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Sem Era
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Sem Era
E-book118 páginas1 hora

Sem Era

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Sobre este e-book

A antologia “Sem Era” é um convite para explorar fronteiras literárias sem limites temporais! Nossa proposta é levar o leitor a desbravar universos inexplorados, mergulhando em histórias fascinantes de ficção científica. Seja viajando por outros mundos, interagindo com raças alienígenas ou apenas refletindo sobre o futuro da humanidade.

IdiomaPortuguês
EditoraObook
Data de lançamento26 de abr. de 2024
ISBN9786598278335
Sem Era

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    Sem Era - Obook

    Ficha do Livro

    Sem Era

    Organizador: Donnefar Skedar

    Projeto gráfico: Obook

    Copyright desta edição: Obook, 2024

    Imagem da capa: Leonardo AI

    Capa: Obook

    ISBN: 978-65-982783-3-5

    Publicação independente.

    Contato: contato@obook.com.br

    Site: https://obook.com.br/

    Sumário

    Ficha do Livro

    Apresentação

    A cópia

    A nossa queda

    Abismo do tempo

    Armas espirituais

    Blá

    Chamado do infinito

    Conhecimento digitalizado

    Convite sinistro

    E o fim é só o começo

    Humanos

    Metamorphosis

    O último crepúsculo

    Planeta artificial

    Serpenteando

    Terra 1

    Um futuro promissor

    Apresentação

    Sem Era, é uma coleção antológica de contos que se passam em eras futuras com direito a tudo o que o autor desejar.

    Aqui o agora pode ser o amanhã ou simplesmente não existir. Um passei pelo gênero de ficção na literatura nacional.

    Aventure-se por estes contos e não esqueça de voltar ao presente para avaliar sua experiência por todos estes mundos.

    Boa leitura.

    Don,

    Organizador

    A cópia

    João Caetano

    A linha vermelha estava vazia naquela madrugada de sábado. As pessoas saiam menos de casa nesses dias. O mundo estava louco demais para arriscar uma noitada com os amigos. Tiago se distraia vendo a tevê do metrô, lendo a legenda automática que escrevia como um profeta dislexo.

    … NOVA LEI APROVA O DESMATAMENTO NA AMA OZÔNIO E DOZE PESSOAS MORREM EM PROTESTO. POLÍCIA PRENDE RADICAIS…

    O trem parou, um homem e uma mulher entraram na cabine vazia. A mulher do outro lado do carro, vestida com uma saia – lápis, salto alto e um terno preto, apontou na direção de Tiago e saiu do trem. As portas se fecharam. O homem ficou ali encarando ele por um bom tempo. Seu rosto escondido num gorro igual ao que ele estava usando. Tiago apertou o taser no seu bolso e se encolheu no assento. O estranho não demorou para decidir andar até ele, na luz Tiago o viu melhor. Seu rosto era familiar. Ele tinha cabelos castanhos e pele morena, como a de Tiago. Tinha o gorro como Tiago. Tinha até a cicatriz na sua sobrancelha em forma de lua. Agora de perto, era como olhar num espelho. O estranho era uma cópia dele.

    A cópia parou na frente do seu assento, encarando. Tiago levantou segurando o taser. A cópia parecia perdida, os olhos tentando encontrar os dele. Ele não sabia o que falar, ou o que fazer. Então encarou de volta. Imediatamente ele viu, os olhos como a superfície de um lago. Olhos profundos. Ele se perdia nos reflexos e luzes daqueles olhos. Luzes prateadas dançavam na sua frente. Era uma ilusão de ótica sem explicação. Era uma prova que aquela pessoa na sua frente era uma cópia, e algo a mais.

    Mercúrio líquido, uma via láctea. Ao olhar os olhos de alguém você vê refletido o que eles enxergam. Ao olhar para aqueles olhos, ele via mais. Ele via seus pensamentos dançando com as luzes prateadas. Ele se via nu, cada medo, história, insegurança, sendo estudado. Ele se via perdido em si.

    O trem virou abruptamente e ele tropeçou. Sua cabeça doía. Ele olhou para o monitor do trem. Eles estavam em Santa Cecília, três estações depois da sua parada. Quanto tempo ele encarou sua cópia? Ele respirou fundo e tentou mudar de lugar. Mas a cópia ficou na sua frente.

    — Eu não quero problema cara. — A cópia parecia irritada, era como ser ver no espelho em um dia ruim. Olhando para o seu rosto, ele começou a se perder nos olhos novamente. Algo, no fundo da sua cabeça, gritou. Seus instintos imploravam para desviar o olhar. E foi o que ele fez.

    O metrô parou e as portas se abriram. A voz nos interlocutores avisou a estação e hora, ele estava longe de casa, mas precisava sair dali.

    — Com licença. — Ele empurrou o homem e andou até a porta.

    Não conseguiu chegar muito longe, uma força enorme o empurrou e ele se viu rolando no chão do trem. Quando sua cabeça parou de girar, ele viu a porta fechando, estava preso no carro com aquilo até a próxima estação.

    Ele tentou se levantar, mas a cópia pulou em cima dele. Ela babava freneticamente, a máscara humana perdida embaixo de algum assento do trem. A cópia ofegava e tateava como um animal ferido. Seus dedos tateando o seu rosto, procurando por seus olhos, tentando abri-los. Ela queria que ele visse, ela queria ser vista.

    Ele tentava alcançar seu taser no bolso, seus dedos tão desesperados quanto o dela, tocando no plástico. Ela jogava seu peso contra o dele, segurando seus braços e pernas. Quando uma unha arranhou sua córnea e ele começou a gritar, o metrô virou. Os dois deslizaram e bateram nos assentos. Com um momento para respirar, ele puxou o taser do seu bolso e cravou cinquenta mil volts naquela coisa.

    O cabelo dela pegou fogo, sua pele começou a derreter como cera. A carga elétrica foi o suficiente para desintegrar a cópia. Em um piscar de olhos, onde havia um homem igual a ele, agora era uma silhueta preta de cinzas.

    — Que porra foi essa? — De forma compreensível, foi a única coisa que ele disse.

    Ele só levantou do chão quando o locutor avisou a chegada na próxima estação. Suas pernas tremiam ao sair do metrô. O lugar estava escuro e vazio, a exceção sendo a mulher de saia lápis, salto alto e terno preto encarando ele. Ela desembarcou três carros na frente, e assim que o trem saiu da estação, ela apontou para seu relógio de pulso e andou até ele.

    — Achei que atravessar uma galáxia fosse demorado. — Ela o olhou de baixo para cima, fazendo cara feia para suas roupas sujas e arranhões. — Você e essa nova geração não me impressionam. Fazer uma bagunça dessa numa missão simples.

    — É... — Ele tentou limpar seu rosto com sua manga, só espalhando mais cinzas na cara. Quem era ela? Ela estava conectada com a cópia? Ele segurou seu taser no bolso e respirou fundo. — Sim, missão comprida… senhora.

    Ela levantou as sobrancelhas e parou de se mexer por um segundo. Naquele momento ele viu num relance o brilho prateado nos olhos dela, analisando ele.

    — Vamos então.

    Ela ficou parada esperando ele. Não fazendo ideia para onde ir, fez o que podia, andou até a saída da estação. Os passos de salto alto o seguiram por um tempo, e então silêncio. Ele virou e ninguém estava ali. Quando virou de novo, ela estava na sua frente. Seus olhos eram rios prateados o lavando inteiro. Ele viajou entre galáxias, destruiu mundos e sentiu o que era poder. Paralisado com suas visões, ela o arrastou para dentro do túnel do metrô.

    A luz dos monitores e o barulho repetitivo o acordaram. Ele estava amarrado no meio de uma sala de controle, como a dos filmes da Nasa. Um auditório com vários níveis, cada degrau com mesas de escritório vazias. Na parede onde um palco ficaria, centenas de monitores mostravam notícias, câmeras e feeds de mídia social.

    A fonte do barulho vinha da sua esquerda. Em cima de uma das mesas de escritório estava um… trambolho. Era a única palavra que ele conseguia usar. Uma caixa de dois metros de altura com fios espalhados e emaranhados trabalhava. Com a luz dos monitores ele conseguiu ver que ela imprimia uma figura. Como uma impressora 3D. Uma linda escultura, pronta até a metade. Pés e pernas perfeitos, com pelos e poros e tudo. Até uma marca de nascença na coxa, igual a dele. Seu sangue gelou, ele se lembrou da luta no metrô, da mulher. Na sua frente uma cópia estava

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