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Compêndio De Formação Litúrgica De Um Leigo Para Leigos
Compêndio De Formação Litúrgica De Um Leigo Para Leigos
Compêndio De Formação Litúrgica De Um Leigo Para Leigos
E-book570 páginas49 minutos

Compêndio De Formação Litúrgica De Um Leigo Para Leigos

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Sobre este e-book

Este compêndio de formação litúrgica para leigos traz orientações sobre quatro aspectos de cada parte da missa, a saber: aspectos históricos, aspectos litúrgico-teológicos, posição corporal da ação ritual e aspectos práticos para ministros, cantores, coroinhas, acólitos e cerimoniários e a todos nós que participamos das celebrações. É um material de formação, voltado especialmente para coordenadores e catequistas, mas também aos demais membros das equipes de liturgia e a quem interessar conhecer e entender melhor a celebração eucarística, a fim de melhor celebrá-la. A compreensão da liturgia da Igreja está em constante mudança. Hoje, mais de 50 anos após o Concílio Ecumênico Vaticano II, e da promulgação da Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia, temos condições de fazer uma reflexão mais madura sobre o sentido e identidade da liturgia assumida pelos padres conciliares e que é celebrada e vivida pelas comunidades espalhadas por todo o mundo. O estudo e reflexão, faz com que a liturgia seja sempre atual, superando o ritualismo, a criatividade desconexa e a personificação.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de abr. de 2019
Compêndio De Formação Litúrgica De Um Leigo Para Leigos

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    Pré-visualização do livro

    Compêndio De Formação Litúrgica De Um Leigo Para Leigos - Saluar Antonio Magni

    AGRADECIMENTO 

    Agradeço  de  maneira  toda  especial  à  minha  esposa  Teka, 

    pelo incentivo e toda retaguarda necessária para que eu pudesse ter 

    tempo, paz e tranquilidade para contemplar e meditar os assuntos, 

    abordados neste livro. Agradeço também ao Padre Narci, que foi 

    assessor  de  liturgia  da  arquidiocese  de  Aparecida,  e  me  levou  a 

    estudar mais profundamente os assuntos ligados à liturgia, quando 

    me  convidou  a  ser  coordenador  da  comissão  de  liturgia  da 

    Arquidiocese  de  Aparecida.  Após  já  estar  a  mais  de  dez  anos  na 

    comissão  de  liturgia,  tive  oportunidades  de  me  aprofundar  nos 

    assuntos  litúrgicos,  especialmente  participando  já  a  dez  anos  nas 

    semanas nacionais de liturgia. Agradeço também ao Padre Marcelo 

    Motta, meu atual assessor de liturgia na comissão da Arquidiocese 

    de  Aparecida,  com  o  qual  tenho  aprendido  cada  vez  mais  como 

    atuar como coordenador dos ministérios leigos da  arquidiocese e 

    paróquias. Ainda aos coordenadores de liturgia das paróquias e os 

    padres párocos que sempre solicitam que eu dê formação litúrgicas 

    nas  paróquias  e  comunidades,  e  com  isso  me  levam  a  cada  vez 

    mais estudar e me aprofundar nos assuntos ligados à liturgia. 

    2 ] 

    SUMÁRIO 

     INTRODUÇÃO .....................................................................5                                                                                                          

    CAP 

    1- 

    QUE 

    SIGNIFICA 

    LITURGIA.............................................................................11

    CAP 

    COMO 

    SURGIU 

    LITURGIA 

    CRISTÃ?................................................................................16

    CAP  3  -  A  REFORMA  LITÚRGICA  DO  CONCÍLIO 

    VATICANO II.......................................................................26

    CAP  4  –  A  LITURGIA  DEVE  SER  BELA  E 

    ATRATIVA............................................................................33

    CAP  5  -    A  LITURGIA,  CELEBRAÇÃO  ATRAVÉS  DE 

    SINAIS.................................................................................. 43

    CAP  6  -    A  IMPORTÂNCIA  DA  ASSEMBLEIA 

    LITÚRGICA..........................................................................53

    CAP 

    MINISTÉRIOS 

    LEIGOS 

    INSTITUÍDOS......................................................................71

    CAP  8  -  MINISTÉRIOS  LEIGOS  CREDENCIADOS  OU 

    NÃO INSTITUIDOS...........................................................115

    CAP  9  -  MÚSICOS  E  CANTORES:  O  CANTO 

    LITÚRGICO........................................................................139

    CAP 

    10 

    – 

    MINISTÉRIO 

    DA 

    ACOLHIDA.........................................................................174

    CAP 

    11 

    – 

    ANO 

    LITÚRGICO........................................................................184

    CAP 

    12 

    – 

    COMUNICAÇÃO 

    NA 

    LITURGIA...........................................................................195

    CAP 

    13 

    – 

    ESPIRITUALIDADE 

    LITÚRGICA........................................................................204

    CAP 

    14 

    MISSA 

    PARTE 

    POR 

    PARTE.................................................................................208

    CAP 

    15-A 

    PASTORAL 

    LITURGICA 

    ..............................................................................................229

    3 ] 

    CAP  16  A  NECESSIDADE  DA  FORMAÇÃO  LITÚRGICA 

    ..............................................................................................244

    CONCLUSÃO.....................................................................253

    BIBLIOGRAFIA.................................................................257

    4 ] 

    INTRODUÇÃO 

    Nestes dias tenho refletido sobre como está a minha vida, 

    como estou sendo um leigo cristão? Sou aposentado, da reserva da 

    Aeronáutica.  Busco  viver  bem  com  minha  esposa,  filhos  e  neta, 

    bem como com nossos parentes, tanto do meu lado, como do lado 

    de  minha  esposa.  Somando  ainda  a  família  de  minha  nora.  Na 

    Igreja  tenho  procurado  ser  um  discípulo,  colocando-me  à 

    disposição, especialmente como catequista de adultos. Eu e minha 

    esposa  tivemos  a  oportunidade  de  aprofundar  na  teologia  e 

    pastorais, através do curso superior de religião, na arquidocese de 

    Aparecida.  4  anos  de  estudo  e  mais  duas  especializações,  em 

    Mariologia e em Cristologia. Eu comecei a estudar liturgia devido à 

    minhas  função  de  Leitor,  animador  e  também  no  trabalho  da 

    música liturgica. Mais de 20 anos na paróquia militar da Escola de 

    Especialistas de aeronáutica. E ´ja á mais de 20 anos na vida civil 

    na  arquidiocese  de  Aparecida.  E  hoje  como  coordenador 

    Arquidiocesano  de  Pastoral  Litúrgica,  na  Arquidiocese  de 

    Aparecida. Busco viver a espiritualidade dos exercícios espirituais 

    de Santo Inácio de Loyola. Juntamente com minha esposa Teka e 

    muitos outros amigos.  Já há mais de 18 anos buscamos conhecer 

    e viver a espiritualidade Inaciana. Minha esposa e eu passamos por 

    todas  as  fases  da  espiritualidade  dos  exercícios  espirituais  e 

    atualmente  somos  acompanhantes  e  orientadores  de  exercícios 

    espirituai.  Isto  tem  sido  uma  maravilha  para  nós.  Cada  vez  mais 

    temos vivido um amor verdadeiro e amadurecido no matrimônio. 

     Após  a  minha  reserva,  um  tanto  apressado  da  Força 

    Aérea,  fui  trabalhar  como  engenheiro  de  manutenção  em  uma 

    indústria  de  Taubaté.  Foram  dois  anos  de  aprendizado  e  muitas 

    dificuldades  de  relacionamentos  no  trabalho.  Fui  convidado  a 

    trabalhar  em  São  José  dos  Campos  em  um  Instituto  de 

    homologação  de  aeronaves,  o  IFI,  com  a  grande  missão  de 

    fiscalizar e homologar aeronaves da Embraer e das adquiridas fora 

    do Brasil, ou mesmo fabricadas no Brasil. Foi um ano de estudos e 

    5 ] 

    muitos aprendizados. Mas sentia estar desintegrado como pessoa, 

    como  marido  e  como  cristão.  Deixei-me  levar  pelos  maus 

    sentimentos  e  acabei  indo  ao  fundo  do  poço,  por  pouco  não 

    joguei  toda  a  minha  felicidade  fora!  Mas  graças  à  minha  querida 

    esposa, que manteve firme sua oração e confiança no meu amor, 

    pudemos resgatar nosso matrimônio e iniciar uma nova etapa em 

    nossa  vida.  Os  exercícios  espirituais  foram  essenciais  nesse 

    caminhar,  bem  como  o  auxílio  do  grupo  de  casais  com  os  quais 

    partilhamos  nossas  experiências  espirituais  e  nosso  dia  a  dia.  A 

    irmã  Fátima  e  o  padre  Jesuíta  Adroaldo,  nossos  acompanhantes 

    espirituais,  foram  essenciais  nessa  caminhada.  Foram  nos  dando 

    dicas  de  estudo,  orações  e  meditações,  fundamentais  para  nossa 

    reintegração matrimonial. O Padre redentorista Magalhães, através 

    de suas orações e orientações, fez conosco uma verdadeira terapia 

    de casal, fazendo-nos enxergar que temos ideias e temperamentos 

    diferentes,  mas  Deus  nos  quis  unidos  para  testemunhar,  que  o 

    matrimônio é lindo e um caminho firme para juntos, chegarmos à 

    eternidade. 

    Buscando  difundir  estes  conhecimentos  e  experiências  na 

    área  de  liturgia,  nestes  mais  de  40  anos  de  experiência  e  estudos

    profundos  nesta  área,  levarei  aos  que  lerem  este  compêndio  de 

    formação litúrgica, conhecimentos e experiências necessárias para 

    atuação  como  ministros  e  agentes  da  pastoral  litúrgica,  nas 

    dioceses  e  paróquias  da  nossa  querida  Igreja  Católica  Apostólica 

    Romana. 

    Proporcionar conhecimentos básicos sobre a Liturgia; orientar, as 

    equipes  de  celebrações  litúrgicas,  pela  necessidade  de  uma 

    preparação prévia das celebrações, por meio de estudo litúrgico e 

    de reuniões regulares; estimular a participação de novos membros 

    na  Pastoral  Litúrgica  de  nossa  comunidade.  A    sacrosanctum 

    concilium,  documento  principal  do  concílio  vaticano  II  sobre  a 

    6 ] 

    liturgia,  será  nossa  base  de  explicações  e  estudos:  A  Igreja  que 

    celebra seu culto! 

                Essa  grande  constituição  foi  a  primeira  a  ser  aprovada 

    pelos padres conciliares e aborda a questão da vida litúrgica na e da 

    Igreja.  É  muito  importante  seu  conhecimento,  pois,  além  de  ser 

    uma palavra atual da Igreja, aborda temáticas que são vivenciadas 

    no quotidiano da nossa fé. Não é a intenção aqui discorrer sobre o 

    percurso  histórico  dessa  constituição,  mas  apenas  elencar  alguns 

    pontos mais significativos e suas consequências na vida eclesial. 

                A  liturgia,  em  que  a  obra  de  nossa  redenção  se  realiza, 

    especialmente  pelo  divino  sacrifício  da  eucaristia,  contribui 

    decisivamente  para  que  os  fiéis  expressem  em  sua  vida  e 

    manifestem aos outros o  mistério de Cristo e a natureza genuína 

    da  verdadeira  Igreja.  Ela  é,  ao  mesmo  tempo,  humana  e  divina, 

    visível,  mas  dotada  de  bens  invisíveis,  presente  ao  mundo,  mas 

    peregrina, de tal forma que o que nela é humano está subordinado 

    ao que é divino, o visível ao invisível, a ação à contemplação e o 

    presente à futura comunhão que todos buscamos (SC, 1). 

                Os  padres  sinodais  enfatizam  com  isso  que  a  liturgia  vai 

    modelando, transformando, a vida de cada cristão, possibilitando-

    o configurar-se sempre mais a Cristo, mediante a celebração de seu 

    sagrado  mistério  e  da  vivência  assídua  de  seus  ensinamentos.  A 

    celebração  do  mistério  da  fé  é  sempre  acompanhada  pela  graça 

    santificante de Deus na força do Espírito Santo em Jesus mesmo, 

    que Se faz presente perenemente na Igreja. 

                A  Sagrada  Constituição  afirma  que:  "toda  celebração 

    litúrgica,  pois,  como  obra  de  Cristo  sacerdote  e  de  seu  corpo,  a

    Igreja, é ação sagrada num sentido único, não igualado em eficácia 

    7 ] 

    nem  grau  por  nenhuma  outra  ação  da  Igreja"  (SC,  7).  Com  essa 

    afirmação fica cada vez mais evidente que toda ação eclesial é uma 

    ação litúrgica, é uma ação marcada necessariamente pela alteridade, 

    é um serviço prestado ao outro. 

                Veremos que à liturgia é atribuído um valor central na vida 

    da Igreja, pois nela, sobretudo, pelo sacrifício eucarístico, atualiza-

    se a obra da redenção de Cristo. Toda a vida litúrgica da Igreja é 

    originada  em  Jesus,  Ele  está  constantemente  presente  em  todo 

    gesto litúrgico. 

                Para  dar  relevância  a  isso  afirma  a  Sagrada  Constituição 

    "para  realizar  tal  obra,  Cristo  está  presente  à  sua  Igreja, 

    especialmente nas ações litúrgicas. Presente ao sacrifício da missa, 

    na  pessoa  do  ministro,  pois  quem  o  oferece  pelo  ministério  dos 

    sacerdotes  é  o  mesmo  que  então  se  ofereceu  na  cruz,  mas 

    especialmente presente sob as espécies eucarísticas. Presente, com 

    sua  força,  nos  sacramentos,  pois,  quando  alguém  batiza,  é  o 

    próprio  Cristo  que  batiza.  Presente  por  sua  palavra,  pois  é  ele 

    quem fala quando se lê a Escritura na Igreja. Presente, enfim, na 

    oração e no canto da Igreja, como prometeu "estar no meio dos 

    dois ou três que se reunissem em seu nome" (Mt 18, 20) (SC, 7). 

    Veremos ainda neste compêndio que a Sacrosanctum Concilium, 7 

    : "Cristo age sempre e tão intimamente unido à Igreja, sua esposa 

    amada,  que  esta  glorifica  perfeitamente  a  Deus  e  santifica  os 

    homens, ao invocar seu Senhor e, por seu intermédio, prestar culto 

    ao eterno Pai". Assim fica sempre de novo evidente que aquilo que 

    a Igreja é e realiza no mundo é sempre em íntima e profunda união 

    com Cristo e que toda sua ação eclesial é uma ação litúrgica. 

    8 ] 

    A compreensão disso é fundamental para que haja a superação dos 

    pensamentos  ingênuos  que  reduzem  a  liturgia  a  apenas  um 

    conjunto de regras a serem seguidas e obedecidas, muito mais que 

    isso, a liturgia é sinal claro da obediência da Igreja ao seu fundador 

    e  ainda,  sua  ação  amorosa  em  favor  de  cada  ser  humano  e  de  si 

    mesma. 

    A beleza e a dignidade da liturgia justificam suas exigências 

    como: o bom preparo daqueles que a executam, o devido respeito 

    para  com  os  sacramentos,  um  reto  relacionamento  com  os 

    mesmos. A liturgia não é expressão de vaidade da Igreja, mas ação 

    de  Jesus  mesmo  que  por  meio  dela,  vem  até  nós  e  nos  dá  a 

    salvação. 

    Mostraremos que todo seu conteúdo é de caráter espiritual 

    e instrutivo. Esse compêndio não tem a pretensão de descrever as 

    normas  e  orientações  completas,  pois  conta  com  o  interesse 

    individual  para  uma  leitura  atenta  e  dedicada  da  Sagrada 

    Constituição.  Apenas  aqui,  foi  dito  sobre  a  importância  dada  à 

    liturgia  no  Concílio  para  que  sempre  mais  Jesus  seja  conhecido, 

    amado  e  seguido,  até  mesmo  a  possibilidade  da  celebração  em 

    língua  vernácula,  para  que  o  fiel  pudesse  participar  ativa  e 

    plenamente da santa missa. 

    Veremos  que  a  Sacrosanctum  Concilium  é  uma  fonte  de 

    inesgotável riqueza para a orientação da vida de fé. É um precioso 

    presente  dado  ao  mundo  para  que  a  Bondade  de Deus  seja  cada 

    vez  mais  compreendida  e  colocada  em  prática  para  a  fecunda 

    vivência  da  fé  na  vida  e  na  missão  da  Igreja.  O  fundamento  da 

    ação litúrgica eclesial está direcionada à sacralidade da Igreja, por 

    especial relação com o Espírito de Pentecostes, quem a constituiu 

    9 ] 

    mediadora  de  seus  dons.  A  liturgia  é  a  atualização  da  obra 

    redentora  de  Cristo  aqui  e  agora,  no  hoje  de  nossa  história.  A 

    liturgia é uma ação de toda a Igreja. 

    Buscaremos mostrar que a assembléia é sujeito na liturgia. 

    E  que  a  renovação  litúrgica  é  fruto  também  da  renovação 

    eclesiológica,  acompanhada  também  de  uma  entonação 

    antropológica de valorização da pessoa humana. Trata-se de uma 

    recuperação e não tanto de inovação (fontes bíblicas e patrísticas). 

    Falaremos  sobre  a  inter-relação  positiva  entre  a  catequese  e  a 

    liturgia.  

    Buscaremos mostrar que a pastoral litúrgica já é uma ação 

    litúrgica pensada. A liturgia é mais que a pastoral, mais que parte 

    integrante  do  fazer  da  Igreja.  Ela  é  parte  essencial  de  seu  ser,

    enquanto  exercício  do  sacerdócio  de  Jesus  Cristo.  A  pastoral 

    litúrgica  integra  o  agir  da  igreja,  ainda  que,  evidentemente,  em 

    estreita  relação  com  o  seu  ser.  O  ato  litúrgico  é  opus  operatum,

    uma  ação  apoiada  na  eficácia  da  graça.  A  pastoral  litúrgica  está 

    relacionada com o opus operantis – a ação do Povo de Deus em 

    vista da frutificação da graça recebida. 

    Mostraremos que a ação litúrgica contém o mistério da fé; 

    a  pastoral  litúrgica  se  ocupa  de  fazê-lo  ressoar  na  vida  pessoal,

    comunitária e na sociedade. 

    10 ] 

    CAP 01-  O QUE SIGNIFICA LITURGIA... 

    Originariamente,  a  palavra  «liturgia»  significa  «obra 

    pública», «serviço por parte dele em favor do povo». Na tradição 

    cristã,  quer  dizer  que  o  povo  de  Deus  toma  parte  na  «obra  de 

    Deus» (cf. Jo 17, 4). Pela liturgia, Cristo, nosso Redentor e Sumo-

    Sacerdote,  continua  na  sua  Igreja,  com  ela  e  por  ela,  a  obra  da

    nossa redenção. (CIC, 1069) 

    A palavra LIT - URGIA vem da 

    língua  grega:  laos  =  povo  e 

    ergon = ação, trabalho, serviço, 

    ofício...  Unindo  os  dois  termos 

    que 

    formam 

    palavra, 

    encontramos  a  raiz  mais 

    profunda  do  significado  da 

    LITURGIA,  ou  seja:  AÇÃO, 

    trabalho,  serviço  do  povo  e 

    realizado em benefício do povo, 

    isto é: um serviço público, como dizemos hoje. 

    Cada celebração sacramental é um encontro dos filhos de 

    Deus com o seu Pai, em Cristo e no Espírito Santo (CIC, 1153). A 

    liturgia é «ação» do «Cristo total» (Christus totus). Os que agora a 

    celebram  para  além  dos  sinais,  estão  já  integrados  na  liturgia 

    celeste,  onde  a  celebração  é  totalmente  comunhão  e  festa.  (CIC, 

    1136)  Antes do concílio  Vaticano II, a liturgia ficou reduzida a 

    uma ação realizada por ministros ordenados (bispo, padre...) para 

    o povo. Era uma ação em que o povo não tomava parte, apenas 

    assistia  como  expectador  e,  muitas  vezes,  sem  compreender  o 

    que estava sendo feito.  

    Graças  ao  Concílio  Vaticano  II,  voltamos  ao  sentido 

    genuíno  da  Liturgia,  como  AÇÃO  do  povo  batizado  e,  por  isso 

    todo  ele  SACERDOTAL,  chamado  ao  louvor  de  Deus  e  à 

    transformação  e  santificação  da  vida  e  da  história.  Uma  ação 

    11 ] 

    conjunta  em  parceria  com  o  próprio  Deus,  numa  dinâmica  de 

    aliança  e  participação  cada  vez  mais  "ativa,  consciente,  plena  e 

    frutuosa." 

    E  isso,  não  só  no  espírito  de  que  "a  liturgia é  a  fonte  de 

    onde  flui  para  nós  a  graça  e  se  alcança  com  a  máxima  eficácia 

    nossa  santificação",  mas  também  no  sentido  de  que  a  liturgia 

    contribui  de  maneira  decisiva  para  a  educação  da  fé  e  para 

    configurar a vida cristã dos fiéis. 

    Mas, os primeiros cristãos eram considerados ateus, gente 

    sem  religião,  porque  não  tinham  templo,  nem  altar,  nem 

    sacerdócio.    Como  entendiam  ser  liturgia?  Entendiam  que  era 

    preciso  fazer  de  sua  própria  vida  uma  liturgia,  da  qual  eles 

    mesmos/as  eram,  em  Cristo  e  no  Espírito,  o  templo,  o  altar,  o 

    sacerdócio.  

    Assim, a liturgia cristã autêntica é a vida vivida no amor e 

    no Espírito de Cristo, em todos os momentos de nossa vida, no 

    serviço a Deus e aos irmãos e irmãs, no trabalho incansável pelo 

    Reino,  até  a  doação  da  própria  vida  se  for  preciso,  tendo  como 

    exemplo o próprio Jesus.

    Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão... (Cf. Jo 

    15,13).  

    A  maneira  mais  concreta, 

    perfeita  e  plena  de  Deus  agir  a 

    nosso  favor  foi  através  de  Jesus,  o 

    Verbo  encarnado,  o  Filho  amado 

    que se fez irmão e servidor (liturgo) 

    com sua encarnação, vida, paixão e 

    principalmente  pela  sua  morte  e 

    ressurreição.  

    12 ] 

    Em sua primeira encíclica, Deus Caritas Est, o Santo Padre 

    Bento  XVI  nos  ensinou  que  o  exercício  da  caridade,  a 

    administração  dos  Sacramentos  e  o  anúncio  da  Palavra  são 

    âmbitos essenciais da Igreja.  O Papa nos recordou que a "íntima 

    natureza da Igreja se exprime em um tríplice dever: o anúncio da 

    Palavra  de  Deus  (kerygma-martyria),  celebração  dos  Sacramentos 

    (leiturgia),  serviço  da  caridade  (diakonia)  são  deveres  que  se 

    pressupõem mutuamente e não podem ser separados um do outro. 

    Mas,  como  fica,  então,  a   celebração 

    litúrgica? Não serve para nada?  

    Claro que sim!  

    Mas  é  preciso  equilibrar  as 

    duas  coisas:  Liturgia-celebração  e 

    liturgia-vida  se  relacionam  como  a 

    última ceia de Jesus de um lado e de 

    outro  lado  sua  missão  messiânica  no 

    meio  do  povo  e  sua  morte  de  cruz 

    como consequência desta missão.  

    Jesus  Cristo  entregou-nos  sua  força,  energia  divina,  seu 

    Espírito,  pelo  qual  nos  faz  capazes  de  AGIR  também  como 

    filhos/as amados de Deus Pai, realizando e continuando com Ele 

    esta ação libertadora, redentora a serviço de vida abundante para 

    todos e para que seu Reino se estabeleça definitivamente. A última 

    ceia foi um gesto simbólico no qual Jesus nos faz compreender o 

    sentido de sua vida e de sua morte. Sem sua vida de doação e sua 

    morte  real,  a  ceia  perderia  seu  sentido.  Assim  também  a  nossa 

    liturgia:  se  não  vivermos  no  dia-a-dia  aquilo  que  celebramos,  de 

    nada vale a celebração. 

    A liturgia-celebração sem a liturgia-vida é como aquela casa 

    construída  sobre  a  areia:  ‘caiu  a  chuva,  vieram  as  enxurradas, 

    sopraram os ventos (...) e a casa caiu. E foi grande sua ruína"). De 

    nada  adianta  chamar  ‘Senhor,  Senhor!’  É  preciso  colocar  em 

    prática a palavra do Senhor. (Cf. Mt 7,21-27; Lc 6,46-49). De outro 

    13 ] 

    lado,  a  liturgia-vida  sem  a  liturgia-

    celebração  carece  de  referências.  É 

    na 

    liturgia-celebração 

    que 

    comunidade  reunida  encontra  o 

    sentido atual para sua ação. 

    Alimenta-se  no  encontro 

    com o Cristo Ressuscitado, na escuta 

    e  interpretação  da  Palavra,  no 

    memorial da celebração eucarística; no louvor e na intercessão da 

    liturgia  das  horas.  Em  cada  celebração  litúrgica  une-se  mais 

    profundamente  a  Cristo,  no  Espírito  Santo,  renovando  seu 

    compromisso  de  viver  a serviço  do  Reino  de  Deus,  de  organizar 

    de uma sociedade justa, fraterna, igualitária de modo a eliminar a 

    fome,  a  miséria,  a  exclusão,  o  ódio,  a  vingança,  as  guerras...;  de

    fazer valer a lei do amor e do serviço, incluir os excluídos, salvar 

    vidas, salvar o planeta; impregnar nossa própria vida e a sociedade 

    com  os  valores  evangélicos,  tão  contrários  a  certos  ‘valores’ 

    apregoados pelo mundo dos negócios, da política, da propaganda 

    comercial.  Celebrações  litúrgicas  que  não  tem  por  base  e 

    fundamento  este  compromisso,  não  é  liturgia  cristã  de  verdade, 

    não é liturgia autêntica. Portanto, o sentido mais amplo da Liturgia 

    é  toda  esta  ação  realizada  por 

    Deus, em Jesus Cristo e, através 

    do seu Espírito em nós e através 

    de nós a toda a humanidade. 

    MOMENTO 

    DE 

    REFLEXÃO:  

    Perguntas  para  reflexão 

    pessoal e em grupos: 

    1) Até que ponto minha 

    vida 

    está 

    sendo 

    ‘liturgia 

    autêntica’,  vida  pascal  no  seguimento  de  Jesus  Cristo  e  em 

    comunhão com ele?  

    14 ] 

    2)  Até  que  ponto  as  nossas  celebrações  litúrgicas  nos 

    ajudam a viver toda a nossa vida como um culto espiritual tendo 

    em vista

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