Ética, Fenomenologia e Gestão do Conhecimento nas Organizações
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Ética, Fenomenologia e Gestão do Conhecimento nas Organizações - José Aparecido Pereira
final
PREFÁCIO
É com satisfação e alegria que prefacio o livro dos amigos e pesquisadores Luiz Tatto e José Aparecido Pereira, Ética, Fenomenologia e Gestão do Conhecimento nas Organizações. Em parte, este livro é resultado do ambiente de discussão realizado pelos autores, do qual também faço parte enquanto aprendiz de dois mestres. Além do mais, as reflexões empreendidas buscam, de maneira interdisciplinar, aproximar duas áreas diferentes do conhecimento: a filosófica e aquela pertencente à administração. Esse é o mérito do livro: dois autores, com formações acadêmicas distintas, unem-se para pensar a ética e a gestão do conhecimento, interdisciplinarmente.
Nesta obra, portanto, a interdisciplinaridade se desenvolve na medida em que a reflexão sobre os temas reconhece nos setores das ciências sociais aplicadas, entre as quais a gestão do conhecimento e a filosofia, pontos em comum sem perder a natureza específica (e o rigor) de cada área do saber. Dessa maneira, a ética e o conhecimento são abordados em duas frentes: na primeira, ocorre o diálogo com aqueles autores fundamentais na filosofia, como Platão, Aristóteles, Agostinho e pensadores mais contemporâneos, a exemplo de Kant, Hume e Husserl. Na segunda, o debate propõe alcançar teóricos da gestão, como Prusak, Davenport, Sveiby e Nonaka e Takeuchi.
O propósito principal desse diálogo reside, dessa maneira, na tentativa de dialogar com outras ciências para alargar a compreensão das relações dos homens entre si e deles com a sociedade e a vida produtiva. Por esse motivo, a ética e o conhecimento, dimensões desse intercâmbio, são reconhecidos como assuntos que ainda suscitam inquietações e, para respondê-las, são exigidas reflexões mais amplas, francas e sistemáticas. Vale dizer que os autores não intencionaram ignorar as especificidades teóricas e metodológicas que definem seus fundamentos formativos. Ao contrário: na diversidade que os caracteriza, mantiveram a cooperação acadêmica e o espírito de liberdade teórica, postos a serviço do leitor como uma valiosa contribuição e experiência educativa.
Assim, discutiram assuntos candentes em nossa época, com a riqueza necessária para pesquisadores experimentados e acadêmicos, que estejam iniciando pesquisas nas referidas áreas do conhecimento. Por isso, os autores oferecem ao público um livro atual e necessário.
Reginaldo Aliçandro Bordin
Professor pesquisador do Iceti, Unicesumar e da PUC-PR
INTRODUÇÃO
Desde as origens da filosofia na Grécia antiga, tanto a ética quanto o conhecimento passaram a ser considerados como objeto de intensas reflexões por uma boa parte dos filósofos, sobretudo por Sócrates, Platão e Aristóteles. Ao se interessarem por essas áreas, tais pensadores não somente nos deixaram um legado conceitual e teórico expresso em inúmeras obras, mas já no período antigo nos demonstraram que essas temáticas eram importantes para as dimensões mais fundamentais da existência humana, principalmente no âmbito sociopolítico. A partir disso, o desenvolvimento da história do pensamento ocidental também nos revelou que, sobretudo, os temas da ética e do conhecimento continuaram a ser motivo de constantes discussões e debates, dissensos e consensos entre os filósofos e, no período contemporâneo, eles foram relacionados a um domínio mais profundo da existência humana, qual seja, o do sentido e do significado, objetos de reflexão tanto do pensamento existencialista quanto do fenomenológico. Portanto, dado o modo e o estilo de vida a que chegamos no período contemporâneo, é impossível prescindir ou negar a importância e os benefícios que tanto a discussão sobre esses temas quanto a sua visibilidade podem propiciar à sociedade atual. Logo, é indiscutível a sua relevância para as dimensões da vida humana no contexto atual.
Fazer uma abordagem na qual sejam analisados os aspectos essenciais da ética de Aristóteles e da fenomenologia de Husserl, procurando estabelecer conexões com a gestão do conhecimento nas organizações, constitui o objetivo central da abordagem que pretendemos desenvolver nesse livro. Além de realizar uma discussão interdisciplinar entre a ética, a fenomenologia e a gestão do conhecimento, o nosso objetivo consiste em demonstrar que as ideias de Aristóteles e de Husserl podem se constituir como um instrumental teórico relevante capaz de promover relações mais harmoniosas entre os seres humanos no contexto das organizações.
Do ponto de vista estrutural, o presente livro encontra-se organizado em torno de duas partes. A primeira contém três grandes momentos. Em primeiro lugar, pretendemos realizar uma caracterização geral sobre a fenomenologia enquanto corrente filosófica, acompanhada também de uma exposição sobre os pressupostos teóricos mais importantes do pensamento de Edmund Husserl (1859-1938), tendo em vista que esse pensador é considerado o fundador da fenomenologia e do método fenomenológico, bem como o seu maior expoente. Em seguida, promove-se uma reflexão cujo objeto fundamental são as organizações com suas diferentes e multifacetadas interpretações particularmente a partir das contribuições de Morgan (1996). É nesse momento, por exemplo, que além de explicitarmos os elementos constitutivos da sua natureza, ou seja, que lhe definem e caracterizam, também faremos alusão à situação na qual essas leituras são realizadas sob a hegemonia da perspectiva positivista. E, por último, responde-se à questão lançada como objeto de reflexão dessa primeira parte na qual se pretende interpretar as organizações sob o olhar dos pressupostos teóricos do pensamento fenomenológico.
Na segunda parte, o nosso objetivo, num primeiro momento, consiste em explicitar os aspectos mais constituintes da ética de Aristóteles. Veremos que ela possui um teor marcadamente teleológico, uma vez que, para ele, todas as ações humanas tendem para um fim último o qual ele chamou de bem supremo, entendido como felicidade. Nesse sentido, a nossa reflexão se encaminhará para uma investigação sobre os dois temas mais relevantes da ética aristotélica, a saber, a virtude e a justiça. No segundo momento, a nossa exposição terá como foco as organizações. O foco fundamental consiste em fazer uma exposição sobre os elementos que caracterizam e definem essas entidades. Veremos que, em essência, uma organização se define não somente pelas suas características físicas, mas pelo fato de ser constituída de pessoas, processos e tecnologias, tendo como finalidade a satisfação de alguma necessidade humana. Em seguida, apresentaremos alguns temas e conceitos importantes relacionados à gestão do conhecimento, bem como a concepção de conhecimento em, pelo menos, quatro pensadores: Platão, Agostinho, Hume e Kant. Por fim, o nosso objetivo consiste em promover uma reflexão na qual sejam estabelecidas implicações e relações entre a ética de Aristóteles e a gestão do conhecimento na perspectiva de diversos autores. Veremos que as ideias de Aristóteles no campo da ética nos instigam a interpretar criticamente os modelos de gestão de conhecimento, haja vista que eles parecem ser muito reducionistas quando demonstram que seus objetivos e suas metas encontram-se bem alinhados com as premissas mais básicas do sistema capitalista, tais como produção em grande escala e maximização do lucro, desconsiderando outras dimensões importantes na existência humana.
PARTE I – UMA ABORDAGEM SOBRE AS ORGANIZAÇÕES SOB A LUZ DA FENOMENOLOGIA DE EDMUND HUSSERL
A maioria das pesquisas no Brasil sobre as organizações tem sido realizada segundo o enfoque epistemológico tecnicista e cientificista de inspiração marcadamente positivista. Estudos realcionados a esse assunto demonstram o predomínio dessa abordagem. Mas qual seria uma das possíveis razões dessa predominância? Pode ser que os pesquisadores da área estejam se dedicando a conceitualizar e apresentar seus resultados em bases estritamente positivistas, temendo certamente a reprovação por parte de seus pares e a prostração acadêmica, o que, em nossa visão, constitui um equívoco, haja vista o estreitamento e afunilamento das análises sobre as organizações. Aliás, constata-se também uma visão positivista predominando na área das organizações, inclusive, nos programas de pós-graduação Assim, as poucas pesquisas fenomenológicas sobre as organizações historicamente devem-se, particularmente, à hegemonia do paradigma positivista que se encontra presente desde sua formação como disciplina científica.
É necessário compreender que a formação de muitos pesquisadores se deu nos moldes clássicos, cuja base quantitativa seria a única adequada para a investigação em relação às organizações. Sendo assim, o maior desafio para realizar pesquisas na perspectiva fenomenológica não estaria na capacidade técnica dos envolvidos, mas em adotar uma perspectiva teórica que privilegiasse mais a compreensão e a interpretação dos fenômenos organizacionais na sua essência e em seu significado do que em suas tentativas de diagnosticar e prescrever quantitativamente soluções e encaminhamentos alinhados com as premissas da ciência e da técnica. Portanto, é levando em consideração esse panorama que se encontra inserido o objeto de discussão que perpassa esse livro. Em primeiro lugar, trata-se de uma abordagem interdisciplinar, pois o intuito é analisar e compreender as organizações sob as lentes ou sob a perspectiva da fenemonologia, corrente filosófica que se posiciona muito criticamente em relação às pretensões da ciência de natureza positivista. Por isso, o objeto de análise desse livro encontra-se delimitado em torno da seguinte questão: como a organização, enquanto fenômeno social, pode ser interpretada e compreendida pela perspectiva fenomenológica?
A abordagem dessa parte encontra-se estruturada em torno de três momentos. Em primeiro lugar, pretendemos realizar uma caracterização geral sobre a fenomenologia enquanto corrente filosófica, acompanhada também de uma exposição sobre os pressupostos teóricos mais importantes do pensamento de Edmund Husserl (1859-1938), tendo em vista que esse pensador é considerado o fundador da fenomenologia e do método fenomenológico, bem como o seu maior expoente. Em seguida, promove-se uma reflexão cujo objeto fundamental são as organizações com suas diferentes e multifacetadas interpretações. É nesse momento, por exemplo, que além de explicitarmos os elementos constitutivos da sua natureza, ou seja, que lhe definem e caracterizam, também faremos alusão à situação na qual essas leituras são realizadas sob a hegemonia da perspectiva positivista. E, por último, responde-se à questão lançada como objeto de reflexão desse livro no qual se pretende interpretar as organizações sob o olhar dos pressupostos teóricos do pensamento fenomenológico. Comecemos, então, a nossa abordagem realizando uma exposição sobre a origem e caracterização da fenomenologia.
1. Gênese e caracterização do pensamento fenomenológico
Aquilo que passou a ser chamado de movimento fenomenológico no período contemporâneo teve a sua origem e desenvolvimento a partir da filosofia de Edmund Husserl¹, mas as suas