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Sobre os felizes
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E-book154 páginas2 horas

Sobre os felizes

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Sobre este e-book

Em Sobre os Felizes a escritora e jornalista Socorro Acioli nos leva a uma viagem pelo mundo a partir de suas vivencias compartilhadas em crônicas publicadas semanalmente no jornal O POVO ao longo dos últimos três anos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de mai. de 2019
ISBN9788567333656
Sobre os felizes

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    Sobre os felizes - Socorro Acioli

    Copyright© 2018 by Socorro Acioli


    Editora Demócrito Dummar Ltda.

    Presidente | Luciana Dummar

    Diretor Geral | Marcos Tardin

    Editora Executiva | Regina Ribeiro

    Editora Adjunta | Selma Vidal

    Editor de Design | Amaurício Cortez

    Projeto Gráfico e Editoração | Giselle Fernandes e Miqueias Mesquita

    Fotografia da Capa | José Eduardo Agualusa

    Revisão | Joice Nunes

    Produção do eBook | Amaurício Cortez

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


    A164s

          Acioli, Socorro

               Sobre os felizes / Socorro Acioli. - 1. ed. - Fortaleza [CE] : Dummar, 2019.

               132 p.

                ISBN 978-85-67333-58-8

          1. Crônicas brasileiras. I. Título.

    19-56705

    CDD: 869.8

    CDU: 82-94(81)


    Para meu pai,

    Manoel Calixto de Alencar.

    Mar de origem

    Tropeçava nos astros distraída quando recebi o chamado das crônicas. Quem tem a escrita como ofício aprende a não temer desafios e modos diferentes de lidar com as palavras, e por isso aceitei. Até então, eu era uma jornalista não praticante. Um mês depois de formada, optei pelo mergulho no delírio da Literatura. Pois foi a crônica, este gênero híbrido, o barco perfeito para voltar ao mar de origem.

    Ganhei de presente um lugar só meu nas páginas do jornal O POVO. Herdeira de uma tradição, honrei e respeitei os cronistas brasileiros que vieram antes de mim: Rachel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, Marina Colasanti, Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Luis Fernando Verissimo, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Affonso Romano de Sant’Anna, dentre tantos outros. Pedi licença antes de pisar em solo sagrado e comecei.

    Sem perceber, estabeleci duas regras de trabalho e conduta, uma dupla de leis que naturalmente se impôs. A primeira regra, para desespero dos meus editores, foi entregar as crônicas o mais perto possível do prazo final. Nunca escrevi estoque adiantado: seria uma traição aos antecessores, sempre apavorados nas suas máquinas de escrever. A crônica é filha do tempo e precisa do seu calor para ter alma. Produzi motivada pelos meus sentimentos de véspera, os bons e os ruins. Está tudo aí.

    A outra regra foi a honestidade. Falei sempre o que penso e sinto, nunca longe disso, nunca apartada das minhas próprias verdades. A crônica é uma janela da alma, e isso está implícito nas possibilidades que esse gênero nos oferece. Os textos mais comentados e compartilhados da minha trajetória até aqui foram exatamente as crônicas sobre o frágil e falível espírito humano. Amar e sofrer é o que nos une.

    Desatei os nós do amor, da dor, das ilusões e esperanças, com todos os seus desdobramentos. Pessoas e gatos nasceram e morreram nas minhas palavras. Muitas crônicas viraram cartas de boas-vindas, lamentos de despedida, quadros nas paredes, ode às casas e aos pássaros, declarações de amor e emocionadas homenagens. Muitas vezes escrevi chorando, e por isso fiz chorar. Outras foram um transbordar da mais legítima e contagiante felicidade.

    Reunidas em um outro tipo de papel, coladas e costuradas, as crônicas agora mudam de estado. Convertem-se em família, confraria, pedaços da alma de um objeto sagrado. A alquimia aconteceu. Deslizarápelo mundo um livro sobre os felizes, escrito com a tinta da verdade por um coração que anda pela rua, invade as almas, mergulha profundo. Meu propósito na Terra é espalhar palavras.

    Socorro Acioli

    Agradecimentos

    Obrigada, Cinthia Medeiros, pelo convite que mudou a minha vida. Quando eu disse sim, nem imaginava que a estrada seria tão bonita.

    Ao Marcos Sampaio e a toda equipe do Caderno Vida & Arte, agradeço pelo respeito e cuidado com meu trabalho.

    A foto da capa foi um presente do José Eduardo Agualusa, a quem agradeço tanto e sempre pela grande importância na minha história, como incentivador, amigo e mestre do ofício.

    Minhas filhas Beatriz e Camila foram inspiração constante, palavra e silêncio nas horas certas. O pai delas, José Marcos, revisou a maioria das crônicas antes do envio, foi o primeiro leitor e entusiasta desta aventura. Aos três, não tenho como agradecer o suficiente, mas sempre direi o quanto são importantes para mim.

    A Regina Ribeiro sonhou este livro junto comigo, realizou-o com a equipe da Editora Dummar e, assim, construímos, juntas, mais um edifício de papel. Obrigada.

    O querido professor Eduardo Diatahy é companhia inteligente na leitura das crônicas, tão honesto quanto eu, tão carinhoso e amigo que me comove falar dele. Que honra contar com o olhar atento de um grande leitor.

    A minhas amigas e amigos, alunas e alunos, a todos os leitores e leitoras que falam comigo na rua, aos que recortam as crônicas, compartilham pelas redes sociais e também aos que leem em silêncio: a vocês eu devo tudo. Um escritor sem leitor não é nada. Sou feliz por ter sua companhia do outro lado do papel.

    Meu pai, Calixto, sonhava em ser cronista de esportes e escrever no jornal. Não deu tempo, mas sua vida escorreu pela minha para viver o sonho que não foi possível. A vida é misteriosa e, às vezes, injusta. Com a matéria da dor e da ausência, congrego palavras como forma de resistência. Exatamente por isso este livro é dele.

    Sumário

    Agradecimentos

    Mar de origem

    Crônica em forma de ponte

    Santuário de elefantes

    Olhos de ver Mumbai

    Guardador do mar

    Caramelo José, uma biografia

    Sobre os felizes

    Flor de baunilha, uma biografia

    Nascer é festa

    Sagrada casa azul

    O conto dos três mestres

    As mãos de Márcia

    San Pedro, um delírio

    O Eco dos bosques

    A sexta-feira de Inez

    Óculos na geladeira

    Azul-Brasília

    De onde nascem as ideias

    Qual é a sua história?

    O presente-verdade

    Devoção

    Crônica em voz baixa

    Belleville

    Para escrever, precisamos uns dos outros

    Saudade

    O lugar inventado

    Fernando que virou santo

    Meu coração em Cabo Verde

    Sangue Veloso

    Todo mundo precisa de uma ilusão

    Todos os anos de Marina

    A Moça de Boa Família

    Carta a uma amiga triste

    A conferência dos pássaros

    Donos absolutos do tempo

    Só o amor nos permite enxergar

    Dedicatória

    Ana e Jacinto

    Fortaleza entre-lugar

    Carta para Beatriz

    A respiração das coisas

    Notícias insólitas

    Búzios de Moçambique

    Quase cangaceira

    Crônica ao som de flauta

    Inventar pessoas

    O romance é uma segunda vida

    Escrever os sonhos

    A leveza

    Coragem!

    Sempre chegamos aonde nos esperam

    Deus nos livre da covardia

    Movimento de recuperação poética do mundo

    O leitor partido ao meio

    Coração não é mentira

    Alegria

    Um coração andando pela rua

    Tão frágil como um segundo

    O jardineiro do convento

    Compro asas em qualquer estado

    Carta para quem tem medo

    A autora

    Crônica em

    forma de ponte

    Costumo agradecer, em silêncio, quando escuto uma música bonita. Digo obrigada pelo dom, pelo tempo que o autor dedicou a aprender um instrumento, pelo caminho de cada palavra antes de ser verso e por deixar, naquela canção, um pedaço da alma.

    Nos últimos meses, por exemplo, todos os meus agradecimentos têm sido dedicados a Gilberto Gil e sua produção dos anos setenta e oitenta. Há uma ponte invisível entre o momento em que essas músicas foram criadas e a hora exata em que escuto, surtindo o efeito de me fazer sentir mais feliz e mais forte.

    Ouvir música e louvar todo o processo de criação musical me faz pensar no meu próprio trabalho. Comecei a publicar livros em 2001, mas desde 2006 sou escritora profissional. Vivo do ofício de escrever e de seus desdobramentos — palestras e cursos. Vivo da palavra.

    Tudo o que vivencio, de uma forma ou de outra, deságua no meu trabalho com muita força. Desde minhas leituras às conversas com amigos. As viagens, pessoas que conheço, filmes, sonhos, sentimentos bons e ruins, tudo é material de trabalho, mesmo quando não me dou conta.

    Já escrevi para declarar amor a pessoas e lugares. Já criei personagens como vingança, secreta e silenciosa. Músicas, filmes e peças de teatro já me levaram ao arrebatamento do desejo de criar. Cozinhar me inspira. Pessoas me inspiram. Pensando friamente, é como se eu trabalhasse vinte e quatro horas por dia. Das coisas que eu vejo e vivencio, muitas podem virar literatura. E a literatura é minha profissão.

    Da matéria vivida ao texto pronto existe um trabalho técnico; a vida não vai pura e simples para o papel. Não se trata de uma mera transposição, como um diário. Há um trabalho de ourives que exige preparo e estudo para que essa força de vida se transforme em algo que comunique e que seja honesto, a ponto de criar uma ponte invisível entre autor e leitor. Da mesma matéria daquela ponte que liga as musicas que Gilberto Gil compôs nos anos 70 à minha alma de hoje.

    Escrevo para o outro em um ato de doação. Do meu tempo e esforço, mas sobretudo da minha própria vida. Escrever não faria o menor sentido se fosse pensado como uma atividade que satisfaz somente a quem escreve. Costumo começar minhas aulas de Escrita Criativa explicando que a profissão do escritor é como a do engenheiro, médico, porteiro, sapateiro, cozinheiro, arquiteto e vendedor de milho assado: alguém que trabalha para o outro.

    Eu escrevo para quem me lê, ciente de que estou diante de um grande enigma: nunca saberei, exatamente, quem são todos os meus leitores e até onde o texto vai chegar. Cada um carrega consigo seus instrumentos de interpretação e uma forma

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