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A Vida E Os Amores De Alan Lobos
A Vida E Os Amores De Alan Lobos
A Vida E Os Amores De Alan Lobos
E-book367 páginas3 horas

A Vida E Os Amores De Alan Lobos

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Sobre este e-book

Em certa fase de sua vida, Alan percebe que o tempo havia passado e sua vida não valeu de nada. A companhia da culpa e da saudade pesam em sua consciência e ele resolve escrever sua pequena biografia, a fim de reviver suas memórias, principalmente seus amores e refletir os arrependimentos de uma vida boêmia repleta de traições e luxúria. Alan é um velho irônico e amargo, que caçoa da própria desgraça. Confira a intrigante historia de Alan Lobos e seus amores em uma narrativa leve e irônica com inumeras reflexões sobre a vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jul. de 2018
A Vida E Os Amores De Alan Lobos

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    A Vida E Os Amores De Alan Lobos - Leonardo Tibiriçá Corrêa

    Dedico esta obra à minha mãe, que sempre se doou ao máximo para garantir o melhor aos filhos e inclusive nunca deixou de me apoiar a completar esta obra.

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço a minha mãe por sempre ter me apoiado e acreditado em mim. Além de sempre estar me incentivando a seguir meus sonhos e a alcançar meus objetivos

    Agradeço a Amanda Ramos por ter colaborado com este trabalho e por acreditar que esta obra merecesse uma publicação.

    Agradeço a Thiago Oblesrczuk e Railson Santos por sempre estarem a disposição para ajudar com o que preciso. Além da incrivel colaboração na revisão e críticas para finalizar este trabalho.

    Dedico minha história a meu pai, pois me ensinou a não ser como ele. – Alan Lobos

    A

    inda que eu esteja me expondo, expondo minha família e minhas adoráveis amantes, sinto a necessidade interna, um desejo da alma que grita por atenção, cuja jamais houvera. Hei de narrar de maneira objetiva, sem deixar quaisquer detalhes. Imediatamente, peço as desculpas por, talvez, deixar alguém esquecido no subconsciente ou não retratar da maneira ao qual tinha a intenção de ser.

    Eu vi, sentado na Praça do Oito, mais ou menos por volta das 18 horas, que minha vida já tinha sido passada. Pude perceber que a solidão era minha única amiga, mas quando se tem amigos, nunca se está só e, portanto, sem solidão. Não estava sozinho, meu consciente, minha alma e minhas memorias fazem companhia, mas mesmo assim o coração salta de meu peito para lhes contar a história. O cérebro apenas coordena a função da escrita nesses poucos e sujos rascunhos que guardo em meu bolso.

    Haverá um dia de ressurgir o sentimento de amor, talvez não, mas aprendi que a esperança e o otimismo compõem a sinfonia da vida, orquestrada pela Morte que, de tempos em tempos, interrompe a música para uma pequena pausa, que seriam nossas grandes emoções.

    Não há, se Vossa Senhoria está esperando isso, uma grande aventura ou quaisquer contos heroicos. Jamais fui generoso ou bravo para sentir a honra de ter a alcunha de herói. Quem me dera tal prazer de intitular este livro de contos heroicos de Alan Lobos, mas infelizmente não posso. Vejo diversos autores contando histórias sobre tais futilidades do dia a dia, que talvez esse livro resgate um pouco a emoção e leve, quem queira ler, a um plano fora dos problemas da realidade, mesmo sem o deixar alienado.

    Aproveito para concluir este capítulo, que ainda escrevo na mesma praça olhando o por do sol como se talvez fosse o último. Amanhã, poderá ser que eu não acorde por simples prazer ou ironia do destino, mas hei de contar minha história, hei de satisfazer minha alma, colocar a fora meus momentos de romance e futilidades que nós, meros mortais, chamamos de amor.

    N

    um desses meus delírios de febre ou alucinações por causa do meu chá, eu dialoguei com a Saudade. Estava de vestido branco, extremamente longo, rasgado nas pontas. Era um tecido fino, percorre muito bem a forma de seu corpo. Ainda tento entender o motivo pelo qual tomara a forma de uma mulher desconhecida. O vestido dava a ilusão de ter seios fartos como de uma moça de 20 anos. Seus cabelos amarrados, apenas duas mechas estavam soltas, contornavam a circunferência do rosto, era ondulado nas pontas, aparentava uma oleosidade acima do normal, mas não muito. Seu nariz afinava na ponta e seus olhos tristonhos, aparenta uma depressão causada pelo luto do ente que acabara de partir, ou talvez o rosto da filha na Missa de Sétimo Dia do pai, um luto recente, mas aceito, e mesmo assim presente no rosto da moça.

    Ao passo que me aproximava dela, crescia perante a mim, a imagem da moça. De costa, soube de minha presença, sua voz ecoava sobre meus ouvidos como a doce voz de uma mãe para seu filho recém-nascido.

    — Olá, Alan. Demorou a perceber que estava na hora de termos uma conversa.

    — Qual o motivo de estar me esperando, moça?

    — Sou a Saudade. Sua Alma grita pelo submundo tentando te livrar de um passado que o feriu como uma facada que não cicatriza. Hei de alerta-lo que seu tempo está no fim, não podes partir sem antes se reconciliar consigo mesmo. Não tens culpa pelo o que já passou. Desapegue de seus erros, desapegue da saudade de quem nunca te amou e principalmente desapegue do rancor daqueles que erraram. Meu tempo acabou

    E então, eu acordei. Claro que é questionável isso. Um dia antes, bebi até cair no sono por causa do frio.

    M

    inha mãe, Suzana, deu a luz a mim em 25 de julho de 1889, em meio a revolução republicana. Tudo indica a uma alma infestada de transições pairando sobre a terra.

    Nasci numa pequena cidade do interior de São Paulo chamada Engenho da República, o que não vai mudar nada a vocês, leitores, pois geografia nunca foi meu forte, então cenário é algo que pode variar muito do meu ponto de vista. Meu pai, Germânio, é uma das peças fundamentais desse livro, tanto que dediquei a ele. Irei retomar minha família num capítulo específico futuramente, ou talvez não, mas por enquanto, aceite esse parágrafo.

    Não nasci em berço de ouro, na verdade era um berço bem simples de madeira, que até tinha cupins. No terceiro mês de minha estadia, ele já desmontou parte dele. Minha mãe ficou assustada, mas meu pai deu um jeito de arrumar um outro. Eu vim saber desse episódio muito tempo depois.

    — O berço de seu pai quase te matou certa noite. Acordei com o barulho do pé do berço cedendo. Você nem acordou, continuou lá afogado no sono. Era típico de seu pai falhar nas pequenas tarefas.

    Logo fui obrigado a ir para a escola. Os primeiro contatos com a sociedade e o aprendizado de conviver em paz. Era terrível e detestável. Talvez eu tivesse um desenvolvimento científico muito acima das crianças. Minha menor nota era nove. O problema é que eu sempre estive interessado demais nas mulheres e isso desde que me conheço por gente. Além, claro, a preguiça foi uma terrível inimiga do meu sucesso. Eu posso dizer que sabotei minha vida.

    Claro que não quero entedia-los, caros leitores, afinal se intitula minha vida e meus amores, não vida e arrependimentos. Foi nos primeiros anos de escola em que me apaixonara por uma menina. Ela era inteligente, muito bonita para aquela idade. Tinha um cabelo loiro bem claro, os fios eram extremamente finos, ondulados e davam um aspecto angelical. Usava sempre o mesmo modelo de vestido florido, apenas mudando a cor do tecido. Tinha uma pele macia e branca com uma tonalidade rósea ao fundo. Seus olhos castanhos se destacavam em seu rosto claro e os lábios eram finos e vermelhos claros, quase rosas. Andava de unhas muito bem cuidadas. Por fim, seu nome era Milena.

    Tínhamos por volta dos 8 ou 9 anos. Sem qualquer tipo de maldade, brincávamos a tarde toda sem ver o tempo passar. Ao fim de toda tarde, minha mãe era obrigada a me arrastar de volta para a casa.

    Logo nossas mães entraram num conflito moral. A mãe de Milena era católica extremamente devota a Deus. Tínhamos o hábito de brincar de médico, em frente a casa de Milena. Eu era o médico e ela me trazia suas bonecas doentes ou seu cachorro Josué. Era perceptível a inquietação da mãe em deixa-la sair para brincar. Muitas vezes eu interrompia a brincadeira e dizia a Milena:

    — Sua mãe está na janela de novo. Talvez seria melhor você entrar.

    — Ela está inquieta, pois passo mais tempo aqui contigo do que lendo a Bíblia. Cuide de Florença — era o nome da boneca.

    Minha mãe começou a dar palpites e criticar toda hora em que saía para brincar. Ela não gostava da mãe de Milena, que, aliás, graças a Deus não me recordo de seu nome.

    Certa noite, vi atravessar pela janela de meu quarto, que sempre estava aberta, uma pedra embrulhada por um papel. Era de Milena e nele constava algo parecido a isso que irei narrar:

    Alan, estou a partir ao Rio de Janeiro. Irei morar próximo a Copacabana. Minha mãe não quer que fiquemos mais juntos, o que é um problema, pois Florença mão terá aonde ir quando estiver doente e eu sinto que meu coração está partido por deixar parte de minha paixão aqui com você. Adeus, Alan.

    Eu fique muito chateado, destruído pela partida tão repentina de Milena. Estava furioso pela ignorância da mãe. Jamais voltei a vê-la. Apesar da tristeza, a vida segue mesmo assim e, para alguém que nem tinha 10 anos, era muito haver um primeiro amor, mas confesso que gostaria de ter dado meu primeiro beijo com Milena. Aliás, hei de narrar a seguir meu primeiro beijo.

    D

    epois de Milena, não houveram mais mulheres até por volta dos 13 anos. Aflora minha puberdade. Escorre pela pele os hormônios do crescimento e da sexualidade. O desejo por um beijo já é maior que o de se ganhar um brinquedo.

    Não é nenhuma história romântica. Meu desejo por beijar uma menina já era muito grande, apesar da idade. Eu não sabia o que era um beijo, mas sentia uma necessidade interna de realizar esse desejo emocional e físico.

    Conheci uma garota, Vanessa, estudava na mesma sala que eu. Não tínhamos muito contato, éramos até muito diferentes. Seu pai era da alta burguesia, defendia a volta do Império Brasileiro. Ela gostava de mim pelo fato de eu ir sempre muito notável nas avaliações semestrais, então resolveu se aproximar acreditando que, de alguma forma, iria absorver conhecimento ou se dedicar mais. Fico lisonjeado com isso.

    Vanessa não era como Milena, tinha um corpo comum, claro que naquela época eu não estava me importando com isso. Seu cabelo era liso, chegava até quase o final das costas. As pontas eram muito bem alinhadas e tinha um cheiro amadeirado que permanecia em nosso olfato até o final do dia. Seus olhos eram quase simétricos, banhados num castanho claro, que nos lembram de madeira envernizada de carvalho. Seu nariz era bem fino, mas o seu rosto combinava perfeitamente com isso. Por fim, o que realmente importa, seus lábios eram finos, vermelhos e possuíam um contorno próprio e único de Vanessa.

    Certo dia, estávamos na biblioteca do colégio. Na verdade, ela estava na biblioteca e eu cheguei depois sem qualquer interesse ou encontro marcado. Era comum, depois da aula, eu ir até a biblioteca para estudar. Enfim, fui procurar um livro, ao qual não me recordo do título, e entrei na seção do assunto. Ao fim do corredor estava Vanessa, perdida por entre os títulos, buscando pela ordem alfabética de autor nas estantes. Eu me aproximei e a cumprimentei. Ela deixara cair uma espécie de bilhete no chão. Abaixei para pegá-lo e pude notar que o endereçamento era para mim.

    — Ora, é para mim. Posso ler?

    — Bom, não. Melhor não... É que... Eu... Bom...

    — Deixe disso.

    Abruptamente, viro e começo a ler.

    Alan, ao dia em que te vi passar pela porta da sala 35A, não pude deixar de notar o aumento da palpitação de meu coração. O suor que escorria pelo meu rosto e o nervosismo não deixando me concentrar na aula de história, eu concluí que por ti não poderia ser diferente se não uma paixão. Eu escrevo a carta, pois coragem é o que me falta para assumir. Jamais hei de entregá-la e talvez nunca prove seus lábios, como num romance que vi mamãe ler. Apenas gostaria de saber se um dia terei a reciprocidade.

    Quando termino de ler e me viro para responder, Vanessa já não estava mais lá. Aparentemente fugira de vergonha. Eu já não tinha cabeça para me concentrar mais nos estudos e saio a procura de Vanessa.

    O Colégio São Batista era enorme. Tinha 5 andares, no 2º andar se encontrava a biblioteca. No térreo a quadra poliesportiva e o pátio. Eu já sabia que Vanessa não estaria em nenhum desses lugares. Corri para a cobertura. Era um local calmo, afastado e, claro, proibido para os alunos. Vanessa gostava de ficar lá, por ser muito reservada, era um local perfeito para se afastar dos demais.

    Abri a porta com certo esforço e pude vê-la observando o sol das 14 horas. Aproximei com cautela e comecei a falar:

    — Vanessa?

    — Desculpa pelo bilhete. Não quero que interfira na nossa amizade. Eu admito que gosto muito de você. Eu escrevi aquilo porque estava muito emocionada por causa de Romeu e Julieta.

    — Então não quer me beijar?

    Ela não respondeu e eu me aproximei ainda mais.

    — Vanessa, eu não viria até aqui se não sentisse a mesma atração por você. Talvez fosse uma resposta biológica ou talvez excitação pelo romance, independente disso, vejo em seus olhos amor singelo, ingenuidade naquilo que fala.

    Eu encostei minhas mãos nas mãos dela e ela se aproximou. Continuei:

    — E talvez eu devesse consentir seu desejo.

    — Qual?

    Não respondi, apenas a beijei e ela correspondeu, passando suas mãos pela minha nuca e eu passando os braços pela cintura dela. Naquele momento eu havia dado meu primeiro beijo, meu corpo correspondia com aumento de adrenalina, serotonina e ocitocina. Em minha mente, via os portões do paraíso sendo abertos, Querubins tocando suas harpas em meus ouvidos e meu espírito gritando de prazer. Eu só queria que aquele momento nunca chegasse ao fim.

    T

    alvez o caro leitor venha a desacreditar no que ocorreu a seguir, mas tudo é fielmente a minha lembrança. Não há mais motivo algum em mentir ou retorquir o ocorrido.

    Como muito daquilo que ocorreu em minha, o Destino talvez não goste de minha estadia na Terra, pois novamente, quando estou apaixonado a ponto de me satisfazer emocionalmente, ele vem e quebra esta doce ilusão.

    No dia seguinte, Vanessa não foi a aula, o que poderia até ser comum, uma falta natural por conta de algum imprevisto ou doenças em gerais. Após a aula resolvi ir direto para sua casa, passar para ver se estava tudo bem.

    Chegando lá, encontro a casa vazia. Bato duas vezes na porta e ninguém responde. Espio pela janela e encontro plenamente vazia. O vizinho deles encosta entrada a casa e pergunta:

    — Moleque, o que está aprontando aí?

    — Onde estão os moradores?

    — Aquele safado monárquico do João Dias?

    — Sim, exatamente. O que houve?

    — João Dias se meteu num esquema de motim pra restaura o Império, aconteceu que chegaram os policiais, descobriram tudo e ele seria preso. O cabra safado fugiu se madrugada. Levou a família e as roupas do corpo.

    Meu coração fora pisoteado mais uma vez, não por decepção amorosa, ilusão ou traição, mas por mera brincadeira do destino.

    — Aliás, qual seu nome?

    — Alan.

    — Ah sim. Você é o amiguinho da Vanessa. Ela me deixou esse bilhete pra você ler. Estava muito arrasada com a mudança repentina.

    — Bilhete?

    — Sim, aqui está — me entregou um papel amassado com uma letra que logo reconheci ser dela.

    "Alan,

    Talvez me odeie por não ter partido sem antes avisar, mas não tenho culpa. Meu pai se envolveu em esquemas os quais nem minha mãe aprova e por isso temos que partir urgentemente. Queria dizer que ontem fora o melhor dia de minha vida. Espero repeti-lo com você algum dia na minha juventude. Prometo a ti e a minha alma que clama pela sua presença, que volto algum dia para viver com e somente você. Eu te amo."

    Pois incontrolavelmente eu comecei a chorar perante o vizinho. Eram lágrimas de paixão misturadas com a tristeza da partida de Vanessa. Mas em mim crescia a esperança de que um dia iríamos nos reencontrar e eu poderia sentir seus lábios novamente.

    G

    aranto que, naquela época, era ingênuo demais para entender quais as conspirações que o pai de Vanessa estava metido. Além disso, talvez — e é só um talvez — se eu fosse um jovem descomprometido com qualquer coisa, iria atrás dela Brasil a fora a sua procura.

    Como ela prometeu que voltaria algum dia, só me restou parar de chorar e acreditar que algum dia estaríamos juntos.

    E

    sses meus primeiro anos – infância e juventude – não se da muita ênfase em detalhar cada momento. Como disse inicialmente, minha vida não é nenhum romance heroico e ficaria monótono e cansativo dizer sobre cada almoço de minha vida.

    A fase da final da juventude, quase adulta, não foi muito bem aproveitada, já havia desistido de me dedicar aos estudos, realmente estava determinado a não fazer nada e viver à custa de meus pais. Como todo jovem, nunca imaginamos que algum dia temos que amadurecer e viver por nossa conta. Minha mãe acabou me obrigando a trabalhar em qualquer lugar que fosse enquanto durasse a candidatura de meu pai para um tal emprego no governo.

    Pois arrumei no açougue da cidade. O único, aliás. Conhecia continuamente muitas pessoas e, numa dessas idas e vindas, conheci Mariana, uma moça bem humildade, de beleza própria, trabalhava em casa junto a sua mãe, que era empregada da Condessa Montesabel.

    A Condessa tinha uma casa própria para suas férias que eram a cada 3 meses. Ela não ligava muito para política, manteve sua alta classe mesmo com todas as mudanças na politica interna. Dizia que Engenho da República era uma cidadezinha simples, pacata, afastada de toda correria da cidade e ainda tinha um grande respeito por ela.

    Sabia-se que a Condessa estava na cidade, além dos holofotes dos jornais e da mídia, quando Mariana e sua mãe, Marilda, iam quase todo dia ao açougue comprar algum tipo de carne para o jantar. Condessa não comia muito, mas sempre exigia que não comesse a mesma coisa, pelo menos, na mesma semana.

    Mariana andava sempre de vestido, tinha os olhos tão escuros, praticamente pretos. Seus cabelos eram da altura dos ombros, tinham uma tonalidade de castanhos bem claros quase loiros. Por volta dos 1,60 m, andava de vestidinho com um avental de louça amarrado na cintura. Era bem tímida, nunca dissera sequer uma única palavra no açougue. Porém pude flagra-la diversas vezes me encarando. Desviava o olhar e acabava ficando tão vermelha quanto um morango.

    Querido leitor, eu trabalhava apenas na contabilidade do açougue — eufemismo para caixa — as vezes tinha que fazer alguma entrega pela cidade, mas nunca tive que me ensanguentar, estava sempre aceitável para os olhos de Mariana.

    Ao término de um dia intenso de trabalho, Mariana estava sozinha fazendo as compras para a Condessa.

    — Toninho, minha mãe disse que já estava pronto o pedido, eu não sei exatamente qual é.

    — Ah sim, eu sei qual é. Alan! Venha aqui moleque.

    — Pronto, senhor.

    — Antes de ir embora, preciso que leve essa encomenda para a Condessa. Acompanhe a Mariana, depois disso pode ir para casa, não precisa voltar.

    — Tudo bem, senhor.

    Não havia relacionado o nome a pessoa, então acabei me desanimando um pouco, tomaria um bom tempo do meu descanso e eu já

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