Compêndio De Formação Litúrgica De Um Leigo Para Leigos
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Compêndio De Formação Litúrgica De Um Leigo Para Leigos - Saluar Antonio Magni
AGRADECIMENTO
Agradeço de maneira toda especial à minha esposa Teka,
pelo incentivo e toda retaguarda necessária para que eu pudesse ter
tempo, paz e tranquilidade para contemplar e meditar os assuntos,
abordados neste livro. Agradeço também ao Padre Narci, que foi
assessor de liturgia da arquidiocese de Aparecida, e me levou a
estudar mais profundamente os assuntos ligados à liturgia, quando
me convidou a ser coordenador da comissão de liturgia da
Arquidiocese de Aparecida. Após já estar a mais de dez anos na
comissão de liturgia, tive oportunidades de me aprofundar nos
assuntos litúrgicos, especialmente participando já a dez anos nas
semanas nacionais de liturgia. Agradeço também ao Padre Marcelo
Motta, meu atual assessor de liturgia na comissão da Arquidiocese
de Aparecida, com o qual tenho aprendido cada vez mais como
atuar como coordenador dos ministérios leigos da arquidiocese e
paróquias. Ainda aos coordenadores de liturgia das paróquias e os
padres párocos que sempre solicitam que eu dê formação litúrgicas
nas paróquias e comunidades, e com isso me levam a cada vez
mais estudar e me aprofundar nos assuntos ligados à liturgia.
[ 2 ]
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .....................................................................5
CAP
1-
O
QUE
SIGNIFICA
LITURGIA.............................................................................11
CAP
2
-
COMO
SURGIU
A
LITURGIA
CRISTÃ?................................................................................16
CAP 3 - A REFORMA LITÚRGICA DO CONCÍLIO
VATICANO II.......................................................................26
CAP 4 – A LITURGIA DEVE SER BELA E
ATRATIVA............................................................................33
CAP 5 - A LITURGIA, CELEBRAÇÃO ATRAVÉS DE
SINAIS.................................................................................. 43
CAP 6 - A IMPORTÂNCIA DA ASSEMBLEIA
LITÚRGICA..........................................................................53
CAP
7
-
MINISTÉRIOS
LEIGOS
INSTITUÍDOS......................................................................71
CAP 8 - MINISTÉRIOS LEIGOS CREDENCIADOS OU
NÃO INSTITUIDOS...........................................................115
CAP 9 - MÚSICOS E CANTORES: O CANTO
LITÚRGICO........................................................................139
CAP
10
–
MINISTÉRIO
DA
ACOLHIDA.........................................................................174
CAP
11
–
O
ANO
LITÚRGICO........................................................................184
CAP
12
–
A
COMUNICAÇÃO
NA
LITURGIA...........................................................................195
CAP
13
–
A
ESPIRITUALIDADE
LITÚRGICA........................................................................204
CAP
14
A
MISSA
PARTE
POR
PARTE.................................................................................208
CAP
15-A
PASTORAL
LITURGICA
..............................................................................................229
[ 3 ]
CAP 16 A NECESSIDADE DA FORMAÇÃO LITÚRGICA
..............................................................................................244
CONCLUSÃO.....................................................................253
BIBLIOGRAFIA.................................................................257
[ 4 ]
INTRODUÇÃO
Nestes dias tenho refletido sobre como está a minha vida,
como estou sendo um leigo cristão? Sou aposentado, da reserva da
Aeronáutica. Busco viver bem com minha esposa, filhos e neta,
bem como com nossos parentes, tanto do meu lado, como do lado
de minha esposa. Somando ainda a família de minha nora. Na
Igreja tenho procurado ser um discípulo, colocando-me à
disposição, especialmente como catequista de adultos. Eu e minha
esposa tivemos a oportunidade de aprofundar na teologia e
pastorais, através do curso superior de religião, na arquidocese de
Aparecida. 4 anos de estudo e mais duas especializações, em
Mariologia e em Cristologia. Eu comecei a estudar liturgia devido à
minhas função de Leitor, animador e também no trabalho da
música liturgica. Mais de 20 anos na paróquia militar da Escola de
Especialistas de aeronáutica. E ´ja á mais de 20 anos na vida civil
na arquidiocese de Aparecida. E hoje como coordenador
Arquidiocesano de Pastoral Litúrgica, na Arquidiocese de
Aparecida. Busco viver a espiritualidade dos exercícios espirituais
de Santo Inácio de Loyola. Juntamente com minha esposa Teka e
muitos outros amigos. Já há mais de 18 anos buscamos conhecer
e viver a espiritualidade Inaciana. Minha esposa e eu passamos por
todas as fases da espiritualidade dos exercícios espirituais e
atualmente somos acompanhantes e orientadores de exercícios
espirituai. Isto tem sido uma maravilha para nós. Cada vez mais
temos vivido um amor verdadeiro e amadurecido no matrimônio.
Após a minha reserva, um tanto apressado da Força
Aérea, fui trabalhar como engenheiro de manutenção em uma
indústria de Taubaté. Foram dois anos de aprendizado e muitas
dificuldades de relacionamentos no trabalho. Fui convidado a
trabalhar em São José dos Campos em um Instituto de
homologação de aeronaves, o IFI, com a grande missão de
fiscalizar e homologar aeronaves da Embraer e das adquiridas fora
do Brasil, ou mesmo fabricadas no Brasil. Foi um ano de estudos e
[ 5 ]
muitos aprendizados. Mas sentia estar desintegrado como pessoa,
como marido e como cristão. Deixei-me levar pelos maus
sentimentos e acabei indo ao fundo do poço, por pouco não
joguei toda a minha felicidade fora! Mas graças à minha querida
esposa, que manteve firme sua oração e confiança no meu amor,
pudemos resgatar nosso matrimônio e iniciar uma nova etapa em
nossa vida. Os exercícios espirituais foram essenciais nesse
caminhar, bem como o auxílio do grupo de casais com os quais
partilhamos nossas experiências espirituais e nosso dia a dia. A
irmã Fátima e o padre Jesuíta Adroaldo, nossos acompanhantes
espirituais, foram essenciais nessa caminhada. Foram nos dando
dicas de estudo, orações e meditações, fundamentais para nossa
reintegração matrimonial. O Padre redentorista Magalhães, através
de suas orações e orientações, fez conosco uma verdadeira terapia
de casal, fazendo-nos enxergar que temos ideias e temperamentos
diferentes, mas Deus nos quis unidos para testemunhar, que o
matrimônio é lindo e um caminho firme para juntos, chegarmos à
eternidade.
Buscando difundir estes conhecimentos e experiências na
área de liturgia, nestes mais de 40 anos de experiência e estudos
profundos nesta área, levarei aos que lerem este compêndio de
formação litúrgica, conhecimentos e experiências necessárias para
atuação como ministros e agentes da pastoral litúrgica, nas
dioceses e paróquias da nossa querida Igreja Católica Apostólica
Romana.
Proporcionar conhecimentos básicos sobre a Liturgia; orientar, as
equipes de celebrações litúrgicas, pela necessidade de uma
preparação prévia das celebrações, por meio de estudo litúrgico e
de reuniões regulares; estimular a participação de novos membros
na Pastoral Litúrgica de nossa comunidade. A sacrosanctum
concilium, documento principal do concílio vaticano II sobre a
[ 6 ]
liturgia, será nossa base de explicações e estudos: A Igreja que
celebra seu culto!
Essa grande constituição foi a primeira a ser aprovada
pelos padres conciliares e aborda a questão da vida litúrgica na e da
Igreja. É muito importante seu conhecimento, pois, além de ser
uma palavra atual da Igreja, aborda temáticas que são vivenciadas
no quotidiano da nossa fé. Não é a intenção aqui discorrer sobre o
percurso histórico dessa constituição, mas apenas elencar alguns
pontos mais significativos e suas consequências na vida eclesial.
A liturgia, em que a obra de nossa redenção se realiza,
especialmente pelo divino sacrifício da eucaristia, contribui
decisivamente para que os fiéis expressem em sua vida e
manifestem aos outros o mistério de Cristo e a natureza genuína
da verdadeira Igreja. Ela é, ao mesmo tempo, humana e divina,
visível, mas dotada de bens invisíveis, presente ao mundo, mas
peregrina, de tal forma que o que nela é humano está subordinado
ao que é divino, o visível ao invisível, a ação à contemplação e o
presente à futura comunhão que todos buscamos (SC, 1).
Os padres sinodais enfatizam com isso que a liturgia vai
modelando, transformando, a vida de cada cristão, possibilitando-
o configurar-se sempre mais a Cristo, mediante a celebração de seu
sagrado mistério e da vivência assídua de seus ensinamentos. A
celebração do mistério da fé é sempre acompanhada pela graça
santificante de Deus na força do Espírito Santo em Jesus mesmo,
que Se faz presente perenemente na Igreja.
A Sagrada Constituição afirma que: "toda celebração
litúrgica, pois, como obra de Cristo sacerdote e de seu corpo, a
Igreja, é ação sagrada num sentido único, não igualado em eficácia
[ 7 ]
nem grau por nenhuma outra ação da Igreja" (SC, 7). Com essa
afirmação fica cada vez mais evidente que toda ação eclesial é uma
ação litúrgica, é uma ação marcada necessariamente pela alteridade,
é um serviço prestado ao outro.
Veremos que à liturgia é atribuído um valor central na vida
da Igreja, pois nela, sobretudo, pelo sacrifício eucarístico, atualiza-
se a obra da redenção de Cristo. Toda a vida litúrgica da Igreja é
originada em Jesus, Ele está constantemente presente em todo
gesto litúrgico.
Para dar relevância a isso afirma a Sagrada Constituição
"para realizar tal obra, Cristo está presente à sua Igreja,
especialmente nas ações litúrgicas. Presente ao sacrifício da missa,
na pessoa do ministro, pois quem o oferece pelo ministério dos
sacerdotes é o mesmo que então se ofereceu na cruz, mas
especialmente presente sob as espécies eucarísticas. Presente, com
sua força, nos sacramentos, pois, quando alguém batiza, é o
próprio Cristo que batiza. Presente por sua palavra, pois é ele
quem fala quando se lê a Escritura na Igreja. Presente, enfim, na
oração e no canto da Igreja, como prometeu "estar no meio dos
dois ou três que se reunissem em seu nome" (Mt 18, 20) (SC, 7).
Veremos ainda neste compêndio que a Sacrosanctum Concilium, 7
: "Cristo age sempre e tão intimamente unido à Igreja, sua esposa
amada, que esta glorifica perfeitamente a Deus e santifica os
homens, ao invocar seu Senhor e, por seu intermédio, prestar culto
ao eterno Pai". Assim fica sempre de novo evidente que aquilo que
a Igreja é e realiza no mundo é sempre em íntima e profunda união
com Cristo e que toda sua ação eclesial é uma ação litúrgica.
[ 8 ]
A compreensão disso é fundamental para que haja a superação dos
pensamentos ingênuos que reduzem a liturgia a apenas um
conjunto de regras a serem seguidas e obedecidas, muito mais que
isso, a liturgia é sinal claro da obediência da Igreja ao seu fundador
e ainda, sua ação amorosa em favor de cada ser humano e de si
mesma.
A beleza e a dignidade da liturgia justificam suas exigências
como: o bom preparo daqueles que a executam, o devido respeito
para com os sacramentos, um reto relacionamento com os
mesmos. A liturgia não é expressão de vaidade da Igreja, mas ação
de Jesus mesmo que por meio dela, vem até nós e nos dá a
salvação.
Mostraremos que todo seu conteúdo é de caráter espiritual
e instrutivo. Esse compêndio não tem a pretensão de descrever as
normas e orientações completas, pois conta com o interesse
individual para uma leitura atenta e dedicada da Sagrada
Constituição. Apenas aqui, foi dito sobre a importância dada à
liturgia no Concílio para que sempre mais Jesus seja conhecido,
amado e seguido, até mesmo a possibilidade da celebração em
língua vernácula, para que o fiel pudesse participar ativa e
plenamente da santa missa.
Veremos que a Sacrosanctum Concilium é uma fonte de
inesgotável riqueza para a orientação da vida de fé. É um precioso
presente dado ao mundo para que a Bondade de Deus seja cada
vez mais compreendida e colocada em prática para a fecunda
vivência da fé na vida e na missão da Igreja. O fundamento da
ação litúrgica eclesial está direcionada à sacralidade da Igreja, por
especial relação com o Espírito de Pentecostes, quem a constituiu
[ 9 ]
mediadora de seus dons. A liturgia é a atualização da obra
redentora de Cristo aqui e agora, no hoje de nossa história. A
liturgia é uma ação de toda a Igreja.
Buscaremos mostrar que a assembléia é sujeito na liturgia.
E que a renovação litúrgica é fruto também da renovação
eclesiológica, acompanhada também de uma entonação
antropológica de valorização da pessoa humana. Trata-se de uma
recuperação e não tanto de inovação (fontes bíblicas e patrísticas).
Falaremos sobre a inter-relação positiva entre a catequese e a
liturgia.
Buscaremos mostrar que a pastoral litúrgica já é uma ação
litúrgica pensada. A liturgia é mais que a pastoral, mais que parte
integrante do fazer
da Igreja. Ela é parte essencial de seu ser,
enquanto exercício do sacerdócio de Jesus Cristo. A pastoral
litúrgica integra o agir da igreja, ainda que, evidentemente, em
estreita relação com o seu ser. O ato litúrgico é opus operatum,
uma ação apoiada na eficácia da graça. A pastoral litúrgica está
relacionada com o opus operantis – a ação do Povo de Deus em
vista da frutificação da graça recebida.
Mostraremos que a ação litúrgica contém o mistério da fé;
a pastoral litúrgica se ocupa de fazê-lo ressoar na vida pessoal,
comunitária e na sociedade.
[ 10 ]
CAP 01- O QUE SIGNIFICA LITURGIA...
Originariamente, a palavra «liturgia» significa «obra
pública», «serviço por parte dele em favor do povo». Na tradição
cristã, quer dizer que o povo de Deus toma parte na «obra de
Deus» (cf. Jo 17, 4). Pela liturgia, Cristo, nosso Redentor e Sumo-
Sacerdote, continua na sua Igreja, com ela e por ela, a obra da
nossa redenção. (CIC, 1069)
A palavra LIT - URGIA vem da
língua grega: laos = povo e
ergon = ação, trabalho, serviço,
ofício... Unindo os dois termos
que
formam
a
palavra,
encontramos a raiz mais
profunda do significado da
LITURGIA, ou seja: AÇÃO,
trabalho, serviço do povo e
realizado em benefício do povo,
isto é: um serviço público, como dizemos hoje.
Cada celebração sacramental é um encontro dos filhos de
Deus com o seu Pai, em Cristo e no Espírito Santo (CIC, 1153). A
liturgia é «ação» do «Cristo total» (Christus totus). Os que agora a
celebram para além dos sinais, estão já integrados na liturgia
celeste, onde a celebração é totalmente comunhão e festa. (CIC,
1136) Antes do concílio Vaticano II, a liturgia ficou reduzida a
uma ação realizada por ministros ordenados (bispo, padre...) para
o povo. Era uma ação em que o povo não tomava parte, apenas
assistia
como expectador e, muitas vezes, sem compreender o
que estava sendo feito.
Graças ao Concílio Vaticano II, voltamos ao sentido
genuíno da Liturgia, como AÇÃO do povo batizado e, por isso
todo ele SACERDOTAL, chamado ao louvor de Deus e à
transformação e santificação da vida e da história. Uma ação
[ 11 ]
conjunta em parceria com o próprio Deus, numa dinâmica de
aliança e participação cada vez mais "ativa, consciente, plena e
frutuosa."
E isso, não só no espírito de que "a liturgia é a fonte de
onde flui para nós a graça e se alcança com a máxima eficácia
nossa santificação", mas também no sentido de que a liturgia
contribui de maneira decisiva para a educação da fé e para
configurar a vida cristã dos fiéis.
Mas, os primeiros cristãos eram considerados ateus, gente
sem religião, porque não tinham templo, nem altar, nem
sacerdócio. Como entendiam ser liturgia? Entendiam que era
preciso fazer de sua própria vida uma liturgia, da qual eles
mesmos/as eram, em Cristo e no Espírito, o templo, o altar, o
sacerdócio.
Assim, a liturgia cristã autêntica é a vida vivida no amor e
no Espírito de Cristo, em todos os momentos de nossa vida, no
serviço a Deus e aos irmãos e irmãs, no trabalho incansável pelo
Reino, até a doação da própria vida se for preciso, tendo como
exemplo o próprio Jesus.
Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão...
(Cf. Jo
15,13).
A maneira mais concreta,
perfeita e plena de Deus agir a
nosso favor foi através de Jesus, o
Verbo encarnado, o Filho amado
que se fez irmão e servidor (liturgo)
com sua encarnação, vida, paixão e
principalmente pela sua morte e
ressurreição.
[ 12 ]
Em sua primeira encíclica, Deus Caritas Est, o Santo Padre
Bento XVI nos ensinou que o exercício da caridade, a
administração dos Sacramentos e o anúncio da Palavra são
âmbitos essenciais da Igreja. O Papa nos recordou que a "íntima
natureza da Igreja se exprime em um tríplice dever: o anúncio da
Palavra de Deus (kerygma-martyria), celebração dos Sacramentos
(leiturgia), serviço da caridade (diakonia) são deveres que se
pressupõem mutuamente e não podem ser separados um do outro.
Mas, como fica, então, a celebração
litúrgica? Não serve para nada?
Claro que sim!
Mas é preciso equilibrar as
duas coisas: Liturgia-celebração e
liturgia-vida se relacionam como a
última ceia de Jesus de um lado e de
outro lado sua missão messiânica no
meio do povo e sua morte de cruz
como consequência desta missão.
Jesus Cristo entregou-nos sua força, energia divina, seu
Espírito, pelo qual nos faz capazes de AGIR também como
filhos/as amados de Deus Pai, realizando e continuando com Ele
esta ação libertadora, redentora a serviço de vida abundante para
todos e para que seu Reino se estabeleça definitivamente. A última
ceia foi um gesto simbólico no qual Jesus nos faz compreender o
sentido de sua vida e de sua morte. Sem sua vida de doação e sua
morte real, a ceia perderia seu sentido. Assim também a nossa
liturgia: se não vivermos no dia-a-dia aquilo que celebramos, de
nada vale a celebração.
A liturgia-celebração sem a liturgia-vida é como aquela casa
construída sobre a areia: ‘caiu a chuva, vieram as enxurradas,
sopraram os ventos (...) e a casa caiu. E foi grande sua ruína"). De
nada adianta chamar ‘Senhor, Senhor!’ É preciso colocar em
prática a palavra do Senhor. (Cf. Mt 7,21-27; Lc 6,46-49). De outro
[ 13 ]
lado, a liturgia-vida sem a liturgia-
celebração carece de referências. É
na
liturgia-celebração
que
a
comunidade reunida encontra o
sentido atual para sua ação.
Alimenta-se no encontro
com o Cristo Ressuscitado, na escuta
e interpretação da Palavra, no
memorial da celebração eucarística; no louvor e na intercessão da
liturgia das horas. Em cada celebração litúrgica une-se mais
profundamente a Cristo, no Espírito Santo, renovando seu
compromisso de viver a serviço do Reino de Deus, de organizar
de uma sociedade justa, fraterna, igualitária de modo a eliminar a
fome, a miséria, a exclusão, o ódio, a vingança, as guerras...; de
fazer valer a lei do amor e do serviço, incluir os excluídos, salvar
vidas, salvar o planeta; impregnar nossa própria vida e a sociedade
com os valores evangélicos, tão contrários a certos ‘valores’
apregoados pelo mundo dos negócios, da política, da propaganda
comercial. Celebrações litúrgicas que não tem por base e
fundamento este compromisso, não é liturgia cristã de verdade,
não é liturgia autêntica. Portanto, o sentido mais amplo da Liturgia
é toda esta ação realizada por
Deus, em Jesus Cristo e, através
do seu Espírito em nós e através
de nós a toda a humanidade.
MOMENTO
DE
REFLEXÃO:
Perguntas para reflexão
pessoal e em grupos:
1) Até que ponto minha
vida
está
sendo
‘liturgia
autêntica’, vida pascal no seguimento de Jesus Cristo e em
comunhão com ele?
[ 14 ]
2) Até que ponto as nossas celebrações litúrgicas nos
ajudam a viver toda a nossa vida como um culto espiritual tendo
em vista