Andrélia E A Morte Da Minhoca
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Andrélia E A Morte Da Minhoca - Luciane Vasconcellos Néglia
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LUALFAVÊNUS
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LUALFAVÊNUS
Luciane Vasconcellos Néglia
maio/2024
Título: ANDRÉLIA E A MORTE DA MINHOCA Subtítulo: Com Lualfavênus
Formato: Brochura
Veiculação: Físico
ISBN: 978-65-01-03937-4
G R A T I D Ã O
Pai
Mãe
Via – Láctea
Vida
Leitores de Lualfavênus
A sintonia entre corpo, alma e espírito pode ser um grande e importante desafio atávico.
- Autora -
A MINHOCA
Vivo escondida
Medo de ser surpreendida
Gosto do escuro
E a luz me procura....
Cavo, cavo
Fundo, fundo
Na Terra
Me enterro....
Não venha me perturbar
Sozinha quero ficar
- Não gosta de mim?
- Então, será meu fim...
Vou subir
Do buraco sair
No seu dedo me enroscar
Você vai me matar
E na paz, para sempre
Vamos ficar...
Lualfavênus
SUMÁRIO
Prefácio
Aniversário de Andrélia
O quarto escuro
A decisão
A consulta
A festa na casa de Olívia
A transformação
André exige definição
Andrélia na academia
O flagrante
Andrélia e a psicoterapia Na escola
O espelho
Ofélia faz análise
A visita de Otília
Andrélia retorna à análise
Plano de Ofélia
Jantar com os tios
O sonho de Andrélia
Confidenciando
Reencontro com Álvaro
André almoça com a amante
Ofélia conversa com Ondina
Convite de Álvaro
Entre irmãs
Revelação de Aruna
Meditando
Na casa de Aruna
Revelação de Andrélia
Mestre Agni
Os amantes
Declaração de Ofélia
Ofélia recebe visita especial
A festa de formatura
Suspeita de Andrélia
Andrélia e Aruna
No bar da academia
Encontro inevitável
Medo de Andrélia
O Lago dos Ventos
O sequestro
O esperado acontece
A morte da minhoca
Minerva e Apolo
MINERVA
Posfácio
Obras da autora
Prefácio
Neste Romance com realismo fantástico, Andrélia recorre às forças Divinas na tentativa de saber quem ela é neste mundo de tantos contrastes.
Chega aqui na Terra com muita luz e alegria até o momento em que a imagem do outro a perturba. O espelho não engana. Perdida no mundo, perdida em si mesma, perdida no outro, segue seu destino de entrega na busca de sua verdadeira essência.
Andrélia não desiste e luta contra a natureza ambígua de seu ser. Destrói parte de si que não a define nem a representa. Então, diante da imagem no espelho trincado Andrélia grita:
Acho que estou preparada para a mutilação, adeus minhoca, você vai morrer e me deixar em paz para sempre.
Respeitando diferenças e as variações das expressões da sexualidade humana penso que gênero e sexualidade devem ser entendidas como essências distintas. A palavra sexo
(latim, secare, que significa cortar em dois
).
Sexualidade é a expressão do Eros
, afeto humano e gênero é biologicamente, atávico. O humano nasce com um
gênero
(latim, gênus, que significa nascimento
, família
,
tipo
) definido masculino ou feminino e em alguns casos, com dois gêneros em um corpo - hermafrodita
(latim hermaphrodita < hermaphrodĭtus,a,um 'andrógino, de ambos os sexos' < grego Hermaphróditos,ou 'Hermafrodito, filho de Hermes e Afrodite' representado com os atributos dos dois sexos).
A expressão da sexualidade varia naturalmente, em circunstâncias e vivências, espirituais, afetivas, emocionais...
Todavia, as generalidades
mudam com intervenções externas corporais que alteram a própria natureza. Não escolhemos gênero antes do nascimento, recebemos, naturalmente, da vida.
A sexualidade mora no espírito e pode mudar tão rapidamente, quanto a velocidade da luz. O corpo pode pesar conduzindo a alma e o espírito.
A sintonia entre corpo, alma e espírito pode ser um grande e importante desafio atávico.
Autora.
Aniversário de Andrélia
Sol a pino, 05 de fevereiro de 1986, é verão no Hemisfério Sul, mar sereno com ondas espumantes mansinhas, a areia refletindo os raios solares queimando as solas dos pés e as crianças buscam as árvores para brincarem de esconde-esconde
.
A alegria está estampada naqueles semblantes infantis.
Alguns banguelas, outros corados, fofos, bochechudos e uma, a aniversariante, destacando-se pela rara e inexplicável beleza.
As formas delineadas muito bem traçadas fazem dela, Andrélia, a criatura mais próxima da perfeição humana. Não é para menos, com olhar facetado melado, dourado, hipnotizando qualquer ser que se atreva e fitá-lo por mais de um milésimo segundo.
-Aaaaaiiiiiii, aiiiiiiii!!!!
Carinhas espantadas começam a sair de trás das árvores correndo na direção dos gritos estridentes e agonizantes.
Alvorotadas, gritam por ajuda.
Andrélia caída, joelhos postos ao chão, a boca carnuda vertendo sangue vivo. Mais atrás a tora de toco tirano que fez com que a menina tombasse funestamente.
Andrélia não reage aos estímulos sonoros da mãe chamando por ela. Certamente, deve estar em estado alfa
, desmaiada, inconsciente.
A festa termina com a homenageada num Pronto Socorro e os médicos tentando reanimá-la.
- A menina está acordada faremos alguns exames para termos a certeza de que não houve nenhuma lesão grave. Os ferimentos nos joelhos, os arranhões nos cotovelos são leves e logo irão cicatrizar, mas, a arcada dentária precisará de uma atenção especial. O odontologista vai reparar os dentes que com a batida foram empurrados para dentro.
A menina com dez anos volta a usar chupeta para que os dentes voltassem ao estado normal.
- Ainda bem que não aconteceu nada mais grave com nossa menina, obrigada Doutor.
-Amanhã, após o resultado dos exames ela poderá voltar para casa, hoje vai ficar aqui em observação.
Ofélia e o marido André saem do Ambulatório com uma preocupação particular:
- Será que vão saber do problema da nossa filha?
- Com certeza querida, acalme-se porque nada poderemos fazer para impedir que isso aconteça.
- Ah, não vejo a hora de resolvermos isso é tão difícil para mim conviver com esta sina.
André abraça a esposa com os olhos marejados, o coração apertado, mesmo assim, consegue proferir palavras de incentivo e esperança para a esposa:
-O tempo passa voando e daqui a três anos ela saberá escolher seu destino. Enquanto isso, pense que Andrélia, nossa única e amada filha, é mais que uma bênção em nossas vidas, é sim, uma dádiva, um anjo que nasceu de seu ventre para iluminar e alegrar nossa existência.
O Quarto Escuro
Janelas encerradas, cortinas tapando qualquer possível esboço de claridade que poderia invadir aquele tétrico aposento.
Ela não quer ver nada, escutar nada, sentir nada, só o vazio silencioso tem a permissão para existir ao seu redor.
Lá fora passaram sete dias de sol, vento, chuva, mas, para Adélia nada passou, tudo está como sempre esteve.
Ofélia se aproxima trazendo uma refeição robusta para que a amada filha não fique muito fraca.
- Filha trouxe um lanche para você, abra a porta por favor!
Encosta o ouvido na porta, espia pelo buraquinho da fechadura na expectativa de perceber algum movimento naquele quarto.
Nada escuta, nem sinal de alguma resposta de Adélia.
Depois de várias batidas na porta e quase desistindo um gemido vem de lá de dentro:
- Mãe, estou cansada quero dormir não sinto fome.
A voz é melancólica, arrastada e lenta, Ofélia se preocupa mais ainda e implora para que Andrélia abra logo a porta ameaçando derrubá-la.
Andrélia abre a porta e volta correndo para a cama se tapa todinha sem deixar nenhuma parte dela visível.
Ofélia larga a bandeja em cima do criado-mudo percebendo que o espelho está trincado e todas as roupas espalhadas no chão.
Adélia respira sofregamente espalhando o ar agonizante.
- Querida, precisamos conversar você está bastante tempo escondida aqui, a vida continua em você. Não é certo se retirar assim desse momento especial, a única oportunidade que recebeu de pisar neste solo e ter o mundo inteiro só para ver, sentir, conhecer... Sei que talvez, não sejamos pais merecedores de sua atenção e amor.
Somente posso dizer sobre essa graça que você recebeu, a VIDA.... Você é nossa única, linda, perfeita filha... Amamos você... Não é possível que