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"Cantares ao meu povo": a poesia de Solano Trindade como movimento social negro (Rio de Janeiro, 1944-1961)
"Cantares ao meu povo": a poesia de Solano Trindade como movimento social negro (Rio de Janeiro, 1944-1961)
"Cantares ao meu povo": a poesia de Solano Trindade como movimento social negro (Rio de Janeiro, 1944-1961)
E-book376 páginas4 horas

"Cantares ao meu povo": a poesia de Solano Trindade como movimento social negro (Rio de Janeiro, 1944-1961)

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Sobre este e-book

Este livro analisa a poesia de Solano Trindade (1908?1974), especificamente o livro "Cantares ao meu povo", publicado em 1961, em São Paulo, pela Editora Fulgor. Solano foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), nos anos 1940, realizou conferência de poesia no Teatro Experimental do Negro (TEN), foi diretor do Teatro Popular Brasileiro (TPB), nos anos 1950, e escreveu poemas sociais, que reivindicam a memória da escravidão e as lutas contra o racismo, por alimentação, moradia, educação e serviços de saúde. Escreveu também poemas que representam de forma positiva as religiões afro-brasileiras e as mulheres negras. Considerando esses aspectos, o objetivo deste livro é discutir conceitualmente a poesia de Trindade como movimento social negro, articulando literatura, história e sociologia.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de mar. de 2024
ISBN9786527009474
"Cantares ao meu povo": a poesia de Solano Trindade como movimento social negro (Rio de Janeiro, 1944-1961)

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    "Cantares ao meu povo" - Oscar Santana

    CAPÍTULO I: UM BALANÇO DOS ESTUDOS SOBRE A OBRA DE SOLANO TRINDADE

    É a partir de 1930 que a imprensa negra se torna cada vez mais atuante, funda-se a Frente Negra Brasileira em vários estados e, em 1944, jornalistas, atores, escritores e nomes como Guerreiro Ramos, Edison Carneiro, Abdias do Nascimento e o próprio Solano Trindade, que já pesquisavam sobre a cultura negra no Brasil, reúnem-se em torno do Teatro Experimental do Negro, objetivando a inserção do negro na vida artística, cultural e política do país (SOUZA, 2004, p. 281).

    O artigo de Florentina Souza, intitulado de Solano Trindade e a produção literária afro-brasileira destaca Trindade como um exemplo de mediador cultural que forja lugares de diálogo através de sua história pessoal, através dos textos que produz e das atividades culturais que organiza (SOUZA, 2004, p. 282). Já a dissertação de Maria do Carmo Gregório (2005) apresenta uma interpretação da trajetória de Francisco Solano Trindade, verificando a relação estabelecida entre a raça e a classe social no seu pensamento, no fazer artístico e na sua prática social, junto ao Partido Comunista do Brasil. A autora analisou poemas presentes nos três livros editados pelo poeta; o exemplar do espetáculo folclórico elaborado pelo teatrólogo e encenado pelo Teatro Popular Brasileiro, a cobertura jornalística do período, as entrevistas concedidas à imprensa, os registros do DOPS (Departamento de Ordem Social e Política) e as entrevistas realizadas com familiares e contemporâneos de Trindade.

    Assim como Souza, Gregório percebeu o potencial sociopolítico da produção literária de Trindade e destacou a poesia e o teatro como instrumentos de intervenção social. Além de abordar os dilemas da identidade Afro-Brasileira, citando a Frente Negra Brasileira, os Congressos Afro-brasileiros e o Centro de Cultura Afro-Brasileiro, a autora realçou o debate sobre as relações raciais no Rio de Janeiro, o impacto da identidade política na vida de Trindade, o rompimento com a subordinação da raça à classe no pensamento social brasileiro, a Comissão Nacional do Folclore, o Projeto de Pesquisa da UNESCO e o movimento folclórico no Brasil, a cultura popular na trajetória de Edison Carneiro, a fundação do Teatro Popular Brasileiro e o compromisso de classe e de raça com a formação do elenco teatral por seus fundadores.

    O estudo A literatura como movimento humanizador: o projeto poético de Solano Trindade, de Serafina Ferreira Machado (2006), defendido no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de Londrina, teve como proposta a revisão do processo de formação da identidade do negro: da subalternidade à luta pelo reconhecimento, na esfera histórica e literária. A autora destacou que Solano Trindade ressalta o caráter humano das populações negras em sua poética.

    No primeiro capítulo de sua dissertação, Machado tece considerações sobre a representação do negro na literatura brasileira, ressaltando os discursos da escravidão, a reinvenção da África, o olhar exótico, a selvageria e a falta de fé, o Cânone literário e o negro, a historiografia de Euclides da Cunha, o negro irritante e a personagem negra na literatura brasileira. No capítulo seguinte, a autora situa Solano no contexto da escritura negra, estabelecendo comparações entre os poemas Bodarrada e Quem tá gemendo?, O Emparedado e Canto dos Palmares, e Recordações do escrivão Isaias Caminha e Conversa com Luci. No terceiro e último, ela assevera a poesia de Trindade como arma e resistência negra, a serviço da reconstrução e humanização dos homens e mulheres negros.

    Em sua tese de doutorado em Letras sobre Poesia negra das Américas, defendida na Universidade Federal de Pernambuco, em 2006, Elio Ferreira de Souza priorizou o estudo da poesia de Solano Trindade (1908 – 1974) e do norte-americano Langston Hughes (1902 – 1967). A sua pesquisa também frequenta a obra de outros poetas como Countee Cullen (dos E.U.A) e os caribenhos Nicolás Guillén (de Cuba), Aimé Césaire (da Martinica), de alguns poetas brasileiros, romancistas, narrativas escravas, canções, cantigas, contos, lendas, ritos religiosos e outras expressões da cultura afro-brasileira. Souza enfatiza a relação, o entrecruzamento da literatura negra com a música das Américas, a performance dos griots - poeta da antiga tradição africana - e de outros mestres de cerimônia da diáspora.

    Logo no primeiro capítulo de sua tese, Elio Souza apresenta: a literatura do negro brasileiro, discutindo os poetas precursores, Caldas Barbosa e Gonçalves Dias; a sátira fundadora de Luís Gama, promovendo o diálogo com a poesia dos Cadernos Negros; a literatura sobre o negro, de Castro Alves; e o emparedamento de Cruz e Sousa, relacionando com o discurso pós-colonial da poesia de Esmeralda Ribeiro e Lourdes Teodoro. Nos demais capítulos, ele tratou da invenção da diáspora africana nas Américas, do lugar e do tempo da memória na poesia de Trindade, do poema Canto dos Palmares como a épica quilombola, do diálogo sobre a negritude marxista - Solano trindade e Nicolás Guillen -, de literatura e cultura popular, de memória, história e identidade negra na poesia de Langston Hughes, de poesia, Jazz e capoeira e da intertextualidade entre a poesia de Solano Trindade e Langston

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