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Castello dei Trantini - Uma Morte na Toscana
Castello dei Trantini - Uma Morte na Toscana
Castello dei Trantini - Uma Morte na Toscana
E-book256 páginas3 horas

Castello dei Trantini - Uma Morte na Toscana

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Sobre este e-book

Filippo Trantino cresceu na Toscana e depois se mudou para a América com sua família, deixando seu coração entre os vinhedos da vinícola de sua família.


Depois que ele volta para casa para um funeral, seus primos o convencem de que a morte de seu avô não foi um acidente. Enquanto investiga o crime, Filippo viaja pelas paisagens pastoris da Toscana, entregando-se ao vinho e comida mais deliciosos da região e descobre a vida que ele sempre quis viver.


Castello dei Trantini: Uma Morte na Toscana de Dick Rosano é parte mistério, parte tutorial de vinhos e parte aventuras na bela paisagem da Toscana.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de ago. de 2023
Castello dei Trantini - Uma Morte na Toscana

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    Castello dei Trantini - Uma Morte na Toscana - Dick Rosano

    Castello dei Trantini

    CASTELLO DEI TRANTINI

    UMA MORTE NA TOSCANA

    DICK ROSANO

    Traduzido por

    MARCELLA ARAUJO

    Copyright (C) 2017 Dick Rosano

    Design de layout e copyright (C) 2023 por Next Chapter

    Publicado em 2023 por Next Chapter

    Capa de Art Evit

    Este livro é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são o produto da imaginação do autor ou são usados ficticiamente. Qualquer semelhança com eventos reais, locais, ou pessoas, vivas ou mortas, é pura coincidência.

    Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio, eletrónico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou por qualquer sistema de armazenamento e recuperação de informações, sem a permissão do autor.

    CONTENTS

    Prólogo

    Como Era Antes

    Relembrando o Outono

    Em Casa, Novamente

    Jantar com os Primos

    Permanecendo

    A Vinícola

    Na Estrada para Salina

    Hora de Comer

    Mais Casas de Vinho do que Igrejas

    Saindo para Jantar em Montevarchi

    De Volta à Vinícola

    Um Trabalho de Toda Tarde

    Alimentàrio

    Renovando Velhas Amizades

    Uma Noite Tranquila

    Uma Manhã com Anita

    O Grupo Cosco

    Il Bar Prato

    A Casa dos Della Francia

    Raffaella

    Juntando Tudo

    Cinghiale

    Antonina Frascati

    Um Dia Agitado em Siena

    Mais uma Vez, Cosco

    Acordando ao Som da Polícia

    Vendemmia

    Longos Dias na Vinícola

    De volta a Radda

    Uma Longa Manhã

    Os Registros

    Compreendendo Tudo

    De Quem É a Herança Agora

    Repensando As Coisas

    Consertando as Coisas

    A Fermentação

    O Doce Aroma de Vinho Novo

    La Dolce Far Niente

    Castello dei Trantini

    Caro leitor

    Agradecimentos

    Sobre o Autor

    Para o Nonno Domenico, cujos passos segui e aprendi a arte de produzir vinho

    PRÓLOGO

    Demorou bastante para ele chegar a esta decisão. Parado em pé, como ele estava agora, as mãos descansando na parede de pedra ao redor de sua loggia , sua varanda, contemplando as parreiras que seu avô cuidara por tantos anos. — Como elas irão se sair? — Perguntou ao vento que fazia cócegas em seu nariz e farfalhava as folhas das videiras carregadas de frutas. — Como as parreiras prosperarão sem o Nonno Filippo aqui para conversar com elas?

    A brisa trouxe o aroma das flores noturnas, artemísia e carne assada. Poderiam vir de tão longe quanto Siena, iluminada agora pelas luzes trêmulas do pôr-do-sol, ou de tão perto quanto a churrasqueira do pátio externo onde os trabalhadores que fazem a colheita das uvas em sua fazenda se reuniam nessa época do ano? Ou estariam esses aromas sendo agitados por suas memórias, um aceno para a sua juventude, uma lembrança de como era a vida antes de partir desta terra ilustre?

    A decisão. Esse se tornaria o momento mais importante de sua vida, mas tomou-lhe uma eternidade para chegar a ela. Depois de passar a infância na Itália, país do vinho, ele cresceu na América, adotou sua cultura e aceitou suas paixões, mas nunca se esqueceu das paixões do Velho Mundo. Ele nunca se esqueceu das lições que aprendeu com o seu avô, o nonno, como dizem os italianos, cuja maestria do vinho era, em si, uma maestria da vida.

    A decisão. Não envolvia somente ele, Phil Trantino, herdeiro da vinícola da família. Envolvia todos relacionados por sangue ou suor à terra que produzia essa fruta.

    A decisão. Ele sabia desde o começo qual seria. Balançando a cabeça nesse momento, olhando para as parreiras, ele aceitou o seu destino. E então sorriu, porque ele nasceu para fazer isso.

    COMO ERA ANTES

    — M ais?

    Esta única palavra foi tudo o que escutei, mas o som me fez despertar de meus devaneios. Um garçom estava parado próximo à mesa, sua face sem expressão, mas pronto para que eu pedisse outra bebida. O primeiro Campari com soda limonada tinha caído muito bem e meus pensamentos no momento pareciam implorar por outro copo daquele elixir calmante.

    — Sim. — Foi tudo o que eu disse. Eu não estava a fim de conversar, e o garçom também não. Ele se afastou e me deixou voltar às minhas lembranças.

    Foquei na escuridão além da janela da lanchonete do aeroporto. Era tudo um pouco surreal agora... Relembrar os anos que passei trabalhando nos vinhedos e fazendo vinhos no Castello dei Trantini com o meu avô. Ele estava morto agora, vítima de um acidente bobo na vinícola de nossa família na Toscana, e eu estava esperando por um avião que me levaria para a Itália, para o seu funeral, para os quartos vazios que antes estavam cheios de suas risadas.

    Ainda que eu não tenha vivido no Castello dei Trantini desde que era garoto, minhas memórias da época eram claras. Eu poderia lembrar facilmente da névoa da manhã sobre as parreiras, da brisa tempestuosa que dançava pelas colinas da propriedade, até mesmo do cheiro do alecrim e da artemísia que margeavam as estradas que levavam ao Castello. Mas se, como dizem algumas pessoas, os aromas da juventude estão sempre conosco, sempre poderei imaginar os aromas do vinhedo e da vinícola que senti quando eu era novo.

    Nossa vinícola sempre foi tão pacífica. Um tipo de paz que faz lembrar de como a vida pode ser pura neste mundo. Meus pais viviam em uma ala do Castello quando eu nasci, e mesmo depois de assumir as tarefas da nossa casa própria que ficava próxima, meus dias ainda eram tomados por atividades ao lado do Nonno Filippo. No Castello, a vida era enfeitada com refeições demoradas, degustações semanais, conversas sobre o vinhedo e discursos animados sobre comida e vinho — tudo acontecendo sob as tapeçarias medievais que mostravam cenas da pisa das uvas e vinificação e que pediam das paredes de pedra ao redor da lareira trepidante.

    No lampejo da luz de velas, Nonno Filippo faria um serão poético sobre essa ou aquela safra. Meu pai iria discordar de sua seleção de vinhos, outros tomariam partido, ou simplesmente se contentariam em devorar as refeições magníficas que eram servidas todas as noites. Braços balançariam, brindes seriam feitos para celebrar um ponto, e, no fim do jantar, todos estariam certos que o Nonno ganhou a briga. Cada um de nós iria para a cama, simplesmente feliz com a proximidade da família, com o conforto de comer e beber bem e com os prazeres inexplicáveis da vida na Toscana.

    Para nós, vinho era vida. Era a substância de nosso ser, e eu esperava crescer no nosso negócio e assumir as operações do Castello dei Trantini quando tivesse idade para isso.

    Afastando as memórias de minha mente, eu voltei ao presente e vi que alguém havia aparecido no reflexo da janela. Quando virei, vi que o garçom havia se aproximado. Ele poderia só ter deixado a bebida, mas desta vez parecia que ele queria me dizer alguma coisa. Talvez ele percebera minha melancolia. Mas eu ainda não queria conversar com um completo estranho, então só peguei a bebida e me virei em direção à janela.

    Bebericando de leve na borda do copo, deixei o doce amargor do Campari cobrir minha garganta. Era a bebida mais famosa da Itália, e nesse momento eu entendi melhor do que nunca o porquê de trabalhadores italianos costumarem tomar tal aperitivo para fortalecer seus espíritos quando estavam tristes, loucos ou confusos.

    Voltando ao meu devaneio, meus pensamentos focaram nos dias no vinhedo. Eu vivi no Castello dei Trantini até os doze anos, e me lembro bem das visitas que eu fazia com meus pais depois que emigramos para a América, como eu sempre esperava ansiosamente para correr por entre as longas fileiras de parreiras e brincar de esconde-esconde na vinícola. Até mesmo os aromas que fluíam do gargalo de uma garrafa de vinho recém-aberta me fazem lembrar da minha infância e dos prazeres de crescer em um ambiente tão idílico. Eu estou mais velho agora, mas a serenidade daquele tempo torna difícil imaginar o meu avô sendo empurrado de uma janela com vista para a propriedade.

    Mas, espera, eu disse que foi um acidente, não foi? Talvez eu deva começar do início.

    Os vinhedos e vinícola do Castello dei Trantini estão na minha família há gerações. O meu avô, Filippo Trantini, herdou-os do avô há 45 anos, e continuou a produzir vinhos finos na mesma tradição sossegada de seus ancestrais. A propriedade representava o mundo para ele e sua família extensa, mas eu sempre senti uma conexão pessoal forte com as parreiras e vinhos, e isso me aproximou mais ainda do Nonno Filippo.

    Na verdade, eu sempre o considerei meu melhor amigo. Quando eu era jovem, eu o seguia pela vinícola o dia todo, imitando suas ações — e atraía bastante admiração por causa disso. Quando meu avô repreendia um funcionário por algum erro cometido no processo de produção de vinho, ele tinha o hábito de ficar de pé segurando as mãos atrás das costas. Então eu assumia a mesma postura, parado ao seu lado durante o sermão, e sempre provocava sorrisos ou gargalhadas do trabalhador que estava sendo advertido. Isso chamaria inevitavelmente a atenção do Nonno Filippo, e seu próprio divertimento por causa da mímica encerraria a sessão ou descambaria em muitas risadas e piadas sobre quem realmente era o chefe.

    Eu aprendi a cultivar uvas e produzir vinho com Nonno Filippo durante tais caminhadas pelo vinhedo e vinícola, e também aprendi sobre a história da família Trantino. Ele me contou como seu avô, Vito Trantino, fundou Castello dei Trantini muitos anos atrás, e como foi herdado pelos netos em vez dos filhos. Na Itália, o filho mais velho recebe o nome do avô paterno, então o homônimo de todo homem é seu neto primogênito. Vito Trantino considerava relevante essa sequência de nomenclatura, e decidiu que a vinícola passaria para os netos. No fim, seu homônimo faleceu em um acidente de carro e Filippo, meu avô, herdou a propriedade.

    Quando criança, eu acordava cedo todos os dias e corria para os campos para ajudar nas obrigações da fazenda. O sol da Toscana brilhava quase o tempo todo e o clima de verão era quente e reconfortante. Trabalhar em um vinhedo é como trabalhar em qualquer outra lavoura, árduo e suado, mas estar ao ar livre com quem estava comprometido com o trabalho tornou fácil fazer um garoto feliz. E saber que algo tão divino quanto o vinho seria o resultado, sempre parecia aliviar os músculos doloridos.

    Trabalhar no vinhedo era, em si, excitante para um jovem, tornando desnecessária a pressão dos pais para ganhar o sustento. Então eu me tornei figura carimbada no ciclo anual das parreiras, aprendendo a podar no inverno, adubar na primavera, a cultivar a fruta durante a estação de crescimento e, depois, a colher os cachos de uvas inchadas no outono. Fazer vinho era minha maior emoção; circular entre os tanques enormes e equipamentos de produção de vinho enquanto respirava a fumaça inebriante na umidade fria da vinícola. E eu não era privado da minha chance de provar o produto final, já que os italianos acreditam que vinho é vida, e até as crianças deveriam aprender a respeitá-lo e apreciá-lo.

    Situado no topo de uma colina, com suas longas fileiras de videiras estendendo-se em fileiras ordenadas pelas encostas, e ladeado por oliveiras cinza-esverdeadas, o Castello dei Trantini é um lugar de extrema beleza que você esperaria ver representado nas cores brilhantes de algumas revistas, convidando turistas ricos a viajar para a Itália. À luz do dia, as paredes de pedra cor de laranja queimada faziam igual contraste ao carpete verde abaixo e ao céu azul aveludado acima.

    À medida que o sol se punha, como que colocando uma cortina no dia, as luzes da vizinha Siena piscariam à distância. Esse era o meu sinal, mesmo que ainda bem garoto, para descer a montanha e assistir o sol se pôr entre as muralhas do lado oeste do castelo. Quando os últimos raios de sol se extinguiam no horizonte, e o vento frio da noite soprava, eu ouvia uma música suave vinda das casas dos empregados situadas no topo da colina menor. Essa tornou-se uma memória sólida para mim, o alicerce da minha vida na Toscana, e relembrá-la sempre me fez sentir-me mais perto da terra e do Castello dei Trantini.

    Meus pais, Paolo e Lina Trantino, decidiram emigrar para os Estados Unidos muitos anos atrás. Meu pai cresceu no Castello, o segundo filho do Nonno Filippo, e quando jovem conheceu minha mãe na universidade em Florença. Depois de casados, eles permaneceram na Toscana, e inicialmente viveram em uma ala do castelo da família. Mas quando começaram a ter filhos, minha mãe insistiu para que eles vivessem a uma certa distância do Castello para garantir uma vida privada, e então nós nos mudamos para o nosso próprio apartamento na vizinha Castelnuovo Berardenga.

    Depois de quase quinze anos de casamento, eles decidiram que era tempo de explorar as oportunidades que a América tinha para oferecer. Sua partida foi garantida quando meu pai conseguiu um belo emprego como engenheiro em Maryland através de contatos da família. Então, em uma idade em que eu não era mais criança, mas também não era adulto, eu fui forçado a deixar minha terra natal e tornar-me americano.

    Eu me recordo bem de estar parado ao lado do táxi que nos levaria do Castello dei Trantini. Meus pais estavam dando seu último adeus à nossa família que havia se reunido para a ocasião. Meu irmão mais novo já estava escondido no carro.

    Eu esperei até que todos já estivessem a bordo para me despedir do Nonno Filippo. Eu já era tão alto quanto o meu avô. Eu olhei em seus olhos no momento em que lágrimas começaram a se juntar nos seus cílios inferiores. Foi um adeus silencioso, mas arrebatador. Nenhum de nós sabia como iríamos lidar vivendo a milhares de quilômetros de distância, mas Nonno Filippo queria conservar o momento de nossa partida. Após um breve abraço e uma última afagada em meu cabelo, ele me empurrou em direção ao carro e à minha vida na América.

    Eu rapidamente aprendi a aproveitar meu novo país, mas naquele instante eu era extremamente contra ele. A América simbolizava o que me mantinha afastado da Itália, das terras pastoris da Toscana, da arte do vinho cuja herança eu já havia abraçado. Eu sabia que, nos anos seguintes, minhas correrias em meio às fileiras de parreiras seriam reservadas àquelas viagens preciosas para casa que meus pais poderiam pagar.

    A cada retorno, eu voltaria a seguir o Nonno Filippo, mas cada vez mais com interesse em aprender sobre o negócio, e vez de ser uma obstrução bonitinha — embora juvenil — para o processo.

    Meu pai continuou a produzir vinho em casa depois de se mudar para os Estados Unidos, mas produção comercial estava fora de questão em nossa nova casa. E ele ainda preferia os vinhos que ele fazia àqueles que ele comprava. Como ele sempre disse: Se você fizer bons vinhos, sempre terá muitos amigos.

    À medida que fui ficando mais velho, por várias vezes considerei me mudar de volta para o Castello e trabalhar para o meu avô. Ele deixou claro que gostaria disso, mas quando tive idade para tomar tal decisão, já havia feito amigos na escola e na faculdade em Maryland, e senti que estava muito estabelecido — e americano demais — para partir. Pensamentos sobre a Toscana e sobre o Castello estavam marcados como em fogo no meu cérebro, mas uma mudança desse tamanho me parecia muito difícil. De qualquer forma, eu estava certo de que se eu os deixasse na parte do meu cérebro que correspondia ao passado, superaria a perda.

    Então um dia recebi uma ligação de meu primo, Santo, com a notícia que nosso avô havia falecido em um acidente bobo no Castello. Seu corpo foi encontrado pela manhã, mas parecia ter caído de uma janela na noite anterior. Santo estava calmo no telefone, mas mostrava sinais de nervosismo que eu não conseguia contextualizar, e eu desliguei me sentindo perdido e solitário.

    A notícia chegou tão de repente que eu não conseguia conter meu luto. Nonno Filippo tinha 74 anos de idade, mas seu trabalho mantinha-o tão saudável quanto um homem de 50. É claro que ter boa saúde não protege um homem de acidentes, mas a probabilidade de sua morte era tão remota que sua ausência repentina era impossível de entender.

    RELEMBRANDO O OUTONO

    Em uma reunião familiar naquela noite, falamos sobre o Nonno Filippo e sua vida no Castello.

    — Ele era o alicerce daquela propriedade. — Disse meu pai pomposamente.

    Minha mãe amava e respeitava bastante o Nonno Filippo, mas havia passado relativamente poucos anos próxima a ele. Ela não trabalhou no vinhedo como eu, e apesar de ela sentir a perda naquela noite, eu sabia que a morte do meu avô me afetaria muito mais. Meu irmão, Mike, ou Michele para a família, estava triste, mas não em desespero.

    — Nunca mais será a mesma coisa. — Meu pai entonou — O Castello dei Trantini era dele, e só dele.

    — Mas a propriedade pertence a todos da família. — Disse minha mãe enquanto limpava os pratos e taças do jantar. — Nonno Filippo era somente o guardião do Castello. — Adicionou, mesmo ainda que soubesse que ele era o dono da escritura.

    — Sim, sim. — Meu pai respondeu, afastando o comentário dela com impaciência. — Mas sem o meu pai, o vinho nunca teria melhorado tanto quanto em todos esses anos.

    Durante o jantar, nossa conversa centrou na notícia sombria da morte do Nonno, e ninguém tocou no assunto da herança. É claro que meu pai e minha mãe sabiam que a propriedade estaria destinada a ser minha, mas, ainda assim, não falamos sobre isso.

    Conversamos sobre comparecer ao funeral. Meu pai não poderia voltar à Itália por causa de um problema crônico de saúde, e minha mãe queria ficar para cuidar dele. Alguém tinha que ficar para tomar conta de nossa livraria, então meu irmão se voluntariou para ficar em Maryland. Isso iria garantir que eu, o representante óbvio da família, pudesse viajar para a Toscana e representar o lado americano do clã Trantino.

    — O que sabemos sobre esse acidente? — perguntou meu pai.

    Santo havia me contado somente o essencial durante a ligação telefônica; então eu não tinha muito

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