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Patrística - Regra Pastoral - Vol. 28
Patrística - Regra Pastoral - Vol. 28
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E-book305 páginas4 horas

Patrística - Regra Pastoral - Vol. 28

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Sobre este e-book

Conhecedor das necessidades materiais e espirituais de sua grei, administrador e reformador, Gregório mostrou-se como verdadeiro pastor. Não gratuitamente, tornou-se Magno (Magnus, Grande). Suas homilias e cartas apontam quão atento foi a seus fiéis, a seu povo, com os quais mantinha contato direto. Seu modo de atuar revela sua plena e humilde consciência de falar e agir em nome do único Pastor, com o qual os pastores devem se identificar. Sua preocupação pastoral é notável em muitos de seus textos. E a Regra Pastoral enquadra-se aí. A primeira, a segunda e a quarta partes da obra tratam do pastor em si, e a terceira – não desconexa das outras –, de sua atividade. A leitura atenta da obra, por isso, faz notar que Regra não se refere tanto a normas, a preceitos, mas, sim, a modo de vida. A Regra Pastoral é, portanto, uma descrição do dinamismo entre o ser e o agir do pastor – a quem foi destinada, mesmo se não exclusivamente –, o que a faz uma obra de grande atualidade e utilidade, não só para ministros ordenados, mas para todos os envolvidos em atividades pastorais. 
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de mar. de 2014
ISBN9788534932462
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    Patrística - Regra Pastoral - Vol. 28 - Gregório Magno

    Rosto

    Índice

    APRESENTAÇÃO

    Prefácio

    Introdução

    Em nome do Senhor, tÍtulos dos capítulos

    Gregório a João, reverendíssimo e santo irmão, meu colega no episcopado

    PRIMEIRA PARTE: CONDIÇÕES PARA ASSUMIR O MAIS ALTO GRAU DO MINISTÉRIO PASTORAL

    Capítulo 1: Não ouse assumir a responsabilidade do magistério quem não estiver preparado.

    Capítulo 2: Não assumam a responsabilidade do governo das almas aqueles que não colocam em prática na própria vida o que aprenderam com o estudo.

    Capítulo 3: Sobre o peso da responsabilidade do ministério. É necessário relativizar as adversidades e temer os sucessos.

    Capítulo 4: Frequentemente, as tarefas exaustivas do ministério desestabilizam e dissipam o espírito.

    Capítulo 5: Sobre aqueles que poderiam exercer bem o ministério pastoral pelo exemplo de suas virtudes, mas a ele se subtraem, buscando a própria tranquilidade pessoal.

    Capítulo 6: Aqueles que, por humildade, se subtraem à responsabilidade do ministério pastoral são verdadeiramente humildes quando não resistem ao projeto de Deus.

    Capítulo 7: Acontece, às vezes, que alguns aspirem de modo louvável ao ministério da pregação, e que outros, de modo não menos louvável, a ele sejam obrigados.

    Capítulo 8: Sobre aqueles que cobiçam o poder e se apressam em citar, a serviço da própria paixão, uma instrução do Apóstolo.

    Capítulo 9: Aqueles que querem presidir frequentemente lisonjeiam o próprio coração com falsas promessas de realizar boas obras.

    Capítulo 10: Quem deve assumir o governo das almas?

    Capítulo 11: Quem não deve assumir o governo das almas?

    SEGUNDA PARTE: A VIDA DO PASTOR

    Capítulo 1: (12)* Como deve comportar-se aquele que, legitimamente, acede ao ministério pastoral?

    Capítulo 2: (13) O pastor seja puro nos pensamentos.

    Capítulo 3: (14) O pastor tenha sempre uma ação exemplar que convença.

    Capítulo 4: (15) Que o pastor guarde um silêncio discreto e tenha uma palavra útil.

    Capítulo 5: (16) O pastor tenha uma atenção plena de compaixão para com cada pessoa, uma contemplação que o desapegue da terra mais que todos os outros.

    Capítulo 6:(17) Que o pastor tenha uma humildade que faça dele, para as pessoas de bem, um companheiro e um zelo enérgico pela justiça contra os vícios dos delinquentes.

    Capítulo 7: (18) Que o pastor não deixe, nas suas ocupações exteriores, enfraquecer seu cuidado com a vida interior; que na sua aplicação à vida interior, não negligencie o cuidado das ocupações exteriores.

    Capítulo 8: (19) Que o pastor não se proponha a agradar aos homens com o seu zelo, mas se empenhe naquilo que a eles pode agradar.

    Capítulo 9: (20) O pastor deve saber que, frequentemente, os vícios assumem a aparência das virtudes.

    Capítulo 10: (21) Um discernimento necessário ao pastor: é preciso repreender ou dissimular, ser enérgico ou usar ternura?

    Capítulo 11: (22) Quando o pastor de almas deve se aplicar a meditar a lei divina.

    TERCEIRA PARTE: COMO O PASTOR QUE VIVE COM COERÊNCIA DEVE INSTRUIR E EXORTAR OS SEUS FIÉIS?

    Prólogo

    Capítulo 1: (23) A grande diversidade requerida na arte da pregação.

    Capítulo 2: (24) É preciso admoestar de modo diferente os homens e as mulheres.

    (25) É preciso admoestar de modo diferente os jovens e os idosos.

    (26) É preciso admoestar de modo diferente os pobres e os ricos.

    Capítulo 3: (27) É preciso admoestar de modo diferente os tipos joviais e os melancólicos.

    Capítulo 4: (28) É preciso admoestar de modo diferente os súditos e os superiores.

    Capítulo 5: (29) É preciso admoestar de modo diferente os servos e os patrões.

    Capítulo 6: (30) É preciso admoestar de modo diferente os sábios deste mundo e os incultos.

    Capítulo 7: (31) É preciso admoestar de modo diferente os atrevidos e os tímidos.

    Capítulo 8: (32) É preciso admoestar de modo diferente os pretensiosos e os pusilânimes.

    Capítulo 9: (33) É preciso admoestar de modo diferente os impacientes e os pacientes.

    Capítulo 10: (34) É preciso admoestar de modo diferente os benévolos e os invejosos.

    Capítulo 11: (35) É preciso admoestar de modo diferente as pessoas sinceras e as pessoas mentirosas.

    Capítulo 12: (36) É preciso admoestar de modo diferente quem tem saúde e quem é doente.

    Capítulo 13: (37) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que, por medo do castigo, vivem sem fazer o mal e aqueles que são de tal modo endurecidos no mal que nem mesmo o castigo os pode corrigir.

    Capítulo 14: (38) É preciso admoestar de modo diferente os taciturnos e os tagarelas.

    Capítulo 15: (39) É preciso admoestar de modo diferente os preguiçosos e os impulsivos.

    Capítulo 16: (40) É preciso admoestar de modo diferente os mansos e os coléricos.

    Capítulo 17: (41) É preciso admoestar de modo diferente os humildes e os orgulhosos.

    Capítulo 18: (42) É preciso admoestar de modo diferente os obstinados e os inconstantes.

    Capítulo 19: (43) É preciso admoestar de modo diferente os gulosos e os temperantes.

    Capítulo 20: (44) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que, sensíveis aos pobres, doam de seus bens, e aqueles que tentam roubar dos bens dos outros.

    Capítulo 21: (45) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que, sem desejar os bens dos outros, não distribuem dos seus e aqueles que doam daquilo que possuem, mas sem deixar de roubar do que é dos outros.

    Capítulo 22: (46) É preciso admoestar de modo diferente os litigiosos e as pessoas tranquilas.

    Capítulo 23: (47) É preciso admoestar de modo diferente os semeadores de discórdias e os artesãos de paz.

    Capítulo 24: (48) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que não compreendem corretamente os textos da lei santa e aqueles que a compreendem corretamente, mas não a anunciam humildemente.

    Capítulo 25: (49) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que, ainda que preparados para exercer o ministério da pregação, temem fazê-lo por excessiva humildade e aqueles que, porque não preparados ou por causa da idade, não deveriam pregar, mas se precipitam a fazê-lo.

    Capítulo 26: (50) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que obtêm os sucessos temporais que desejam e aqueles que, cheios de ambições mundanas, fracassam sob o peso das adversidades.

    Capítulo 27: (51) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que são vinculados pelo matrimônio e aqueles que são livres.

    Capítulo 28: (52) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que se reconhecem culpados de pecados da carne e aqueles que ignoram esses pecados.

    Capítulo 29: (53) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que choram pecados de obras e aqueles que os cometeram somente com o pensamento.

    Capítulo 30: (54) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que choram os próprios pecados sem, porém, deixar de cometê-los e aqueles que os abandonam, porém, sem os chorar.

    Capítulo 31: (55) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que se gloriam dos pecados cometidos e aqueles que os condenam sem, porém, evitá-los.

    Capítulo 32: (56) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que são dominados por uma improvisa paixão e aqueles que se deixam deliberadamente aprisionar pelos pecados.

    Capítulo 33: (57) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que cometem pequenas faltas, mas frequentemente, e aqueles que se cuidam de cometer as pequenas, mas que, às vezes, se afundam nas mais graves.

    Capítulo 34: (58) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que nem sequer começam a fazer o bem e aqueles que, havendo começado, não o levam até o fim.

    Capítulo 35: (59) É preciso admoestar de modo diferente aqueles que fazem o mal ocultamente e o bem à vista de todos, e aqueles que fazem o bem em segredo e, todavia, por algumas de suas ações públicas, permitem que se pense mal deles.

    Capítulo 36: (60) Quando a exortação se dirige a grande número de ouvintes, como encorajar as virtudes de cada um sem, porém, fazer crescer os vícios opostos às virtudes?

    Capítulo 37: (61) Sobre a exortação que se deve fazer individualmente a quem sofre de paixões contrárias.

    Capítulo 38: (62) É preciso tolerar defeitos menores para extirpar vícios mais graves.

    Capítulo 39: (63) Aos espíritos incultos, não altas pregações.

    Capítulo 40: (64) Os atos e a palavra do pregador.

    QUARTA PARTE: (65) COMO O PREGADOR, APÓS TER OBSERVADO DEVIDAMENTE ESTAS REGRAS, DEVE REENTRAR EM SI MESMO, DE MODO QUE NEM A SUA VIDA, NEM A SUA PREGAÇÃO O INDUZAM A SE ORGULHAR

    A humildade

    APRESENTAÇÃO

    Surgiu, pelos anos 40, na Europa, especialmente na França, um movimento de interesse voltado para os antigos escritores cristãos, conhecidos tradicionalmente como Padres da Igreja, ou Santos Padres, e suas obras. Esse movimento, liderado por Henri de Lubac e Jean Daniélou, deu origem à coleção Sources Chrétiennes, hoje com centena de títulos, alguns dos quais com várias edições. Com o Concílio Vaticano II, ativou-se em toda a Igreja o desejo e a necessidade de renovação da liturgia, da exegese, da espiritualidade e da teologia a partir das fontes primitivas. Surgiu a necessidade de voltar às fontes do cristianismo.

    No Brasil, em termos de publicação das obras destes autores antigos, pouco se fez. A Paulus Editora procura, agora, preencher esse vazio existente em língua portuguesa. Nunca é tarde ou fora de época para rever as fontes da fé cristã, os fundamentos da doutrina da Igreja, especialmente no sentido de buscar nelas a inspiração atuante, transformadora do presente. Não se propõe uma volta ao passado através da leitura e estudo dos textos primitivos como remédio ao saudosismo. Ao contrário, procura-se oferecer aquilo que constitui as fontes do cristianismo para que o leitor as examine, as avalie e colha o essencial, o espírito que as produziu. Cabe ao leitor, portanto, a tarefa do discernimento. Paulus Editora quer, assim, oferecer ao público de língua portuguesa, leigos, clérigos, religiosos, aos estudiosos do cristianismo primevo, uma série de títulos, não exaustiva, cuidadosamente traduzida e preparada, dessa vasta literatura cristã do período patrístico.

    Para não sobrecarregar o texto e retardar a leitura, procurou-se evitar anotações excessivas, as longas introduções estabelecendo paralelismos de versões diferentes, com referências aos empréstimos da literatura pagã, filosófica, religiosa, jurídica, às infindas controvérsias sobre determinados textos e sua autenticidade. Procurou-se fazer com que o resultado desta pesquisa original se traduzisse numa edição despojada, porém, séria.

    Cada obra tem uma introdução breve com os dados biográficos essenciais do autor e um comentário sucinto dos aspectos literários e do conteúdo da obra suficientes para uma boa compreensão do texto. O que interessa é colocar o leitor diretamente em contato com o texto. O leitor deverá ter em mente as enormes diferenças de gêneros literários, de estilos em que estas obras foram redigidas: cartas, sermões, comentários bíblicos, paráfrases, exortações, disputas com os heréticos, tratados teológicos vazados em esquemas e categorias filosóficas de tendências diversas, hinos litúrgicos. Tudo isso inclui, necessariamente, uma disparidade de tratamento e de esforço de compreensão a um mesmo tema. As constantes, e por vezes longas, citações bíblicas ou simples transcrições de textos escriturísticos devem-se ao fato de que os Padres escreviam suas reflexões sempre com a Bíblia numa das mãos.

    Julgamos necessário um esclarecimento a respeito dos termos patrologia, patrística e Padres ou Pais da Igreja. O termo patrologia designa, propriamente, o estudo sobre a vida, as obras e a doutrina dos Pais da Igreja. Ela se interessa mais pela história antiga, incluindo também obras de escritores leigos. Por patrística se entende o estudo da doutrina, das origens dessa doutrina, suas dependências e empréstimos do meio cultural, filosófico, e da evolução do pensamento teológico dos Pais da Igreja. Foi no século XVII que se criou a expressão teologia patrística para indicar a doutrina dos Padres da Igreja distinguindo-a da teologia bíblica, da teologia escolástica, da teologia simbólica e da teologia especulativa. Finalmente, Padre ou Pai da Igreja se refere a escritor leigo, sacerdote ou bispo, da antiguidade cristã, considerado pela tradição posterior como testemunho particularmente autorizado da fé. Na tentativa de eliminar as ambiguidades em torno desta expressão, os estudiosos convencionaram em receber como Pai da Igreja quem tivesse estas qualificações: ortodoxia de doutrina, santidade de vida, aprovação eclesiástica e antiguidade. Mas os próprios conceitos de ortodoxia, santidade e antiguidade são ambíguos. Não se espere encontrar neles doutrinas acabadas, buriladas, irrefutáveis. Tudo estava ainda em ebulição, fermentando. O conceito de ortodoxia é, portanto, bastante largo. O mesmo vale para o conceito de santidade. Para o conceito de antiguidade, podemos admitir, sem prejuízo para a compreensão, a opinião de muitos especialistas que estabelece, para o Ocidente, Igreja latina, o período que, a partir da geração apostólica, se estende até Isidoro de Sevilha (560-636). Para o Oriente, Igreja grega, a antiguidade se estende um pouco mais, até a morte de são João Damasceno (675-749).

    Os Pais da Igreja são, portanto, aqueles que, ao longo dos sete primeiros séculos, foram forjando, construindo e defendendo a fé, a liturgia, a disciplina, os costumes, e os dogmas cristãos, decidindo, assim, os rumos da Igreja. Seus textos se tornaram fontes de discussões, de inspirações, de referências obrigatórias ao longo de toda tradição posterior. O valor dessas obras que agora a Paulus Editora oferece ao público pode ser avaliado neste texto: Além de sua importância no ambiente eclesiástico, os Padres da Igreja ocupam lugar proeminente na literatura e, particularmente, na literatura greco-romana. São eles os últimos representantes da Antiguidade, cuja arte literária, não raras vezes, brilha nitidamente em suas obras, tendo influenciado todas as literaturas posteriores. Formados pelos melhores mestres da Antiguidade clássica, põem suas palavras e seus escritos a serviço do pensamento cristão. Se excetuarmos algumas obras retóricas de caráter apologético, oratório ou apuradamente epistolar, os Padres, por certo, não queriam ser, em primeira linha, literatos, e sim arautos da doutrina e moral cristãs. A arte adquirida, não obstante, vem a ser para eles meio para alcançar este fim. (…) Há de se lhes aproximar o leitor com o coração aberto, cheio de boa vontade e bem-disposto à verdade cristã. As obras dos Padres se lhe reverterão, assim, em fonte de luz, alegria e edificação espiritual (B. Altaner e A. Stuiber. Patrologia, São Paulo: Paulus, 1988, pp. 21-22).

    A Editora

    Prefácio

    Na apresentação da coleção Patrística, lê-se o seguinte: Surgiu, pelos anos 40, na Europa, especialmente na França, um movimento de interesse voltado para os antigos escritores cristãos e suas obras, conhecidos, tradicionalmente, como Padres da Igreja ou Santos Padres. Esse movimento, liderado por Henri de Lubac e Jean Danié­lou, deu origem à coleção Sources Chrétiennes, hoje com centena de títulos... No Brasil, em termos de publicação das obras desses autores antigos, pouco se fez. A Paulus Editora procura, agora, preencher esse vazio...

    Graças a Deus! Considero-me um privilegiado. Na Teologia, no Marianum, em Roma, incentivado por bons professores, descobri os Santos Padres e a excelente Biblioteca; nela podia encontrar seus escritos em mais de uma língua. Aprofundei-me mais em Santo Agostinho, aliás autor de nossa Regra (OSM). Li também Ambrósio, Cirilo de Jerusalém, Gregório, Crisóstomo e outros, além dos textos da Liturgia das Horas.

    Temos, agora, uma tradução da Regula Pastoralis, de São Gregório Magno ou Gregório, o Grande. Uma riqueza de obra, pela sua organicidade e metodologia pastoral.

    A Regula Pastoralis teve enorme difusão na Idade Média e é lida com fruto ainda hoje pelos pastores de almas, constituindo para o clero e para o episcopado aquilo que foi a Regula Benedicti para os monges (Gregório Magno, Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs (Paulus/Vozes, p. 200).

    Já tinha lido textos em latim (da Liturgia das Horas e outros), uma tradução italiana da Regula que ganhei do Frei Clodovis Boff, na década de 80, e, agora, lendo e relendo-a em italiano e português, percebi que realmente ela deve ser lida por nós, pastores de hoje, com muito proveito.

    Gregório é de uma humildade impressionante. Já no final da introdução do livro que ele escreve a João, bispo de Ravena, e a quem dedica o texto, lemos: Gregório a João, reverendíssimo e santo irmão, meu colega no episcopado. E ele afirma: Muitos, porém, semelhantes a mim pela inexperiência, não sabendo avaliar-se a si mesmos, aspiram a ensinar o que não aprenderam e consideram o fardo deste magistério tanto mais leve quanto mais ignoram sua grandeza. Estes se sintam repreendidos desde o início deste livro, e porque não informados e precipitados desejam ocupar a mais alta cátedra de ensinamento, a dignidade episcopal, já desde o início do nosso discurso sejam rechaçados pela ousadia de sua precipitação.

    Na mesma linha e com a mesma atualidade, lemos um texto do capítulo 8 da primeira parte: Na maioria das vezes, aqueles que cobiçam o poder se apressam em citar, a serviço da própria paixão, uma instrução do Apóstolo: Se alguém aspira ao episcopado, deseja uma boa coisa. Todavia o Apóstolo, mesmo louvando esse desejo, em seguida o converte em motivo de temor, pois imediatamente acrescenta: É necessário, porém, que o bispo seja irrepreensível. Note-se, porém, que ele falava num tempo em que aqueles que estavam à frente do rebanho eram conduzidos, por primeiro, aos suplícios do martírio. Então, sim, era louvável aspirar ao episcopado, quando já se sabia, com certeza, que, por meio desse ministério, chegar-se-ia às mais graves torturas. Eis por que o ministério episcopal é definido uma boa coisa quando diz: Se alguém aspira ao episcopado, deseja uma boa coisa. E a mesma cobiça do poder continua ainda hoje, infelizmente. O Cardeal Bernardin Gantin, por muito tempo presidente da Congregação para os Bispos, dizia, numa entrevista à revista 30 Dias, que o grande mal, na escolha de bispos, era o carreirismo, ânsia de poder, manobras espúrias etc. Nesse mesmo sentido, assim se expressava o Cardeal Martini, emérito de Milão, a um grande jornal italiano. E eu também, bispo dos fundões da Amazônia, próximo a completar trinta anos de episcopado, tenho constatado muito sofrimento do povo, de padres, irmãs, por escolhas infelizes de bispos, fruto de ambição, manobras e comportamentos feitos para agradar e impressionar, e medo doentio de tomar posição. Carreirismo! O Beato Antonio Rosmini-Serbati já dizia coisas melhores!

    Também no capítulo 8 da segunda parte, temos palavras que refletem sabedoria e conhecimento do povo: É necessário também saber que os bons pastores devem procurar ser agradáveis para atrair, com a amabilidade da estima que gozam, ao amor da verdade, e não pelo prazer de ser amados, mas para tornar a sua amabilidade como uma estrada pela qual conduzir o coração dos fiéis ao amor do seu criador. É difícil que um pregador não amado seja ouvido de boa vontade, mesmo que diga verdades sacrossantas. O Pastor deve, portanto, procurar que seus fiéis o amem para conseguir que o escutem e, todavia, não deve procurar um afeto dirigido a si mesmo, para não se descobrir em luta, na secreta cobiça do poder do seu pensamento, contra aquele que, pelo ministério assumido, parece servir. Paulo faz compreender bem tudo isso quando nos revela a sua secreta preocupação, dizendo: Como eu, que me esforço para agradar a todos em todas as coisas, acrescentando, porém, em seguida: Se estivesse procurando agradar aos homens, já não seria servo de Cristo. Paulo, portanto, quer agradar e não o quer: no seu desejo de ser aceito, não mira a si mesmo, mas somente, através dele, tornar a verdade agradável aos homens.

    Nessa construção do autêntico Pastor, mestre e guia de seu rebanho, sobressaem a missão e a vida de dedicação do pastor, o método de ensino e as virtudes. Na terceira parte, logo no início, no prólogo, escreve: Havendo exposto como deve ser um pastor, demonstraremos agora como deve ser o seu ensinamento. Como, de fato, já ensinou antes de nós Gregório Nazianzeno, de venerável memória, nem a todos convém uma única e mesma exortação, pois nem todos estão sujeitos aos mesmos hábitos de vida. Porque, com frequência, o que é útil a alguns prejudica a outros.

    O primeiro capítulo da terceira parte traz toda uma série de situações espirituais que pedem um modo próprio de abordagem. Os casos são tratados de dois em dois, segundo sua relação e oposição: homens e mulheres; jovens e idosos; pobres e ricos. No seu conjunto, mais de trinta, que, mesmo na sua simples enumeração, mostram a grande experiência humana e psicológica do autor e seus dotes de discernimento espiritual. E mesmo com o uso muitas vezes, a meu ver, forçado da interpretação alegórica da Bíblia, devido a seu conhecimento profundo do conjunto da Sagrada Escritura, dos Padres da Igreja, experiência, inclusive monástica, e santidade, sua doutrina é simples, realista, lúcida e atual.

    Só um exemplo do capítulo 2: É preciso admoestar de modo diferente os pobres e os ricos. Comanda aos ricos deste mundo que não sejam orgulhosos e não coloquem confiança nas suas precárias riquezas. É preciso notar com atenção que o mestre da humildade não diz, referindo-se aos ricos, pede, mas comanda, porque com a fragilidade se deve usar

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