"Cantares ao meu povo": a poesia de Solano Trindade como movimento social negro (Rio de Janeiro, 1944-1961)
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"Cantares ao meu povo" - Oscar Santana
CAPÍTULO I: UM BALANÇO DOS ESTUDOS SOBRE A OBRA DE SOLANO TRINDADE
É a partir de 1930 que a imprensa negra se torna cada vez mais atuante, funda-se a Frente Negra Brasileira em vários estados e, em 1944, jornalistas, atores, escritores e nomes como Guerreiro Ramos, Edison Carneiro, Abdias do Nascimento e o próprio Solano Trindade, que já pesquisavam sobre a cultura negra no Brasil, reúnem-se em torno do Teatro Experimental do Negro, objetivando a inserção do negro na vida artística, cultural e política do país (SOUZA, 2004, p. 281).
O artigo de Florentina Souza, intitulado de Solano Trindade e a produção literária afro-brasileira destaca Trindade como um exemplo de mediador cultural que forja lugares de diálogo através de sua história pessoal, através dos textos que produz e das atividades culturais que organiza
(SOUZA, 2004, p. 282). Já a dissertação de Maria do Carmo Gregório (2005) apresenta uma interpretação da trajetória de Francisco Solano Trindade, verificando a relação estabelecida entre a raça e a classe social no seu pensamento, no fazer artístico e na sua prática social, junto ao Partido Comunista do Brasil. A autora analisou poemas presentes nos três livros editados pelo poeta; o exemplar do espetáculo folclórico elaborado pelo teatrólogo e encenado pelo Teatro Popular Brasileiro, a cobertura jornalística do período, as entrevistas concedidas à imprensa, os registros do DOPS (Departamento de Ordem Social e Política) e as entrevistas realizadas com familiares e contemporâneos de Trindade.
Assim como Souza, Gregório percebeu o potencial sociopolítico da produção literária de Trindade e destacou a poesia e o teatro como instrumentos de intervenção social. Além de abordar os dilemas da identidade Afro-Brasileira, citando a Frente Negra Brasileira, os Congressos Afro-brasileiros e o Centro de Cultura Afro-Brasileiro, a autora realçou o debate sobre as relações raciais no Rio de Janeiro, o impacto da identidade política na vida de Trindade, o rompimento com a subordinação da raça à classe no pensamento social brasileiro, a Comissão Nacional do Folclore, o Projeto de Pesquisa da UNESCO e o movimento folclórico no Brasil, a cultura popular na trajetória de Edison Carneiro, a fundação do Teatro Popular Brasileiro e o compromisso de classe e de raça com a formação do elenco teatral por seus fundadores.
O estudo A literatura como movimento humanizador: o projeto poético de Solano Trindade, de Serafina Ferreira Machado (2006), defendido no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de Londrina, teve como proposta a revisão do processo de formação da identidade do negro: da subalternidade à luta pelo reconhecimento, na esfera histórica e literária. A autora destacou que Solano Trindade ressalta o caráter humano das populações negras em sua poética.
No primeiro capítulo de sua dissertação, Machado tece considerações sobre a representação do negro na literatura brasileira, ressaltando os discursos da escravidão, a reinvenção da África, o olhar exótico, a selvageria e a falta de fé, o Cânone literário e o negro, a historiografia de Euclides da Cunha, o negro irritante e a personagem negra na literatura brasileira. No capítulo seguinte, a autora situa Solano no contexto da escritura negra, estabelecendo comparações entre os poemas Bodarrada e Quem tá gemendo?, O Emparedado e Canto dos Palmares, e Recordações do escrivão Isaias Caminha e Conversa com Luci. No terceiro e último, ela assevera a poesia de Trindade como arma e resistência negra, a serviço da reconstrução e humanização dos homens e mulheres negros.
Em sua tese de doutorado em Letras sobre Poesia negra das Américas, defendida na Universidade Federal de Pernambuco, em 2006, Elio Ferreira de Souza priorizou o estudo da poesia de Solano Trindade (1908 – 1974) e do norte-americano Langston Hughes (1902 – 1967). A sua pesquisa também frequenta a obra de outros poetas como Countee Cullen (dos E.U.A) e os caribenhos Nicolás Guillén (de Cuba), Aimé Césaire (da Martinica), de alguns poetas brasileiros, romancistas, narrativas escravas, canções, cantigas, contos, lendas, ritos religiosos e outras expressões da cultura afro-brasileira. Souza enfatiza a relação, o entrecruzamento da literatura negra com a música das Américas, a performance dos griots - poeta da antiga tradição africana - e de outros mestres de cerimônia da diáspora.
Logo no primeiro capítulo de sua tese, Elio Souza apresenta: a literatura do negro brasileiro, discutindo os poetas precursores, Caldas Barbosa e Gonçalves Dias; a sátira fundadora de Luís Gama, promovendo o diálogo com a poesia dos Cadernos Negros; a literatura sobre o negro, de Castro Alves; e o emparedamento
de Cruz e Sousa, relacionando com o discurso pós-colonial da poesia de Esmeralda Ribeiro e Lourdes Teodoro. Nos demais capítulos, ele tratou da invenção da diáspora africana nas Américas, do lugar e do tempo da memória na poesia de Trindade, do poema Canto dos Palmares como a épica quilombola, do diálogo sobre a negritude marxista - Solano trindade e Nicolás Guillen -, de literatura e cultura popular, de memória, história e identidade negra na poesia de Langston Hughes, de poesia, Jazz e capoeira e da intertextualidade entre a poesia de Solano Trindade e Langston