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Pensamentos que penso quando não estou pensando
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Pensamentos que penso quando não estou pensando
E-book79 páginas55 minutos

Pensamentos que penso quando não estou pensando

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Sobre este e-book

Sobre o título, o autor comentou em entrevista: "Parece um título doido".

Que bom que ele sabe, não é!? Mas a explicação vale. Há os pensamentos diurnos, aqueles que a gente pensa porque tem de pensar. Incluem obrigações, raciocínios matemáticos, históricos, conjunturais. Análise das circunstâncias em que estamos mergulhados no dia a dia, esforços variados para compreender os outros e suas atitudes.

Mas, felizmente, há também aqueles pensamentos que surgem do nada. Em geral, além de imprevistos, eles são divertidos, frutos de uma observação de um outro Eu que vive escondido dentro de nós. São imagens que nos levam por caminhos nunca dantes trilhados, que tangenciam nossa atenção desperta.

O livro traz uma reunião de ideias e pensamentos nascidos assim, num golpe de vento, num estalo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de out. de 2019
ISBN9788544903322
Pensamentos que penso quando não estou pensando

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    Pensamentos que penso quando não estou pensando - Rubem Alves

    Pensamentos que penso quando não estou pensando

    RUBEM ALVES

    >>

    Pensamentos que penso são

    os pensamentos que EU penso.

    Pensamentos que são objetos

    que um tal de EU usa e dos

    quais também abusa.

    Mas quando não estou pensando,

    os pensamentos pensam por

    conta própria e aparecem.

    Eu não os penso. Eu os vejo.

    Sumário

    Sobre a música clássica e a Coca-Cola

    Sobre lobos e virtudes

    Liturgia do silêncio

    Meu pai

    Nona

    Quantos anos você não tem?

    Música

    A bela azul

    Amizade

    Padre Léo

    Jai

    Oblíquo

    As lâmpadas e a inteligência

    Educação

    Sucesso

    Maturidade

    Albert Camus

    Os pés têm a mesma idade

    Susto

    O benefício da dúvida

    Da tragédia e da beleza

    Comunhão

    Inspiração

    Como as nuvens...

    Céus

    Ética e trapaça

    Dropes: Do prazer de ler

    Fala

    Exílio

    Pedido da alma

    Outro nome

    Do desejo de aprender

    Mulher com uma vela

    Relatório

    Sugestão

    Mosaicos

    Bom lugar para uma sepultura

    Dropes: Autores

    Diário

    Boiadeiros e psicanalistas

    O múltiplo e o simples

    De onde? Quem gostaria?

    Casamento

    Bolha Terra chamando...

    Notas

    Sobre o autor

    Outros livros do autor

    Redes sociais

    Créditos

    Sobre a música clássica e a Coca-Cola

    Fernando Pessoa teve a missão de escrever o primeiro slogan de propaganda para a Coca-Cola em Portugal, imagino que lá pelos anos trinta. Ele bebeu uma vez, não gostou. Bebeu outra vez, não gostou. Bebeu uma terceira vez e gostou. Veio-lhe então a ideia: A princípio, estranha-se; depois, entranha-se. Absolutamente genial! A primeira vez que bebi Coca-Cola, eu disse: Tem gosto de verniz. Como todos os meus colegas bebiam Coca-Cola e gostavam, pra não ser diferente, bebi de novo. E bebi de novo. Até que gostei. Agora é automático, quando chego ao restaurante Bem-Bom, vou logo pedindo: Uma Coca com gelo e limão. Como é gostoso... Aí mandei um e-mail para o Artur da Távola, que apresenta aquele maravilhoso programa Quem tem medo de música clássica?, dizendo que o gosto pela música clássica era igual ao gosto pela Coca-Cola: A princípio, estranha-se; depois, entranha-se. Quem vence o período da estranheza chega inevitavelmente à fase da entranheza. Aí, então, é prazer para o resto da vida. Se você ainda está na fase da estranheza, vai esta sugestão: prove, com paciência. Para começar, ouça o poema sinfônico de Grieg, Peer Gynt: linda música, linda estória...

    Só para que você fique com água na boca, adianto que essa é uma peça teatral publicada em novembro de 1867, em Copenhague, capital da Dinamarca, escrita pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen. Ela conta as aventuras e desgraças do jovem Peer Gynt. O compositor Grieg a musicou na forma de um poema sinfônico com melodias muito bonitas.

    Sobre lobos e virtudes

    Um lobo, tendo ouvido um sermão que São Francisco pregou aos bichos, converteu-se e resolveu tornar-se um santo também. Procurou os mestres espirituais e perguntou-lhes o que devia fazer para se tornar um santo. Eles lhe disseram que o caminho da santidade começa com as abstenções: ele deveria começar por abandonar aquelas coisas de que mais gostava. E o que ele mais gostava era de comer cabritos. Assim, os mestres espirituais concluíram, o caminho de um lobo que deseja ser santo começa com um grande jejum, até perder a vontade de comer cabritos. Saiu, então, o lobo, decidido a jejuar. Depois de muito caminhar sem nada comer, cabeça baixa e estômago faminto, viu repentinamente um cabrito que comia capim distraidamente na encosta da montanha. A visão do cabrito deu-lhe água na boca. Pensou então: acho que vou adiar o meu jejum por uns dias, até me acostumar. Aproximou-se, assim, solobeiramente (sorratei-ramente só se aplica aos ratos) do cabrito. Este, percebendo a aproximação do lobo, correu, saltando sobre as rochas da montanha – era um cabrito montês

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