Desejo e Transgressão no Cinema de Pedro Almodóvar
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Desejo e Transgressão no Cinema de Pedro Almodóvar - Lucia Maria Chataignier de Arruda
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2018 do autor
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
Dedico ao meu marido, Miguel, que sempre me incentivou na realização dos meus sonhos e planos e esteve sempre presente nos momentos mais felizes e nos mais difíceis da minha vida, ajudando-me na superação dos limites físicos e emocionais. Também dedico aos meus queridos e guerreiros filhos, Isabela, Tatiana e Marcos, que vibraram com mais um desafio que escolhi, procurando com isso incentivá-los no caminho das realizações em todas as áreas. E aos meus queridos netos, João Carlos, Carlos César, Ana Luiza e Letícia, assim como aos meus queridos e falecidos pais, Carlos e Yvonne, pois sei que ficariam muito felizes em ter mais uma filha com o título de mestre. Obrigada a todos!
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Universidade Veiga de Almeida, pela iniciativa democrática que é o mestrado profissionalizante, em que há espaço para todas as profissões, credos e idades e ratificando a importância que meu marido, Miguel, teve na construção desta obra ao indicar os livros e os filmes relativos ao cinema de Pedro Almodóvar e me contar curiosidades, técnicas e segredos da linguagem fílmica que muito me ajudaram a analisá-los sob a ótica psicanalítica.
Somente na arte acontece [...] que um homem consumido por seus desejos efetue algo que se assemelhe à realização desses desejos e o que faça com um sentido lúdico produza efeitos emocionais – graças à ilusão artística – como se fosse algo real. As pessoas falam com justiça da magia da arte
e compara os artistas aos mágicos
(Sigmund Freud) ¹
PREFÁCIO
Saber e prazer não são instâncias que necessariamente caminhem separadas. De mãos dadas, podem encantar sujeitos e ainda levá-los ao autoconhecimento. É partindo dessa premissa que a psicanalista e escritora Lucia Chataignier de Arruda convida-nos à leitura de seu nono livro. Suas ferramentas
, por assim dizer, são, sobretudo (mas não exclusivamente), o legado de Freud e Lacan e o cinema de Pedro Almodóvar. Trata-se de dissertação de mestrado em Psicanálise, defendida em 2014 e agora retrabalhada para publicação pela Editora Appris.
A questão central, que guia todo um emaranhado de indagações, repousa – se é que o termo é aqui pertinente – na formação do desejo e de suas implicações éticas. O texto alia a exposição conceitual analítica – em um percurso que aborda a pulsão, a necessidade, a demanda e o recalque – com a Sétima Arte. Mais especificamente, elegeram-se dois filmes do diretor espanhol: Tudo sobre minha mãe
(1999) e A lei do desejo
(1987). A característica dualidade tragicômica do universo almodovariano toca a questão do desejo na medida em que a mistura de gêneros fílmicos é, concomitantemente, um ultrapassar de barreiras da sexualidade. Transita-se de posição subjetiva e de papel no seio da narrativa com a mesma leveza. E aqui há de se ressaltar um laço estrutural entre cinema e psicanálise: o desejo escópico, o sonho de tudo ver sem ser visto – e, de certa forma, ser pleno... É possível realizar um desejo?, eis o pathos da autora. Ou, antes, como sussurra Lacan, perdido é o objeto, o faltante é o objeto
? leiamos. Além do quadro reflexivo apresentado, o leitor não deixará de sorver pérolas estilísticas, tais como a da metáfora produtora
comparada à mãe, reprodutora
. A categoria de ruptura é explorada de modo que a emergência do sujeito desejante se torne inteligível – a começar para ele mesmo. Diante de cenas primeiras entremeadas pela cultura pop, há uma chance de se ver. Por fim, em se seguindo o plano argumentativo, a ética despudorada dissolve a moral, apontando para o inelutável caráter político da arte em geral e do humor em particular. Afinal de contas, aponta Chataignier de Arruda, desconhecendo ou ignorando diferenças sexuais e de classe social, o desejo não opera com dicotomias, mas com multiplicidades, invertendo, parodiando e subvertendo modelos preestabelecidos
.
Prof. Dr. Gustavo C. Gadelha
Professor do Departamento de Comunicação na PUCRJ Pesquisador associado ao Departamento de Filosofia da Universidade de Paris 8
APRESENTAÇÃO
Neste livro fazemos aproximações entre a psicanálise e o cinema, apresentando um estudo de duas fontes de saber e de prazer, isto é, a psicanálise de Freud e de Lacan e a arte de Pedro Almodóvar, por meio da interseção entre essas duas áreas de campos do conhecimento que se integram em harmonia e completude. Partindo do estudo sobre o desejo que inaugura a vida do sujeito, traremos questões que dizem respeito aos limites da expressão dessa pulsão na sua busca de satisfação absoluta num contexto ético e nas consequências da transgressão.
Sumário
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
1.1 SOBRE O DESEJO
1.2 A PULSÃO
1.3 O GOZO
1.4 O DESEJO E AS FORMAÇÕES DO INCONSCIENTE
1.4.1 Sonhos
1.4.2 Ato falho
1.4.3 Chistes
1.4.4 Sintomas
1.5 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE DESEJO DE FREUD
1.6 A ÉTICA EM KANT, FREUD, LACAN E SADE
CAPÍTULO 2
2.1 SUBLIMAÇÃO
2.2 TRANSGRESSÃO
CAPÍTULO 3
3.1 UM PRAZER A MAIS – SOBRE O FILME TUDO SOBRE MINHA MÃE
3.2 SOBRE O FILME A LEI DO DESEJO
(1987)
SINOPSES SOBRE OUTROS FILMES DE PEDRO ALMODÓVAR
COMENTÁRIOS SOBRE O AUTOR E SUA OBRA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Notas
Notas: da Introdução:
Referências bibliográfica da Introdução:
Notas do 2º capítulo:
Referências bibliográficas do 2º capítulo:
Notas do 3º capítulo:
Referências bibliográficas do 3º capítulo:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DESTA PESQUISA
INTRODUÇÃO
Nesta obra pretendo fazer aproximações entre a psicanálise e o cinema, apresentando um estudo de duas fontes de saber e de prazer, isto é, a psicanálise de Freud e de Lacan e a arte de Pedro Almodóvar a partir da interseção entre essas duas áreas de campos do conhecimento que se integram em harmonia e completude. Partindo do estudo sobre o desejo que inaugura a vida do sujeito, trarei questões que dizem respeito aos limites da expressão dessa pulsão na sua busca de satisfação absoluta num contexto ético e nas consequências da transgressão.
Para fazer esta análise comparativa entre o desejo e a ética, tomei por base dois autores: Kant e Lacan. E para ilustrar o desejo desenfreado e egoísta, nada melhor que Sade (focando seu livro A filosofia na alcova – ver bibliografia) para ilustrar essa vertente do desejo.
Qual é o percurso do desejo? O que o sujeito procura nesta busca de satisfação? Existe desejo realizado? Até que ponto o uso do Outro como objeto para a se alcançar um prazer e/ou tentar satisfazer um desejo é válido e ético? Qual a visão da religião sobre esse tema? O que acontece com o desejo frustrado? Qual o papel do recalque?
Para responder a essas questões penso ser pertinente falar sobre as saídas que derivam do recalque, ou seja: como um desejo recalcado manifesta-se por meio do sonho, do ato falho, no chiste ou do sintoma. Dentro desse aspecto, como se encaixa a sublimação? Seria a obra de arte uma das saídas encontradas