Retornando ao tempo presente onde a mudança climática é um dos grandes temas para se falar da qualidade dos vinhos, é pacífico que um dos caminhos para se esquivar dos problemas advindos do clima é apostar em variedades autóctones, uma vez que são castas, teoricamente, melhores adaptadas às condições locais, entendendo um extremo climático apenas como uma leve oscilação. Algo que uma variedade estrangeira sofreria mais para superar.
E aí está parte da explicação para o hype que os vinhos sicilianos vivem neste momento: Grillo, Nerello, Zibibbo, Nocera, Carricante… são exemplos de variedades nativas da Sicília que dão origem a alguns dos vinhos que estão entrando no circuito dos enófilos mais aficcionados.
Embora a história da vinícola Donnafugata não seja tão extensa, nascida em 1983, a história da família Rallo, proprietária da vinícola, está na 5ª geração à frente da produção de vinhos sicilianos. Giacomo Rallo, ao lado de sua esposa, Gabriella, fundaram Donnafugata em Contessa Entellina, região retratada na obra Il Gattopardo, de Tomasi di Lamoedusa. O próprio nome Donnafugata (senhora em fuga) foi inspirado na mesma novela. Para fechar o círculo, Gabriella Rallo, a pioneira do vinho siciliano e com participação ativa na vinícola, propôs ao ilustrador Stefano Vitale desenhar os rótulos dos vinhos. “No começo da conversa Vitale comentou não desenhava rótulos de produtos, apenas fazia ilustrações para livros e artigos jornalísticos. Foi um processo longo, mostrei nossa inspiração em Gattopardo e afinidade com o trabalho dele”,