Rascunhos

De Rosa Bertoldi

Nas crônicas de Rosa Bertoldi há um tanto de anarquia, do tropicalismo de Caetano, de Zé Celso, de literatura beatnik, do desconforto com um mundo fora da ordem, da vontade de mudar, de doçura, de pós-modernidade, de brincadeira saudável e nas entrelinhas uma dureza quase imperceptível. Uma mulher difícil de agradar, diriam alguns. Ou uma mulher interessante diriam tantos outros. A autora além de uma incógnita, é uma leitura delicada e altamente divertida.

"Disse para eu parar com a brincadeira. Pensei quanto mais me esforço para ser uma pessoa normal, ele parece estar ficando louco. Maluco beleza, como na música do Raul. Controlando meu bom senso para entender a maluquice do sujeito perguntei: Como assim? Ele respondeu calmamente: você nunca ouviu falar no incidente provocado com o avião U2, em 1960? Não. Eu juro que nunca ouvi falar. Teria eu esquecido algo — supostamente — tão importante? Bento começou a descrever o ocorrido durante a guerra fria."

• Idioma: Português
• Editora: Canal 6 Editora
• Data de lançamento: 7 de ago. de 2017
• ISBN: 9788579174414

Pré-visualização do livro

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ISBN e-book 978-85-7917-441-4

Aqueles que mais importam em nossas vidas são tomados da gente depressa demais. Meu companheiro de infância e adolescência morreu. Com isso passei a refletir como a vida é uma sombra passando, como diz a oração fúnebre do Yon Kippur... Lamento tanto, mas quero pensar nos acontecimentos felizes, que devem ser lembrados como fonte de inspiração, razão pela qual dedico meu trabalho a sua memoria Oswaldo.

Agradecimentos

Quando vou escrever um livro, ele é desenvolvido em longas conversas com amigos. Minha primeira ouvinte foi à mãe do Murilo, Karla Rino Felippe. Numa noite, no Eco Resort Santa Clara falei do texto e contei sobre a minha dificuldade em dar nome ao novo personagem. Ela pediu para eu descrevê-lo. Karla batizou o moço. Logo depois trocando mensagens com Guillermo Barrera Fierro comentei sobre o bloqueio em criar uma profissão para o Bento. Ele sugeriu biólogo molecular. Retruquei: o sujeito tem de possuir uma situação financeira sólida, pois Rosa Bertoldi gosta de vida boa. Como Guillermo mora em Miami, deu a Bento um perfil de pesquisador na área de DNA, a molécula da vida, assunto bastante desenvolvido por lá. Bento possui diversas patentes e foi indicado para premio Nobel. Trabalha com diferentes perspectivas e a transferência de informações hereditárias de uma geração a outra é uma delas. Aceitei as sugestões e dei ao personagem o sobrenome Rino Fierro. Mariano, meu amigo de infância tinha outros planos vetados por mim, mesmo assim deu ótimas ideias.

Eber Mosqueto colaborou com a foto, gentilmente entregue a editora tratada. Só que depois ela foi destratada para a capa e orelha, por motivos óbvios: a autora usa um pseudônimo. A fotografia remete às boas lembranças de festas oferecidas pelo casal Eber e Regina. Meus sinceros agradecimentos pela foto, pela amizade e por tudo mais.

Não consigo imaginar esse livro sem a colaboração da designer Erika Woelke, pois tudo que sai das mãos dela é sempre perfeito. Uma única vez eu desenhei as ilustrações e foi um Deus nos acuda, embora o momento tenha sido didático. Pela segunda vez em pouco tempo supostos amigos me decepcionaram ao revelar suas verdadeiras caras.

Para quebrar o feitiço, pretendia ilustrar esse novo volume para dar sorte. Desisti, pois nessa época perdi aquele que compartilhou comigo todas as férias maravilhosas na casa da minha tia avó Emília.

De novo meu muito obrigada Erika, Eber, Guillermo, Karla, Mariano e a amiga de todas as horas, Silvia Oliva, por me ouvir sempre. Minha profunda gratidão aos meus filhos, eu seria menos feliz sem eles. Não sou capaz de dizer de quem é a cota maior. Ela dá uma pitada de humor às reminiscências de sua mãe... Nunca sei se ela está debochando ou brincando com as lembranças embaçadas da atrapalhada autora, ou se dele, o finalizador das capas dos livros. Será exploração de trabalho infantil?

apresentação

Da arte de subir

em telhados

Quando recebi por e-mail o convite para apresentação do livro de crônicas de Rosa Bertoldi hesitei. Como apresentar alguém que não conheço? Ou melhor, que só conheço através de textos? Como apresentar uma figura enigmática e a quem a vida fez com que escrevesse com um pseudônimo? É muita responsabilidade.

Refugiada de guerra? Judia perseguida? Ou dona de casa mãe de sete filhos? Traficante colombiana que ouve Caetano e cria gatos? Não... Não... Não. Antiga funcionária da casa de Eny? Aí, aí, aí, Uma espiã fugitiva das guerras do Oriente, que lê Jack Kerouac, louco o bastante para crer que podia mudar o mundo e admira aquele moleque safado do Rimbaud. Sei de fonte limpa, que ela anda traindo descaradamente Caetano Veloso