O mensageiro alado
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Sobre este e-book
Três anos depois ele reencontra Carol, e a aventura recomeça. Será que eles conseguirão colocar os contrabandistas na cadeia?
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O mensageiro alado - Rogério Andrade Barbosa
Rogério Andrade Barbosa
O MENSAGEIRO ALADO
SUMÁRIO
PRIMEIRA PARTE
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
SEGUNDA PARTE
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
TERCEIRA PARTE
XIX
XX
BIOGRAFIAS
CRÉDITOS
PRIMEIRA PARTE
UM VISITANTE INESPERADO
O POMBO-CORREIO
I
Tudo começou há três anos. O pombo, conforme anotei em meu diário, entrou desnorteado pela janela do quarto, bem na hora em que eu ia ligar o computador. Pousou em cima da cama, ofegante, o peito banhado de sangue.
Assim que me refiz do susto, tentei ajudar o trêmulo invasor. Parecia que ele tinha levado uma pedrada. Ou, quem sabe, um tiro de espingarda de chumbo.
Corri ao banheiro com o bichinho em minhas mãos e, com a ponta de uma toalha molhada, limpei a ferida. Depois, com gaze e algodão, estanquei o sangramento. Os ensinamentos que recebera nas aulas de primeiros socorros no grupo de escoteiros tinham servido, segundo nosso lema, para ajudar o próximo.
Será que o pombo iria sobreviver? O pior é que eu estava praticamente sozinho em casa. Meus pais tinham viajado para desfrutar de um prêmio que haviam ganho em um concurso promovido por uma revista de turismo: uma semana, com tudo pago, em um hotel cinco estrelas em Manaus.
Eu, em pleno período de aulas, fiquei no Rio de Janeiro aos cuidados de minha irmã. Sofia tem dezessete anos, só três a mais do que eu. Pensa que tem vinte, mas age feito uma guria de dez. Ela, ainda bem, passa o dia quase todo na rua com o idiota do namorado dela, em vez de ficar pegando no meu pé o tempo inteiro.
Mamãe, sempre precavida, deixou tudo arrumado: comida congelada e a geladeira abastecida com o que precisássemos. Supercontroladora, telefonava diariamente.
De repente, percebi que havia um papel enrolado com uma fitinha na pata direita do meu pequeno paciente. E, na outra patinha, um anel inteiriço com um número impresso no metal – 000332010. Será que era um pombo-correio?
Cortei a fita cor-de-rosa com cuidado, desenrolei a folha e descobri uma mensagem, numa caligrafia miúda, escrita a caneta vermelha:
Socorro! Me ajudem, por favor!
II
Na manhã seguinte, o pombo, que passara a noite num canto do meu quarto, acomodado numa caixa de papelão, estava bem melhor. O ferimento, felizmente, era superficial. Bebeu água e aceitou os grãos de milho que lhe dei. Logo mostrou-se impaciente, doido para bater as asas de novo.
Mas a tal mensagem não saía de minha cabeça. Quem a teria escrito? Seria uma brincadeira? Só podia ser. Não estava assinada nem dizia de onde vinha.
Antes de soltar o pombo, escrevi em um pedaço de papel:
Quem é você? Onde mora? Por que escreveu o bilhete? Em que posso ajudar? Meu nome é Robson, mas todo mundo me conhece como Robinho. Tenho catorze anos e moro em Santa Teresa.
Enrolei a folha e a amarrei na pata do pombo com um barbante, do mesmo jeito que estava o misterioso pedido de socorro. Abri a janela, que tinha deixado fechada para minha visita não escapulir no meio da noite, e soltei a ave.
O mensageiro alado, assim que se viu livre, descreveu um círculo no ar e desapareceu, como uma flecha emplumada, no horizonte.
Peguei a mochila e fui caminhando pelos trilhos até a escola. O bairro em que eu moro, Santa Teresa, é bem diferente. Reduto de artistas, boêmios e músicos. Meus pais são pintores. Têm um ateliê no andar térreo de nossa casa, onde trabalham, expõem e vendem suas pinturas.
As ruas, ladeadas de casarões seculares, dão um charme especial ao bairro, famoso também pelo seu animado carnaval. É o único lugar do Rio de Janeiro em que os bondes ainda circulam, sacolejando lentamente ao longo das ladeiras centenárias. O cenário, porém, é marcado pelas contradições. Lado a lado, mansões e um complexo de favelas – um retrato perfeito das desigualdades sociais do nosso país.
Não consegui prestar atenção direito nas aulas. Passei a manhã inteira desligado, tentando imaginar como o pombo fora parar na minha janela. Almocei na cantina da escola. Detestava o cardápio, uma gororoba intragável, mas era melhor do