A memória do sonho
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Pré-visualização do livro
A memória do sonho - Heloisa Prieto
BONBINI
EDITORIAL
2024 © Heloisa Prieto
Direção editorial
Aloma Carvalho
Assistente editorial
Jessica Spilla
Revisão e preparação do texto
Marina Cândido
Diagramação
Indaia Emília S. Pelosini
Capa
Aloma carvalho
Produção de ebook
S2 Books
A Coleção Mediações apoia a Aliança Global pela Alfabetização (UNESCO) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 (ODS-ONU) ao publicar obras que promovem a reflexão sobre os livros para infância e juventude e estimulam a leitura em diferentes meios e contextos, seja na escola ou em casa, com a família. Nossos livros revelam o pensamento e as ideias de pesquisadores, professores e estudantes de diversas partes do mundo, principalmente da América do Sul.
Esta publicação, em seu todo ou nas suas partes, não pode ser reproduzida, reimpressa ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio – eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outros – sem a prévia autorização por escrito do editor.
Dados Internacionais de
Catalogação na Publicação (CIP)
PRIETO, H.
A memória do sonho - sobre narrativas literárias e sua relação com a memória cultural / Heloisa Prieto. 1ª edição. - São Paulo: Bon Bini Editorial, 2024.
104 p. : 14 x 21 cm CDD 372.4 /373
978-85-5513-093-9 (impresso)
978-85-5513-094-6 (digital)
1. Ensino da leitura. 2. Teoria e crítica literária.
3. Literatura infantojuvenil. I. Título. II. Autor.
Indíces para catálogo Sistemático
1. Literatura e memória.
2. Teoria e crítica literária.
3. Literatura infantojuvenil.
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Para todos os escritores – profissionais, estreantes, amadores, independentes – que acreditam que suas narrativas são lugar de encontro e transformação com o leitor.
SUMÁRIO
Capa
Folha de rosto
Créditos
Dedicatória
Apresentação. A biblioteca secreta de cada um
1. Memória, filha de Urano e Gaia
2. A memória do sonho
3. A memória da cultura
4. A memória do gesto criador
5. A memória da voz
6. Narrativas imemoriais
7. Os caminhos da memória
Posfácio. Ficsonhos: o início, o rito e o exício
Referências
Contracapa
Este estudo, originalmente desenvolvido para meu doutorado, coincidiu com minha mudança de residência. Transportar uma biblioteca não é tarefa fácil e decidir que livros deveriam ser doados, preservados, qual seria o espaço para os novos livros foram perguntas que me assombraram durante meses.
Finalmente instalada em meu novo endereço, outra vez me encontrei diante das estantes ao listar as referências que usei ao longo da pesquisa. Como na teoria do semioticista Iuri Lotman, a respeito da memória cultural, deparei com aqueles que seriam os textos constantes em minha vida: autores como Marcel Proust, Jorge Luis Borges, Edgard Allan Poe, Fernando Pessoa, Bram Stocker, William Butler Yeats, Clarice Lispector, Erico Veríssimo, Raquel de Queiroz, Jorge Amado, John Steinbeck, Alexandre Dumas, bem como os textos móveis, livros que, no passado, pareciam exercer um fascínio profundo, mas que raramente foram retomados, embora continuassem ocupando em minhas estantes um lugar apenas reservado aos entes mais queridos.
Talvez fosse preciso também mencionar os meus textos clássicos preferidos, tais como Tao Te King, (Lao Tsé), Mahabharata, a Bíblia, As mil e uma noites. Scheerazade [ 01 ], a maravilhosa contadora de histórias, apresentou-me o caminho do sufismo e a relevância das tradições árabes em autores do século XX, como Doris Lessing e Robert Graves. Autores que eu lia há anos sem perceber o texto sufi subliminar que, por sua vez, os ligava ao imaginário borgiano, cuja obra se espalhava por minhas estantes desde os 25 anos.
Recentemente, agora também uma usuária do Kindle, novamente percorri estantes digitais. Autoras como a jovens irlandesas Sara Baume, Rachel Donohue e Kerri Ni Dochartaigh, obras do psiquiatra húngaro, Gabor Maté, bem como os romances surpreendentes do escritor estadunidense, Greg Fields, refletem novas buscas literárias.
A consciência do diálogo que eu estabeleci, ao longo dos anos, com a literatura oral e com a biblioteca de narrativas de aventuras clássicas, herdada de meus avós, enriqueceu meu trabalho criativo. Perceber os próprios passos encheu-me de coragem para tentar novos passos e enveredar-me pela literatura adulta
, por assim dizer.
Mas será que existe mesmo uma rígida fronteira divisória entre leitores crianças e adultos? Essa questão remeteu-me à história da literatura, tema que eu estudara exaustivamente ao longo da graduação. Porém, qual não foi minha surpresa ao descobrir que, enquanto habitante desse universo tão próprio que é o mundo dos escritores profissionais, eu não encontrava escolas ou movimentos formalizados, embora a escolha dos companheiros literários para as antologias e projetos editoriais que organizei ao longo dos anos apontasse para afinidades mais profundas além de rótulos como literatura regional
, literatura urbana
, literatura de vanguarda
e, finalmente, alta literatura
e literatura de entretenimento
. Enquanto isso as crianças, minhas leitoras, perguntavam insistentemente: De onde você tira suas ideias?
; Como você se inspira para criar?
.
Ao tentar responder sinceramente a essas perguntas, muitas vezes eu percebia que surpreendia as professoras que as conduziam até mim, talvez, ao contrariar as teorias já elaboradas por elas a respeito do processo criativo dos escritores profissionais.
Haveria uma musa?
E lá fui eu, dicionários de mitologia grega em mãos, descobrir mais a respeito do mito de Mnemósine, a musa da memória, mãe de toda criação. Ao contrário do mito do escritor romântico e a musa impossível de ser atingida, o mito da deusa grega continha grande sabedoria no sentido de alicerçar a criação na lembrança. Nada surge do nada.
Em sua obra Crítica, genética e