos que a melhor interpretação das evidências indica que um pequeno número de judeus foi expulso em 41 d.C., e um grande número (talvez a maioria dos judeus em Roma), em 49 d.C.¹¹ Lucas talvez exagere, mas ele afirma que Áquila e Priscila chegaram a Corinto em cerca de 49-51 d.C., porque Cláudio havia ordenado que todos os judeus saíssem de Roma
(At 18.2). Embora sempre devamos tomar cuidado para não construir uma teoria sobre um texto bíblico com base em contextos históricos controversos, acreditamos que, nesse caso, a evidência histórica se alinha às afirmações do próprio livro de Romanos a ponto de tornar provável esse cenário geral.
O significado desse cenário para a Carta aos Romanos é claro. Os cristãos gentios, que certamente faziam parte da comunidade antes da expulsão, teriam adquirido maior proeminência como resultado da ausência dos judeus — ou ao menos da maioria deles.¹² Teologicamente isso também teria significado uma aceleração no afastamento da comunidade cristã de suas origens judaicas. Ao que tudo indica, permitiu-se que o decreto de expulsão de Cláudio caducasse após alguns anos (talvez na sua morte, em 54 d.C.), de modo que, quando Paulo escreve, em 57 d.C., os cristãos judeus (como Prisca [Priscila] e Áquila; cf. 16.3) voltaram a Roma — mas não mais como o grupo dominante. Essas circunstâncias são uma receita para divisões em grupos sociais e/ou teológicos. Além disso, a natureza descentralizada da comunidade judaica da qual surgiu a comunidade cristã também tornaria provável que os cristãos em Roma formassem vários grupos de igrejas nas casas. A confirmação disso vem de Romanos 16, em que Paulo parece cumprimentar várias igrejas em casas diferentes.¹³ É possível, então, que diferentes igrejas em casas se alinhassem mais ou menos com um grupo ou outro.¹⁴
II. Integridade, história literária e texto
Seria a Carta aos Romanos como a temos em nossa Bíblia idêntica à carta que Paulo enviou aos cristãos em Roma? Alguns estudiosos respondem que não e postulam teorias de divisão ou selecionam versículos ou parágrafos que acham que, talvez, tenham sido acrescentados após Paulo haver escrito sua epístola.¹⁵ Uma teoria mais popular sugere que parte, ou a totalidade, de Romanos 16 (e eventualmente também Rm 15) não pertencia à carta original de Paulo aos Romanos. Há alguma base textual para essa teoria. Podemos começar listando as várias formas em que o texto aparece na tradição dos mss:¹⁶
1. 1.1—14.23; 15.1—16.23; 16.25-27: P⁶¹?, א, B, C, D, 1739 etc.
2. 1.1—14.23; 16.25-27; 15.1—16.23; 16.25-27: A, P, 5, 33, 104
3. 1.1—14.23; 16.25-27; 15.1—16.24: Ψ, o texto majoritário
, syh
4. 1.1—14.23; 15.1—16.24: F, G [protótipo de D?], 629
5. 1.1—14.23; 16.24-27: vg¹⁶⁴⁸,¹⁷⁹²,²⁰⁸⁹
6. 1.1—15.33; 16.25-27; 16.1-23: P⁴⁶
Ao que tudo indica, o problema principal é se a doxologia (16.25-27) deve ser incluída e, se esse é o caso, onde: no fim do capítulo 14, do capítulo 15 ou do capítulo 16? Se o tamanho real do problema fosse esse, estaríamos diante de uma questão textual relativamente secundária. Mas os locais diferentes da doxologia combinam com outras questões textuais e literárias para, assim, suscitarem perguntas sobre a origem e a história literária dessa carta como um todo. Como podemos observar acima, por exemplo, vários mss da Vulgata latina omitem 15.1—16.23 inteiramente, omissão cujo respaldo está também em evidências encontradas em um outro códice da Vulgata¹⁷ e na ausência a referências aos capítulos 15 e 16 em Tertuliano,¹⁸ Ireneu e Cipriano. Tudo isso levanta a possibilidade de que a forma em dezesseis capítulos da carta que temos atualmente em nossa Bíblia seja secundária a uma forma original de catorze ou quinze capítulos. Quando acrescentamos a isso o fato de que alguns mss (G e o latino antigo g) omitem as únicas referências a Roma que ocorrem na carta (1.7,15), podemos entender a razão do surgimento de várias teorias de uma forma abreviada e mais universal
dela.
Uma das teorias é que a nossa presente carta de Romanos existia inicialmente na forma de catorze capítulos e que Paulo acrescentou o capítulo 15 quando ele a enviou a Roma.¹⁹ Mas a versão mais popular dessa teoria é que a carta original, endereçada a Roma, consistia em 1.1—15.33. A colocação da doxologia após o capítulo 15 em P⁴⁶ pode ser explicada, argumenta-se, somente se a carta alguma vez, em alguma versão, houvesse terminado ali.
Mais importante, no entanto, é a evidência interna do próprio capítulo 16. A advertência sobre pessoas causando dissensões em 16.17-20 parece estar em desarmonia com os capítulos 1—15. Particularmente notáveis são as saudações extensas nos versículos 3-15. Além de Febe, Paulo saúda 25 indivíduos, duas famílias, uma igreja
e um número não especificado de colaboradores
e santos
— todos esses fazendo parte de uma comunidade que ele nunca havia visitado. Certamente, o capítulo 16, argumenta-se, é dirigido a uma igreja que Paulo conhece bem — Éfeso sendo a melhor candidata porque Paulo destaca para uma saudação os primeiros convertidos na Ásia
(16.5; Éfeso ficava na província romana da Ásia) e porque encontramos Áquila e Priscila por último ali
(18.19). De acordo com uma variante dessa interpretação, o capítulo 16 seria uma carta distinta de recomendação para Febe.²⁰ De acordo com outra visão, associada particularmente com T. W. Manson, o capítulo foi acrescentado quando Paulo enviou uma cópia de sua carta original a Roma (caps. 1—15) para Éfeso.²¹
No entanto, é quase certo que essas teorias estejam equivocadas.²² Embora haja evidência de uma forma em catorze capítulos de Romanos na igreja primitiva,²³ a íntima conexão entre os capítulos 14 e 15 torna impossível pensar que a carta original de Paulo não contivesse o capítulo 15.²⁴ Como, então, a forma em catorze capítulos da carta surgiu? Lightfoot achava que talvez o próprio Paulo tivesse abreviado sua carta aos romanos, omitindo as referências a Roma em 1.7 e 1.15 ao mesmo tempo, a fim de universalizar a epístola.²⁵ Mas, caso tenha sido esse o propósito de Paulo, é improvável que ele interrompesse sua epístola na metade da argumentação.²⁶ A mesma objeção se aplica à teoria de Gamble de que o texto de Romanos foi abreviado após a época de Paulo, a fim de tornar a carta mais universalmente aplicável.²⁷ A primeira explicação da forma mais curta é fornecida por Orígenes, que afirma que Marcião tirou (dissecuit) os dois últimos capítulos. Uma vez que essa é a explicação mais lógica para a interrupção da carta em 15.1 (pois há muita coisa de 15.1 em diante que teria ofendido os sentimentos antijudaicos de Marcião), adoto essa como uma tentativa de explicação mais plausível para a forma em catorze capítulos da carta.²⁸
O que dizer, então, da suposta forma em quinze capítulos? Textualmente, essa teoria já parte de uma base frágil, pois não há nem um só ms de Romanos que contém somente quinze capítulos. Sua única evidência textual é a colocação da doxologia em P⁴⁶ após o capítulo 15, mas P⁴⁶ não omite o capítulo 16. Além disso, os argumentos internos a favor de omitir o capítulo não são fortes. A advertência de última hora sobre falsos mestres nos versículos 17-20 tem algum paralelo com o procedimento de Paulo em outras cartas, e as circunstâncias especiais de Romanos explicam por que ela ocorre somente ali.²⁹ O número de pessoas saudadas representa um problema maior. Entretanto, a expulsão dos judeus e de outros cristãos judeus de Roma teria dado uma oportunidade a Paulo de conhecer diversas dessas pessoas (como Priscila e Áquila) durante a época de seu exílio no leste. Já se argumentou que seria mais provável Paulo saudar indivíduos por nome em uma igreja desconhecida em que ele conhecia somente aqueles que ele saudou do que correr o risco de ofender a maioria saudando somente membros selecionados de uma igreja que ele conhecia bem.³⁰ Seja como for, o problema apresentado pelo número de saudações não é grande o suficiente para superar a evidência externa a favor de incluir o capítulo 16 na carta original aos romanos.
Então, acompanhando a maioria dos estudiosos, concluímos que a carta que Paulo escreveu aos romanos continha todos os dezesseis capítulos incluídos em versões e traduções modernas.³¹
III. Destinatários
Como vimos, o cristianismo em Roma começou entre judeus (veja Circunstâncias gerais
) e, embora a expulsão promovida por Cláudio tenha eliminado ou diminuído o elemento judaico na igreja durante um período, podemos estar certos de que, até a data de Romanos, ao menos alguns cristãos judeus (como Priscila e Áquila) teriam voltado. Não temos conhecimento direto das origens do cristianismo gentio em Roma, mas, se o padrão da missão paulina foi seguido, podemos imaginar que tementes a Deus
, gentios que estavam interessados no judaísmo e compareciam à sinagoga sem se tornar judeus,³² foram os primeiros a serem atraídos à nova fé. Certamente, na época de Romanos os gentios constituíam uma