Dentro Doida: Pequenas histórias
De Carol Pimentel e Xico Sá
()
Sobre este e-book
"Cuidado com essa mulher! Como quem não quer nada, Carol Pimentel vai nos arrastando para o epicentro do redemoinho. Como quem leva a um prazer com algum risco, algum desejo além do vermelho e do amarelo do sinal do pecado. " — Xico Sá
Relacionado a Dentro Doida
Ebooks relacionados
O Diário De Ana Beatriz Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMénage: Não Sou Mais Uma Boa Garota Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAmor no Riacho do Lobo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasConsequências Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPecados Perdoados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO bosque Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCaçada Nota: 4 de 5 estrelas4/5Melodia Sedutora: Os Irmãos Kelly Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Prostituta Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSentindo na pele: Série Deuses Gregos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA garota da janela Nota: 5 de 5 estrelas5/5Selvagem: Doutora Klein, #2 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAmor, sob o véu da traição Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA herança Nota: 1 de 5 estrelas1/5Imperfeito amor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNoé Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVéu do Diabo: Um crime perfeito. Um investigador determinado. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm irmão cheio de grana Nota: 0 de 5 estrelas0 notasProteção à Testemunha: Romance Policial Nota: 3 de 5 estrelas3/5A Salvação De Sonny Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMe Soltaaaaaaaaaa! Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCafajeste: Um Conto de Sebastian Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBunda da minha tia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDormindo em Sofás Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAmor Libertado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA lenda da loira do banheiro e sua garganta profunda Nota: 5 de 5 estrelas5/5O livro delas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDanadinha Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Mulheres Contemporâneas para você
Um prefácio para Olívia Guerra Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Babá Virgem Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Efeito Carrero: Série O Carrero Nota: 4 de 5 estrelas4/5Jogando Sem Regras: Romances dos Homens da Pré-Temporada Nota: 4 de 5 estrelas4/5Quimera: Quando Uma Ninfomaníaca Se Apaixona Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMeu Rebelde Protetor Nota: 5 de 5 estrelas5/5Uma Segunda Chance Nota: 5 de 5 estrelas5/5Paixão inesperada: Trilogia Santa Monica Nota: 4 de 5 estrelas4/5Meio-irmão Nota: 5 de 5 estrelas5/5Beleza Confusa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Rugido Nota: 5 de 5 estrelas5/5Memória de ninguém Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mrs. Dalloway Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO papel de parede amarelo e outras histórias Nota: 5 de 5 estrelas5/5XÔ: Relações abusivas sob um novo olhar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEleanor Oliphant está muito bem Nota: 5 de 5 estrelas5/5Imensa confusão Nota: 5 de 5 estrelas5/5Falsificadas: Uma escolha do clube do livro da Reese Witherspoon Nota: 4 de 5 estrelas4/5Mobiliário para uma fuga em março Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA persuasão feminina Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO clube de leitura de Jane Austen Nota: 3 de 5 estrelas3/5Vencendo o passado Nota: 5 de 5 estrelas5/5O último dia de Dava Shastri Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCidadã de segunda classe Nota: 5 de 5 estrelas5/5As alegrias da maternidade Nota: 5 de 5 estrelas5/5No fundo do poço Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Categorias relacionadas
Avaliações de Dentro Doida
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Dentro Doida - Carol Pimentel
2012
Anoiteceu
A cabeça doía de tanto pensar naquilo, a mesma coisa. Parecia ouvir a própria voz repetindo as palavras, mas não tinha som. Um pedido, uma súplica. Nem bem sabia para quem. Qualquer um que captasse e pudesse ajudar: santo, anjo, Deus, capeta, universo, lei da atração. Ou quem sabe uma telepatia que o fizesse perceber, como num estalo, um impulso, que não, não podia viver sem ela. Tentava acreditar que ele conseguiria senti-la de onde estivesse, sofreria, tomaria uma decisão, de novo, rápido assim. E pronto, tudo acabou. Quer dizer, não acabou mais. Foi um engano. O que tinha terminado continuou sendo. Tudo está como no cotidiano de sempre, ele foi pegar o jornal na porta e já volta. Vou fazer o café, café para dois.
Não. Meu Deus! Eu preciso de ajuda, algum milagre, por favor. Trago a pessoa amada em três dias
, ela leu. Três dias? Como isso poderia acontecer? Que caminho lógico a cabeça dele traçaria para chegar à conclusão de que tinha feito uma bobagem? Quem conseguiria fazê-lo perceber, sentir isso? Em três dias? Eu esperaria. Sim, eu aceito as condições do milagre. Se soubesse que ele estaria de volta um minuto após as 72 horas, eu esperaria.
No primeiro dia dos três, eu acordaria e banho, água para limpar, lavar, tirar a sujeira toda, o lixo. Na cabeça, xampu em dobro, com força. E então cremes, esfoliantes, hidratantes, tonificantes: suavizar. Ah, música. Instrumental, para que nenhuma letra interferisse no nosso momento. Leve e não muito alta. Os vizinhos não devem ter percebido nada do fim, foi tudo tão civilizado, tão polido. Que não percebam também o retorno, ele voltando, como se nunca tivesse ido.
À tarde eu iria ao shopping. Comprar uma coisinha aqui, roupinha, uma graça, um cheiro, um decote para ganhar elogio. Sorvete, livraria, encontraria uma amiga dos tempos da escola e contaria que estava casada há dois anos. Pensava, claro, em ter filhos um dia, menino e menina. Mas depois, estamos nos curtindo primeiro, aproveitando a vidinha a dois: viagens, jantares, surpresas, sexo a qualquer hora. Temos nossos problemas, brigas, como todo casal, é parte do pacote, mas sempre fica tudo bem.
Depois de tanto vai e vem, ansiedade gritando, chegaria em casa exausta, veria um filme sem dar muita atenção e dormiria, acordaria tarde. Nestes dias de espera pela pessoa amada não se trabalha. O mundo para. O meu. Não é fácil sentar e aguardar, mesmo que seja por algo muito bom.
O segundo dia seria um pouco mais tenso, afinal a chegada, a volta tão desejada, suplicada, se aproxima: experimento roupas, faço graças na frente do espelho, testo caras, digo frases interessantes, lembro que ele adorava aquela minha gargalhada de quando nos conhecemos. Gargalho, com a cabeça meio de lado, valorizando o perfil esquerdo, meu melhor. E olho de soslaio para o espelho. Ficou bom, pareceu natural — pensaria. E, sim, aquela roupa combinava com tudo, cores fortes, ousadas, demonstravam a segurança que sempre tive. Embalagem decidida, seria hora de ir ao supermercado. Salmão fresco, risoto de limão e uma, duas garrafas de vinho. Compraria taças novas para brindar com ele, muitas vezes, antes de cair na cama, juntos. Ainda na lista, chocolates, frutas, pães para o café da manhã. Pronto, finalmente o dia teria passado. Deitaria, mas nada de pregar o olho, eu estaria muito feliz para isso.
Às cinco da manhã do terceiro dia, depois de rolar e rolar na cama, eu levantaria e, ok, uma caminhada no parque atrás da nossa casa, nossa, seria uma boa ideia. Zanzando, água de coco, vento no rosto, bateria um sono. Mas, mesmo assim, não daria para dormir