Borboleta Quebrada

De Sara Marques

Aurora, uma jovem marcada pelas cicatrizes do bullying, decide romper com o passado e embarcar em uma jornada de autodescoberta pelo mundo. Através de paisagens deslumbrantes e culturas vibrantes, ela se reconecta consigo mesma e supera seus traumas. Em meio às aventuras, Aurora encontra Gael, um homem que a encanta com sua gentileza e paixão pela vida. Juntos, eles escrevem uma linda história de amor e redenção, provando que a felicidade pode florescer mesmo após as maiores tempestades.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 10 de mai. de 2024

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A Borboleta  

Quebrada  

1

"

Uma vez que você tenha  

experimentado voar, você andará pela  

terra com seus olhos voltados para céu,  

pois lá você esteve e para lá você  

desejará voltar.

"  

-

John H. Secondari  

2

A Borboleta  

Quebrada  

Sara Marques  

3

Dedico a minha família, que me ensinou a  

nunca desistir, e acreditar em mim  

mesma.  

4

" E

 

ela vai voar mais alto e mais longe e  

mais rápido do que jamais sonhou . . . "  

5

Prologue  

A

chuva tamborilava na janela, imitando os batimentos acelerados do  

meu coração. Aos 16 anos, eu era a borboleta quebrada da escola, as  

palavras de Beatriz, a abelha rainha implacável, ecoavam em minha mente:  

Você é estranha, Ninguém te ama, Você nunca será nada.  

Meus cadernos de desenho, antes vibrantes com aquarelas, agora  

ostentavam apenas tons de cinza. A cada dia, as cores se esvaíam, assim  

como a minha alegria. Sentia-me presa em um casulo de dor e solidão. Mas  

naquele dia, algo dentro de mim se rebelou. Cansei de ser pisoteada, de ser  

a sombra de mim mesma. Decidi romper as amarras do casulo e voar para  

longe, em busca de um futuro onde minhas cores pudessem brilhar  

novamente. A Jornada da Borboleta com um mapa do mundo como guia e  

um coração cheio de esperança, embarquei em um trem que me levaria  

para longe daquela cidade cinzenta. Cada quilômetro percorrido era um  

passo em direção à liberdade. Em cada parada, o mundo me presenteava  

com novas cores. As ruas vibrantes de Budapeste, os campos verdejantes da  

Toscana, a vastidão do deserto do Saara... Cada paisagem era uma tela em  

branco, um convite para que eu retomasse minhas aquarelas. Um  

Encontro Inesperado em uma vila italiana banhada pelo sol, meu destino  

se cruzou com o de Gael. Um artista talentoso, com olhos cor de mar e um  

sorriso capaz de iluminar qualquer dia. Ele me viu como a borboleta que  

eu era: única, linda e com asas prontas para voar.

 

O Poder do Amor  

6

Juntos, exploramos museus e galerias de arte, pintamos paisagens  

deslumbrantes e compartilhamos sonhos sob a luz prateada da lua.  

O amor de Gael era como um bálsamo nas

 

minhas feridas. Ele me ensinou  

a amar a mim mesma, a acreditar em meus sonhos e a redescobrir as cores  

vibrantes que sempre existiram dentro de mim.As

 

Cores Ressurgem Dia  

após dia, minhas aquarelas voltavam à vida. As flores desabrochavam em  

tons de vermelho e laranja, o céu se tingia de azul e amarelo, e a esperança  

pulsava em cada pincelada. A borboleta quebrada estava se curando, suas  

asas se fortalecendo prontas para um novo voo .  

Peguei minha mochila surrada e abri o mapa no qual tracejei minha rota –  

um emaranhado de linhas coloridas que ligavam cidades sonhadas desde a  

infância. Paris, com seus museus renomados. Angkor Wat, perdida no  

Camboja, as agitadas ruas de Tóquio . Cada destino prometia uma  

explosão de cores, culturas e experiências que há tempos ansiava.Meu  

olhar pousou em uma passagem grifada em um livro de bolso: "A vida é  

como uma tela em branco. As cores e formas que a preenchem dependem  

apenas de você." Fechei os olhos e imaginei minha tela. Antes, predominava  

o cinza do vazio e da tristeza. Agora, pinceladas de esperança ganhavam  

espaço, mesclando-se a tons de liberdade e sonhos.  

O trem partiu com um estrondo, deixando para trás a cidade que se  

tornara sinônimo de dor. Respirei fundo o ar fresco, sentindo o gosto de  

novos horizontes. Pela janela, o cinza do asfalto deu lugar ao verdejante  

7

campo, salpicado de casinhas coloridas. Um sorriso sincero surgiu em  

meus lábios – pela primeira vez em meses, sentia uma alegria genuína.  

A viagem prometia ser longa e desafiadora. Incertezas e obstáculos se  

agigantavam em minha mente. Mas, pela primeira vez, não sentia medo.  

Trazia comigo a força que nem mesmo Beatriz e suas abelhas cruéis  

conseguiram roubar: a força de sonhar, de criar e de me transformar. A  

borboleta quebrada estava em processo de cura, e cada batida de suas asas  

a levava para mais perto da luz.  

Em um vagão vazio, abri meu caderno de desenho, empoeirado e esquecido.  

Meus dedos, antes tímidos e hesitantes, tocaram o lápis com leveza.  

Rabiscos tímidos se transformaram em linhas fluidas, cores vibrantes  

tomaram o lugar do cinza. A cada traço, a chama da artista que sempre fui  

se reacendia, iluminando meu caminho com uma luz cada vez mais forte.  

O trem deslizava pelas paisagens francesas, colorindo a manhã com tons  

de verde e azul. Meu coração