Ler com bebês: contribuições das pesquisas de Susanna Mantovani
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Sobre este e-book
Nesse sentido, este livro – composto por textos oriundos de pesquisas desde os anos de 1970, que discutem propostas de ação docente com crianças pequenininhas e livros – desperta a criança para um universo novo... da história guardada no texto escrito como linguagem de expressão, da história guardada nas ilustrações como uma outra forma de expressão. Capturadas por essas linguagens, as crianças querem mais, querem ler o mundo e querem um lugar nele para registrar as suas histórias.
Essa iniciação ao ato de ler apresentada neste livro cria pequenos leitores e autores num ato de comunicação solidário que abre o mundo da escrita para a criança sem retirá-la do universo da infância. Pode estar aí uma chave para enfrentar os problemas com a cultura escrita na idade escolar que assombram a escola hoje."
Suely Amaral Mello
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Ler com bebês - Ana Lúcia Goulart de Faria
Prefácio
A leitura na creche
qual leitura?
Maria Carmen Silveira Barbosa
Durante muitos anos, nossas crianças pequenas escutaram histórias. Na beira do fogo, ao pé da cama, embaixo de uma árvore, deitadas na rede, todos os lugares eram considerados adequados para ouvir uma contação de histórias, de versos, fábulas, repentes, causos e relatos de assombração. Grande parte das histórias que oferecíamos aos bebês e às crianças pequenas eram aquelas da tradição oral. Estórias, mitos, que pertenciam aos coletivos humanos e que, ao longo do tempo, foram sendo contadas, recontadas e mantidas como um tesouro, afinal, somos feitos da memória e das histórias que nos contaram e daquelas que, cotidianamente, criamos e narramos sobre nós mesmos e sobre nosso mundo futuro.
Nos últimos séculos, com a presença efetiva da escrita e com a produção de livros infantis, outras narrativas também começaram a ser introduzidas na vida dos pequenos. Além de ouvir as histórias de cor
(de coração), as crianças foram inseridas na escuta das histórias lidas para elas e iniciadas na possibilidade de tocar, olhar, imaginar, ler, isto é, transver os livros e suas histórias (BARROS, 2005, p. 75).
Mais que relacionar esses atos a um projeto de alfabetização precoce, de garantia de sucesso escolar, precisamos compreendê-los como a inserção em uma prática sociocultural constituidora das subjetividades contemporâneas letradas e como possibilidades criativa de vida. "A interação precoce com os livros é a base de um desenvolvimento linguístico rico e articulado da criança […] [que] gera o hábito da leitura e configura-se como garantia de sucesso também para a aprendizagem da leitura e da escrita" (CATARSI, 2005). No processo de inserção dos bebês e das crianças bem pequenas em contextos de encontro com a leitura na creche são fundamentais, ao menos, quatro tipos de ações:
•Possibilitar o encontro tranquilo e instigante das crianças com a materialidade dos livros nas suas diferentes formas, nos seus distintos suportes – e não apenas aqueles considerados, pelos sistemas de classificação, adequados para os bebês e crianças pequenas – para que elas possam sentir o prazer de cheirar, manusear, folhear, explorar e também brincar com as múltiplas possibilidades desse objeto tão especial. É, antes de tudo, conceber o livro como, ao mesmo tempo, sagrado e profano (G UIMARÃES , 2011).
•Criar espaços para as crianças construírem o faz de conta da leitura: ler para as bonecas ou animais de pelúcia; pegar um livro, convidar um amigo, escolher um lugar gostoso para sentar, folhear e recontar um conto por meio das imagens ou então brincar com as palavras, suas sonoridades e sentidos – montando-as e desmontando-as como quebra-cabeças. É a magia contida no livro – no objeto livro – e na literatura; as narrativas que ele conta, que torna os bebês e as crianças pequenas amantes do livro e da leitura, sujeitos que encontram nos livros apoio para construírem suas próprias narrativas (R IZZOLI , 2005).
•Oferecer às crianças livros de imagens, ou, como preferem alguns autores e autoras, livros de figuras. Os livros infantis nasceram como produtos para ver
, pois foram elaborados, desde o início, a partir de ilustrações, de figuras que abriam caminhos em direção à imaginação e ao fantástico, tornando visível o invisível, dando corpo ao etéreo e voz ao inaudível. As imagens constroem textualidades e incitam a ficções (R ICHTER , 2005).
•Criar situações de leitura de histórias e de poesias em voz alta, como defendem Georges Jean, Paul Zunthor e Daniel Pennac, para que as crianças escutem a palavra lida, a palavra do livro, a palavra que comunica um texto escrito em viva voz. Uma leitura em voz alta, feita por um(a) adulto(a) atento(a) que respira com cuidado, com voz melodiosa, modulada pelo sentido do texto. Um(a) leitor(a) adulto(a) competente que dialoga com os olhos das crianças, que gesticula e produz eterno encantamento com os livros e com a literatura, pois penetrou, como experiência estésica, no corpo das crianças, isto é, introduziu as crianças no universo da cultura letrada (F ERREIRO , 2007; F RONCKOWIAK , 2013). O saudoso italiano Enzo Catarsi (2005) afirmava que a leitura em voz alta é fundamental para as crianças pequenas
.
Assim, experimentando a materialidade e a imaterialidade do livro, o real e o ficcional, o visível e o invisível, viva voz e palavra escrita, nossas crianças de 0 a 3 anos iniciam-se no longo processo cultural da leitura.
As pesquisas sobre o uso do livro infantil na creche iniciaram-se na Itália ainda nos anos de 1970, com atividades de pesquisa, com base experimental, que procuravam compreender como as crianças pequenas, em situações de vida coletiva, poderiam ser encorajadas a viver a experiência da leitura. Aquele era um momento histórico tanto de constituição de uma nova instituição – o nido, isto é, a creche – como também de uma nova profissão: professora de crianças de 0 a 3 anos.
O livro que estamos publicando apresenta parte do projeto de pesquisa realizado por Susanna Mantovani e suas colaboradoras. Ele possui dois enfoques: o primeiro traz a reflexão sobre a invenção da professora de bebês e crianças piccolissime e suas especificidades; atuação que pode ser compreendida como ausência de expertise, mas como uma outra
formação docente de grande complexidade. O segundo enfoque trata de estudos específicos sobre leitura compartilhada de livros ilustrados. Nesses estudos, podemos contemplar o quanto a creche é um espaço de comunicação, diálogo e relacionamentos e como as crianças, mesmo sem o uso de palavras, continuamente estabelecem vínculos de comunicação entre elas e empreendem estratégias específicas de leitura dos livros.
As pesquisas relatadas apresentam uma perspectiva metodológica qualitativa e participativa em que o estudo é realizado, conjuntamente, por professoras e coordenadoras pedagógicas das creches e professores(as) e estudantes universitários(as), todos procurando compreender sobre as possíveis leituras dos bebês e das crianças pequenas.
A participação nas pesquisas influenciou os(as) professores(as) a começarem a elaborar outros modos de organizar a intervenção pedagógica que não colocassem o foco na transmissão ou no treinamento, mas numa perspectiva de docência a partir de atos de investigação com as crianças: realizar a observação atenta das crianças, registrar os acontecimentos, refletir, analisar e interpretar suas ações, gestos e expressões e, a partir disso, fazer novos convites, novas propostas, provocar desafios. Aos poucos, essas pesquisas foram constituindo saberes densos sobre a leitura com e sem palavras das crianças (RIZOLLI, 2005) e também sobre como realizar a ação docente com bebês e crianças pequenas, fornecendo pistas para uma psicopedagogia de 0 a 3 anos.
Atualmente, no Brasil essas pesquisas de cunho qualitativo e pedagógico vêm sendo retomadas. Vários grupos de pesquisa procuram conhecer melhor as creches, as crianças que nelas vivem suas iniciações nos processos culturais e a ação docente das profissionais que atuam no sentido de oferecer uma ampliação do conhecimento de mundo. Afinal, as histórias, contadas ou lidas, oferecem às crianças repertórios para viver, compreender e criar mundos.
Para finalizar, gostaria de fazer minhas as palavras de Georges Jean, quando comenta que a contação e a leitura de histórias quando bem conduzidas podem ser determinantes para criar novos desejos nos leitores e leitoras
.
REFERÊNCIAS
BARROS, M. (2005). Livro sobre nada. Rio de Janeiro, Record.
CATARSI, E. (2005). A interação precoce com os livros é a base de um desenvolvimento linguístico rico e articulado da criança
. Revista Pátio Infantil, Porto Alegre, ano III, n. 8, jul.-out.
FERREIRO, E. (2007). O ingresso nas culturas da escrita
. In: FARIA, A. L. G. (Org.). O coletivo em creches e pré-escolas: falares e saberes. São Paulo, Cortez.
FRONCKOWIAK, A. (2013). Com palavra a palavra: escutar crianças e adultos em convívio poético. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
GUIMARÃES, R. (2011). Encontros, cantigas, brincadeiras e leituras: um estudo acerca das interações de bebês, das crianças bem pequenas com o objeto livro em uma sala de berçário. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
JEAN, G. (s.d.). A leitura em voz alta. Lisboa, Instituto Piaget.
PENNAC, D. (2008). Como um romance. Porto Alegre, L&PM Pocket; Rio de Janeiro, Rocco.
RICHTER, S. R. S. (2005). A dimensão ficcional da arte na educação da infância. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
RIZZOLI, M. C. (2005). Literatura com letras e sem letras na educação infantil no norte da Itália
. In: FARIA, A. L. G.; & MELLO, S. A. (Org.). Linguagens infantis: outras formas de leitura. Campinas, Autores Associados.
Introdução
A pesquisa educativa na primeira infância
algumas reflexões a partir das contribuições de Susanna Mantovani
*
Anastasia de Vita
PREMISSA
A complexidade que caracteriza as creches e escolas para a primeira infância constantemente demanda uma reflexão pedagógica, ressaltando a necessidade de se redefinirem os aspectos dos quais ela é composta, chamando a atenção às tarefas educativas requeridas para os educadores que trabalham nesses contextos e, assim, para sua formação inicial e na prática cotidiana.
O convite é, portanto, aquele de voltar os olhos para o interior das próprias creches e escolas da primeira infância, para as atividades que ali ocorrem, mas, principalmente, para as considerações presentes na base, para as pesquisas e os estudos que ganham vida e que, ao mesmo tempo, contribuem para seu desenvolvimento. Na Itália, isso significa lidar com os trabalhos de Susanna Mantovani, com os programas de pesquisas e de formação realizadas por ela que têm uma contribuição notável para o desenvolvimento de uma cultura da educação da infância.
Tratamos, então, de pesquisas e práticas, duas palavras-chave no interior do debate pedagógico; dois conceitos que levam à relação entre educação e pesquisa e entre pedagogia e infância e aos significados que no tempo foram a eles atribuídos.
Nas páginas que se seguem, são propostas algumas reflexões que parecem ser particularmente significativas para esse olhar, sem nenhuma pretensão de esgotá-las e com o objetivo de explicitar as razões que levaram à publicação deste livro e contextualizar os estudos de Susanna Mantovani, além de trazer à luz as prospectivas de pesquisa que contribuíram para seu desenvolvimento.
OS MOTIVOS DESTE LIVRO
Este livro nasce do encontro de profissionais e contextos diferentes: duas docentes e uma então estudante de doutorado¹ que enfrentam e vivenciam os ambientes universitários e aqueles das creches e escolas da primeira infância, tanto brasileiros quanto italianos. As conversas que durante anos animaram os vários encontros acadêmicos trataram de temáticas e áreas de formação e de educação também diferentes entre si. O contexto político e social no qual estão inseridas as creches e escolas da primeira infância, o percurso de estágio previsto nos cursos de graduação das duas universidades e a supervisão pedagógica, a formação em serviço dos educadores. Temáticas diferentes, mas unidas nesses discursos de um modo particular de compreender as creches e escolas da primeira infância como espaços de grande relevância comunicativa. O ambiente, o mobiliário, a documentação e o ato de educar podem ser entendidos como formas de comunicação, as formas específicas em que a creche e a escola da primeira infância querem ser conhecidas lá fora, e de reconhecer as escolhas e as filosofias que norteiam seus trabalhos diários, aceitar as famílias e as crianças e incentivar encontros, histórias e aprendizados compartilhados.
A centralidade dessas dimensões faz da comunicação na creche um tema de grande interesse pedagógico. Este livro tratará principalmente do diálogo que as creches e a escola da primeira infância têm com o mundo exterior, no contexto de programas de pesquisa e de formação, e promoverá a reflexão acerca da interação educador-criança num momento comunicativo particular, representado pela leitura compartilhada de livros ilustrados, enfatizando os aspectos de preparação da atividade e os efeitos sobre o desenvolvimento emotivo e cognitivo da criança, com uma referência específica no desenvolvimento linguístico.
Mas quais são as motivações que levam à abordagem dessas temáticas, que permitem ao pesquisador entender diretamente as contribuições que têm caracterizado as primeiras pesquisas italianas nesse âmbito?
As contribuições de Susanna Mantovani que compõem os capítulos deste livro são estudos pioneiros para a creche, pesquisas que colaboraram notavelmente com o desenvolvimento de uma cultura sobre a educação da primeira infância e, portanto, para o desenvolvimento de um conhecimento das necessidades educacionais de crianças de 0 a 3 anos, praticamente inexistentes quando surgiram na Itália as creches públicas. A partir de um exame de iniciativas e pesquisas promovidas nesses anos (em âmbitos disciplinares e países diferentes), seus estudos enfatizam a falta de observações rigorosas e dados sistemáticos em que se baseiam os argumentos a favor ou contra esses contextos educativos para que, assim, seja possível compreender na verdade seus efeitos no crescimento das crianças.
O interesse e a sensibilidade para com as instituições e as respostas dadas, em termos de políticas sociais, nas necessidades das crianças dessa faixa etária e suas famílias dão vida a estudos empíricos em contextos educacionais, cuja implementação é reconhecida pelo rigor metodológico e pelas finalidades não somente de atingir uma aprofundada compreensão dos fenômenos sob investigação, mas também de levar a uma