Merci
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Sobre este e-book
talvez eu conte
para a mãe que eu conheci
o que vi
o que vivi
o que aprendi sobre os homens
o que sou e o que gosto
do que me deram os anos
passados na sua ausência
Talvez mostre
estas palavras
ou talvez deite em seu colo
e suspire como uma velha
que cultiva em um quarto escuro
uma árvore seca e morta
que ela amará até o dia
em que nem lembrança brote
Neste romance experimental, acompanhamos Merci numa caleidoscópica jornada em busca de quem é e da própria história. Sua voz questiona desde seu passado à forma como as pessoas reagem ao seu modo singular de ser e estar no mundo, e nos faz submergir numa personalidade moldada num contexto de brutalidade e delicadeza.
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Pré-visualização do livro
Merci - Robertson Frizero
Merci
Minha mãe chamou
o bebê que eu era
assim
por alguma razão que desconheço
pois desconheço
a razão
e a minha mãe
— a razão do abandono
e de falar do abandono
justo agora que
Oremos: Senhor qualquer que nos guia
eu agradeço
por ter recebido um nome
que me veste
não importa quem eu seja hoje.
Pois justo agora que
a mãe que eu conheci
me ligou para avisar que
a mãe que eu não conheci
está morta
e não hoje
mas há dez anos
Merci passou dez anos
assim passei dez anos
procurando à toa
depois de dez anos
vivendo na paz ignorante
de não saber que
Lembro de um verso perfeito
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Não saber que
a mãe que eu conheci
não era mãe, mesmo sendo
e a mãe que eu não conheci
era mãe de carne e sangue
apenas
isso era a paz ignorante
Merci podia dizer
eu podia dizer a você
que tive uma infância dura
sofrida sofrida e sórdida
pois tragédia vende
constrói piedade
abre portas
mas a paz ignorante
me protegeu de tudo
como a mãe que eu conheci
me protegeu do pai
que esgarçou na vida
a mãe que eu não conheci
a ponto dela nunca ter largado
meu pai
homem
olhoMerci tinha sete anos
eu tinha sete anos
ele me descobriu
ele quis me conhecer
mas não ia gostar
do que ia ver
fiquei sete dias
nos fundos da casa
até ele ir embora
até ele parar de rondar
ameaçar minha mãe
a mãe