Conhecimento, gestão e organizações: Uma reflexão sob a luz do pensamento utilitarista
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Conhecimento, gestão e organizações - José Aparecido Pereira
FINAL
INTRODUÇÃO
Na contemporaneidade, o fenômeno das organizações se encontra espalhado por todas as partes e em todos os lugares, tornando-se um fenômeno onipresente em todas as esferas da vida humana. A sua existência se mostra e se revela de modo multifacetado e diversificado por meio de escolas, hospitais, universidades, creches, empresas, igrejas, asilos, restaurantes, postos de gasolina, shopping e assim por diante. Todavia, tal fenômeno não é algo novo e nem foi inventado na contemporaneidade. As organizações constituem um fenômeno histórico por se encontrarem enraizadas no tempo, nas necessidades e no desenvolvimento do ser humano no decorrer da sua história. Estreitamente ligadas às organizações se encontra o que recentemente passou a ser chamada, sobretudo no meio acadêmico-científico, de gestão do conhecimento. No que tange a esse tema, no contexto atual, existe um forte e disseminado consenso segundo o qual os modelos e práticas de gestão do conhecimento nas organizações constituem uma ferramenta essencial para essas entidades. Por isso, o debate nessa área tem ocorrido de modo muito contundente, permitindo a elaboração de arcabouço técnico e conceitual e cada mais vez mais sólido e sistematizado.
Tendo em vista o exposto acima, o propósito desse livro consiste em promover uma reflexão sobre o fenômeno das organizações e a gestão do conhecimento em seu ambiente sob a luz das categorias do pensamento ético-utilitarista de Bentham. Tal proposta se configura como um trabalho essencialmente interdisciplinar, visto que o intuito consiste em estabelecer uma interface ou uma interlocução entre temas de natureza bem distinta: as organizações, a gestão do conhecimento e a filosofia, representada pela ética utilitarista de Bentham. Acreditamos que é nisso que se encontra a riqueza e a contribuição desse livro, pois, salvo engano, não temos notícias sobre a existência de algum trabalho que demonstre essa pretensão no contexto acadêmico-científico. Os procedimentos metodológicos adotados para a realização desse texto foram orientados pela leitura, análise e interpretação das obras que abordam os temas entrelaçados nesse livro. Do ponto de vista da estrutura, ele se encontra organizado em torno de quatro capítulos os quais apresentaremos nas linhas seguintes.
No primeiro capítulo, a nossa abordagem tem como elemento norteador as organizações enquanto fenômeno social. Para refletirmos sobre esse tema ou assunto, a nossa exposição foi fundamentada em torno de diversos autores a partir dos quais procuramos fazer uma explicitação sobre os aspectos que caracterizam e definem a natureza, bem como a essência das organizações na contemporaneidade. Também apresentamos uma gama de razões que justificam a existência dessas entidades na atualidade e a sua importância no todo social. Além disso, destacamos, também, alguns modelos referentes às organizações.
No segundo capítulo, tratamos sobre o conhecimento e a sua gestão nas organizações na contemporaneidade. Partimos da suposição que o conhecimento é uma atividade inerente e constitutiva do ser humano e se justifica em razão das inúmeras necessidades que a sua existência lhe impõe. Por isso, ele acompanha o ser humano desde o seu aparecimento no mundo. Portanto, ele é tão antigo quanto o homem. Todavia, as mudanças históricas, o advento do sistema capitalista como um novo modo de produção econômica, a expansão acelerada da ciência e da técnica modernas transformaram a própria natureza e a finalidade do conhecimento. Ele passou a ser visto dentro uma ótica marcadamente pragmática, utilitarista, técnica e cientificista. Ressaltamos também que a gênese da gestão do conhecimento nas organizações tem fortalecido essa concepção em torno do conhecimento. Por isso, na atualidade, as organizações olham para o conhecimento sob uma ótica instrumental e pragmática. Nesse sentido, a gestão do conhecimento nas organizações passou a ser vista como um aporte fundamental para essas entidades. Ainda no segundo capítulo, explicitamos os aspectos que fundamentam o modelo de gestão do conhecimento de alguns defensores desse tipo de gestão, tais como, Davenport e Prusak, Leonardo – Barton, Karl Sveiby e Nonaka e Takeuchi.
No terceiro capítulo, há uma abordagem sobre os pressupostos teóricos do pensamento utilitarista enquanto corrente filosófica do período contemporâneo. Circunscrevemos a nossa reflexão ao pensamento de Jeremy Bentham. A discussão foi estruturada partir de algumas coordenadas. Em primeiro lugar, apresentamos aspectos que caracterizam o perfil biográfico e intelectual do pensador em questão. Em seguida, uma exposição que evidenciou diversos aspectos sobre a gênese, a natureza e o desenvolvimento do pensamento utilitarista a fim de oportunizar uma visão mais panorâmica e contextual sobre essa perspectiva filosófica. E, por último, exposição sobre os principais temas que estruturam as perspectivas éticas e jurídicas do pensamento de Bentham, tendo como fio condutor o lema a máxima felicidade para o maior número de pessoas.
No quarto e último capítulo desenvolvemos uma discussão na qual aspectos relacionados às organizações foram analisados sob a luz das categorias e dos princípios do pensamento utilitarista. Dentre vários aspectos, destacamos situações nas quais seres humanos são submetidos a experiências de exploração e dominação nas organizações. É nesse momento, por exemplo, que refletimos sobre a violência em suas múltiplas faces nessas entidades sob o viés das categorias da ética utilitarista de Bentham, tais como dor prazer e felicidade.
I
UMA CARACTERIZAÇÃO SOBRE AS ORGANIZAÇÕES NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
No contexto atual, o fenômeno das organizações se encontra espalhado por todas as partes e em todos os lugares, tornando-se um fenômeno onipresente em todas as esferas da vida humana. A sua existência se mostra e se materializa de modo multifacetado e diversificado por meio de escolas, hospitais, universidades, creches, empresas, igrejas, asilos, restaurantes, postos de gasolina, shopping e assim por diante. Todavia, tal fenômeno não é algo novo¹ e nem foi inventado na contemporaneidade:
As organizações não são recentes. Existem desde os faraós e os imperadores da antiga China. [...] Com o desenvolvimento da humanidade um número crescente de organizações foi sendo solicitado para atender às crescentes necessidades sociais e humanas.²
Portanto, as organizações constituem um fenômeno histórico por se encontrar enraizamento no tempo, nas necessidades e no desenvolvimento do ser humano no decorrer da história. Mas o que constitui uma organização? Quais são os elementos que caracterizam a sua natureza? Qual a razão de ser da sua existência no contexto da vida humana? Responder essas questões configura como o objetivo fundamental nas linhas seguintes.
Em nosso tempo, a temática sobre as organizações tem sido refletida e discutida em diversas áreas do conhecimento humano, sobretudo no campo da administração, da sociologia, da economia, da política e de outras áreas. Por conta disso, as reflexões sobre esse assunto têm possibilitado uma literatura muito vasta e ampla na qual as organizações são estudadas e interpretadas sob diversas perspectivas e diferentes olhares. Há olhares que ressaltam o ser humano como componente fundamental das organizações:
O elemento chave de uma organização não é um edifício ou conjunto de planos de ação e procedimentos; organizações são constituídas de pessoas e relacionamentos recíprocos.³
Mas a existência de pessoas não é o suficiente. A interação entre elas no ambiente organizacional também constitui um aspecto relevante: Uma organização existe quando as pessoas interagem entre si para desempenhar funções essenciais que ajudem a alcançar as metas
.⁴ O fator humano no contexto das organizações tem feito com que
As tendências recentes em gerenciamento reconhecem a importância dos recursos humanos e a maioria das novas abordagens projetada para dar poder aos funcionários, propiciando maiores oportunidades de aprendizado, além de contribuir, à medida que trabalham juntos, tendo em vista metas comuns.⁵
A existência das organizações enquanto entidades sociais estão relacionadas às demandas e às necessidades mais diversas do ser humano. Por isso, finalidade, objetivos e organizações são temas indissociáveis e inseparáveis a qualquer abordagem sobre o assunto: Uma organização é uma ferramenta que as pessoas usam para coordenar suas ações e obter alguma coisa que desejam ou valorizam – ou seja, para atingir seus objetivos
.⁶ Podemos afirmar que a criação e a natureza das organizações tendem, via de regra, a seguir a natureza daquilo que as pessoas precisam:
Pessoas que valorizam a segurança criam organizações como uma força policial, um exército, ou um banco. Pessoas que valorizam o entretenimento criam organizações como a Walt Disney Company, a CBS ou clube local.⁷
As passagens acima sugerem, explicitamente, que a essência de uma organização não está relacionada ao seu aporte físico, como se as instalações e a estrutura material devessem ser consideradas como o aspecto mais importante quando se fala em organização. Evidentemente que não se trata de desconsiderar essa dimensão, pois ela tem o