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Diversos Somos Todos: Valorização, promoção e gestão da diversidade nas organizações
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Diversos Somos Todos: Valorização, promoção e gestão da diversidade nas organizações
E-book273 páginas3 horas

Diversos Somos Todos: Valorização, promoção e gestão da diversidade nas organizações

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Sobre este e-book

É notável a evolução que tivemos nas últimas décadas na pauta de diversidade. E não é por acaso. Impulsionado principalmente pela maior conscientização da importância do diverso para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, o tema ganhou abrangência, passou a ocupar novos espaços e vem adquirindo valor, além de estatuto epistêmico. Nessa jornada, muitas pessoas participam de forma efetiva para que esse movimento social cresça a cada dia, compartilhando seus conhecimentos e suas ações em diferentes fóruns e instâncias. Reinaldo Bulgarelli é uma delas. Seus pensamentos, atitudes e ações são exemplos e inspiram todos aqueles que acreditam no valor da diversidade e inclusão. Esta obra, que tenho a honra de prefaciar em sua segunda edição, é mais uma evidência de sua contribuição e certamente alcançará muitas outras pessoas, constituindo-se em uma referência para avançarmos ainda mais nessa jornada repleta de desafios. Estes são tempos que reconhecem na diversidade, na equidade e na inclusão fatores essenciais para as empresas e a sociedade. Estamos falando de pilares fundamentais relacionados aos valores humanos, e índices de sustentabilidade em seu sentido mais amplo, agregados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Espero que você aproveite o conteúdo deste livro e que ele contribua, como tem feito há mais de uma década, para valorizarmos a pluralidade e o nosso papel na sociedade, como cidadãs e cidadãos comprometidos com o respeito e o bem comum.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de fev. de 2023
ISBN9786586831467
Diversos Somos Todos: Valorização, promoção e gestão da diversidade nas organizações

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    Diversos Somos Todos - Reinaldo Bulgarelli

    abertura

    IMAGINE UM MUNDO...

    O espírito é uma potência ligada ao corpo, porque por si só não pode se sustentar. A alma quer estar com o seu corpo porque sem os órgãos do seu corpo nada pode ver nem sentir.

    Leonardo Da Vinci

    Imagine um mundo onde não importa se você é homem ou mulher, branco ou negro. Imagine um mundo onde a sua orientação sexual ou o lugar do seu nascimento, a sua idade e a sua língua não tenham a menor importância. Imagine um mundo onde o importante são a sua competência e o que você produz de resultados. Imagine um mundo onde as nossas diferenças já não tenham a menor importância diante do fato de que somos apenas pessoas e nada mais...

    Esse mundo seria horrível e sem a menor graça!

    É disso que este livro trata. Quero dialogar com você sobre a desconstrução desse horizonte em que somos todos descaracterizados – horizonte que é alimentado por muitos e muito nos influencia. Quero contribuir para fortalecer em você a convicção de que nossas características importam – e muito. Se você é uma pessoa que tem paixão por esse horizonte futuro no qual o importante é sermos gente e nada mais, talvez fique muito confuso e irritado com o que vai ler aqui. Para mim, esse sonho de desaparecer com nossas características é um pesadelo. Ele parece mais atrapalhar do que ajudar.

    Os horizontes de futuro são fundamentais e nos motivam a caminhar em sua direção. Eles determinam nosso presente. Para isso servem os sonhos que desenhamos agora e projetamos no futuro. Fazemos isso no plano individual e coletivo. Queremos chegar a esse lugar e procuramos realizar agora o que será vivido plenamente depois.

    E se estivermos equivocados? E se a nossa imaginação estiver nos conduzindo a lugares que não são tão interessantes assim? Rever esse sonho de futuro pode causar desconforto no presente, porque é aqui o tempo no qual o estamos vivendo, é agora que construímos suas bases, convencidos de que tudo está andando como deveria.

    Essa imagem de um mundo habitado por pessoas sem nada de importante que as caracterize, a não ser o fato de serem pessoas, está determinando hoje a forma como nos relacionamos e lidamos com nossas diferenças. Um sonho não fica isolado lá no futuro, mas nos move os passos em sua direção já no presente. Daí a minha atenção especial a esse ponto. Se nós temos um sonho de futuro equivocado, há algo de errado em nossa maneira de enxergar a realidade presente. Pensei muito sobre isso quando comecei a entrar em contato com algumas ideias estranhas ao que tenho dito nas organizações com as quais trabalho. Talvez eu não estivesse atento a essas falas antes; afinal, a percepção é seletiva.

    Depois de uma apresentação, sempre vem alguém com um largo sorriso dizendo que entendeu tudo e que, por exemplo, nunca mais irá perguntar a idade de uma pessoa em uma entrevista para emprego. Fico arrasado! Não é muita gente que faz isso. Mas uma pessoa em uma multidão pode nos fazer extremamente felizes ou azedar nosso dia. Pode nos ensinar algo novo ou nos fazer rever o que foi dito ou a forma como alguma coisa foi dita. É o caso aqui. Passei a ficar atento a essas falas e percebi que elas representam uma tendência muito preocupante para quem defende a valorização da diversidade.

    As tendências podem se diluir em contextos novos ou se mostrar poderosamente inexoráveis. De todo jeito, identifico que há algo em nossa sociedade, neste exato momento, que está rumando no sentido contrário ao que você irá conhecer neste livro.

    A ALMIFICAÇÃO DOS VIVENTES E AS ALMAS CÓSMICAS

    Começando de trás para a frente, vou insistir nesta visão que está me tirando o sono e, por meio dela, apresentar depois o conceito de diversidade que defendo. É que não se pode mesmo dormir sossegado quando alguém lhe diz algo como: Vamos retirar dos currículos dos candidatos, nos processos de seleção, todas as informações que caracterizam a pessoa: nome, idade, local de nascimento, sexo, cor, local onde estudou. E ainda explica que essa medida é o que há de mais moderno para não discriminar as pessoas.

    Trata-se de uma meia-verdade ou de uma mentira inteira, como diriam alguns. Há determinados problemas nessa abordagem, entre tantos outros que você também poderá acrescentar. Um deles é a preguiça. Quem adota essa medida desistiu do ser humano. Deve preferir o recrutamento e seleção feito por máquinas, e não por profissionais de recursos humanos e gestores, com toda a subjetividade que nos é inerente. É preguiçoso porque não quer investir nas pessoas que discrimina em razão de sua subjetividade, esquecendo-se da capacidade que temos para aprender, ampliar nossa consciência, evoluir, melhorar nossa visão, nossa postura e nossas práticas.

    É preguiçoso porque apenas constata a dificuldade que temos de lidar com as diferenças no momento de realizar a escolha de um candidato a vagas em nossas organizações. É difícil pendurar nossa subjetividade do lado de fora da sala de entrevistas. Portanto, para os preguiçosos de plantão, melhor entrar com venda nos olhos, tampões nos ouvidos, mãos amarradas para trás... Se tirarmos os dados dos currículos, o selecionador e o gestor da área nunca mais terão outra chance de discriminar um candidato? Só existe esse momento?

    O outro problema é que a empresa que adota essa almificação dos viventes deixa claro que só quer mão de obra, e não uma pessoa inteira, com tudo o que a vida nos dá ou impõe. Almificar os viventes é exatamente ignorar nossas características e fingir que já inventaram óculos capazes de olhar apenas a alma das pessoas. E essa alma não tem sexo, cor, cicatrizes, verrugas, cabelos, idade, tom de voz, origem, língua, cultura, história... Essa alma, para eles, vive separada de um corpo, um tempo, um lugar.

    Sabemos que uma pessoa está almificando alguém quando ouvimos frases do tipo: O que importa é a competência, e não se a pessoa é homem ou mulher. Nesse caso, o que será que a pessoa quis dizer com competência? Também há almificação quando se diz algo como: Não importa se a pessoa é branca ou negra. O importante são suas ideias, pensamentos e opiniões. Isso faz parecer que somos todos almas cósmicas, flutuando fora do nosso tempo e lugar, bem longe do nosso corpo.

    Meu corpo não tem nada a ver com as minhas ideias? De onde elas surgem, senão do meu corpo e das minhas vivências realizadas por meio dele? Ou alguém consegue ter vivências de outra forma, a partir de outro lugar? Mesmo quem diz deixar o corpo de vez em quando, assumindo outras formas, flutuando no espaço, fazendo passeios galácticos, o faz a partir desse corpo que lhe pertence. Em geral não perde a memória sobre seu corpo, seu passado, sua identidade e sua história e retorna para casa. Se estivermos falando da morte, a conversa é outra. Vamos nos fixar sobre os viventes e seus corpos atuais, porque é aqui que temos questões a ser resolvidas.

    Imagine ouvir o seguinte: Apesar de ser uma pessoa com deficiência, você é muito competente. Alguém pode achar bacana ser agraciado com um elogio desse tipo? É como dizer: apesar de você ser como é, serve para trabalhar nesta empresa, que não discrimina ninguém, desde que, evidentemente, você deixe do lado de fora a sua vida, o seu corpo e a sua história. É o mesmo que revelar um imenso preconceito em relação às pessoas com deficiência, deixando claro que acha outra coisa sobre a capacidade delas para a realização do trabalho.

    NÃO ME IGNORE! EU EXISTO!

    Sempre que nos retiram a carne e nos transformam em almas flutuando fora do nosso tempo e do nosso lugar, estamos sendo desrespeitados. Quem pensa que respeita alguém ignorando o que caracteriza a pessoa está enganado ou com sérias dificuldades de lidar com a realidade. Estou exagerando bastante na crítica a essas posturas, não é mesmo? Eu sei que fomos educados para achar que devemos gostar das pessoas sem considerar suas características, sua individualidade, seus aspectos peculiares. Reparar é tido como algo feio, falta de educação ou desrespeito.

    Lembro-me de meus pais condenando meu dedo apontado em direção a um bibelô durante uma visita à casa de alguém. É como se dissessem que, diante dos outros, podemos olhar, mas devemos fingir que não vemos. É mais educado assim... Pois eu gosto de olhar, reparar, e reparo em tudo. O que faço com isso é que é a questão, mas ver e fingir que não vê é algo muito mais desrespeitoso para mim. Reparar me coloca em contato com o mundo, com as pessoas, com o que está acontecendo à minha volta, com o que as pessoas têm a mostrar e o que querem dizer ou o que significa aquele bibelô naquele exato lugar. Reparar, olhar, observar, considerar... É disso que estamos falando, e não da fofoca ou do estranhamento arrogante que possa surgir após reparar em uma roupa rasgada, em um objeto fora do lugar, em um dente faltante na boca de alguém. O que fazemos com o que observamos é que se mostra a questão fundamental. Com que óculos nós enxergamos a realidade que nos cerca?

    Há situações em que você reza para que ninguém note a mancha de sorvete na sua roupa. Há situações em que o mundo desaba se não repararem no seu novo corte de cabelo. Se você não tem uma perna e já aprendeu a lidar com isso, pode achar muito estranho que as pessoas com as quais se relaciona jamais toquem nesse assunto. Você sabe que é por educação – aquela que os adultos nos ensinaram quando éramos bem pequenos. Você pode ficar zangado e dizer que é hipocrisia. Você pode achar que é o maior exemplo de que todos à sua volta são falsos e fingidos. Você pode também se dar conta de que terá de passar a vida ajudando a sua comunidade a aprender a lidar com as diferenças.

    O que eu considero mais importante nesta reflexão sobre reparar ou não reparar é que a invisibilidade que algumas coisas ou situações ou pessoas parecem ganhar não faz bem a elas nem a ninguém. Não reparar pode significar não considerar a pessoa em sua realidade, suas possibilidades e seus limites na hora de propor uma atividade, de oferecer uma oportunidade, de planejar alguma coisa para si e para todos. Não reparar pode significar uma imensa dificuldade de lidar com as pessoas como elas são. Não reparar pode parecer um gesto inclusivo, como aquele, já mencionado, de retirar o nome dos currículos para evitar discriminação de gênero. Não acho que isso seja inclusão.

    Quando tiramos do cenário uma característica qualquer de alguém, geralmente estamos impondo um padrão de pessoa, de normalidade, de entender o ser humano como aquele homem perfeito do Leonardo Da Vinci, com tudo que lhe é de direito, dentro de um círculo perfeito. É o homem vitruviano – assim chamado por ter sido originalmente proposto pelo arquiteto romano Marco Vitrúvio –, tão importante na história para marcar uma fase da razão que coloca a pessoa no centro de tudo. Contudo, causa estragos ao passar uma ideia masculina e excluir outras possibilidades da vida, como a de não nascermos com os dois braços ou de perdermos um pé. Ser perfeito é apenas ser como o homem vitruviano? É possível a perfeição, ou ela é uma idealização que não nos traz felicidade? Entendeu a minha aflição com essa história de desconsiderar como forma de considerar?

    Vejo que a invisibilidade tem produzido estragos imensos em nossas relações e atingido negativamente as pessoas, sobretudo aquelas cujas características fogem ao padrão vitruviano. Fingir que não estou vendo que a pessoa diante de mim não tem uma orelha ou dedos na mão pode significar que eu desconsidero sua característica e que a considero normal, como todas as outras. Ou seja, estou impondo a ela um padrão, e não me relacionando com sua realidade. Posso não estar alargando o conceito de normal, dentro da minha ilusão de que o normal exista. Posso, isto, sim, estar forçando a pessoa diferente de mim ou do padrão que estabeleci como normal a se enquadrar, se adequar, caber direitinho dentro dessa caixinha para que eu possa considerá-la e lidar com ela.

    Tornar invisível, calar-nos diante da outra pessoa diferente de nós, fingir não vê-la não pode ser a única maneira que encontramos de respeitar os outros. Há que existir alguma outra forma de respeito, não? E que dificuldade é essa de perceber que a vida é muito mais rica do que parecemos desejar que seja, querendo que caiba dentro de padrões de normalidade ou de perfeição? Para sermos respeitados, precisamos ser perfeitos? Como se alguém pudesse sê-lo... Nossa visão da humanidade é muito idealizada. Essa idealização pode nos custar caro e fazer muita gente sofrer com isso. A vida real é complexa, contraditória, muito mais rica do que essas tentativas de dizer o que é esperado de um ser humano normal.

    A almificação dos viventes some com nossas características, com nossa individualidade, como se isso fosse respeito. Definitivamente não somos almas cósmicas flutuando. Somos seres encarnados! Daí, a partir dessa tendência atual de sumir com as diferenças como forma de respeito e de não discriminação, começo a entrar em algumas reflexões sobre o conceito de diversidade. Uma primeira observação relacionada a tudo o que foi dito é fundamental e faz toda a diferença quando estamos construindo e gerenciando um programa de valorização da diversidade. Parece frase de mau gosto, mas é importante lembrar esse ponto: A diversidade não é incolor, inodora, insípida, invisível, amorfa, sem carne, sem vida...

    Nossas ideias, experiências, visões, opiniões não são desencarnadas... Quando dizemos que alguém tem mérito ou competência ou é um talento, não podemos abstrair e retirar algumas características da pessoa para enquadrá-la no círculo de perfeição desenhado por Da Vinci. Mérito desencarnado desvaloriza a diversidade. E como podemos encontrar outras formas de respeitar os outros que não seja sumindo com suas características no preenchimento de um currículo? Eu gostaria de compartilhar as lições que aprendi com outras pessoas e as reflexões que tenho feito para que você possa construir seu posicionamento pessoal sobre o tema.

    Usei o exemplo da retirada de dados no preenchimento de currículos para enfatizar essa ideia de que precisamos considerar nossas características, semelhanças e diferenças se pretendemos valorizar a diversidade. Se quero apenas evitar que algum candidato à vaga na empresa não seja discriminado no processo de seleção, retiro dados do currículo para que a escolha aconteça com foco no perfil para a vaga. Se quero formar um time caracterizado pela diversidade, preciso considerar todas as informações que a pessoa oferece, porque a decisão será baseada exatamente nessas informações. Achou confuso? Vamos, então, continuar nossa viagem e refletir um pouco mais sobre o que é diversidade e suas implicações em nossas organizações.

    abertura

    A DIVERSIDADE É O SEGREDO DO UNIVERSO

    Gosto de iniciar um diálogo sobre diversidade lembrando que iremos conversar sobre nós mesmos. Essa lembrança é importante, porque alguém pode achar que está sendo convidado a pensar sobre os outros. Vou logo avisando que estamos falando de nós todos ao conversar sobre diversidade humana. Estamos falando de nós todos, e não de alguns outros. Estamos falando de quem somos, de onde viemos, de nosso tempo e nosso lugar, do passado, do presente e de como nos enxergamos no futuro. Estamos falando dos nossos desejos e limitações, das nossas ideias e dúvidas, da nossa fé ou falta de fé, da nossa religião ou da ausência de religião em nossa vida. Estamos falando das nossas leituras do mundo, de nossa moral, costumes, crenças e valores... Nossas certezas do que é bom ou ruim, verdadeiro ou falso, normal ou anormal...

    Falar de diversidade é falar sobre nós mesmos e os outros, na relação que estabelecemos, nas nossas próprias características, história, cultura, o que temos aprendido ao longo da vida, o que nossa percepção tem nos feito observar e o que pode estar deixando de lado. É uma viagem para entrarmos na reflexão sobre a condição humana a partir do nosso tempo e lugar. Para isso, é só olhar para dentro, ao nosso redor, nossa trajetória até aqui. Lembrar das nossas características, das oportunidades que a vida nos deu e das escolhas que realizamos.

    Você chegou até este momento dessa forma, com as oportunidades que a vida lhe deu ou impôs. Também com as escolhas que realizou. Foram escolhas simples ou difíceis, banais ou complexas, às vezes acertadas e às vezes equivocadas. Assim você chegou a este momento. Tem um corpo que acompanhou você nessa história, um sexo, uma cor de pele, uma classe social, muitas ideias e certezas, muitas dúvidas e temores.

    Você, assim como eu, deve ter preocupações sobre pagar contas e projetos dos mais variados – desde a compra de alguma coisa ou a entrega de um trabalho até como vai fazer para resolver um problema que o está perturbando neste momento. É inevitável, diante da condução de nossa vida, em qualquer idade, tender a achar que somos o centro do universo.

    VIAGEM AO CENTRO DA HUMILDADE PLENA

    Com tantas coisas para fazer, problemas, preocupações, projetos, sonhos, podemos nos esquecer de que não estamos sozinhos. Você precisa ter condições para se alimentar? Cerca de 8 bilhões de pessoas no mundo, neste exato momento, também precisam. Você precisa ser feliz? Quer ter seu espaço no mundo? Tem algo a dizer? Quer ser uma pessoa respeitada? Cerca de 8 bilhões de pessoas também estão buscando isso tudo. E a cada dia há cerca de 200 mil pessoas novas no mundo!

    Cada um dos outros com os quais você divide o seu momento no mundo também precisa se alimentar, se vestir, ser feliz, ter espaço, ser ouvido e respeitado, para ficarmos no mínimo do mínimo em relação a tudo que queremos. E quantas variações sobre esse tema há nas cerca de 8 bilhões de visões! São bilhões de necessidades, desejos, ideias sobre como realizar tudo isso. Você ainda acha que é a única pessoa do mundo que merece atenção? Não caia em depressão. E veja que ainda nem falamos de todos os que já passaram pelo planeta antes de você e deixaram aqui sua contribuição, suas ideias, muitas das quais herdamos, além das construções concretas que fizeram sobre a Terra... Como espécie, a Homo sapiens, surgimos na África há cerca de 40 mil anos, e de lá para cá muitas pessoas como você e eu deixaram sua contribuição para a humanidade. Foram gerações e gerações de ideias, propostas, necessidades, desejos, projetos, oportunidades e escolhas que, de alguma forma, herdamos agora. Você não inaugurou o mundo!

    É como aborda aquela mensagem que transita pela internet – A Terra em Miniatura, da biofísica norte-americana Donella Meadows (1895–1983). Se a humanidade fosse reduzida a uma aldeia de apenas 100 pessoas, seríamos 61 asiáticos, 12 europeus, 8 norte-americanos, 5 sul-americanos e caribenhos, 13 africanos e uma pessoa seria da Oceania. Seríamos 50 mulheres e 50 homens; 47 viveriam em áreas urbanas e 53, em áreas rurais. Desses 100 indivíduos, 9 seriam pessoas com deficiência; 33 seriam cristãs, 18 seriam muçulmanas, 14, hindus, 16 não teriam religião, 6

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