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Ensino e aprendizagem: uma abordagem filosófica cristã
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E-book367 páginas6 horas

Ensino e aprendizagem: uma abordagem filosófica cristã

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Sobre este e-book

A primeira versão deste livro, publicada pela AECEP com apenas quatro capítulos, tornou-se para mim uma das principais fontes nos treinamentos de professores, ao longo desta caminhada de 23 anos aprendendo e ensinando Educação por Princípios. Recentemente, no Programa de Mentoria que instituí para o Centro Renovo de Educação, segunda escola de Educação por Princípios no Brasil e a qual tive o privilégio de ser cofundadora, ele tornou-se leitura obrigatória. A importância deste livro para o treinamento de um professor em Educação por Princípios revela-se na forma como define Filosofia Cristã e argumenta sobre sua relevância. Desde as primeiras páginas, oferece-nos fundamentos e conceitos que ajudam a discernir nosso contexto social e a confusão que tem nos cercado atualmente. Identifica as características da filosofia cristã e de que forma ela pode afetar o treinamento educacional da próxima geração.
O Dr. Paul Jehle aborda o padrão bíblico para a renovação da mente, como a maneira pela qual ela é disciplinada a raciocinar, deduzir, discernir e aplicar sobre tudo que ouvimos, lemos e vemos, tornando-se em ações que definem a maneira pela qual vivemos. Esta compreensão é muito importante quando tratamos da educação cristã e dos[…]
IdiomaPortuguês
EditoraAECEP
Data de lançamento30 de ago. de 2018
ISBN9788567961118
Ensino e aprendizagem: uma abordagem filosófica cristã

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    Esse livro é show de bola essencial para toda família que deseja aplicar os príncipios em sua jornada.

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Ensino e aprendizagem - Paul Jehle

Paulo.

CAPÍTULO 1

OS PROPÓSITOS ETERNOS DE DEUS: VIDA, LIBERDADE E PROPRIEDADE

Éimportante compreender que o propósito da Educação Cristã, em longo prazo, é a bênção das nações, porque essa compreensão plantará dentro de nós visão mais ampla e trará maior comprometimento com Cristo. É também importante entender o eterno propósito, bem como os eternos princípios e padrões de Deus para discernir como Ele deseja cumprir Seu propósito de discipular nações por meio da Educação Cristã.

1.1 O PROPÓSITO ETERNO DE DEUS

E Deus disse: façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança; tenha ele domínio… (Gênesis 1:26)

E Deus os abençoou e disse-lhes: sede frutíferos, multiplicai-vos; preenchei a terra e sujeitai-a, tenha domínio … (Gênesis 1:28).

Toda a criação se reproduziu conforme a própria espécie. Deus, então, criou o homem conforme Sua imagem. Ao homem foi dado o domínio sobre a criação. É importante notar que o domínio sobre todas as coisas não inclui o próprio ser humano. Deus nunca teve a intenção de que o ser humano dominasse seus semelhantes. Era plano original de Deus que o ser humano dominasse a terra com o propósito de dar glória a Deus. Após a entrada do pecado (Gênesis 3), os seres humanos começaram a focar seus esforços na tentativa de dominar uns aos outros, começando com o relacionamento conjugal (homens dominando sobre as mulheres). Esta foi uma perversão do plano de Deus para o governo dos seres humanos.

O domínio adequado sobre a Criação era o propósito original de Deus e constituía tarefa e missão do homem na terra. O mandato de domínio nunca foi cancelado¹. Enquanto o ser humano, impropriamente, exercer domínio sobre os seus semelhantes, ele nunca realmente terá domínio sobre a criação da forma como foi planejado. É por esta razão que os princípios e padrões de Deus para governo são tão importantes, pois eles ajudam o homem a viver e trabalhar juntos por um propósito maior que o pecaminoso domínio de uns sobre os outros, por meio de diversas formas de tirania.

O foco específico do domínio concedido por Deus tinha três dimensões. Primeiro, o homem deveria ser frutífero e se multiplicar ou reproduzir para povoar a terra. Segundo, o homem deveria preencher ou reorganizar a terra. A palavra inglesa é replenish que, no original, tem o significado de criativamente, produzir e inventar novas formas de utilizar os recursos da terra. Em terceiro lugar, o ser humano deveria submeter a terra ou, literalmente, possuí-la, significando que o homem deveria tomar posse da terra. A terra deveria ser sua propriedade e ele deveria administrá-la para o Senhor.

1.1.1 Vida – Primeiro propósito eterno de Deus para o homem

Sejam frutíferos e multiplicai-vos

(Gênesis 1.28)

A reprodução da vida neste planeta é um dos mais elevados alvos e propósitos para o ser humano. O homem não deveria tratar a vida de qualquer jeito, como melhor lhe parecesse, pois um dos primeiros propósitos de Deus é honrar e proteger a vida. Quando qualquer nação ou sociedade não honra a vida, também não honra a Deus ou Seu propósito para o ser humano. Ao ponderar sobre esse propósito, podem-se fazer algumas das seguintes deduções:

a – Ter filhos é um alvo a longo prazo que avança no tempo, para além de nossa família imediata, quando visto pela perspectiva de Deus. Ser frutífero e multiplicar-se é um mandamento que envolve nossos filhos e os filhos de nossos filhos, por muitas gerações. Portanto, nações que restringem o nascimento de crianças e limitam o tamanho das famílias não honram a vida. Na economia de Deus, não existe o temor da superpopulação².

b – O propósito da vida representa, em si mesmo, honra para a família e para o casamento, pois somente em famílias estáveis ou restauradas pode tal propósito ser cumprido e a vida ser honrada conforme a Palavra e os padrões de Deus. Toda forma de perversão sexual tende a destruir o casamento e desonrar o processo de reprodução e a adequada criação das crianças.

c – O propósito também envolve honrar as crianças ainda não nascidas, os enfermos e os idosos. Aborto, eutanásia e a destruição da vida daqueles considerados não dignos de viver são formas de desonrar a vida e nossa sociedade está sofrendo hoje porque temos perdido o propósito original de nossa existência.

De forma resumida, deveríamos honrar igualmente o jovem e o idoso, porque um dos mais elevados propósitos do ser humano é trazer vida a este planeta.

d – Finalmente, o propósito de honrar a vida carrega consigo a noção de que a vida humana possui valor mais alto do que a vida animal. Toda vida deve ser honrada. Entretanto, a vida animal foi criada por Deus para servir ao homem e nossas leis deveriam refletir tal fato. Quando os animais são protegidos de forma mais consistente que a vida humana, isso significa que a vida humana foi reduzida a algo inferior à vida animal.

1.1.2 Liberdade – Segundo propósito eterno de Deus para o homem

e preenchei a terra

(Gênesis 1.28)

A Bíblia declara que além de honrar a vida, (ser frutífero a multiplicar), o ser humano deveria replanejar a terra. A palavra traduzida para o inglês "replenish" vem do hebraico e pode ter um significado mais amplo que simplesmente a repetição da ordem para multiplicar a vida humana, apesar de ser óbvio que Deus realmente ordenou que a terra fosse preenchida pela multiplicação dos seres humanos. Eu (Paul Jehle) acredito que Deus está dizendo que deseja que a terra seja preenchida por meio da expressão criativa do ser humano no uso que faz dos recursos naturais da terra (Cf. Salmo 115.16).

Essa produtividade poderia ser usada a serviço de outros. Uma das únicas qualidades do ser humano que se opõe aos animais é a habilidade de ser criativo. Fomos feitos à imagem de Deus, portanto, somos criativos. Entretanto, há uma distinta e muito importante diferença entre nossa criatividade e a habilidade que Deus tem de criar. Deus cria a partir do nada, mas o ser humano cria a partir do que é dado por Deus. O padrão para a criatividade e, consequentemente, para o que o ser humano cria é o trabalho de Deus. Pode ser entendido, então, que o ser humano deve preencher a terra com criativas expressões tais como ferramentas, invenções e novas formas de produção da terra, como as que contribuem para sua eficiência e mordomia. Isso significa preencher a terra com novos itens, como expressão do domínio humano sobre a criação.

Começando em Gênesis 4, é possível perceber que isso realmente aconteceu. Os homens iniciaram a extração de preciosos metais, aprenderam a fazer ferramentas e instrumentos musicais. A terra foi preenchida com criativas formas feitas pelas mãos humanas. Isso incluía jardinagem, pintura e outras coisas que enchem a atmosfera com beleza. Todas as formas de tecnologia e progresso da civilização são, direta ou indiretamente, resultado da liberdade que o homem recebeu para preencher a terra. Aeroplanos e arranha-céus são expressões da criatividade humana e tudo ao nosso redor é resultado da liberdade. A criatividade pode ser usada positiva ou negativamente, vai depender se é uma ferramenta a serviço de Deus ou para o domínio de outros, com interesses egoístas.

Para que a criatividade adequada floresça e seja produtiva e não destrutiva, a liberdade deve ser honrada, fundamentada nos padrões de Deus. Sociedades e nações que valorizam a liberdade como direito dado por Deus têm florescido em tecnologia, ferramentas e produção cultural, conduzindo ao progresso da civilização. Aquelas nações que consideram a liberdade como privilégio concedido pelo governo não têm avançado, pelo contrário, tem regredido, dando apenas limitada liberdade para parte de sua população. O plano de Deus para as nações é honrar a liberdade de tal forma que Seu propósito de preencher a terra possa ser cumprido.

Apenas o Cristianismo pode, de forma apropriada, dar à cultura os parâmetros que guiam e honram a liberdade. Resumindo, honrar a liberdade pode significar:

a – Liberar a criatividade humana para preencher a terra com novas formas, ferramentas e produção para um melhor serviço ao ser humano.

b – A liberdade do ser humano de escolher, comercializar e até mesmo falhar em suas tentativas de ser criativo e de produzir.

c – A necessidade de que a direção da lei bíblica seja aplicada para impedir que a liberdade se torne licenciosidade ou, ainda, que prejudique ou tire os direitos de outro indivíduo.

1.1.3 Propriedade – Terceiro propósito eterno de Deus para o ser humano

e tenha domínio sobre a terra.

(Gênesis 1:28)

Finalmente, Deus diz que o ser humano deveria exercer domínio sobre a terra e sobre as criaturas da terra, do céu e do mar. Como mencionado anteriormente, está claro que não era propósito de Deus que os seres humanos dominassem sobre seus semelhantes. A palavra domínio significa tratar como menor, submeter, subjugar e até mesmo destruir ou fazer em pedaços. Domínio é uma palavra que faz referência ao uso da força. Essa força deveria ser aplicada em direção à terra, aos animais e à vida vegetal. Isso não significa que o ser humano deveria abusar da terra ou da vida animal ou vegetal, pois todas as coisas devem ser feitas de acordo com os padrões de Deus. Mas o ser humano deveria exercitar sua autoridade de proprietário quando lidando com a terra e a vida animal e vegetal. A palavra domínio também implica em sua responsabilidade para com Deus, o Criador, pela orma como realiza seu trabalho. Ao comentar este mandamento, Matthew Henry diz o seguinte:

Assim como ele tem o governo das criaturas inferiores, ele é, assim como era, o representante de Deus ou vice-rei sobre a terra; eles (os animais) não são capazes de temer e servir a Deus, portanto, Deus determinou que eles temessem e servissem ao homem. Ainda assim, governar a si mesmo por meio da liberdade de sua vontade reflete mais a imagem de Deus do que exercer governo sobre as demais criaturas³

É a perversão dessa verdade a causa de tanto mal na terra. Aqueles que têm exercido mordomia arbitrária sobre pessoas, têm perpetuado escravidão e domínio desde a queda. Todas as formas de escravidão são inerentemente enraizadas na falta de respeito pelo direito de liberdade dado por Deus e falta de habilidade de governar sobre o orgulho.

Outra perversão dessa verdade tem causado o abuso da terra e de suas várias formas de vida. O homem tem agido como representante de si mesmo em lugar de ser representante do Senhor. Deus possui tudo, ainda que coloque o homem como mordomo sobre a própria natureza, bem como sobre a natureza da terra e das várias formas de vida. Inerente a este entendimento está o conceito de propriedade privada. Para ser bom mordomo, a propriedade da terra deve ser definida e honrada. É óbvio pela leitura do livro de Gênesis que, como o ser humano se multiplicou na terra, cresceu também a necessidade de definir os direitos de propriedade da terra. Indivíduos decidiram qual parte da terra eles iriam possuir e fronteiras tribais⁴ se tornaram parte da lei estabelecida por Deus e expressa para Seu povo. Deus também honrou as escolhas individuais de propriedade do homem, mesmo quando era para o próprio mal. Nações que honraram a propriedade como direito dado por Deus produziram a mais elevada porcentagem de pessoas felizes na terra. Há relação entre o trabalho de um indivíduo e a recompensa natural de contentamento e satisfação na vida.

Poderia ainda ser acrescentado que as opiniões das pessoas são também sua propriedade. Quando o direito à propriedade privada é desonrado, o resultado é uma sociedade que força algumas pessoas a viverem como escravas, sendo isso feito por meio de absoluta dominação de pessoas e de suas liberdades, ou seja, por meio de taxação ilegal, fraude e corrupção.

Portanto, pode-se dizer que honrar a propriedade implica:

a – Honrar o direito do homem ou mulher à propriedade privada na terra.

b – Honrar o direito de mordomia (usar e aumentar) tanto a propriedade interna quanto externa, incluindo animais, plantas e seus produtos.

c – Honrar a responsabilidade inclui o dever de prestar contas a Deus, aquele que deu ao homem domínio, o qual também é soberano e último dono de tudo.

Resumindo, o ser humano recebeu de Deus, na criação, três principais direitos: a vida, a liberdade e a propriedade. Esses três direitos são válidos para todas as sociedades e criaturas. Estão inerentes nas primeiras instruções de Deus para Adão, representando toda a raça humana que viria dele. Esses não eram direitos garantidos pelo governo, porque governo civil ainda nem existia naqueles tempos. Desde que esses direitos precedem a existência do governo civil, eles declaram que o indivíduo é mais importante que as instituições.

1.2 OS ETERNOS PRINCÍPIOS DE DEUS

Deus concedeu esses direitos a Adão, mas como ele poderia começar a implementar esses direitos em sua vida pessoal? Adão tinha que manter, com Deus, uma caminhada pessoal para que a presença e o poder de Deus fossem continuamente expressos a ele. Sua relação com Deus era pessoal, mas ele também necessitava de instrução de Deus para compreender como implementar e aplicar os direitos, o chamado e a responsabilidade que lhes foram dados.

Adão foi colocado num jardim, de tal forma que ele poderia honrar a vida, exercitar sua liberdade e tomar posse da propriedade dada a ele, por meio de trabalho criativo e produtivo.

As instruções dadas a Adão, em Genesis 2, definem, de forma clara, as fronteiras da sua relação com Deus, por meio de princípios e padrões de pensamento, os quais foram colocados para guiá-lo. Um equilíbrio de poder e princípios foi estabelecido para Adão e para as gerações seguintes. Estes princípios são: 1 - Trabalho – a semente do caráter cristão; 2 - Administração – a semente da mordomia cristã; 3 - Liberdade – a semente do governo cristão; 4 – Obediência - a semente do crescimento cristão; 5 - Poder – a semente da soberania cristã; 6 - Diversidade – a semente da individualidade cristã; 7 - Unidade – a semente da aliança cristã.

1.2.1 Trabalho – a semente do caráter cristão

E o Senhor Deus tomou o homem e o colocou no Jardim do Éden, para cultivá-lo.

(Gênesis 2.15a).

A palavra utilizada no hebraico significa labor, trabalho e aqui está a primeira responsabilidade ou princípio dado ao homem e à sua posteridade. Um ingrediente básico, resultante do fato de ser imagem de Deus, é o amor ao trabalho. Trabalho inclui tanto aspectos mentais quanto físicos. O trabalho produz satisfação e recompensa, sendo também uma parte necessária para a vida espiritual do ser humano. Quem não tem amor pelo trabalho torna-se desejoso de que todas as coisas lhe sejam dadas sem responsabilidade ou sem necessidade de prestar contas a ninguém.

Depois que o pecado entrou na raça humana, por meio da desobediência, Deus disse: "no suor do teu rosto comerás o teu pão, até que retornes à terra, pois dela fostes formado; porque tu és pó e ao pó tornarás" (Gênesis 3:19). Aqui estão explicitadas duas distintas atitudes (em relação ao trabalho) que entraram na história humana como resultado do pecado. Uma pode ser chamada de labuta ou fadiga, que está ligada ao trabalho duro e ignóbil, próprio daquele que é obrigado a trabalhar por necessidade, como servo ou escravo. A outra atitude pode ser chamada de vaidade, que significa vazio de substância, algo para satisfazer o desejo; incerteza (quanto ao valor do trabalho ou objetivo do trabalho). Essas duas atitudes são inerentes ao ser humano como resultado do pecado e essas também perverteram o mais elevado propósito de Deus para o trabalho alegre e prazeroso.

Labor é trabalhar por necessidade de sobrevivência: no suor do rosto conseguir o pão de cada dia. Foi essa a declaração de Deus em relação à condição do trabalho do homem após a queda. Em certo sentido, a necessidade de se alimentar é uma constante disciplina da natureza pecaminosa do homem que o força a trabalhar quando nenhum propósito mais elevado o inspira internamente.

Trata-se de um trabalho externo, sem nenhuma inspiração ou alegria interna. É mencionado por Paulo no Novo Testamento, quando o apóstolo enfatiza que aquele que não trabalhar também não está autorizado a comer. Portanto, seu desejo de sobrevivência cumprirá a tarefa de fazê-lo trabalhar. (2Tessalonicenses 3.10). Esse não é o propósito de Deus para ao trabalho, mas é uma fronteira natural para o ser humano restringir e controlar seus desejos pecaminosos.

A vaidade é o desejo de ganhar sem esforço nenhum. É vazio e incerto, uma vida de frivolidade e busca imediata de prazer, sem desejo de produzir, pois tu és pó e ao pó voltarás. Aquele que é vão adora o imediato e temporário e ficaria feliz se outros trabalhassem por ele, durante toda a sua vida. Se ele vai morrer de qualquer forma, porque não comer, beber, se alegrar e esperar conseguir tudo na vida com um mínimo de esforço possível?

Essa pecaminosa perversão do verdadeiro princípio divino do trabalho indica um prazer interno imediato sem responsabilidade pelo trabalho. O livro de Eclesiastes documenta a futilidade da vaidade.

Resumindo, trabalho é o princípio divino do caráter que é o padrão de pensamento para a produtividade. É formado por pressão das circunstâncias; é disciplina que requer submissão ao Senhor, obediência às Suas leis, relacionamento com outros e trabalho físico e mental.

Numa cultura influenciada pelo Cristianismo e seus propósitos, os homens, naturalmente⁵, começam a desejar trabalhar desde que o fruto direto de seus trabalhos seja percebido. Quando esse princípio fundamental do trabalho é negligenciado, tornam-se naturais a vaidade e a preguiça, e as pessoas passam a desejar que outros trabalhem em seu lugar, ou assumem apenas o fardo do trabalho para a mera sobrevivência.

1.2.2 Administração – a semente da mordomia

E o Senhor Deus tomou o homem e o colocou no Jardim do Éden, para o cultivar e guardar.

(Gênesis 2.15)

A palavra traduzida por guardar significa observar rigoroso cuidado e implica administração e gerenciamento do jardim. Adão deveria administrar o que ele produzisse. O homem não tem apenas que trabalhar com alegria e satisfação, mas também tem de guardar o que produz. Este guardar não tem o sentido de proteger do perigo, mas observar e reconhecer o valor daquilo que é produzido.

A produção e sua preservação apontam para o futuro do investimento. Mordomia ou administração apropriada do que é produzido preserva a vida, a liberdade e a propriedade futura.

Após a entrada do pecado, lemos: "Maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias da tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos e tu comerás a erva do campo." (Gênesis 3.17b-18).

Novamente, vemos duas atitudes fundamentais produzidas depois que o pecado entrou no coração do homem. Essas atitudes, como as mencionadas anteriormente, indicam extremos opostos ou reações contra as verdades de Deus.

Assim é sempre o testemunho do pecado, pervertendo ao extremo o equilíbrio dos caminhos de Deus. O Senhor declara que essa é a forma como se dá o julgamento da rebelião do homem. O julgamento então se torna a fronteira ou limite natural, o qual disciplina o ser humano. A primeira atitude é chamada de passividade. Passividade significa não agir e tornar-se apático. A segunda é chamada de glutonaria ou voracidade, pois a pessoa torna-se voraz, desejando tudo em excesso e, apesar de estar sempre associada à alimentação, a palavra pode também ser utilizada para designar a voracidade por consumir qualquer coisa produzida, sem pensar no amanhã.

Passividade ou lentidão tem em sua natureza interna um padrão de pensamento, segundo o qual, tudo continuará igual se for deixado do jeito que está. É como se a vida pudesse ser vivida com neutralidade, sem que isso resultasse em qualquer declínio. Entretanto, em consequência do pecado, mesmo se o jardim de alguém é deixado por sua conta, ervas daninhas, cardos e abrolhos aparecerão. O texto de Provérbios 12:27 nos adverte que "o preguiçoso não assará a sua caça, mas o bem precioso do homem é ser ele diligente". A erva daninha não precisa ser plantada, ela cresce naturalmente. Esse é o julgamento de Deus. O homem passivo será julgado e acabará perdendo o que produzir.

A glutonaria ou ganância consome imediatamente o que está disponível, sem pensar ou investir para amanhã. Por que alguém faria isso? Por que o homem se preocupa com o fato de não haver amanhã. É um sofrimento viver dessa maneira. Deus diz que a terra está amaldiçoada e que em sofrimento o homem comerá seu pão, todos os dias de sua vida.

A palavra sofrimento vem de uma raiz que significa preocupação. O cuidado com esta vida é de tal forma que a pessoa constantemente se preocupa com a possibilidade de não ter o suficiente para o dia de hoje. Um excesso de ansiedade se torna a semente da falta de administração daquilo que se tem. A extrema reação de consumir tudo o que se tem é comer em tristeza ou arrependimento, sem administração para o amanhã.

Resumindo, o padrão de pensamento dado a Adão refere-se à administração e é o que também chamamos de princípio de Mordomia. Somos responsáveis por cuidar de nossa propriedade, começando por nosso coração, mente e padrões de pensamentos, estendendo tal responsabilidade para tudo o que produzimos.

A atitude correta é guardar contra a perda por meio de investimento adequado, administrando ativamente aquilo que é produzido, para um uso melhor no tempo adequado.

Aquele que negligencia a mordomia vive de forma inferior, convivendo com as ervas daninhas. Aquele que idolatra a propriedade externa para o prazer imediato acaba vivendo em grande sofrimento.

1.2.3 Liberdade – a semente do governo cristão.

De toda árvore do jardim, comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comerdes, certamente morrerás.

(Gênesis 2.16-17)

Neste tópico, veremos que Deus deu a Adão grande quantidade de liberdade como princípio. No início do capítulo, foi dito que a liberdade era um presente de Deus; um direito que o ser humano deveria exercitar. No verso mencionado acima, a liberdade é apresentada como princípio ou padrão de pensamento pelo qual Adão deveria viver. Note o contraste em relação ao que ele pode e o que ele não pode fazer. Ele tem autorização para comer de todas as árvores do jardim e tem a restrição de apenas uma.

É nossa natureza pecaminosa que sempre procura pela única restrição, em lugar de desfrutar da grande liberdade providenciada por Deus. Restrição limitada e liberdade quase ilimitada eram as regras. Essa era a verdadeira liberdade, em que a restrição era referente apenas àquela que poderia ferir o homem e ele era responsável por governar a si mesmo, interna e externamente, pelas leis de Deus. Se ele governasse a si mesmo não haveria necessidade de nenhuma outra crescente restrição externa.

Quando Eva foi enganada e Adão desobedeceu, os dois perderam a liberdade. Eles, voluntariamente, desistiram dela. Eles trocaram a liberdade pela tirania sem o perceber. Observe o que aconteceu: quando ouviram a voz do Senhor, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. (Gênesis 3:8)

As mesmas árvores que tinham sido a expressão da liberdade de Adão e Eva agora se tornaram o lugar onde se escondiam de Deus. Por que tinham medo de Deus, dessa forma? Eles estavam cheios de temor em relação a todas as leis e ordens, pois tinham escolhido uma vida de licenciosidade e anarquia. As implicações são que, antes do pecado, Adão e Eva estavam confortavelmente livres na presença de Deus. Depois do pecado, eles passaram a temer toda autoridade e estavam cheios de culpa.

Para Noah Webster, anarquia significa falta de governo, onde não existe lei ou supremo poder e os indivíduos fazem o que lhes agrada. Anarquia é a perversão da liberdade que se move em temor diante da responsabilidade pessoal. Mas, existe outro extremo também: E à mulher, Deus disse: multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores dará à luz; o teu desejo será para o teu marido e ele te governará. (Gênesis 3.16b)

O lar tornou-se o lugar de potenciais regras tirânicas como resultado do pecado. Quem não consegue controlar seu homem interior, igualmente não será capaz de controlar seu exterior.

Para Webster, tirania significa arbitrariedade ou exercício despótico do poder. Se a lei da liberdade não governa, então os indivíduos tomarão a lei nas próprias mãos.

Não estou aqui falando sobre as regras equilibradas com as quais os maridos devem conduzir as esposas, mas sobre o resultado do pecado no qual os maridos desejam dominar as esposas, tratando-as como escravas. Podemos lamentar a tirania do Estado e mesmo da Igreja, mas ela começa com os maridos em sua casa. A tirania é outra perversão da liberdade, perversão esta que resulta da falta de autogoverno. Foi o Cristianismo, por meio da lei e do Evangelho, que redimiu a mulher para um lugar de igualdade e cooperação com o homem.

Resumindo, liberdade é princípio divino de governo em que nós, internamente, restringimos e limitamos a nós mesmos, em conformidade com a lei de Deus e experimentamos, como resultado, grande quantidade de liberdade. Se falhamos em limitar a nós mesmos, acabamos andando em anarquia e temor de toda autoridade ou nos tornamos tiranos, com o objetivo de estabelecer nossa autoridade.

A nação que honra esse princípio e o povo que, voluntariamente, obedece às leis de Deus, terá governo civil limitado e grande quantidade de liberdade.

1.2.4 Obediência, a semente do crescimento cristão.

Porque, no dia em que dela comerdes, certamente morrerás.

(Gênesis 2.17b)

Obediência implica existência de autoridade e lei. Implica também que existem consequências ao obedecer e ao desobedecer. Tudo o que Adão e Eva tinham de fazer era obedecer ao simples comando de se refrearem da única árvore do conhecimento do bem e do mal. Entretanto, por causa da desobediência daquele único e pequeno comando, o pecado, assim como a morte, se espalharam por toda a raça humana (Romanos 5.12).

Obedecer é o mesmo que plantar sementes. Um ato de obediência, assim como de desobediência, pode produzir muito fruto. Um ato de desobediência produz pecado e morte. Crescimento é simples obediência consciente, reconhecendo as consequências dos próprios atos. Essa é uma lição simples, mas frequentemente esquecida entre os cristãos nas igrejas ao redor do mundo.

Cristianismo é relacionamento de obediência a Deus, primeiro, antes de ser uma das bênçãos ou presentes vindos de Deus. As consequências da desobediência são devastadoras. A serpente declarou certamente vocês não vão morrer (Genesis 3:4), introduzindo ausência de lei ou injustiça, além do conceito enganoso de que não existem consequências para as nossas ações.

Este é um extremo que a carne agora advoga em perversão ao princípio divino de obediência e crescimento. A serpente também declarou vocês serão como deuses, tentando-os com um atalho para o crescimento rumo à divindade, sem obediência.

Nesse texto é descrito o pecado do orgulho e da justiça própria, da autojustificação, quando a própria pessoa planeja ganhar a coroa em lugar de seguir o método prescrito pelo Criador.

É elevada traição o homem pretender estar no

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