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Revolução Russa: o povo pede passagem
Revolução Russa: o povo pede passagem
Revolução Russa: o povo pede passagem
E-book225 páginas1 hora

Revolução Russa: o povo pede passagem

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Sobre este e-book

O conceito de revolução desperta
imaginação, utopia, possibilidade,
e esperança. Revolução é um conceito que
captura todos os sonhos humanos e implica
uma rápida mudança da realidade. O
conceito se associa com as sociedades mais
avançadas, aonde a mudança se torna
sempre mais acelerada. Como, então, foi
possível uma revolução nas terras da Europa
mais atrasadas, feudais, e autoritárias
– a Rússia dos Romanov de 1917?
Esta obra responde a esta pergunta
com audácia e astúcia. A revolução Russa
não passou em nenhum outro lugar porque
não tinha outro lugar com a combinação de
modernidade e atraso, Europa industrial e
Europa feudal, junto, mesclado, e contraditório.
Foram estas combinações que fizeram
a revolução Russa possível, necessária
e transformadora. A revolução resolveu as
contradições da Russia Romanov, e tornou
Russia em uma superpotencia econômica,
política, e cultural.
Este livro junta materias primas, fotos
e documentos da época, e nos ofrece um
trabalho histórico de alta qualidade. Como
todo trabalho histórico, nos oferece uma
observação do passado a partir do tempo
presente. Igual a 1917, sofremos colapso
em nossos mundos de produção, distribução,
governo, e relações internacionais.
Igual a 1917, as forças de fascismo, nacionalismo, e opressão oferecem soluções fáceis. Igual a 1917, o povo tem a possibilidade
e o dever de criar a modernida e da maiorias excluídas. Todo ativista, estudante,
e sonhador deve ler este livro. futuro se faz com a revolução das maiorias
apaixonadas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de jan. de 2024
ISBN9786559662081
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    Revolução Russa - Fernando Horta

    1

    A ORDEM NÚMERO 1

    Em 1º de março (14/03)1 de 1917 como resultado da grande insurreição de fevereiro de 1917 em Petrogrado, é publicada a Ordem número 1. Desde o final do século XIX, o império Romanov via crescer os levantes contra as transformações econômicas e estagnação social. Os frutos do capitalismo eram colhidos por muito poucos, mas o custo social da implantação do sistema era colocado sobre o dorso da imensa maioria de trabalhadores.

    Tal como na Inglaterra e na França, a implantação do capitalismo foi sempre violenta, submetendo os homens a um processo de transformação cultural que gerou pelo mundo todo revoltas. No império dos Romanov este processo não seria diferente. Entretanto, na Inglaterra à época das revoltas Ludistas (1811), uma das primeiras contra o capitalismo, Karl Marx e Friedrich Engels não haviam publicado ainda o Capital (a primeira edição é de 1867 apenas) nem O Manifesto Comunista (1848). A insatisfação proletária na Rússia tinha, portanto, um referencial racional a que se reportar. Do ponto de vista das ideias, a História dotava os proletários russos da vantagem da existência de toda uma teoria explicativa sobre as mudanças que eles vivenciavam.

    Família imperial russa

    Fila para o pão, Moscou, janeiro de 1917

    Os levantes proletários não eram, pois, novidade. Em 1905, houve o que os historiadores chamam de O Ensaio Geral quando a guarda do czar (os cossacos) abriu fogo sobre população desarmada que protestava por pão. Neste momento, enquanto a população apelava à figura paternalista do czar, a resposta do déspota foi um massacre em São Petesburgo, O domingo Sangrento. Ali esfacelava-se boa parte da percepção que Nicolau II mantinha frente às massas russas, de ser o Pai da nação.

    Se antes de 1905, Lênin já usava jornais e panfletos para influenciar as massas proletárias a perceberem a sua realidade e agirem sobre ela, após 1905 a exigência de mudança foi forte demais para que o Czar simplesmente desconsiderasse. O trabalho de Lênin, neste momento, ainda não tinha penetração suficiente para deflagrar um processo revolucionário. A verdade é que a falta de sensibilidade do czar após 1905 e sua falta de reposta às exigências de mudanças foram definitivas para promover os levantes de fevereiro de 1917, o início efetivo da Revolução.

    Entre 1905 e 1917, o czar deu início a uma série de reformas praticamente inócuas chamadas de Reformas Brandas, dentre elas a criação de um parlamento, a Duma. A criação da Duma não significou, entretanto, a transição para um regime republicano ou com menor concentração de poderes. Na prática, o czar e sua falta de entendimento do momento pelo qual passava seu país deram a Lênin a atenção que ele não tinha até então.

    Não se pode subestimar nem o papel de Lênin e tampouco a alienação de Nicolau II, mas o que transforma tudo isto num caldo revolucionário é a Primeira Guerra Mundial. Entre 1914 e 1917 o conflito mundial levaria quase 10% da população russa à morte. Jogaria o resto da população na pobreza, racionamento e a incerteza de ser mandado para o front, sendo homem ou mulher. A pressão de ter que enfrentar um país muito mais preparado materialmente fez com que a Rússia tivesse baixas imensas em todos os embates contra a Alemanha. Não demorou para que os militares de baixa patente (soldados, cabos e sargentos) viessem a ser os primeiros a não aceitar as ordens do regime dos Romanov.

    A Ordem número 1 emanada em Petrogrado exortava aos soldados a não receberem ordens de oficiais, a prendê-los, retirar suas armas e apenas proteger as fronteiras da Rússia, sem fazer nenhum movimento de avanço. A ordem exortava aos militares para fazer comitês de representantes para agirem na Duma e nos Sovietes (conselhos de operários e camponeses) e declarava que fora do serviço e das fileiras (...) os soldados não podem ser lesados em nada nos direitos de que gozam todos os cidadãos. As exigências de respeito entre os militares ficam evidentes quando o texto diz que fica proibido aos militares de qualquer patente tratar grosseiramente os soldados. O levante de soldados e marinheiros levava ao caos um regime que se mantinha pela força.

    Em 26 de fevereiro (11 de março) de 1917 o presidente da Duma Mikhail Rodzianko enviava telegrama para Nicolau II dizendo: A situação é grave. Anarquia geral na capital. O governo está paralisado. Colapso no transporte, abastecimento e aquecimento. Cresce insatisfação popular. Tiroteios e desordens as ruas. Unidades das tropas trocam tiros entre si. Torna-se urgente a criação de um novo governo!. Três dias antes, Nicolau II mandava carta a imperatriz Alexandra dizendo: Minha adorada! Sinto imensa falta da costumeira sessão de paciência todas as noites. Nas horas vagas voltarei a entreter-me com o dominó. Você diz em sua carta que eu devo ser mais duro como czar. Você tem toda a razão e esteja certa de que eu não esqueço disto.

    A Ordem número 1 da Revolução

    1 A primeira data corresponde ao calendário juliano que vigorou no império Romanov e na Rússia até 1918. A segunda data refere-se ao calendário gregoriano que é o que usamos atualmente. O calendário juliano está 13 dias atrasado em relação ao nosso. Optamos por usar as duas datas deixando ao leitor o gosto de romanticamente seguir as datas julianas ou cientificamente atualizar para o nosso calendário.

    2

    OS ROMANOV

    A família real dos Romanov governou a Rússia (e outras áreas na Ásia e Europa) desde 1762 até 1917. Apesar de ser a família real cujo reinado foi o mais extenso da história da Europa, não se pode dizer que os Romanov tiveram uma existência tranquila em solo russo. Especialmente nos séculos XIX e XX, apenas o pai de Nicolau II (o último czar), Alexander III morreu de forma natural aos 49 anos. Alexander I (1801-1825), Nicolau I (1825-1855), Alexander II (1855-1881) e o próprio Nicolau II (1894-1917) foram assassinados ou morreram em situação

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