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Nefilins Deuses
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E-book363 páginas8 horas

Nefilins Deuses

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Sobre este e-book

Nefilins, alguns os definem como demônios, outros como anjos, mas são uma raça intermediária entre humanos e seres considerados deuses.
Após Leonna descobrir sua origem nefilin, descobre também vários segredos sobre a origem da humanidade que acreditava serem somente relatos ou mitologia, mas que foram mudados com o tempo a fim de esconder a existência desses nefilins. Segredos esses que podem mudar qualquer ideia sobre a origem humana.
Quando ela se depara com o passado, onde na existência anterior havia sido uma poderosa nefilin que havia sido exilada, ela passa a entender o motivo pelo seu retorno a este mundo. Ela então deveria deter seu tio que manipulava a raça humana, só assim poderia libertar seu povo do castigo eterno e fazer com que coexistissem entre os humanos, recomeçando a sua jornada rumo a serem realmente anjos.
O que Leonna não poderia imaginar, seria com a escolha entre perdoar alguém que à havia causado tanto mal ou dar chance a um novo amor?
IdiomaPortuguês
EditoraXinXii
Data de lançamento14 de nov. de 2014
ISBN9783958306219
Nefilins Deuses

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    Nefilins Deuses - Dirlene Rezende

    Nefilins

    Deuses

    Dirlene Rezende

    I M P R E S S Ã O

    Nefilins Deuses

    em: Dirlene Maria de Rezende Cunha

    © 2014 – Dirlene Maria de Rezende Cunha

    Todos os direitos reservados.

    Autor: Dirlene Rezende

    dirlenerezende@gmail.com

    Ilustração da capa do livro: Dirlene Maria de Rezende Cunha

    Revisor, corretor: Dirlene Maria de Rezende Cunha

    ISBN: 978-3-95830-621-9

    Verlag GD Publishing Ltd. & Co KG, Berlin

    E-Book Distribution: XinXii

    www.xinxii.com

    Este e-book, incluindo todas as suas partes, é protegido por Copyright e não pode ser reproduzido sem a permissão do autor, revendido ou transferido.

    Capítulo 1

    E disse Elohim: Façamos o homem à nossa imagem, conforme á nossa semelhança, ...

    E Elohim criou o homem à Sua imagem, à imagem de Elohim o criou, macho e fêmea os criou.

    Bereshit 1:26,27

    D

    entro de cada humano, existe a chave para uma Era muito além do que os humanos imaginam que tenham sido sua origem. Onde a lógica e o místico andavam juntos como as asas de um anjo. Esta chave circula em seu sangue e revela toda a verdade sobre o princípio da raça humana, de como foram criados e sobre todos os enigmas que aparentemente não tem explicação, mas por mais próxima que esteja não é possível ainda alcançá-la.

    Parte dos humanos vê como mitologia, outros como fé, mas essa foi uma era onde os deuses conviviam entre os homens, atuando na cultura, na ciência, compartilhando as leis universais e os segredos de uma vida longa e plena. Mas o preço que os humanos pagaram por esse avanço tão repentino, foi de perderem sua liberdade, seus direitos de conhecerem a verdade que a qualquer criatura era dada. Os humanos cultuavam esses deuses por medo e não havia questionamentos. Seguir os comandos dos deuses era o que faziam.

    Com o passar do tempo Baruck, um desses deuses que reivindicava o poder sobre o principado o qual deram o nome de Terra, passou a instigar os humanos a buscar respostas, sobre sua origem e seu real lugar na Terra. Não agia por piedade, mas sim com a intenção de desestabilizar o reino que os deuses haviam criado. A falta das respostas tornava a ligação entre humanos e deuses cada vez mais frágil, baseada em uma raça superior subjugando a raça inferior, isso tornava a articulação de revoltas, mais fácil para Baruck. Alguns desses deuses passaram para o seu lado e injetaram nos humanos a cobiça, o ódio e a vingança, sentimentos que não conheciam.

    Os lideres desses deuses e os também os responsáveis pela Terra eram os irmãos Hix e Taranis, Hix havia sido responsável pela rápida evolução do ser humano, se aliou com outros deuses que partilhavam de seu arrependimento, por terem mudado tanto o progresso de um mundo. Tentou estabilizar as revoltas então passou a organizar as primeiras seitas a fim de partilhar o conhecimento, mas sabia que deveria implantar esse conhecimento devagar, então escolheu apenas uma linhagem afim de que fossem os futuros lideres dos humanos, mas não contava com a traição que enfrentaria.

    Os deuses então perceberam que esse mundo havia se tronado frágil, não conseguiam mais proteger os humanos das influências de Baruck e de outras raças que vieram atrás de um mundo sem lei. Quando os ensinos de Hix foram espalhados, os deuses resolveram então controlar novamente esse mundo, mas dessa vez sem aparecerem aos humanos e muito menos revelá-los como realmente haviam sido criados. Os humanos teriam que chegar a esse ponto por conta própria, então os deuses se esconderam, e passaram a omitir sua cultura e seus dons, mostrando-se somente quando fosse julgado necessário, o que fez com que, aos poucos, esses deuses fossem sendo esquecidos, tornando-se meramente mitologia ou fé.

    Para os deuses esse novo mundo era no início apenas um principado governado pelos dois irmãos Hix e Taranis, mas com o tempo passou a ser um lar. Sabiam que por direito era dos humanos então o devolveram a eles, o que originou a segunda e maior divisão desses deuses, pois uma parte deles não aceitava essa condição. Uns seguiam Hix e Taranis em busca da redenção outros seguiam o legado de Baruck, pois queriam tanto o novo mundo quanto o poder sobre a raça que criaram e passaram então a fazer valer seus comandos, usando seus dons para manipular humanos sem que fossem vistos.

    Os humanos vivem essa influência sem nem conseguir definir quando estão sendo manipulados ou quando são suas próprias atitudes. Devido a essa grande divisão os deuses agem criando tanto o caos e dores quanto progresso e beleza.

    O que foi uma grande hârmonia agora é um duelo, os humanos precisam se desvencilhar desta influência, reestruturando o que poderiam ter sido, tornando-se uma raça autônoma, para serem novamente donos de seus atos.

    Os deuses eram conhecidos como Elohim, seres de um mundo avançado que vagavam pelo universo a procura de riquezas biológicas e minerais, tentando reestruturar seu lar, mas impedidos de interferir no curso natural do mundo que encontravam. Por haver aqui abundância das riquezas que eles tão desejavam, firmaram sua nova colônia. O fato de terem descoberto uma raça, que seria como a sua quando evoluísse, os tentou despertando sentimentos que eles já não lembravam mais, como ambição e a vontade de serem considerados deuses por seres ainda em evolução. Interferiram na lei natural de progresso acelerando a evolução dessa raça, para que pudessem auxiliá-los nas novas tarefas das quais se julgavam indignos. Mas o que não poderiam contar era que essa raça seria capaz de despertar também o amor e a luxúria. Da mistura entre Elohim e humanos surgiram os nefilins, seres fortes alguns exímios guerreiros, outros com tanto conhecimento quanto os Elohim, dotados de uma beleza inigualável, mas surgidos de um erro, alguns desses nefilins nasceram do amor, outros da luxúria e do desejo e muitos da violência.

    Alguns humanos passaram a chamar os Elohim de anjos rebelados, outros de uma raça avançada, seus filhos seriam conhecidos por alguns com o título de semideuses, por outros como demônios ou seres sem uma referência original, incompletos, imperfeitos, ora vivendo como Elohim ora como humanos.

    Os nefilins atuam junto a alguns Elohim sobre a vida humana sem serem percebidos, após a divisão, uma parte deles atua por capricho ou por diversão, brincando com a vida humana. Outros tentam consertar os erros cometidos e hoje são novamente vistos como anjos ou seres evoluídos de outros mundos.

    De acordo com a lei que regia as essências das três raças a humana jamais poderia nascer entre Elohim e nefilins e eles também não poderiam nascer entre humanos, os nefilins eram responsabilidade dos Elohim.

    Leonna havia sido criada do modo simples em uma fazenda, vivia cercada por belas paisagens trabalhava todos os dias auxiliando seu pai pela manhã e finalizava seus estudos à tarde. Passava os fins de semana andando a cavalo ou lendo seus livros sob a sombra de uma frondosa arvore de flamboyant que ficava na beira de um lago.

    Hoje morava em um prédio modesto no centro de uma grande metrópole, o apartamento era simples, mas bem decorado, sempre sentia falta daqueles momentos no lugar onde morava, mas agora sua realidade era outra. Ela gostava de coisas místicas, tinha pedras coloridas, velas de várias cores, livros de alquimia, algumas réplicas de estátuas e tábuas maias, incas e sumérias, isto eram coisas que sempre despertaram muito sua atenção.

    Ela estava agora em seu quarto, deitada, tentando dormir, já passavam das três da manhã, lá fora havia trovões, relâmpagos, mais uma noite na companhia de pensamentos sem nenhuma conexão e sensações que não entendia o motivo que desencadeava tudo. Mal podia imaginar que o tempo para suas respostas havia chegado e que agora iria começar a entender e a trilhar o caminho de volta a sua origem, uma origem da qual jamais havia imaginado existir.

    Na cabeceira de sua cama estavam amuletos, mantras, orações e tudo que acreditava poder velar suas noites que poucas vezes eram tranquilas. Sempre vinham imagens das quais não compreendia e na maioria das vezes eram mais parecidas com lembranças do que com meros sonhos. Mas essa noite em especial, o sonho que teve foi diferente. Estava em um lugar que lembrava muito um vilarejo europeu do período medieval, havia uma pilha enorme de madeira e palha no centro de uma praça com um poste de madeira no meio. Leonna se viu amarrada quando alguns camponeses a atearam fogo. Ela sentia o calor, o fogo queimando seu corpo era algo tão forte que em um determinado ponto já não sentia mais a dor, parecia anestesiada. De repente uma forte pontada no peito a fez acordar, estava muito assustada, seu corpo e suas mãos suavam muito, a sensação era aterrorizante, sentia falta de ar e um desespero absurdo.

    Acendeu a luz do abajur e pegou um amuleto redondo com penas coloridas nas extremidades, era conhecido como apanhador de sonhos. Segurou firme, olhava-o como que pedindo ajuda, chorava muito, queria que aquela sensação horrível fosse embora e quem sabe pudesse dormir tranquila, mas sabia que não conseguiria mais.

    Um leite morno talvez relaxasse, pensou ela quando voltou ao quarto. Abriu a cortina, queria ver como estava à tempestade. Eram impressionantes a quantidade de raios e as cores que faziam quando riscavam o céu, era mesmo linda aquela imagem. Olhava tudo atenta quando percebeu que na marquise do prédio em frente, havia um rapaz vestido com uma calça e um, sobretudo preto por cima de uma blusa branca. Ele olhava na direção do prédio onde Leonna morava, estava apoiando um pé na parede do prédio e as mãos no bolso da calça. Aquele rapaz despertou a atenção dela.

    Uma tempestade dessas e esse pobre rapaz parado ali, pensou ela. Leonna não conseguia ver o rosto, mas ficou curiosa, e por um tempo tentava ver quem seria ele. Como não obtinha sucesso e voltou para cama, quem sabe agora poderia pelo menos descansar. O dia já estava clareando ela conseguia perceber a luz entrando pela fresta da cortina tentou por mais um tempo permanecer na cama, mas não tinha mais disposição, estava exausta tentava e não conseguia sua mente já estava fatigada. Levantou, foi preparar o café da manhã, enquanto se servia de uma tigela de cereais, pensava em como era ruim a sensação de impotência por não saber o que desencadeavam todos esses sonhos e principalmente o da última noite onde tudo foi tão real e forte.

    Então resolveu dar uma volta pela praça que ficava próxima. Era um pequeno pedaço que lembrava o lugar onde vivia e isso a trazia tranquilidade, o lugar era bem movimentado e havia passado a ser seu lugar preferido no meio daquela grande cidade sempre que precisava relaxar era ali que ela ia. Gostava de ver as pessoas andando, conversando, algumas brincando com crianças e cachorros. A quantidade de flores coloridas que enfeitava o caminho pelo qual caminhava e a variedade de árvores, em especial um ipê amarelo que de certa forma a fazia lembrar-se da que ela mais gostava onde morava com o pai, pois ambos quando floresciam, eram como uma grande pintura natural. Normalmente ninguém se aproximava para conversar, ficava sempre ela e seus pensamentos, observando tudo e refletindo tentando achar as respostas que tanto queria.

    Sempre que estava ali via a mesma mulher caminhando, e nesse dia em especial, essa mulher se aproximou dela, e pediu para sentar-se ao lado de Leonna a principio ela achou estranho, mas logo percebeu que não havia nada demais. A mulher possuía longos cabelos lisos e loiros, alta muito bonita, não aparentava mais de quarenta anos, estava usando roupas de ginástica, um boné e óculos de sol. Quando a mulher retirou os óculos e se virou para Leonna. Ela não conseguiu esconder a admiração, pois a mulher tinha olhos com um tom de azul que ela nunca havia visto antes. Ela olhava Leonna de um modo terno, Leonna sentia que já a havia visto aquele olhar em algum lugar, mas não conseguia se lembrar de onde. A mulher percebia que Leonna estava preocupada e resolveu puxar assunto.

    -Existem coisas que acontecem que não conseguimos explicar, não acha? Ontem aquela tempestade e hoje esse sol radiante.

    Era exatamente o que pensava Leonna, não com relação à tempestade, mas sim com os sonhos e as sensações horríveis que eles estavam causando, queria entender isso, o porquê eles a atormentavam tanto. Sempre pesquisou e se propôs a ler muito sobre isso, mas não achava nada que desse sentido. Após a afirmação da mulher Leonna suspirou deixando a mostra que algo realmente a preocupava, e respondeu.

    -Sim, existem coisas que não fazem sentido.

    -Você parece preocupada?

    - Sim, com algumas dessas coisas sem explicação. Sorriu.

    -Já estava esquecendo, meu nome é Norah e o seu?

    - Leonna.

    -Às vezes me pergunto Leonna, se existem coisas que não conseguimos explicar, acredito que não, as respostas existem, pode ter certeza, basta sabermos onde procurar.

    -Eu sempre penso o mesmo, mas certas respostas não aparecem, mesmo que você busque.

    -Acredite logo você as terá. Nada fica sem resposta, você logo vai saber onde procurar.

    Norah contou que era dona de um restaurante que ficava em um bairro nobre da cidade. Disse que gostava de se dedicar a ele, pois era mais que um trabalho era uma paixão. Leonna achou interessante isso nunca pensou em conhecer uma cheff de um restaurante tão badalado quanto era o de Norah, já havia ouvido falar dele, mas jamais imaginou estar conversando com a dona do lugar. Durante a conversa Leonna contou que estudava psicologia e estava morando ali há pouco tempo, disse que sentia muita falta da vida tranquila que levava com o pai na fazenda onde morava. Norah disse também ser de outro lugar, mas como já morava ali há muito anos havia adotado a cidade como sua.

    O tempo passava tranquilo já pareciam velhas conhecidas, Norah olhou o relógio, já era quase meio dia e levantou-se, colocou a mão nas costas de Leonna e despediu-se.

    Leonna havia gostado da companhia de Norah, quem sabe a encontrasse novamente, seria bom pensou ela. Ficou sentada ali por mais algum tempo até que a fome apertou e resolveu voltar e preparar alguma coisa.

    Leonna abriu a geladeira, esquentou uma comida congelada, sentia seu coração apertado, uma vontade louca de chorar sem motivo, mas ao mesmo tempo queria sorrir, sentimentos estranhos estavam tomando conta dela.

    Esquentou a comida sentou-se á mesa. Estava quieta e sentia a forte impressão de que alguém estava a observando, às vezes olhava no canto da sala e tinha a sensação de ver alguém com roupas brancas, tão rápido que não conseguia identificar, mas a sensação de que tinha alguém ali foi forte.

    Sempre foi corajosa isso não a amedrontava, mas atiçava sua curiosidade, aquela sensação persistia, ela tentava ver, e nada. Levantou-se arrumou as coisas e enquanto escovava os dentes viu pelo espelho um vulto de uma pessoa muito alta passando pela porta, foi tão rápido que novamente não conseguia identificar.

    As horas foram passando, quando percebeu já estava escurecendo, arrumou o sofá com uma manta e um travesseiro, ligou a televisão só para ficar com um barulho de fundo e não se sentir sozinha, e dentro de pouco tempo já havia adormecido, provavelmente por exaustão da noite anterior.

    Quando se viu sentada em uma poltrona preta com um cinto de segurança preso ao corpo. Não entendia o que via na sua frente, havia vários painéis de um material liso e brilhante, mas quando ela os tocava, botões apareceriam, era um comando de um de veículo.

    Seu corpo estava diferente, mas sabia que era ela, só não conseguia ver o rosto, pois o reflexo do vidro não permitia. A única coisa que via pelo vidro era que parecia sobrevoar uma paisagem linda, uma floresta enorme com rios e com palácios de pedra com grandes escadarias, quando ouviu uma voz de um rapaz dizendo:

    -Não fique triste, logo nós voltamos, creio que a Lix vai se sair bem aqui.

    Sentado em uma poltrona ao lado, um rapaz, agora além da voz, aquele rosto lhe era familiar. Tinha traços fortes, uma pele clara, cabelos negros e olhos azuis, era uma sensação maravilhosa estar ali, não sabia o porquê, mas sentia algo forte, como se acabasse de matar a saudade contida desde criança de alguma coisa que nunca soube o que era. O rapaz segurou sua mão, ele a olhava com carinho o que a deixava constrangida, nunca tinha visto tanto em um olhar.

    O veículo onde estavam era como uma capsula dourada, reluzia sob a luz do sol, pelo vidro dava para ver as asas eram trabalhadas para que parecessem as asas de um pássaro, nunca antes tinha visto algo se movimentar no céu com tanta agilidade quanto aquele veículo em que estavam. Depois de um tempo a paisagem de floresta dava lugar a uma paisagem desértica, o rapaz disse:

    -Chegamos.

    Logo adiante pode avistar uma planície longa e em cima dela havia uma pista de pouso. Em volta grandes construções e muros altos, o chão dessa pista era revestido de uma pedra negra muito parecida com as que seu pai trazia para ela brincar, ela conhecia bem aquilo, o nome era mica, tinha a capacidade de resistir ao calor provocado pelos propulsores que tinham nesse veículo. O lugar assemelhava-se aos aeroportos modernos, mas nitidamente não eram, pois abrigavam naves que jamais tinha visto, algumas eram grandes e longas, e outras eram como a que estavam. Após taxiarem os dois desceram e o rapaz lhe deu um abraço e um beijo. Avistaram algumas pessoas que vinham ao encontro deles. Ela reparou que eles se vestiam de modo diferente ao habitual, roupas claras de tecidos leves e adornos de ouro e pedras preciosas, no pescoço e nos pulsos. Alguns usavam brincos, uma mulher que usava um longo vestido de um tom de verde bem claro, e um colar delicado de pedras coloridas, a abraçou e disse:

    -Que saudades minha querida, dessa vez vocês demoraram mais que o previsto, esperava vocês para a assembleia que seu tio e seus avôs convocaram.

    Seu rosto era conhecido, olhou bem e reconheceu a mulher da praça. Como alguém que havia acabado de conhecer poderia estar ali pensava ela. Norah demonstrava conhecer Leonna muito bem, passava a mão em seu rosto e em seu cabelo, parecia estar preocupada com a demora que eles tiveram. Leonna sentia que não era simplesmente um sonho, mas novamente lembranças, pois tinha as sensações vivas, e sentiu novamente uma enxurrada de sentimentos, os mesmos que teve quando voltou da praça. Aquele lugar, aquelas pessoas estavam mexendo com ela a faziam sentir aquilo tudo que estava sentindo, e definitivamente aquele rapaz era alguém que ela não poderia ficar longe, mas quem era ele, pelo modo como ele agia dava impressão de ser alguém que a conhecia muito bem. Mas onde é que haviam chegado que lugar era aquele e que pessoas eram aquelas.

    O barulho do controle da televisão caindo no chão à fez voltar bruscamente desse sonho, mas não totalmente ela estava em um estado onde tinha consciência de tudo, mas não conseguia mexer um só musculo do corpo e em meio a esse transe conseguiu ouvir a voz de um homem dizendo:

    -Já estamos prontos.

    Ela queria ver quem era, mas só conseguiu ver um vulto e era parecido com o que ela via nas vezes anteriores. Quando conseguiu recuperar-se, levantou assustada, sabia agora que aquele vulto que sempre via era de um homem. Tomou um banho e enquanto a água caia sobre sua cabeça, lembrava-se do rapaz que estava em seu sonho, sentia seu corpo arrepiar, queria que fosse real e não coisa da sua imaginação. Como poderia ter sentido algo tão forte por uma fantasia, queria muito que ele existisse, talvez estivesse carente por isso inventou algo tão surreal, e essa carência era que a fazia sentir essas emoções.

    -Preciso sair mais. Falou sozinha, sorrindo.

    Terminou o banho, colocou um pijama e foi tomar um pouco de suco. Quando passou pela janela da sala, viu novamente o mesmo rapaz da noite anterior parado no mesmo lugar, tentou ver seu rosto, mas não conseguia. Parecia estar bem arrumado, dessa vez estava com uma calça jeans azul e jaqueta bege de lã. Quem será que ele esta esperando, deve ser alguém importante, pois duas noites seguidas e ele ali parado, pensava ela.

    Leonna ficou ali olhando por algum tempo, enquanto tomava o suco queria ver quem seria a pessoa que ele esperava, o tempo passou e ninguém descia. Então foi para o quarto, pegou um livro, quem sabe aquilo a cansasse e ela recuperaria o sono, era um livro que havia ganhado de sua mãe pouco antes dela morrer, falava sobre anjos e demônios e de como os deuses os haviam criado. Era uma história fascinante e envolvia a maioria das mitologias humanas. Lia com atenção até que o sono veio, adormeceu com o livro no rosto, dessa vez sem sonhos, sem interrupções, tinha tido enfim uma noite perfeita.

    Domingo de manhã levantou, abriu à janela, o sol estava lindo, percebia um cheiro bom no quarto, mas não deu tanta importância. Tomou café, organizou seu apartamento, era um dia perfeito para deixar tudo em ordem, depois de tudo arrumado acendeu um incenso com aroma de canela, tomou um banho e foi dar uma volta. Queria escolher um lugar tranquilo para almoçar, pensou em uma salada e conhecia um lugar que servia uma muito boa. Enquanto caminhava pelas lojas, vendo roupas, livros e os perfumes que tanto adorava, ouviu uma voz conhecida.

    -Que coincidência!

    Era a mulher que conheceu na praça, dessa vez estava acompanhada de duas moças. Leonna lembrou-se do sonho, ficou um pouco espantada, mas disfarçou bem.

    -Quero apresentar vocês à Leonna, nós nos conhecemos ontem.

    -Você tem boa memória Norah!

    -Digo o mesmo.

    Norah apresentou as duas a Leonna, a primeira a ser apresentada foi Bianca, uma moça muito bonita, loira, olhos verdes, tinha uma aparência quase angelical, um olhar terno e calmo, tinha quase a mesma altura de Leonna cerca de um metro e sessenta e usava roupas mais claras. A outra era Ester mais alta, pele morena. Como diziam os poetas cor de canela, cabelos lisos, longos e negros, olhos escuros como a noite, já tinha um jeito mais sedutor, um olhar firme, transmitia uma autoconfiança enorme, não chegava a ser arrogante, mas era muito diferente de Bianca.

    As quatro conversaram um bom tempo, Norah percebendo o quanto as três estavam se entrosando, o que já era esperado por ela, a deixou à-vontade para convidar Leonna para ir com elas ao seu restaurante almoçar. E como Leonna ainda não havia almoçado ficou tentada com o convite, mas estava um pouco constrangida, mas logo Bianca e Ester a encorajaram a aceitar e não se preocupar e ir tranquila.

    Norah estava com o carro no estacionamento, as quatro entraram e foram até o restaurante. A fachada era linda, trabalhada em pedras cinza e alguns detalhes em madeira, vasos grandes com palmeiras. A entrada era um pouco mais a frente que o restante do restaurante, a recepcionista usava roupas elegantes, calça preta e blusa branca e cabelos feitos em coque, ela se dirigiu a Norah e disse que os rapazes tinham acabado de chegar.

    -Ótimo, achei que chegaríamos antes. Respondeu Norah.

    Leonna começou a ficar sem jeito, não sabia que teriam mais pessoas, sentia-se como se estivesse sendo intrometida, agora o que fazer, pois não tinha como ir embora, sair dali de repente não seria muito educado, começou a ficar inquieta passava as mãos pelos braços, como se quisesse se esconder.

    -Não tenha vergonha. Disse Bianca.

    Leonna olhou um pouco tímida, mas resolveu ficar mais tranquila afinal nada de tão ruim poderia acontecer.

    Logo depois da entrada havia um terraço de madeira com algumas poltronas e algumas pessoas sentadas esperando por uma mesa livre.

    Leonna caminhou junto com as três, quieta falava o mínimo possível, mas observava tudo em sua volta. Em uma parede de um pequeno corredor que ficava entre avaranda de espera e o restaurante, viu um quadro grande de uma paisagem muito antiga. Retratava exatamente a imagem que viu no sonho, a mesma floresta, o mesmo palácio, era como se alguém tivesse visto seu sonho e desenhado com absoluta riqueza de detalhes, por mais que gostasse dessas coisas não conseguia lembrar que lugar era aquele. Leonna parecia em transe olhando a figura, buscando em seus pensamentos onde era aquele lugar, quando percebeu que Bianca estava chamando por ela.

    -Leonna? Leonna? Algum problema?

    Leonna voltou de seus pensamentos e olhou sem jeito para Bianca.

    -Não, só fiquei impressionada com essa imagem.

    -O que te impressionou nela?

    -Não sei dizer, parece muito com meu sonho de ontem à noite.

    -Sério me conte. Fiquei curiosa.

    Leonna não queria causar má impressão a ninguém, mas sabia que o fato de ter

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