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Para Além de uma Musicoterapeuta: Um Estudo de Psicologia Social sobre a Identidade e seus Reconhecimentos
Para Além de uma Musicoterapeuta: Um Estudo de Psicologia Social sobre a Identidade e seus Reconhecimentos
Para Além de uma Musicoterapeuta: Um Estudo de Psicologia Social sobre a Identidade e seus Reconhecimentos
E-book129 páginas1 hora

Para Além de uma Musicoterapeuta: Um Estudo de Psicologia Social sobre a Identidade e seus Reconhecimentos

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Sobre este e-book

Este livro se desenvolve com uma perspectiva que relaciona diferentes áreas de conhecimento, partindo das ciências humanas e dos estudos sobre a Psicologia Social, especificamente a categoria de estudo da identidade apontada por Ciampa (1987), e chegando a uma área da saúde pouco reconhecida, mas muito presente nos dias atuais, a profissão de musicoterapia. O estudo busca compreender as relações identitárias, papéis/personagens e seus conceitos teóricos junto a uma análise científica e metodológica de narrativa de história de vida de um sujeito real, disseminando os constructos teóricos e compreensões sobre a identidade do musicoterapeuta.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de dez. de 2017
ISBN9788546209828
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    Para Além de uma Musicoterapeuta - Diego Azevedo Godoy

    final

    Apresentação

    Escreveu Peter Sloterdjik que livros são cartas endereçadas a amigos, nem sempre próximos, e que não se antevê seus reais destinatários. Assim, todo escritor se lança à aventura de endereçar cartas a amigos não identificados. Em que pese essa imprevisibilidade, essas cartas têm o potencial de estreitar amizades de escritores e leitores anônimos, às vezes ainda nem nascidas, transformando o que está próximo no amor à vida desconhecida.

    Como a vida, todo livro tem uma história. A deste livro resulta do intenso trabalho do autor em sua trajetória durante o mestrado. Entretanto, ela transcende ao tempo do mestrado e remete a toda sua história de vida, seus projetos pessoais, acadêmicos e profissionais, bem como a de Lorena – participante da pesquisa.

    As muitas histórias que perpassam a constituição deste livro, neste sentido, remetem a diferentes singularidades que refletem o universal de um palco chamado vida.

    O convite à empreitada desta apresentação, portanto, tem a ver com a nossa história e me é especial; história que se cruza já nos tempos de graduação em Psicologia na Unimep e reflete nossas inquietações com relação aos fenômenos sociais e as questões acerca da identidade.

    Essas inquietações, por sua vez, levaram-nos à Psicologia Social e a seguir para a carreira acadêmica – mestrado, doutorado e docência –, em que ainda estivemos ligados por problemáticas que se assemelham, relacionadas às questões de identidade e reconhecimento –, bem como por grupos de pesquisas que trabalham em parceria e um orientador em comum, o Professor Antonio da Costa Ciampa (que orientou esta dissertação de mestrado que agora vem a público e atualmente orienta meu doutorado).

    A par de Ciampa e a pesquisadores por ele orientados, tem se construído coletivamente o que entendemos como uma Teoria da Identidade, que visa compreender a intrínseca relação entre indivíduo e sociedade, e tem como principal marco inaugural seu trabalho de doutoramento, que culminou no livro A estória de Severino e a História de Severina.

    Neste trabalho, Ciampa defende a tese de que identidade é metamorfose, o que implica compreender a metamorfose como condição ontológica que constitui o homem enquanto ser social, que se expressa empiricamente, em termos identitários, por meio de personagens.

    A identidade tem sido ponto nodal da articulação de trabalhos que buscam entender a relação entre indivíduo e os contextos sociopolítico-cultural e econômicos, bem como se configura como questão central nas lutas por reconhecimento que conformam o problema principal da política de nosso tempo.

    A luta por reconhecimento do musicoterapeuta, por sua vez, conforma uma dessas problemáticas. A preocupação do autor em compreender, a partir da narrativa de Lorena, a identidade e a luta por reconhecimento do musicoterapeuta mostra-se pertinente, na medida em que o reconhecimento, como escreve Todorov, é o oxigênio de nosso ser.

    Assim, para dar conta de sua tarefa, Diego busca articular sua problemática a partir de autores alinhados à Psicologia Social Crítica, trazendo em sua tessitura teórico-empírica autores ligados ao interacionismo simbólico, como George H. Mead. Erving Goffman, Berger e Luckmann, A. C. Ciampa com sua discussão sobre identidade, e Axel Honneth, que versa sobre as questões do reconhecimento, dentre outros.

    Acompanhando esses autores, o leitor percorrerá um trabalho que está dividido em três grandes momentos: uma construção primeiramente histórica acerca da formação, da profissão e da (não) regulamentação da musicoterapia no Brasil; o segundo grande momento trata da discussão teórica que subsidiou este livro; e, por fim, a última parte comporta a narrativa de Lorena, que compõe o material empírico do trabalho, bem como as análises e discussões produzidas a partir de sua história, em que se busca tecer os dois momentos anteriores com a narrativa, como os fios de um tecido que se entrelaçam entre a trama e o urdume.

    Como destaca o autor, o reconhecimento do profissional em musicoterapia está para além da regulamentação da profissão, mas também em termos de sua identidade, que ocorre social e publicamente pelo valor positivo atribuído na relação com os pacientes e na atuação prática, e se constitui enquanto potência anamórfica frente ao não reconhecimento e formas de reconhecimento não convencionais, interpeladas pelo potencial emancipatório que elas conformam quando figuram novas formas de ser e estar no mundo.

    A produção do trabalho de Diego está na sua qualidade e por ser dos poucos no Brasil que se debruçam à empreitada de compreender e lançar novas luzes acerca da identidade do musicoterapeuta, bem como sua luta por reconhecimento em termos identitários e profissionais.

    A riqueza deste trabalho está ainda no fato de que o autor toma como objeto uma problemática que lhe atravessa pessoalmente: a sua própria identidade de musicoterapeuta. Neste sentido, a identidade do próprio autor faz parte do processo de reflexão no desenvolver da pesquisa, na medida em que, dentre os diferentes personagens que constituem a identidade de Diego, seu personagem musicoterapeuta também passa a ser objeto de elaboração e, inclusive, metamorfose.

    O personagem musicoterapeuta, por conseguinte, coexiste juntamente com outros personagens, dos quais são principalmente o de psicólogo e de pesquisador mestrando. Podemos considerar, assim, que o resultado deste livro é a concretização das metamorfoses teórico-metodológicas e das articulações entre estes diferentes personagens.

    Escrever a apresentação de um livro é sempre tarefa árdua e, ao mesmo tempo, honrosa, pois implica fazermos parte da produção de um autor que se projeta para o mundo público, e tem a intenção de contribuir com a humanidade em uma dimensão humano-genérica.

    Tenho certeza que o trabalho que ora Diego traz a público irá contribuir para ampliar a construção coletiva desta Teoria da Identidade inaugurada por Ciampa, e possibilitará lançar novas luzes aos trabalhos das artes terapias, da Musicoterapia e à própria formação e reconhecimento da identidade e profissão dos musicoterapeutas.

    Como dizia Rubem Alves, um texto bom é aquele que nos dá prazer. Ao lê-lo, eu me leio, melhor me entendo, vivo experiências que não vivi, me alegro, me angustio. É assim que me relaciono com esta obra, e acredito que será a experiência do leitor.

    Damos, pois, as boas-vindas a esta carta de Diego com desejo que encontre muitos amigos não identificados com quem estabeleça uma prazerosa conversa que leve à produção do que está próximo no amor à vida desconhecida.

    Vinicius Furlan¹

    Inverno de 2017.

    Nota

    1. Professor universitário, doutorando em Psicologia Social pela PUC-SP, mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará e graduado em Psicologia pela Universidade Metodista de Piracicaba.

    Prólogo

    Dentre os vários personagens importantes em minha história de vida, dois foram os que marcaram esta trajetória de forma influente e direta, o Musicista e o Psicólogo. Possibilitando posteriormente através de uma junção o início de um terceiro personagem que será comentado logo adiante.

    A música sempre fez parte de minha vida, tanto aprendendo como ensinando, um de meus personagens tem na música a razão de sua vida. Acima de ser um simples musicista, a relação e o significado que a música possui em minha história vai além de um papel profissional e expande-se sobre as outras dimensões de minha vida desde pequeno. A conexão que a música apresenta com meu ser é, de certa forma, inexplicável.

    A Psicologia torna-se parte integrante de minha identidade muito antes de prestar um vestibular e entrar na faculdade. Com uma biblioteca repleta de livros de Psicologia em minha casa, posso compreender a influência da profissão de minha mãe de forma indireta em minha vida desde meus interesses pelos livros, até em nossas conversas mediadas pelo saber psicológico.

    O interesse em unir as duas áreas do conhecimento humano que são parte da minha própria identidade em uma pesquisa acadêmica começa a ocorrer de forma espontânea ao iniciar os estudos acadêmicos após a graduação.

    A única coisa que sabia e desejava era estudar a identidade do ser humano através da Psicologia Social, porém ao iniciar os esboços do projeto não tinha ideia do que eu iria estudar em relação à interlocução das áreas da identidade e da música.

    Percorrendo então o início do caminho acadêmico, durante o processo de preparação e elaboração do projeto de pesquisa do mestrado é que eu descubro um terceiro personagem da história até então inexistente, o musicoterapeuta. Ao entrar no curso de pós-graduação em Musicoterapia e começar os estudos na área, após eu me identificar com as disciplinas e me

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