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Vozes Ocultas
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E-book173 páginas39 minutos

Vozes Ocultas

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Sobre este e-book

VOZES OCULTAS é uma coletânea poética organizada em oito temas: lembrança, sentimento, mulher, divindade, corpo, sociedade, tempo e natureza, que expõem sentimentos gestados no silêncio e no jogo de linguagem revelando a magnificência do fazer poético.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de jan. de 2023
ISBN9786553553057
Vozes Ocultas

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    Vozes Ocultas - Maria Aparecida Junqueira Coli

    1- LEMBRANÇA

    Image4160

    A cadeira

    Madeira que resistiu ao tempo.

    Assento à espera de quem chega.

    Pés firmes a sustentar,

    O passado que não se desfez.

    Vazia, solitária,

    esquecida no canto da sala, a cadeira.

    Acolhe saudade,

    Rastros de melancolia,

    laços amorosos,

    selados, acabados.

    Momentos vitoriosos,

    verdadeiros? Alienados?

    Idas e vindas do destino,

    alento pro corpo cansado,

    bálsamo pra alma sofrida,

    amparo na angústia,

    aconchego na dor.

    Lembranças vivas,

    palco do riso,

    lugar do abraço,

    do beijo roubado,

    sonho compartilhado,

    encontro inesperado.

    Réplica de vidas.

    Adormecidas, na velha cadeira,

    No canto da sala, sem medo,

    Sem culpa, sem desculpa.

    Lembranças.

    Grandes lembranças.

    Surpresa

    Veio me visitar,

    traz o cigarro de palha,

    No lado esquerdo da boca.

    A fumaça se esvoaça,

    viaja pelas minhas narinas.

    Perfume tocante com cheiro,

    de verdade, certeza, saudade,

    desfrute de nobre cerimonial.

    Não vi seu rosto, apenas seu jeito manso.

    O cigarro a baforar.

    O fumo a queimar-se na palha.

    O aroma pulsa na fumaça.

    Vai se espalhando,

    reveste-me de surpresa,

    presença viva de suas pegadas.

    Memória que transcende ao tempo.

    Anseio infinito pelo passado.

    O cheiro esvaziou-se.

    Voltei à vida,

    foi apenas um cochilo.

    Papai não estava ali.

    Agora não saboreio o perfume da fumaça,

    só o cheiro e o gosto da saudade,

    entranhados em mim.

    Dualidade

    Aprendo devagarzinho,

    No remanso, me resguardo,

    Vou pelos caminhos suaves,

    dos tortos, me afasto.

    Na arte do discurso vazio,

    amores perdidos,

    e noites mal dormidas.

    Política, religião, nem pensar.

    Não há a nada a recomendar,

    A sabedoria brota do calar.

    Não sou boa conselheira.

    Metade de mim é serenidade,

    diante da exaltação.

    Simplicidade das vias sem solução.

    Na outra, sou alucinada, desavisada,

    Intransigente, eloquente.

    Duas metades,

    Escondidas nas minhas entranhas.

    Difícil de domar,

    tento me sustentar.

    Quero mesmo...

    Flores na jardineira.

    Cadeira livre na sacada.

    Pôr de sol alaranjado.

    Refreio-me,

    Pra não cometer pecação,

    Ensinar nada, aprender muito.

    Quero deixar vazar o enfado do dia.

    Alegria fina , transparente,

    soluço abafado.

    Água que mina do olhar,

    Busco a folha alva de papel.

    O lápis e a palavra libertam.

    Sangue caminhando pelas veias,

    Se espalhando...

    Quero o poema ancorado em mim.

    Fotografia

    Olho sem pressa,

    Uma por uma.

    Vejo traços acentuados,

    Me

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