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O Tríplice Múnus Do Leigo Batizado
O Tríplice Múnus Do Leigo Batizado
O Tríplice Múnus Do Leigo Batizado
E-book578 páginas6 horas

O Tríplice Múnus Do Leigo Batizado

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Sobre este e-book

Meu objetivo com este livro é REFLETIR sobre O tríplice múnus do leigo Batizado, e Buscar ser sacerdote, profeta e rei vivenciando os exercícios inacianos, buscando trabalhar as bases da fé que nos conduzem a ser um cristão católico que busca viver o múnus sacerdotal, profético e régio, pois perceberemos que ser cristão não é um título, mas sim uma forma de viver, uma conduta pautada na pessoa de Jesus Cristo. Tudo o mais em nossas vidas tomam um lugar secundário, porque Jesus e o Seu Reino, passam a ocupar o primeiro e o mais importante lugar. O Vaticano II disse que os leigos são os fiéis cristãos que sendo incorporados a Cristo pelo Batismo, constituídos como parte do povo de Deus e feitos participantes do múnus sacerdotal profético e real de Cristo Jesus, exercem sua parte integrante na missão de todo o povo de Deus na Igreja e no mundo. O Concílio Vaticano II também colocou a importância dos leigos e das leigas para o bem de toda a Igreja. Os pastores sabem que não foram instituídos por Cristo Jesus sem a presença deles e delas, de modo que não sejam sozinhos na assunção da missão salvífica da Igreja no mundo, mas eles apascentam de tal modo que haja o reconhecimento dos fieis nas suas atribuições e carismas para que assim, pastores, leigos e leigas cooperam de uma forma unânime na obra comum da evangelização e da salvação em Cristo Jesus. É preciso que todos, na vivência da verdade e do amor, cresçam na relação com Cristo, que é a cabeça da Igreja. Procuramos utilizar como metodologia a espiritualidade Inaciana, contemplativa na ação, segundo o livro dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola PARA REALIZAR A EXPERIÊNCIA DE ENCONTRO PESSOAL COM JESUS, NO EXERCÍCIO ESPIRITUAL DO DIA-A-IA O autor saluar antonio magni é leigo da Igreja Católica, formado em administração, economia e possui curso superior de religião pela Arquidiocese de Aparecida. Atualmente é oficial reformado da Aeronáutica. Além de do ministério da Palavra é do GRUPO da Liturgia da PARÓQUIA e orientador e acompanhante dos exercícios espirituais de santo Inácio de Loyola.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de jan. de 2024
O Tríplice Múnus Do Leigo Batizado

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    O Tríplice Múnus Do Leigo Batizado - Saluar Antonio Magni

    1

    SUMÁRIO PG

    INTRODUÇÃO 4

    CAPÍTULO 1 MISSÃO DOS LEIGOS BATIZADOS: SACERDOTE, PROFETA E REI 12

    CAPÍTULO 2 A ECLESIOLOGIA DO LAICATO 24

    CAPÍTULO 3 CONCEPÇÃO E MISSÃO DOS LEIGOS

    NAS CONFERÊNCIAS DA AMÉRICA LATINA 42

    CAPÍTULO 4 A MISSÃO COMPETENTE DO LEIGO NO

    MUNDO 66

    CAPÍTULO 5 PROBABILIDADES PASTORAIS PARA A ATUAÇÃO DOS LEIGOS NOS PRÓXIMOS ANOS 77

    CAPÍTULO 6 UMA EXPERIÊNCIA DO TRÍPLICE

    MÚNUS NOS EXERCÍCIOS INACIANOS 90

    CAPÍTULO 7 O PECADO PRESENTE NO SER

    HUMANO IMPEDE A VIVÊNCIA DO TRÍPLICE

    MÚNUS BATISMAL 134

    CAPÍTULO

    8

    CRISTIFICAR

    NOSSO

    MÚNUS

    SACERDOTAL PROFÉTICO E REAL PELA

    CONTEMPLAÇÃO DOS MISTÉRIOS DE CRISTO 169

    CAPÍTULO 9 O CRISTÃO BATIZADO CONFIRMA A OPÇÃO DE VIDA NOVA DO MÚNUS SACERDOTAL, PROFÉTICO E RÉGIO NA CONTEMPLAÇÃO DA

    PAIXÃO DE CRISTO 252

    CAPÍTULO 10 CRISTIFICANDO NOSSO MÚNUS

    BATISMAL

    NA

    CONTEMPLAÇÃO

    DE

    JESUS

    RESSUSCITADO 305

    EPÍLOGO 330

    BIBLIOGRAFIA 338

    LIVROS PUBLICADOS PELO AUTOR NO CLUBE DOS

    AUTORES 341

    2

    AGRADECIMENTO

    Agradeço de maneira toda especial à minha esposa Teka, pelo incentivo e toda retaguarda necessária para que eu pudesse ter tempo, paz e tranquilidade para contemplar e meditar os assuntos abordados neste livro. Agradeço também aos Padres: Adroaldo, orientador do CEI, que me orientou nos exercícios espirituais, e me ajudou a construir toda experiência dos retiros, contemplações, meditações e estudos, obtidos durante os Exercícios Espirituais em etapas, que realizamos eu e minha querida esposa, em Itaici. Ao padre Chiquinho, Vitor e em especial Geraldo de almeida Sampaio, que ajudaram na minha formação religiosa no curso superior de religião que realizamos na Arquidiocese de Aparecida e as especializações em Cristologia e Mariologia. À Márcia, minha acompanhante nos exercícios, pelas suas inspiradas orientações, à Irmã Fátima que orientou nosso grupo de oração e discernimento e me orientou na busca de conhecer a minha personalidade através das tipologias e em especial o eneagrama. E a todo o pessoal do CEI, Centro de Espiritualidade Inaciana de Itaici, que me proporcionaram todo conhecimento intelectual, e especialmente afetivo, da metodologia Inaciana. E onde tive a oportunidade de realizar uma especialização sobre orientação e acompanhamento espiritual, coordenado pela FAGE de Belo Horizonte.

    Oh! Verdade! Oh! Beleza infinitamente amável de Deus! Quão tarde vos amei! Quão tarde vos conheci! e quão infeliz foi o tempo em que não vos amei nem vos conheci! Meus delitos me têm envilecido; minhas culpas me têm afetado; minhas iniquidades têm sobrepujado, como as ondas do mar, por cima de minha cabeça. Quem me dera Deus meu, um amor infinito para amar-vos, e uma dor infinita para arrepender-me do tempo em que não vos ame como devia! Mas, enfim vos amo e vos conheço, Bem sumo e Verdade suma, e com a luz que Vós me dais me conheço e me aborreço, pois eu tenho sido o princípio e a causa de todos os meus males. Que eu Vós conheça, Deus meu, de modo que vos ame e não vos perda! Conheças a mim, de sorte que consiga arrepender-me e não me busque em coisa alguma minha felicidade a não ser em Vós, Senhor meu! (Santo Agostinho)

    Se queres chegar ao conhecimento de Deus, trata de antes te conheceres a ti mesmo. (Abade Evágrio Pôntico).

    Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no (Jo 24, 31).

    3

    INTRODUÇÃO

    Quero iniciar este livro sobre O tríplice múnus do leigo Batizado, e como subtítulo Buscar ser sacerdote, profeta e rei vivenciando os exercícios inacianos, buscando trabalhar as bases da fé que nos conduzem a ser um cristão católico que busca viver o múnus sacerdotal, profético e régio, pois perceberemos que ser cristão não é um título, mas sim uma forma de viver, uma conduta pautada na pessoa de Jesus Cristo. Tudo o mais em nossas vidas tomam um lugar secundário, porque Jesus e o Seu Reino, passam a ocupar o primeiro e o mais importante lugar. O Vaticano II disse que os leigos são os fiéis cristãos que sendo incorporados a Cristo pelo Batismo, constituídos como parte do povo de Deus e feitos participantes do múnus sacerdotal profético e real de Cristo Jesus, exercem sua parte integrante na missão de todo o povo de Deus na Igreja e no mundo. O Concílio Vaticano II também colocou a importância dos leigos e das leigas para o bem de toda a Igreja. Os pastores sabem que não foram instituídos por Cristo Jesus sem a presença deles e delas, de modo que não sejam sozinhos na assunção da missão salvífica da Igreja no mundo, mas eles apascentam de tal modo que haja o reconhecimento dos fieis nas suas atribuições e carismas para que assim, pastores, leigos e leigas cooperam de uma forma unânime na obra comum da evangelização e da salvação em Cristo Jesus. É preciso que todos, na vivência da verdade e do amor, cresçam na relação com Cristo, que é a cabeça da Igreja.

    O Concílio também afirmou que a índole secular é a característica própria e peculiar dos leigos e das leigas. Desta forma, por vocação compete a eles e a elas, procurar o Reino de Deus e ordenar as coisas segundo a vontade de Deus. Eles vivem no século, nos ofícios diversos e trabalhos do mundo, mas também nas condições da vida familiar e social. Sendo chamados por Deus e guiados pelo espírito evangélico concorrem para a santificação do mundo, pelo testemunho de sua vida, pela fé, esperança e caridade, manifestando Cristo aos outros. Cabe a eles e a elas ordenar as coisas temporais, para que sejam feitos segundo Cristo e todos cresçam para o louvor do Criador e do Redentor. O

    Concílio Vaticano II ainda colocou a importância da unidade dos 4

    membros de Cristo, pois ainda que muitos membros tenham funções diferentes, é neles um só corpo em Cristo (Rm 12,4-5).

    Um só é o povo de Deus eleito, comum a vocação à perfeição, à santidade de vida. Em Cristo e na Igreja não há nenhuma desigualdade em vista da raça ou nação, condição social ou sexo.

    Se, pois, na Igreja, nem todos seguem pelo mesmo caminho, continua o Concílio, todos são chamados à santidade, pois receberam a mesma fé na justiça de Deus (2 Pd 1,1). Entre todos vigora a igualdade em relação à dignidade e à ação comum na edificação do Corpo do Senhor. Todos, ministros ordenados, leigos e leigas dão testemunho da unidade no Corpo de Cristo, pois a diversidade das graças, dos ministérios e ações unificam os filhos e as filhas de Deus porque tudo é realizado num único e mesmo Espírito (1 Cor 12,11).

    A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também colocou a necessidade da formação para os seus membros como tarefa primordial, exigindo o empenho de todas as pessoas.

    O cristão leigo e leiga não se estagna na sua caminhada eclesial. Tal formação integral levará em consideração na vida da comunidade, as dimensões humana e espiritual, teológica e pastoral, teórica e prática. É importante ver como os Padres da Igreja também consideraram os leigos e as leigas nas suas doutrinas. Tertuliano, Padre africano dos séculos II e III, fez referência, pela primeira vez em língua latina, o sentido cristão aos leigos e às leigas. Ele exaltou as figuras dos confessores e dos mártires que na sua grande maioria eram leigos e leigas, os quais tornavam evidente a obra do Espírito Santo, sendo considerados pessoas carismáticas, pessoas proféticas, que viviam nas comunidades eclesiais, testemunhando o amor do Senhor, pela confissão ou pelo martírio. As Constituições Apostólicas, escrito do século IV, tiveram presentes que os carismas dos fieis leigos seriam colocados a serviço dos outros, não para se vangloriar dos mesmos, mas possibilitariam vida na Igreja e no Reino. A pessoa, honrada pelo carisma, dom de Deus para qualquer ação útil, visaria à salvação das pessoas, para que assim todos glorifiquem a Deus. O documento também dizia que Deus consente como um sábio administrador que se cumpram os milagres, não em virtude das forças dos seres humanos, mas 5

    graças à sua vontade. Desta força as pessoas que receberiam os carismas, as graças de Deus não se conservariam na comunidade superiores a todas as pessoas que não as tiveram, mas os viveriam na humildade e na simplicidade.

    As Constituições Apostólicas ressaltaram a importância do povo de Deus, pois através do batismo formariam uma unidade em Cristo. Todos necessitariam de todos para o bom andamento da comunidade. Os carismas que o Senhor concedeu, eram para o serviço em geral na comunidade. Cada pessoa viveria na sua missão, os ministros ordenados, os leigos e as leigas para que todos visassem à glória do Senhor. Os leigos e as leigas são a parte do povo de Deus fundamentais na evangelização e na santificação das coisas e do mundo. Pela palavra de Deus, pelo batismo, crisma e a eucaristia são chamados os leigos e as leigas à missão de anunciar o bem, a paz, o amor, denunciar o pecado, a morte no mundo, para que haja a vida, e junto com os pastores viverem o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.

    A Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christifidelis Laici de São João Paulo II, que fala sobre a Vocação e Missão dos fiéis leigos na Igreja e no Mundo, aponta para a participação dos fiéis leigos na missão real de Cristo: Ao pertencerem a Cristo Senhor e Rei do universo, os fiéis leigos participam no Seu múnus real e por Ele são chamados para o serviço do Reino de Deus e para a sua difusão na história. Vivem a realeza cristã, sobretudo no combate espiritual para vencerem dentro de si o reino do pecado (cf. Rom 6, 12), e depois, mediante o dom de si, para servirem, na caridade e na justiça, o próprio Jesus presente em todos os seus irmãos, sobretudo nos mais pequeninos (Mt 25, 40). Mas os fiéis leigos são chamados de forma particular a restituir à criação todo o seu valor originário. Ao ordenar as coisas criadas para o verdadeiro bem do homem, com uma ação animada pela vida da graça, os fiéis leigos participam no exercício do poder com que Jesus Ressuscitado atrai a Si todas as coisas e as submete, com Ele mesmo, ao Pai, por forma a que Deus seja tudo em todos (1 Cor 15, 28; Jo 12, 32). O Catecismo da Igreja Católica também fala sobre a participação dos leigos na missão real de Cristo. Diz assim no número 912: Os fiéis devem distinguir acuradamente entre os 6

    direitos e os deveres que lhes incumbem enquanto membros da Igreja e os que lhes competem enquanto membros da sociedade humana. Procurarão conciliar ambos harmonicamente entre si, lembrados de que em qualquer situação temporal devem conduzir-se pela consciência cristã, uma vez que nenhuma atividade humana, nem mesmo nas coisas temporais, pode ser subtraída ao domínio de Deus. Esse tríplice múnus de Cristo Sacerdote, Profeta e Rei que encontra a sua raiz primeira na unção do Batismo, o seu desenvolvimento na Confirmação e a sua perfeição e sustento dinâmico na Eucaristia. É uma participação que se oferece a cada um dos fiéis leigos, mas enquanto formam o único corpo do Senhor. Com efeito, é a Igreja que Jesus enriquece com os Seus dons, qual Seu Corpo e Sua Esposa. Assim, os indivíduos participam no tríplice múnus de Cristo enquanto membros da Igreja e da sociedade."

    O Catecismo da Igreja Católica aponta assim no número 1268: Os batizados tornaram-se pedras vivas" para a

    construção de um edifício espiritual, para um sacerdócio santo

    (1 Pd 2,5). Pelo Batismo, os batizados participam do sacerdócio de Cristo, de sua missão profética e régia; sois a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo de sua particular propriedade, a fim de que proclameis as excelências daquele que vos chamou das trevas para sua luz maravilhosa (1Pd 2,9). O

    Batismo faz participar do sacerdócio comum dos fiéis. São Pedro em sua primeira carta diz: Dedicai-vos a um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por Jesus Cristo(1Pd 2,5).

    Na missa inaugural de seu Pontificado, em 22 de outubro de 1978, o Papa eleito João Paulo II já dizia assim: "O II Concílio do Vaticano recordou-nos o mistério de um tal poder e o fato de que a missão de Cristo — Sacerdote, Profeta, Mestre e Rei —

    continua na Igreja. Todos, todo o Povo de Deus é partícipe desta tríplice missão. E talvez que no passado se pusesse sobre a cabeça do Papa o trirregno, aquela tríplice coroa, para exprimir, mediante tal símbolo, o desígnio do Senhor sobre a sua Igreja; ou seja, que toda a ordem hierárquica da Igreja de Cristo, todo o seu sagrado poder que nela é exercitado mais não é do que o serviço, aquele 7

    serviço que tem como finalidade uma só coisa: que todo o Povo de Deus seja partícipe daquela tríplice missão de Cristo e que permaneça sempre sob a soberania do Senhor, a qual não tem as suas origens nas potências deste mundo, mas sim no Pai celeste e no mistério da Cruz e da Ressurreição. O ano era 1963. O papa recém-eleito era São Paulo VI. Ao fim do evento em que foi coroado, Paulo VI retirou a tiara papal de sua cabeça e a depositou sobre o altar, em sinal de humildade. Em seguida, a tiara foi leiloada (a arquidiocese de Nova York a arrematou), e o dinheiro arrecadado foi doado para as obras de assistência aos pobres na África. Desde aquele dia, mais nenhum papa fez uso da tiara papal, objeto ligado a um costume que teve início, provavelmente, no século VIII. Os papas Bento XVI e Francisco receberam tiaras de presente, mas nunca quiseram usá-las. O poder absoluto e ao mesmo tempo doce e suave do Senhor corresponde a quanto é o mais — profundo do homem, às suas mais elevadas aspirações da inteligência, da vontade e do coração. Esse poder não fala com a linguagem da força, mas exprime-se na caridade e na verdade".

    Vamos meditar que ser cristão não é apenas dizer que acredita em Jesus, ou que acha interessante o que Ele fez e falou.

    A fé em Jesus deve levar a um testemunho dele, numa comunidade que também acredita nele, como disse Jesus: onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles (Mt 18, 20). Sendo assim, ser cristão é seguir Jesus e identificar-se com Ele. Ser cristão é estar comprometido com a Verdade que é Cristo.

    A fé em Jesus deve gerar comprometimento com a causa do Reino de Deus.

    Vamos trabalhar os temas da doutrina católica que repousa sobre três pilares, que formam a base da nossa religião. São eles: a Sagrada Escritura (isto é, a Bíblia); a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério. Para termos uma melhor compreensão das bases de nossa fé, iremos recordar a síntese da história da salvação e os fundamentos da Bíblia ou Sagradas Escrituras, que contém toda a revelação Divina, pois trata-se de uma coleção de Livros Sagrados que contém relatos desde a Criação do universo, até o que virá no Final dos Tempos. Meditaremos que foi através das Sagradas Escrituras que Deus se comunicava e se comunica até os dias de 8

    hoje com Seus Filhos para Se revelar, ensinar, guiar, repreender, exortar, instruir, encorajar, enfim para Se comunicar com suas Criaturas tão amadas. A Bíblia, quando utilizada em oração, é o diálogo com Deus. Aprenderemos a manusear a Bíblia, pois para aprender a manusear a Bíblia, deve-se saber o que são capítulos e versículos.

    Meditaremos que a oração é atitude própria e necessária de todo o cristão. Então, acredito que todos nós, em algum momento, já tenha feito a si mesmo estas perguntas: "Será que eu sei rezar?

    Como eu rezo? O que é a oração? Se você já se fez essas perguntas, não pense que está errado ou que isso é um problema. Pois, vejo, por trás desses questionamentos, alguém preocupado com a vida espiritual e com o relacionamento com Deus.

    Vamos propor uma experiência de encontro com Jesus em seus mistérios, com a Trindade Santa e todo plano de Deus, rezando e realizando exercícios espirituais no dia-a-dia de suas vidas. Os Exercícios Espirituais (EE) são um caminho interior que vai do próprio EU, fechado e egoísta, para um EU aberto a Deus/Fé e aos outros/Amor/serviço. Eles abrem o horizonte do nosso ser.

    Vamos conhecer Santo Inácio de Loyola (1491-1556), que após sua conversão, confrontou sua vida com a Palavra de Deus e, sem o saber, começava uma peregrinação interior, onde a primeira etapa era sua purificação pessoal (Via purgativa), a segunda etapa era relacional, com a pessoa de Jesus, adquirindo nisso maior gratuidade e consolação (Via iluminativa) e, por último, colocava-se a serviço dos outros sentindo-se unificado interiormente (Via unitiva), pelo amor que sentia. Sem o saber, transformava-se num contemplativo em ação. Os EE para leigos, em retiro na vida cotidiana, propõe esse percurso.

    Caros leitores/as como aprendi no cursilho e confirmei em minha vida: o tripé Oração, Estudo e Ação Apostólica. Buscando usar a máxima de Santo Inácio de Loyola: "em tudo amar e servir para a maior glória de Deus". Novo convertido ou não, todo cristão verdadeiro precisa crescer no conhecimento de Jesus Cristo, a fim de desenvolver as características do verdadeiro cristianismo. É

    urgente que aprendamos mais da pessoa de nosso Senhor e 9

    Salvador Jesus Cristo hoje em dia, pois infelizmente muitos falsos cristãos tem surgido, enquanto isso muitos outros não estão amadurecendo na vida cristã, e por isso não dando frutos com esmero no reino de Deus. É quase impossível ser um cristão ideal.

    Mas um cristão melhor! Esse deve ser o objetivo de todo aquele que crê em Cristo. Mas como se faz isso? Trabalhando em si mesmo, melhorando sua comunidade inteira e colocando ênfase na sua fé, você pode ser o tipo de cristão que inspira todo mundo ao seu redor. Convido vocês a rezarem este livro, pois teremos oração, contemplação e meditação, e especialmente de cura interior. Mas, na verdade os verdadeiros cristãos não precisam ser cobrados a obedecer as Escrituras Sagradas, pois por amor ao Senhor Jesus estes leem, estudam de boa vontade e com alegria obedecem. Veremos que cada espiritualidade, ou carisma tem a sua maneira de rezar, uns contemplativamente, outros na leitura orante, mas todos na busca de se encontrar com Deus Criador, Seu filho Salvador e do Espírito Santo orientador e que nos dá ardor para sempre e cada vez mais buscar fazer a vontade de Deus!

    O grande motivo pelo qual escrevo este livro é que minha experiência e a experiência de minha esposa, nossos erros e acertos, ajudem a cada um de vocês leitores amigos, a buscarem uma vida feliz e cheia de sentido e que a cura interior seja alcançada através do conhecimento de como se encontrar com Deus através da oração e do discernimento diário. Para que isto aconteça teremos estudos, exercícios, testes, oração, meditações e contemplações, na busca de nos conformarmos à pessoa de Jesus Cristo, pérola preciosa, nosso Mestre e Senhor. E assim sermos bons cristãos e discípulos missionários de Jesus Cristo!

    No próximo capítulo iremos ver que o apostolado dos leigos é a participação na própria missão salvífica da Igreja. A este apostolado todos são destinados pelo próprio Senhor através do batismo e da confirmação. [...] Os leigos, porém, são chamados para tornarem a Igreja presente e operosa naqueles lugares e circunstâncias onde apenas através deles ela pode chegar como sal da terra. Sendo assim, ser cristão é seguir Jesus e identificar-se com Ele. Ser cristão é estar comprometido com a Verdade que é Cristo.

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    A fé em Jesus deve gerar comprometimento com a causa do Reino de Deus.

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    CAPÍTULO 1 MISSÃO DOS LEIGOS BATIZADOS: SACERDOTE, PROFETA E REI

    A partir da disposição textual e da hermenêutica da teologia sacramental da Constituição Lumen Gentium, constatam-se dois princípios fundamentais para interpretar a especificidade da missão do laicato na Igreja. O primeiro refere-se ao princípio ontológico sacramental segundo o qual o agir procede do ser, de modo que a missão do laicato, tanto em suas possibilidades quanto em seus limites, procede de sua constituição ontológica cristã. O

    segundo, consiste no princípio eclesiológico pelo qual o significado da missão do laicato procede da natureza e da finalidade da Igreja no mundo, ou seja, os leigos participam, a seu modo da única missão da Igreja.

    O apostolado dos leigos é a participação na própria missão salvífica da Igreja. A este apostolado todos são destinados pelo próprio Senhor através do batismo e da confirmação. [...] Os leigos, porém, são chamados para tornarem a Igreja presente e operosa naqueles lugares e circunstâncias onde apenas através deles ela pode chegar como sal da terra. (LG 33) O fundamento teológico da missão do laicato está nos Sacramentos da Iniciação Cristã, a partir dos quais procedem dois aspectos fundamentais e complementares. Em seu primeiro aspecto, a inserção no Povo de Deus/Corpo de Cristo coloca a pessoa humana em uma relação vital com a Trindade, não somente com o Filho, mas por meio dele com o Pai e o Espírito Santo: nesse Corpo difunde-se a vida de Cristo nos crentes que pelos sacramentos, de modo misterioso e real, são unidos a Cristo morto e ressuscitado (LG 7b). Como segundo aspecto, a inserção na vida da graça trinitária faz o cristão participar plenamente da existência e da missão do Povo de Deus na história, não de forma uniforme, mas segundo a diversidade própria dos ministérios e carismas concedidos pelo Espírito Santo e reconhecidos pela autoridade dos Apóstolos. Desta forma, os leigos, pela inserção na vida do Corpo Místico de Cristo, participam, de fato e de direito, na realização histórica do Povo de Deus: todo leigo, em virtude dos próprios dons que lhe foram conferidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da própria missão da Igreja ‘na medida do dom de Cristo’ (Ef 4,7). (LG 33b) Os princípios, o ontológico-sacramental e o eclesiológico, complementam-se 12

    reciprocamente porque ambos têm sua razão de ser no mistério da Igreja, sinal e instrumento de salvação de Deus no mundo. Por essa razão é intrínseca à natureza da vida cristã a participação no tríplice múnus de Cristo, de modo que a corresponsabilidade do laicato pela missão eclesial não é uma questão acidental ou de conjuntura eclesial, devido às limitações de números e ou competência dos clérigos, mas manifestam a natureza teológica dos leigos como membros do Corpo de Cristo e do Povo de Deus. Em razão disso, há dois níveis de referências teológicas na constituição da identidade desse apostolado:

    - O primeiro nível é o da universalidade: válido para o conjunto dos membros da Igreja, porque versa sobre a identidade e a missão da Igreja segundo a natureza dos desígnios da Trindade na história da salvação. Esses se manifestam nos seguintes pressupostos: a missão salvífica da Igreja tem na pessoa de Jesus Cristo, como Sacerdote, Profeta e Rei (cf. LG 34-36), o seu referencial normativo quanto à forma e conteúdo, bem como, na pessoa do Espírito Santo, sua fonte de virtude e eficácia.

    - O segundo nível é o da particularidade: cada membro exerce o tríplice múnus a partir de sua condição na Igreja. Implica duas distinções teológicas : uma ontológica entre os membros da hierarquia e os membros do laicato, segundo o critério do sacerdócio comum dos fiéis e do sacerdócio ministerial; e também quanto à forma de vida no mundo, os religiosos e não-religiosos, segundo o critério da profissão pública dos conselhos evangélicos.

    Ambas as distinções convergem para a índole secular como identidade (proprium) dos cristãos leigos.

    Como a forma ou o modo de vida dos cristãos leigos caracteriza-se principalmente pela índole secular, o exercício do seu apostolado é delimitado e identificado pela secularidade como seu lugar teológico. É nas circunstâncias, as mais ordinárias e as mais extraordinárias da vida em família e em sociedade que os leigos são chamados a realizarem o tríplice múnus de Cristo (cf. LG 33-35).

    Em tais circunstâncias, guardadas as devidas delimitações da doutrina sacramental, é aplicável ao apostolado dos leigos a categoria de sacramento usada para exprimir a natureza e a missão da Igreja em geral: "a Igreja é em Cristo como que o sacramento ou sinal e 13

    instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano"

    (LG 01). Esta hermenêutica sacramental verifica-se no texto que introduz a vida apostólica dos leigos: "assim todo leigo, em virtude dos próprios dons que lhe foram conferidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da própria missão da Igreja, ‘na medida do dom de Cristo’

    (Ef 4,7)" (LG 33b), bem como, quando se discorre sobre o exercício do tríplice múnus de Cristo.

    Os leigos participam do múnus sacerdotal de Cristo na qualidade do sacerdócio comum dos fiéis. Devido a essa participação, são inseridos na vida litúrgica da Igreja, em seu significado amplo e profundo, de modo que a liturgia é o lugar e a forma teológicos do exercício desse apostolado. Como a natureza da liturgia consiste fundamentalmente num duplo serviço a comunicação da salvação de Deus ao seu Povo e o reconhecimento e louvor do povo a Deus, da mesma forma os leigos exercem o sacerdócio comum segundo essa mesma dinâmica litúrgica:

    aqueles, pois, que une intimamente à Sua vida e missão, também concede parte de Seu múnus sacerdotal no exercício do culto espiritual para que Deus seja glorificado e os homens salvos. (LG 34) Em virtude do sacerdócio comum dos fiéis, os leigos têm acesso a Deus desde sua condição secular. Assim como Jesus Cristo realizou sua missão sacerdotal, assumindo a condição humana e oferecendo-se a si mesmo como sacrifício a Deus, o exercício do sacerdócio comum por parte dos leigos não os separa do mundo, pelo contrário, por meio deles as realidades temporais são assumidas e oferecidas a Deus. A enumeração das obras sacerdotais laicas evidencia a inserção no mundo: relação pessoal com Deus no século, vida matrimonial e familiar, trabalho e lazer, sofrimentos e alegrias. Como em Cristo a ação sacerdotal é unitária (sacerdote, altar e vítima), também não podemos dissociar as obras sacerdotais da própria pessoa do cristão leigo, ou seja, a oferta espiritual (vítima) do leigo é a sua própria vida.

    O exercício do apostolado sacerdotal do leigo manifesta a dinâmica litúrgica e sacramental da Igreja, segundo a qual existe uma relação dialógica da parte de Deus que comunica suas graças salvíficas e as virtudes da parte dos cristãos, as quais correspondem respectivamente aos dons recebidos. Como o sacerdócio comum 14

    dos fiéis e o sacerdócio hierárquico ordenam-se reciprocamente, segue-se necessariamente que as ‘oferendas espirituais’ dos leigos são apresentadas ao Pai na liturgia eucarística. A participação dos leigos no múnus sacerdotal de Cristo evidência um apostolado ativo, inclusive nas celebrações e no culto presidido por ministros ordenados. A finalidade da participação dos leigos no sacerdócio de Cristo é a santificação. A via de santificação não passa por uma espiritualidade monacal ou um apostolado clerical. Pelo contrário, a afirmação do princípio da igualdade entre os batizados e do chamado universal à santidade, refuta-se teoricamente as tendências de clericalização. A Lumen Gentium consolida uma via própria para a espiritualidade dos leigos, que passa pelo reconhecimento da vida familiar e do trabalho como lugares e meios específicos para a santificação. A vida ordinária dos leigos, sobretudo a vida familiar e o trabalho, deixa de ser considerada como um empecilho na busca da união com Deus para ser reconhecida como lugar para o culto e a oferenda agradável a Deus.

    Para entender o significado da missão profética dos leigos, é necessário situá-la no conjunto da tradição cristã e em seguida delimitá-la nas afirmações da própria Lumen Gentium. Segundo a tradição cristã, o profeta é fundamentalmente uma pessoa enviada por Deus para comunicar os seus desígnios sobre o ser humano e o mundo, de modo que, sua mensagem comporta um conhecimento ‘divino’, fundamentado na Revelação de Deus, acerca do destino do homem e do mundo. Segundo esta perspectiva, o conceito de profeta é aplicado à pessoa e à missão de Jesus Cristo, sendo que o conteúdo de sua mensagem concentra-se sobre o Reino de Deus: completou-se o tempo e aproxima-se o reino de Deus; convertei-vos e crede no Evangelho (Mc 1,15). A mensagem Reino de Deus é uma realidade performativa, uma vez que comporta não somente um conhecimento sobre o destino do homem e do mundo, mas, simultaneamente, a realização parcial e definitiva da mensagem anunciada.

    De acordo com a Lumen Gentium, a missão profética da Igreja está determinada pela natureza da missão profética de Cristo:

    "o grande profeta que proclamou o Reino do Pai, quer pelo testemunho da vida, quer pela força da palavra, continuamente exerce seu múnus profético até à 15

    plena manifestação da glória" (LG 35a). Ora, a natureza profética deste caracteriza-se pela iminência escatológica do reinado de Deus, porque pela encarnação do Filho deu-se a revelação definitiva e a comunicação plena do próprio Deus (cf. DV 4). Acontece que Jesus Cristo não é simplesmente o profeta dos tempos escatológicos, mas o profeta escatológico por antonomásia, seguindo-se a consumação da história de acordo com os desígnios por Ele anunciados e realizados. Desta forma, a missão profética da Igreja consiste no anúncio e no testemunho da pessoa de Jesus Cristo e, necessariamente, da mensagem do Reino de Deus nas diferentes épocas da história. A afirmação de que todos os membros da Igreja participam, a seu modo, da missão profética significa que todos são portadores da mensagem do Reino de Deus, revelado por Jesus Cristo, e responsáveis pelo anúncio dessa mensagem, isto é, pela Evangelização. Mas há aqui uma diversidade na forma e no grau segundo a qual os cristãos participam na missão profética, o que pressupõe a distinção ontológica entre o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio hierárquico. Como a hierarquia é instituída por Cristo para servir à constituição do Povo de Deus, exerce sua parte da missão profética, com a autoridade de Cristo, e ensina em Seu nome e com o Seu poder – Igreja Docente: Magistério. Já os cristãos leigos o exercem como membros constituídos no Povo de Deus – Igreja discente. Não se trata de criar uma oposição entre a Igreja docente e a Igreja discente, mas segundo os princípios da dignidade comum a todos os fiéis e a diversidade na estrutura fundamental da Igreja, aplicar aquilo que se afirma sobre o sacerdócio comum dos fiéis e o

    sacerdócio

    hierárquico.

    Dessa

    forma,

    ordenam-se

    reciprocamente e diferenciam-se ontologicamente. A participação dos leigos na missão profética de Cristo consiste em três aspectos fundamentais:

    - O testemunho da fé: os leigos são constituídos como testemunhas de Jesus Cristo. Ser testemunha do Senhor não é exclusividade dos apóstolos ou de seus sucessores (hierarquia), mas de todos os membros da Igreja, uma vez que ela existe a partir da constituição e do testemunho dos Doze. O testemunho manifesta a vida da graça, recebida pelos sacramentos da Iniciação Cristã e 16

    exercido por meio da vivência pública das virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade. Como o ato de testemunhar implica a penhora da própria vida, o engajamento dos leigos com as realidades seculares não só são sinais que atestam a veracidade do Reino de Deus, como também são instrumentos de sua realização para que a criação/mundo chegue à sua realização última.168

    - O sentido da fé. O Concílio afirma que todos os cristãos, inclusive os leigos, recebem de Cristo o senso da fé – sensus fidei: consiste em um carisma concedido por Deus aos fiéis para assegurar-lhes: o discernimento e o conhecimento sobre a vontade divina, a veracidade no ato de crer e a adesão às verdade da fé, por meio do qual participam da infabilidade de toda a Igreja, de modo que, a condição teológica para o exercício do sensus fidei é a comunhão no Povo de Deus. O texto da Lumen Gentium enfatiza que o sensus fidei é excitado e sustentado pelo Espírito Santo, competindo ao Magistério a função de dirigir e orientar aos demais fiéis. Também, o Magistério Infalível, tanto do Sumo Pontífice como dos Bispos reunidos em Concílio, é expressão, em diferentes graus, da infabilidade da Igreja. Assim evidencia-se não uma oposição, mas a reciprocidade entre a Igreja docente e a Igreja discente.

    - Dons/carismas. Os leigos recebem de Cristo, pelo Espírito Santo (cf. At 2,17-18), a graça da palavra - gratia verbi.

    Trata-se dos dons ou carismas concedidos pelo Espírito Santo para que os fiéis possam defender e difundir o Reino de Deus. A partir dos Sacramentos da Iniciação Cristã os fiéis estão em relação com a vida da Trindade, o próprio Deus capacita pessoalmente os fiéis com dons e carismas para suprir as necessidades da missão evangelizadora da Igreja no mundo. Por esta razão, a primazia está na relação entre o Espírito Santo e o fiel, uma vez que não se trata de uma ação mediada imediatamente pelos sacramentos ou pelos ministérios. Também compete, como missão da hierarquia, reconhecer e ordenar os carismas, já associados ao anúncio e à proclamação de Jesus Cristo e seu Reino, ou seja, os leigos precisam dar ao mundo as razões de sua esperança (cf. 1 Pd 3,15).

    A participação dos leigos na missão régia de Cristo pressupõe duas noções teológicas complementares. A primeira 17

    consiste na existência de um Reino de Deus ou um reinado de Deus que comporte, numa perspectiva escatológica, a realidade desde a criação até à parusia (cf. 1 Cor 15, 27-28). A segunda consiste na existência de um rei que é o próprio Verbo de Deus, encarnado na pessoa de Jesus de Nazaré que, por sua morte e ressurreição, entrou na glória de seu reinado (cf. Fl 2, 8-11). A partir da figura do rei, Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, ocorre uma relação congênita entre o Reino de Deus e a Igreja, pois são parte do horizonte de uma única missão. Devido à sua natureza, a Igreja é o germe e o início do Reino de Deus, pois enquanto peregrina no mundo pertence ao tempo do crescimento e da maturação do Reino de Deus, e aquilo que realiza já tem caráter definitivo. Nessa relação estão em contradição duas atitudes unilaterais: a dissociação entre a Igreja e o Reino de Deus e a redução do Reino de Deus à condição da Igreja peregrina. É

    em virtude de sua natureza que a Igreja participa da missão régia de Cristo.

    A condição e a forma pela qual se realiza essa participação não diferem do itinerário anunciado e realizado por Jesus de Nazaré. A condição incide sobre a natureza escatológica do Reino de Deus na história e na criação. Nela se participa dos benefícios/frutos salvíficos conquistados por Cristo; a forma incide sobre o serviço real aos irmãos mediante a obediência à vontade do Pai, pela qual se participa do poder libertador de Cristo.

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