Esqueça Para Sempre

De Nuria Pariente Nogueras

Bryan:

Perdido no amor por aquela mulher frustrante chamada Cintia Alonso, não encontro consolo na minha rotina habitual. Aqueles dias em que a minha solidão foi preenchida são prostrados vazios e desolados. Nada nem ninguém vai confortar o meu coração miserável.

Teimosa em se distanciar de mim, ela não vê que está lutando contra a própria natureza que nos uniu. O destino ditou que devemos estar juntos, embora ela pareça não se importar minimamente com isso... Ela só quer me esquecer para sempre e eu não tenho escolha a não ser respeitar seu pedido, ficando longe, por mais rebuscada e absurda que a idéia possa parecer para mim.

Cintia:

Ironias da vida... Como podemos esquecer para sempre quem será lembrado para sempre?

Eu vou viver o resto dos meus dias loucamente apaixonado por um homem que nunca mais estará comigo, porque um dia ruim para o coração (mas bom para a sanidade) eu decidi que era assim.

• Idioma: Português
• Editora: Nuria Pariente Nogueras
• Data de lançamento: 2 de jun. de 2019
• ISBN: 9781547573462

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Esqueça para sempre

Parte II Saga Para Sempre

––––––––

Por Nuria Pariente Nogueras

Autor: Nuria Pariente Nogueras

Ilustrador: Juan Manuel Martín Rivas

Título original: Saga para sempre: Esqueça

2ª edição: Março 2018

Nuria Pariente Nogueras 2017

Todos os direitos reservados. Sob as penas estabelecidas por lei, a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio ou procedimento, incluindo reprografia e processamento informático, bem como a distribuição de cópias por meio de aluguer ou comodato público, é estritamente proibida sem a autorização escrita dos titulares dos direitos de autor.

Esqueça para sempre

Parte II Saga Para Sempre

––––––––

Por Nuria Pariente Nogueras

AGRATUIDADES

Xosé, o centro do meu universo, o pilar indispensável do meu pequeno mundo, a vela do meu veleiro. Meu marido, amigo e confidente, o homem que se tornou meu verdadeiro amor e que me concedeu o privilégio de ser seu. O indiscutível pai dos meus filhos,... Tenho de lhe agradecer muito por hoje os meus romances verem a luz.

Meus filhos, que providenciaram a revulsividade que eu precisava para embarcar nesta aventura. A minha luta pessoal para fazê-los passar fez-me limpar o pó da minha paixão passada pela escrita. Agradeça-lhes por me lembrarem que, se quiserem, podem.

Melchor Riol, que entrou na minha vida desinteressadamente, no tempo certo e necessário, para dar aos meus romances o impulso de que precisavam. Obrigado pelo vosso apoio, paciência, confiança e dedicação, sem os quais, em muitos momentos, eu teria caído.

Aos meus leitores zero: Pepi, Mary, Bea, Xana, Monse, Xosé, Melchor, Pili, Bego e Isa, cujas críticas iniciais contribuíram para enriquecer o romance que hoje chega às suas mãos.

E, claro, eternamente grato a você, meu leitor, que adquiriu meu romance, porque é claro para mim que, sem cada um de vocês, isso não seria possível hoje!

Tens de saber esperar,

No final, tudo vem.

E a grande maioria do tempo

é a maneira que menos esperas,

da mão daquele que menos esperas.

favi

PREÂMBULO

Bryan

Naquela tarde de agosto, seu coração desolado não conseguiu encontrar conforto após a última tentativa fracassada de conversar com Cintia no Centro Atlántico sobre as razões que a haviam levado a não querer vê-lo novamente, que a haviam levado a querer... esquecê-lo.

É completamente escandaloso. A tua indiferença está a corroer-me. Não sei como definir o que estou a sentir neste momento. Ela é a mulher mais frustrante que já conheci em toda a minha vida. É tão... Aaaaahhhhh!

Quero gritar! Corre! Bate em alguma coisa!

Nem sequer tomei banho. Peguei nas minhas coisas no cacifo e saí do ginásio com pressa. Precisava, com urgência, de sentir o toque de ar fresco na minha cara.

A raiva inunda-me e toma conta de todo o meu ser.

Eu passo meus dedos entre meus cabelos escuros e suados, fecho meus olhos apertados, cansados, machucados e incompreendidos!

Porque não falas comigo?

Porque me estás a abandonar?

Porquê esta súbita indiferença?

Eu me pergunto as mesmas perguntas uma e outra vez, sem encontrar nenhuma lógica.

Sou capaz de perceber, e atrever-me-ia a dizê-lo também, essa misteriosa energia latente entre nós que não pode ser ignorada. Ela nos envolve quando nossos olhares se conectam, quando apenas alguns centímetros separam nossos lábios, quando apenas o sutil esfregar de nossas mãos é suficiente para nos fazer tremer e arder em desejo mútuo, um para o outro.

Isso faz-nos sorrir, suspirar e amarmo-nos uns aos outros sem dizer nada.

Embora ela insista em lutar contra a natureza, contra os seus próprios sentimentos e o nosso próprio destino.

Quiseste fugir de mim.

Determinada a mentir a si própria e ao coração do seu amante.

Determinado a não ser feliz.

Quiseste esquecer-me.

Reclinando o rosto, abatido.

Como dói! Agora vejo mais do que claro, se em algum momento tive dúvidas: estou desesperadamente apaixonada por essa frustração de uma mulher chamada Cintia Alonso.

-Esqueça para sempre!

O desespero leva-me a rugir no meio da rua em inglês, a minha língua paterna, olhando para o céu como se fosse uma questão de línguas. Quando a única questão aqui é que ela é teimosa, desesperada, orgulhosa e frustrante... muito, mas muito frustrante....

Esquecer para sempre começa...

CAPÍTULO 1

Bryan:

Dois meses depois, na sede de Hero Kinsey, pela manhã, na mesma segunda-feira de outubro, quando Cintia vai ao cartório para assinar o fim de sua vida anterior e o início de uma nova etapa que, prevejo, não será muito menos difícil para ela....

O pai da Penelope telefonou-me há alguns minutos. Ainda estou em estado de choque, sentado no sofá do meu escritório a olhar para um ponto infinito.

O bebé chegou cedo. Não estou preparado para isto.

Eu nego, pressionando a minha cabeça com ambas as mãos.

Não me sinto bem. Tenho medo que acabe por ter uma crise de ansiedade se não fizer a minha parte. Preciso de relaxar.

Desaperto o nó da gravata,... desabotoo um par de botões da camisa,... tiro o casaco,... arregaço as mangas da camisa,...

Nada funciona. Estou sufocado, suado, a sufocar...

A situação ultrapassa-me em todos os aspectos. Está fora do meu alcance. Vem para mim grande, gigante, colossal...

––––––––

Depois de um bom tempo de exercícios relaxantes, parece que voltei a respirar normalmente. Pelo menos parei de suar e tremer como uma criança.

Estavam a caminho do hospital, por isso já lá devem estar. Devia aproximar-me mais, já que há uma hipótese de aquele pequenote ser meu. Mesmo que eu não quisesse olhar para ela e dar-lhe falsas esperanças.

Tenho de o pesar. Dez minutos antes deste sufocante apelo, eu tinha outras prioridades, e se o destino decidiu colocar as duas no mesmo dia e à mesma hora, é porque espera que eu tome a decisão certa.

A mulher que conseguiu iluminar minha vida com luz e energia, a mulher cujo sorriso não consigo sair da minha cabeça..., a mulher que virou meu mundo e minha sanidade de cabeça para baixo, e que logo entrará em um táxi a caminho do cartório, sempre teve, tem e terá mais peso no meu equilíbrio pessoal. Penélope, por outro lado, não significa nada para mim. E agora está a dar à luz aquele que provavelmente é meu filho.

É o meu merecido castigo pelo egoísmo. Devia tê-la deixado há muito tempo. Nunca me encheu. Eu estava com ela no momento.

Seja o que for que eu decida hoje: ir ao hospital ou ao notário, que fique claro que ela, Cintia Alonso, será sempre a dona do meu coração. Ele apareceu na minha vida cheio de inseguranças, com um passado sombrio e uma boa dose de problemas pessoais, no pior momento de sua vida. Portanto, não houve um dia nos últimos meses em que eu não tenha sido culpado pelo nosso afastamento, fazendo-me as mesmas perguntas sem resposta que ela não me quis dar.

Fomos muito rápido? Eu o sobrecarreguei com minha paixão prematura? Não queria compromissos e não se sentiu pressionado?

Não sei, não sei, não sei, não sei...

Eu sei que tenho saudades dela.

Não consigo tirá-lo de mim. Acho que nunca vou encontrar ninguém para me encher do jeito que ela fez com apenas um olhar, um sorriso silencioso ou um simples suspiro. Só a sua presença foi suficiente para me livrar do amor.

No mês passado, de forma totalmente intencional, aproximei-me do Café Zatra. Era sexta-feira ao meio-dia e sabia que a podia encontrar na companhia do Maty e da Marga. Ele não reparou em mim. Observei-a através da janela do outro lado do passeio. Como eu esperava, ela estava linda. Ela não parecia ser tão retraída como costumava ser. Talvez por causa da empresa ou porque, finalmente, ela conseguiu virar a página sobre o seu passado, o que me faria feliz. Para mim ela é a mulher perfeita: doce, boa, bela, que mais se poderia pedir? Ter-nos-íamos entendido como mil maravilhas, se ela não tivesse decidido ignorar-me e esquecer-me sem razão aparente.

Voltei a reclinar a cara, desanimado. Todas as minhas reflexões acabam por me levar para o mesmo beco sem saída. Sempre e sempre, sempre e sempre. Laboralmente, é um diamante em bruto. Desejo-lhe as maiores felicidades na sua nova aventura empresarial. Descobri há umas semanas atrás sobre o seu ambicioso projecto. No mundo do jornalismo, as notícias viajam depressa.

Sofri o impulso de a chamar, de lhe enviar uma mensagem ou de aparecer inesperadamente perante ela para a felicitar e oferecer-lhe uma ajuda no que ela achar melhor. Foi uma boa desculpa para a ver.

Afinal, deixei o Centro Atlântico, já não vou para a Zatra, desisti do Country Club,... Esforcei-me por respeitar o seu desejo de me esquecerem, mesmo que não o partilhe.

Vivo na esperança de que o destino volte a fazer a sua magia. Se quisermos estar juntos, mesmo que eu mude meus hábitos, em algum momento isso nos unirá novamente.

É claro: se eu me deixar cair hoje no notário, o destino não terá tido muito a ver com isso. Podes acabar por ir para o hospital...

CAPÍTULO 2

Cintia:

Naquela segunda-feira de Outubro, à saída do notário. É meio-dia.

Está feito! Agora sou a proprietária e dona oficial da publicação e de tudo o que a envolve: seus anunciantes e infra-estrutura.

Apanhamos um táxi, a caminho da rua Tetuán, onde encontraremos o edifício glamoroso de que me tornei proprietária e que agora será a sede oficial de Macima para Mulheres.

Se levava apenas 20 minutos do nosso apartamento para a revista Hero Kinsey, agora leva 18 minutos. Apenas uma caminhada de dois minutos nos separará um do outro.

Tenho de reprimir um suspiro ao ver o meu subconsciente trair-me com estas reflexões esporádicas. Abanei a cabeça, a tentar tirar este pensamento e redireccionar-me para o que estava lá.

Os acontecimentos dos últimos meses ajudaram-me a recuperar a auto-estima, energia e autoconfiança que tinha perdido há anos, tornando extremamente fácil para mim selar a boca do meu pai e ex-marido esta manhã.

Eles vieram aqui com a intenção de me pisar um pouco mais. É sabido que eles devem ter pensado pouco de todos os danos que me causaram ao longo de vinte e oito anos. Eles pensariam que ele iria dobrar seus ouvidos enquanto eles liberavam através daquelas bocas qualquer coisa que viesse em seu caminho durante a transferência de poderes. Mas eles estavam errados. A única coisa que encontraram foi uma Cintia com grande segurança e autodeterminação, o que lhes deu a ambos um tremendo pontapé no cu.

Espero que, finalmente, esta manhã, em Outubro, o meu passado fraudulento tenha sido finalmente arquivado e que não tenha de voltar a lidar com nenhum deles para o resto da minha vida.

Macima For Women começa como meu novo presente e longo caminho a percorrer, que espero que seja promissor e ambicioso.

-O que você quer, o que você quer, o que você quer, o que você quer!

Eu sorrio para o ataque de entusiasmo da Matilda.

-Eu também os tenho. Como é que os encontramos? Pode ter sabotado os escritórios com graffiti e destruição de móveis.

-Isso não importa. O que quer que esteja estragado fica arranjado. A parede rabiscada está pintada. Somos uma equipa, vamos ajudar-te. Macima para mulheres vai lançar sua primeira edição no próximo mês, pois meu nome é Matilda Roldán! -Levante o dedo indicador para a frente enquanto entoa esse breve discurso.

Estamos todos muito envolvidos nesta aventura louca, mas não para aquele projeto impossível.

-Quero ser um parceiro de investimento, mas não com direitos, apenas como contribuinte de capital.

-Peço desculpa?

-Bem, é isso mesmo. É suposto seres a mulher de negócios. Devias estar mais familiarizado com os conceitos. -Ele rola os meus olhos.

-Entendo o que queres dizer, Maty. Mas não entendo no que queres investir.

-Eu providenciarei o capital necessário para a remodelação e adaptação da revista, bem como o pagamento de salários e taxas durante os primeiros seis ou oito meses!

-Nem pensar! Voltámos à mesma coisa! Não quero o teu dinheiro! -Claro que vamos readaptar os escritórios, claro que vamos contratar pessoal, mas tudo no devido tempo, com os benefícios da própria publicação! Por enquanto vou trabalhar sozinho!

Ele está a olhar para mim.

Pisca pelo menos cinco vezes seguidas

Espero que me refutes, chille? Crispe? Insistir? Protestar? Nada?

Relaxo outra vez, descansando as costas atrás do banco de trás do táxi. Eu ocupo a praça central. Os meus dois companheiros continuam a guardar-me, um de cada lado.

-Que estranho! Não diz nada, sussurre a Marga ao meu ouvido.

Virei-me um pouco na direcção dele, acenando com a cabeça.

É bom que seja. Não me apetece cavalgar com raiva e Matilda sabe perfeitamente como me tirar da minha rotina e me fazer chegar a esse estado de tensão máxima.

Saímos do carro, entramos no prédio de cinco andares, todos eles agora minha propriedade! Se eu quisesse, eu poderia vendê-la e não trabalharia mais na vida.

-Uau! É glamoroso, soberbo, impecável,... -Marga alucina.

-É aqui que tenho trabalhado nos últimos quatro anos. Estava nervoso com os danos que consegui encontrar. Por agora tudo parece estar em ordem - penso em voz alta. É angustiante ver este edifício tão vazio, com toda a actividade que acolheu dia e noite. Quase cem pessoas trabalhavam aqui, incluindo editores, escriturários, recepcionistas, faxineiros,...

-Estou indo agora", diz Maty.

-Aha.

Não vejo para onde ele vai enquanto continuo a minha pesquisa exaustiva e meticulosa do local.

CAPÍTULO 3

Visualize ao fundo o que parece ser uma cafetaria