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Perguntaram-me se acredito em Deus
Perguntaram-me se acredito em Deus
Perguntaram-me se acredito em Deus
E-book111 páginas1 hora

Perguntaram-me se acredito em Deus

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Sobre este e-book

A religião tratada de uma maneira como você nunca viu.

Esta obra trata de religião com imensa delicadeza. São várias histórias com um personagem em comum Mestre Benjamim, senhor que mesmo sem a certeza pessoal de que Deus existe é um exemplo de espiritualidade. Várias pessoas o procuram em busca de soluções para seus problemas e conselhos reconfortantes.
IdiomaPortuguês
EditoraPlaneta
Data de lançamento1 de jan. de 2007
ISBN9788576655732
Perguntaram-me se acredito em Deus

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    Perguntaram-me se acredito em Deus - Rubem Alves

    Rubem Alves

    Perguntaram-me se acredito em Deus

    Copyright © Rubem Alves, 2007

    2012

    Todos os direitos desta edição reservados à

    Editora Planeta do Brasil Ltda.

    Avenida Francisco Matarazzo, 1500 – 3º andar – conj. 32B

    Edifício New York

    05001-100 – São Paulo – SP

    www.editoraplaneta.com.br

    vendas@editoraplaneta.com.br

    Capa: Vanderlei Lopes

    Imagem de Capa: Hulton Archive / Getty Images

    Revisão: Tulio Kawata

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

    C875d

    Alves, Rubem

    Perguntaram-me se acredito em Deus / Rubem

    Alves. – São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007.

    ISBN 978-85-7665-260-1

    1. Ficção inglesa I. Andrade Filho, Júlio de. II. Título.

    06-6918. CDD-869.93

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Crônicas : Literatura brasileira 869.93

    Para o John Lane, amigo.

    Perguntaram-me se acredito em Deus.

    Respondi com versos do Chico:

    "Saudade é o revés do parto.

    É arrumar o quarto para o filho que já morreu."

    Qual é a mãe que mais ama?

    A que arruma o quarto para o filho

    que vai voltar

    Ou a que arruma o quarto para o filho

    que não vai voltar?

    Sou um construtor de altares.

    Construo altares à beira de um abismo escuro e silencioso.

    Eu os construo com poesia e música.

    Os fogos que neles acendo iluminam o meu rosto

    E me aquecem.

    Mas o abismo permanece escuro e silencioso.

    Mosaicos são obras de arte. São feitos com cacos. Os cacos, em si, não têm beleza alguma. Mas se um artista

    os ajuntar segundo uma visão de beleza eles se transformam numa obra de arte.

    Músicas são mosaicos de sons. Notas são cacos. Não são nem bonitas nem feias. Mas se um compositor as organizar numa frase elas passam a dizer algo. Transformam-se em temas. Sonatas e sinfonias são feitas com temas entrelaçados.

    Também nós somos feitos de cacos. Milan Kundera comparou a vida a uma partitura musical. "O ser humano, guiado pelo sentido da beleza, transpõe o acontecimento fortuito [o caco] para fazer dele um tema que, em seguida, fará parte da partitura de sua vida. Voltará ao tema repetindo-o, modificando-o, desenvolvendo-o, transpondo-o, como faz um compositor com os temas da sua sonata." (A insustentável leveza do ser, p. 58). Somos um mosaico espiral, à semelhança do Bolero de Ravel.

    As Escrituras Sagradas são um livro cheio de cacos. Nelas se encontram poemas, estórias, mitos, pitadas de sabedoria, relatos de acontecimentos, poemas eróticos, eventos sangrentos. Ao ler as Escrituras comportamo-nos como um artista que seleciona cacos para construir um mosaico ou como um compositor a compor sua sonata.

    Os cacos das Escrituras Sagradas existiram por muito tempo como estórias que eram contadas oralmente, antes de serem transformados em textos para serem lidos. O registro escrito dessa tradição oral trouxe uma vantagem: as estórias continuaram a existir mesmo depois da morte do contador de estórias. E trouxe uma desvantagem: transformados em textos escritos perdeu-se a figura do contador de estórias. Com isso, os leitores começaram a ler as estórias como se fossem história.

    História refere-se a coisas que aconteceam realmente no passado e nunca mais acon-tecerão, como o naufrágio do Titanic, que per-tence à história e nunca mais acontecerá. Mas a parábola do Bom Samaritano nunca aconteceu. Foi uma estória contada por um mestre contador de estórias chamado Jesus.

    As estórias são contadas no passado, mas elas não têm passado. Só têm presente. Estão sempre vivas. Quando as ouvimos ficamos possuídos, rimos, choramos, amamos, odiamos – embora elas nunca tenham acontecido.

    A história é criatura do tempo. As estórias são emissárias da eternidade.

    Muitos são os mosaicos que podem ser feitos com um monte de cacos. Muitas são as músicas

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