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1990
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E-book75 páginas1 hora

1990

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Sobre este e-book

A antologia “1990” visa trazer ao leitor contos de suspense clássicos ou não que envolva muito mistério e até o sobrenatural. Todos os contos se passam nos 1990, uma década e tanto para suspense, mistério e tudo mais.

IdiomaPortuguês
EditoraObook
Data de lançamento26 de abr. de 2024
ISBN9786598278311
1990

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    1990 - Obook

    Ficha do Livro

    1990

    Organizador: Donnefar Skedar

    Projeto gráfico: Obook

    Copyright desta edição: Obook, 2024

    Imagem da capa: Leonardo AI

    Capa: Obook

    ISBN:

    Publicação independente.

    Contato: contato@obook.com.br

    Site: https://obook.com.br/

    Sumário

    Ficha do Livro

    Apresentação

    A matéria de uma vida

    O Mistério da criatura do matagal

    Chorando se foi

    Seu Mario

    Maçãs vermelhas

    Fitas K7

    O Mistério das horas perdidas

    Flecha olímpica

    Sob o signo do destino

    Apresentação

    Este pequeno projeto era para ser um grande projeto sobre causos ocorridos apenas no ano de 1990, depois foi ampliado para toda a década de 90 até chegar ao que você irá ler.

    Os contos aqui apresentados, podem ser aleatórios, mas estamos falando dos anos 90 onde tudo era fantástico, e aqui não poderia ser diferente. Você terá uma leitura fantástica de alguns autores nacionais, cada qual com sua representação de um conto ocorrido nos anos 90.

    Agradeço em nome de todos os participantes por sua leitura, e peço que deixe sua avaliação para que o autor tenha conhecimento do seu feedback. Importantíssimo para que cada um deles, possam continuar em suas jornadas literárias.

    Boa leitura.

    Don,

    Organizador

    A matéria de uma vida

    Fábio Silva Costa

    –– Todo mundo tem medo da verdade –– disse um homem de rosto inchado e ensebado, de barba e cabelos brancos, aquela mal aparada, estes, desgrenhados. Sua mão tremia enquanto despejava cerveja em um copo –– ele estava a poucos de um coma alcoólico.

    Devia estar na casa dos cinquenta anos, mas seu aspecto o empurrava para pouco mais dos sessenta. Em mangas de camisa de estampa floral, e esgarçada bermuda jeans, não conseguia conter agitação e verborragia –– elas somente eram cortadas quando ele dava uma golada. Terminando de formar um todo execrável, chamava mais a atenção de Diego do que as palavras que expelia com hálito fétido e entre dentes podres. Diego estava fascinado pela história que o sujeito lhe contava.

    O jornalista free lancer havia chegado a Marabá dois dias antes, apenas com uma mochila dentro da qual empurrara duas cuecas, chinelos de dedos, e algumas coisas que usava para escrever suas matérias. Foi por um amigo que trabalhava no pequeno Correio de Belém, que ficara sabendo de um festival cultural da região (o qual ficaria praticamente isento de cobertura da imprensa da capital, Belém). O mesmo amigo lhe dissera que um grupo de latifundiários e grandes comerciantes separatistas do Sul e Sudeste do Estado estavam organizando um evento, e isso sim teria cobertura de toda a mídia. Ele poderia conseguir uns trocados fazendo a escolha certa, e ele precisava, e muito, fazer a escolha certa.

    Mas com ou sem dinheiro envolvido, Diego gostava da sensação de estar em contínua locomoção pelo Estado, subindo em barcos, aviões ou ônibus, e rodar à caça de notícias reais, exageradas ou levemente torcidas. Jamais inventaria mentiras sobre coisas sérias, como, por exemplo, vacinas que implantam microchips nas pessoas, ou remédios cujo propósito é dizimar a população visando ao controle de um Grande Irmão global; por outro lado, mas não custava nada mandar para Belém um pequeno relato sobre uma festa na casa de prefeito do interior, onde a esposa do comandante da Polícia Militar fora vista aos beijos com o filho do prefeito. Esse tipo de coisa.

    Mas, assim que o ônibus fez uma parada em um bar de beira de estrada para que os passageiros pudessem esticar as pernas, irem ao banheiro e comer alguma coisa, de súbito Diego se encantara com a história que aquele velho berrava para um grupelho de homens mal ajambrados, os quais não lhe davam a menor importância.

    Às onze horas daquela sexta-feira de 1997, o Sol era justo naquela área da Amazônia –– esquecida por Deus e bem lembrada por criminosos de todos os tipos, de corruptos do governo e garimpeiros e grileiros, passando por matadores de aluguel (ou alguém que pelo menos se dispusesse a fazer serviços assim como bico para aumentar a renda de casa) ––, e massacrava igualmente os homens que estavam no bar –– a maioria, motoristas de caminhão e gente que não tinha para onde ir. O fedor de suor e cerveja choca, a fumaça de cigarros que se apagava rapidamente no meio da poeira da estrada de terra batida, os sons de caminhões e de brega, nada disso incomodava Diego, que conhecia um pouco aqueles lugares.

    Quando bateu os olhos no velho, sentiu-se fascinado por ele. O sujeito alternava gritos e sussurros, ora sentava-se, quase desabando, ora levantava-se, cambaleando, ora seu corpo se contraía, como se estivesse se fechando em um casulo, ora se expandia, como a borboleta que acaba de ganhar o mundo. Mas nenhuma alegoria literária era capaz de dizer mais do que: tratava-se de um bêbado desprezível, mas pitoresco. O velho olhou para o rapaz, e foi então que o jornalista tomou um lugar à mesa.

    Mal havia se acomodado, e o sujeito tornara o rapaz sua única plateia.

    –– Muita coisa... Sabe?

    –– Sei, claro. E quem não sabe?

    –– É o Itamar, e já eram... assim... o Collor... e os milicos, também.

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