Perfeitamente assimétricos

De Aline Bernardo

Perfeitamente assimétricos é um respiro para a alma feito de afeto, sentimentos, críticas sociais, melancolia e intensidade. Nele, a poetisa Aline Bernardo se liberta como uma amante e aprendiz das palavras, constrói o seu feminino através da linguagem poética e convida todas as mulheres a fazerem o mesmo, em poesias como "Fruto-amparo", "Mulher casca" e outros poemas da obra que trazem, evocam e honram o feminino. Insurgente, intenso, fluido, Perfeitamente assimétricos é uma imersão para o mundo visto através do olhar de uma mulher. Sem dúvidas, é um convite para experimentar com veracidade as paixões, os infortúnios e belezas da vida.

• Idioma: Português
• Editora: Viseu
• Data de lançamento: 21 de fev. de 2022
• ISBN: 9786525407890

Pré-visualização do livro

Agradecimentos

Meu singelo agradecimento as grandes mulheres da minha vida, Carmelita, Caroline, Germinia, Gabrielle e tantas outras que, em essência e com seus corpos perfeitamente assimétricos, partilham comigo a vida. Entre nós, serei sempre grata por esse amor e elo feminino que nos compõe.

Aos meus grandes amigos e familiares que singularmente se alojaram em meu coração, nunca me esquecerei das vezes em que cada um de vocês me emprestaram suas lentes para que eu pudesse ver o mundo de outras formas.

Vocês me inspiram e me dão esperança, vocês fazem parte das minhas realizações. Estarei sempre por vocês.

Prefácio

Caro leitor,

Cada poema deste livro é uma construção feminina e neles, singularmente, existe uma parte de tudo que nos compõe como seres humanos: amores, desilusões, reflexões e sobretudo, a arte – ela faz a vida melhor.

Talvez, mesmo não conhecendo a sua história, sei que temos algo em comum. Partilhamos de uma ternura torta que dá um tom à vida. Espero que você nunca deixe de contemplar isso, que nunca deixe de se expressar e amar, à sua maneira, em vida e em corpo.

Se não o fez, ainda é tempo, vá depressa.

Perfeitamente assimétricos

Tão desalinhado que

indago-me se a tal

perfeição – subjugada –

não habita na forma

do tem-que-ser-assim;

porque há uma história,

uma curva,

uma textura,

uma mancha,

um pelo, uma estria,

um sinal, uma complacência

em não estar de acordo...

Me afeiçoo com o torto.

Me afaga a solidão

Me afaga a solidão por

de trás dos afetos.

Quisera me redimir

com a tua solidão;

com a minha; com a nossa.

Nos elos que nos unem:

as palavras, os gestos,

os sentidos, os silêncios,

anseio pela conexão com

o teu vão, com teu beco,

tua via estreita e marginal –

mas fico inerte – tateio no breu.

Encontro – mesmo sem busca – o nada.

Ele sim subsiste entre nós,

perdura, resiste.

Sabe? É essa a solidão que

me embriaga nos nossos afetos.

É essa solidão que partilhamos –

cada qual com a sua,

intrinsecamente,

individualmente;

me traz um aconchego, um acalanto,

um sentimento universal: de

que estamos todos juntos, sozinhos.

Até faz eco por dentro.

Me afaga a solidão por trás dos afetos.

Parte de mim

Parte de mim

abrira-se ao