Macunaíma visita Jeca Tatu: Uma paródia
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Macunaíma visita Jeca Tatu - Ricardo Macedo dos Santos
Copyright © 2017 Ricardo Macedo dos Santos
Todos os direitos desta edição reservados à Editora Labrador.
Coordenação editorial:
Beatriz Simões Araujo
Projeto gráfico, diagramação e capa:
Antonio Kehl
Revisão:
Regina Plascak
Ilustrações:
Sergio Kon
Adaptação para ebook:
Tatiana Medeiros
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Andreia de Almeida CRB-8/7889
Santos, Ricardo Macedo dos
Macunaíma visita Jeca Tatu : uma paródia / Ricardo Macedo dos Santos ; ilustrações de Sergio Kon. — São Paulo : Labrador, 2017.
64 p.
ISBN 978-85-93058-13-4
1. Literatura brasileira I. Título II. Kon, Sergio
Índices para catálogo sistemático:
Literatura brasileira
Editora Labrador
Rua Dr. José Elias, 520 – sala 1 – Alto da Lapa
05083-030 – São Paulo – SP
Telefone: +55 (11) 3641-7446
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A reprodução de qualquer parte desta obra é ilegal e configura uma
apropriação indevida dos direitos intelectuais e patrimoniais do autor.
Apresentação
Macunaíma sai das páginas do livro de Mário de Andrade, percorre espaço e tempo, e visita Jeca Tatu, seguramente o personagem mais significativo da obra de Monteiro Lobato.
Esta paródia, ou se quisermos chamar de fábula, é uma intertextualidade entre dois personagens representativos do início de século XX.
Macunaíma, o herói sem caráter, um anti-herói, tipo do malandro brasileiro. Jeca Tatu, personagem caipira, preguiçoso, sempre doente.
Um encontro modernista, um diálogo impossível de se concretizar, uma discussão que deixa arestas que ferem e que talvez não propicie aberturas para novas situações.
"Uma obra tem sempre outras
obras dentro dela".
Professora Ancona Lopes
Jeca Tatu está em sua casa de sapé e lama quando alguém bate insistentemente à sua porta. Jeca, como sabem todos os leitores de Urupês¹, é lento de raciocínio, dado o seu baixo coeficiente intelectual. Ele é preguiçoso e não tem ânimo para nada. Ouviu as batidas na porta, mas custou a concluir que era ali, em sua casa, e que alguém estivesse querendo falar com ele. Continuou como estava, isto é, sentado, com um palito na boca, pensando no dia de ontem, que era rigorosamente igual ao de hoje. E pensar que esse personagem foi criado em 1914², época pré-modernista em que Monteiro Lobato³ se atreveu a enviar um conto ao Estadão e perpetuar a figura do Jeca para sempre. Hoje, pode-se observar que há Jecas em todos os níveis do desenvolvimento humano. Há Jecas com celulares, nas academias de musculação e nas torcidas dos estádios. Jeca não conseguia compreender que batiam à sua porta de maneira alucinada. Nunca faria a si mesmo uma simples pergunta: quem será? De repente, ainda sem saber ao certo o que estava acontecendo, foi atender. Sobre esse perfil de Jeca, assim escreveu Lobato: "o caboclo é o sombrio urupê de pau podre, a madorrar silencioso no recesso