Além Do Silêncio

De Eni De Oliveira Fantini

As palavras fluem como uma corrente de água a descer do nascedouro em direção ao mar. Um marque fica longe de nós, que estamos aqui, nas montanhas e pedreiras. A água sabe. Não vacila. Encontra caminhos, mesmo represada. A água vai fundo, contorna, passa por onde houver passagem. Quando se espalha, acaba encontrando um lugar para se juntar de novo. Eu amo, desde a infância, os regatos de água limpa em que refrescava meus pés. É uma memória que me conforta, d e s p e r t a m e u s sentidos, irradia beleza e evoca vida.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 29 de fev. de 2024

Pré-visualização do livro

ALÉM DO SILÊNCIO

confidências

O passado é o ponto de partida para habitar o presente com consciência, equanimidade, clareza e cuidado.

O passado, com suas dores, amores, alegrias e tristezas, é a argila no torno do oleiro.

É o material para ser trabalhado e transformado.

A atenção plena é o foco deliberado no momento presente.

Eni de Oliveira Fantini

Eni de Oliveira Fantini

ALÉM DO SILÊNCIO

confidências

1ª edição

Belo Horizonte

Edição da autora

2020

© 2020, Eni de Oliveira Fantini Coordenação editorial, preparação de original e revisão de texto

Juliane Matarelli

Projeto gráfico e capa

Zed Martins

Desenhos a nanquim

eni de Oliveira Fantini

Foto da capa

CarOl GuiMarâes, 2014

Catalogação na Publicação (CIP)

Fantini, Eni de Oliveira

F216a Além do silêncio : confidências / Texto e ilustrações de Eni de Oliveira Fantini. – Belo Horizonte : Edição da autora, 2020.

144p. : il.

ISBN 978-65-00-14397-3

1. Literatura brasileira. 2. Contos brasileiros. 3. Crônicas brasileiras. 4. Poesia brasileira. 5. Mulheres escritoras.

I. Título.

CDD: B869

Biliotecária: Pâmela Bastos Machado CRB6/3070

Contato com a autora

[e-mail]

Reflexos

No meio do dia

Há brilhos no lago

Cristais pelo chão

No solo vermelho

Um raio de sol

Apresentação 15

Primeira parte

Prelúdio 1 21

Prelúdio 2 22

Matinal 1 23

Matinal 2 25

Matinal 3 27

Começa julho... 29

Transformações 30

Hoje é quarta-feira... 31

Today I’m taking... 32

My attempts to perform... 33

Voltando no tempo... 34

Projeto... 36

Recife, 07 de janeiro de 2005 38

Meu coração está limpo... 39

De vez em quando... 40

Um fluxo... 41

Desde pequena... 42

Eu tinha seis ou sete... 44

Vamos hoje comemorar... 46

Fui a uma loja... 47

Visualizo o mar... 48

Eu não quero fazer... 49

Segunda parte

Tessituras 53

Presença sutil 54

Asas 55

Sara 57

Jordelino 60

Divagações em um dia chuvoso 63

Mulheres 65

Entre linhas e agulhas 69

Instalação 72

Mãe 73

Voz 74

Mariana 76

Alma de artista 79

Arte 81

O corpo não basta 82

Nenega 83

Carta a uma amiga 86

Chuva 89

Pitangas e granizo 91

Manoel Carlos Cesar 92

Nicinha 94

Breve história de uma relação 96

Terceira parte

Recebi uma mensagem... 101

Desenhar é brincar... 102

Feriado prolongado... 103

Olho a vida... 105

Fico a pensar... 106

Viver de verdade... 108

Estou dentro de mim... 110

As palavras fluem... 111

Hoje seria aniversário... 113

Incrível, agora... 115

É estranho, mas... 116

Ontem resolvi andar... 118

Sucesso, meu aniversário... 120

Bom dia... 121

Sertão... 123

Percebo que ando... 125

Estou aqui há... 126

Falta algo... 127

Este sabiá canta... 129

O sol se esconde... 130

Passamos por abril... 131

Hoje, dia mais calmo... 132

Live... 133

Acordo com o verso... 135

Apresentação

O pedido de Eni para fazer a leitura do manuscrito de seu livro, em tempos de pandemia, isolamento e saudades, me despertou surpresa, emoção, contentamento. Sentimentos não incomuns em nossa caminhada juntas, por quase uma década, em que tive a dádiva de tê-la por perto como parte de minha família, como mestra e, sobretudo, como amiga e inspiração de vida.

Logo nas primeiras linhas, sua escrita marejou-me os olhos. Escolha certeira dos textos, datados ou atemporais, com lampejos da multiplicidade de sensações que os próximos movimentariam. É notável o trabalho de organiza-ção do livro, os caminhos planos ou sinuosos pelos quais percorre. Mesmo quando há alguma ordenação cronoló-gica, revela a conexão que a sensibilidade da autora tece entre diferentes tempos, imagens, relações.

É de uma beleza tocante ler a delicadeza e a firmeza da menina-mulher que se mostra crua e misteriosa, curiosa, frágil e absurdamente forte em seu íntimo. Aprendiz de si e do mundo, (in)cansável na busca da vida, sedenta, desejante. Observadora cuidadosa. Cuidadora, que revela o quanto também carece de ser cuidada. Grita alto (ainda

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que silenciosamente) por socorro, mas também de êxtase na descoberta cotidiana da vida em suas cores, formas e linhas, tão simples quanto complexas.

Mulher que atravessa várias gerações, oferece-nos uma escrita que diz muito de si, de seu tempo, mas que também destoa de seus muitos tempos. Destoa da maioria, de-certo por seu olhar aguçado, transbordamento do sentir.

Talvez por isso a solidão que entrecorta uma